SÃO
PAULO SAMPA SUNPAULU!
Foto Marina da Silva LIBERDADE
Marina da Silva
São Paulo, Sampa,
SunPaulu, no falar mineirês, está presente em minha vida mesmo antes d’eu
nascer.
Meu pai foi escravo da
cana, enganado por um gato, voltou
magro, de trem “café cum pão manteiga não, café cum pão manteiga não”, fez mais
filho, mais quatro, inteirou dez, seis moças e quatro rapazes e todos conhecem
essa estória do gato que aconteceu em
São Paulo lá nos idos dos anos cinqüenta.
São Paulo é grande, mais maior de grande, um trem de grande!
É o Brasil de norte a sul, leste a oeste, é terra de quem veio, quem vem, quem
fica, quem quer ficar! São Paulo é negra, morena, portuguesa, italiana,
japonesa, turca, libanesa, inglesa, suíça, alemã, holandesa, chinesa; o mundo
todo está em Sampa e cabe em Sampa cosmopolita!
São Paulo tem cada predião! Muitos, muitos, muitos,
milhares de tudo quanto é forma e jeito! Eu gosto dos prédios, edifícios,
arranha-céus e os de SunPaulu me fascinam como o mar e as montanhas de Minas
Gerais, tira o ar da gente e deixa o queixo caído e boca aberta.
Foi assim que a cidade
grande me capturou, com os “predião” e foi assim que Sampa me prendeu, primeiro
pelo olhar: carros, gentes, prédios, mais carros, mais gentes, edifícios, mais
carros, metrô, motos, táxis, ônibus, mais gente, avião, helicópteros, arranham
céus, gentes, gentes, nove milhões de gente! Trem de doido sô! Uma selva de
gente que trabalha que constrói lindos prédios, edifícios, arranha-céus para
trabalhar, morar, curtir, visitar, assistir, cuidar-se!
Serpenteando
E Metrô de São Paulo
então? Uma enoooorme serpente cheia de gentes, cores, tênis, chinelos,
mochilas, malas, malas, muitas malas, bolsas, roupas, terno e gravata, bermuda,
shorts, sapatilhas, chinelos e gente andando daqui para ali, de cá para lá e
acolá puxando malas, maletas, mochilas, carregando coisas, crianças e bebês na
barriga!
Entra Barra funda desce Sé pega Luz vai a
Tabaquara vem Liberdade cai na República. Clic clic clic, ticket, ticket,
ticket e o vai e vem humano esbarrando, trombando, xingando, desculpando, marimbondo,
Morumbi, celulares nas “oréias” desvia aqui, lança para a esquerda, um carrinho
até a linha amarela, desvio dos adversários, dribles fantásticos, vai que é sua
e... uma onda me leva para dentro daquele trem,
o tal metrô, que de repente para e espero e olho agentes, as gentes correndo de
cá para lá, fique na esquerda na escada rolante para dar passagem a quem perdeu
o trem. Um olho na estação e o trem
passa na velocidade Luz, as gentes
tal qual massa distorcida pela velocidade e o garoto grudou a cara na janela
língua na janela e eu parada na estação porque “um trem” aconteceu no metrô lá
em Paraisópolis...
"O trem"
São Paulo parada, parou,
veia entupida, perna quebrada e uma ponte enorme, estaiada
que não serve para nada ou muito pouco num cartão postal ou pano de fundo para
jornal de televisão. Sufoco calor sufoco ansiedade pânico pulo mala, esbarro mochilas e pacotes arrastando uma mala maior do que eu pela estação da Sé vou a
pé Liberdade, mas antes rezo e faço três pedidos e muitos agradecimentos a Deus
Nosso Senhor.
São Paulo foi feita para
pés e olhos e nariz e boca e pensamentos bobos descendo avenida trânsito no
pico carros fechando carros cruzamentos faixa de pedestre caos buzina gentes,
gentes, gentes que correm e dão encontrões em meio aos carros apressados e eu
com eles. Cadê a faixa? Olha a motocicleta!!!
São Paulo é História,
arte, cultura, museus, estórias, avenidas dos Bandeirantes, emboabas,
bandeiras, entradas, expansão Liberdade, o bairro japonês sofrendo com a
invasão chinesa competição nas calçadas entre chinesas e hippies juntos e
misturados.
LIBERDADE
A China se vinga é sua vez, invasão do Japão brasileiro e suas
lanternas, lindas, brancas, nos postes vermelhos. Todo dia tem feira, produtos
e comida japonesa! Banho de cheiro odor de incenso e lá está os trem da China que tomou inteira a
capital mineira, Beagá, desde final dos anos noventa!
Parques, arte, artes,
pixo, grapixo, grafite, intervenção, Jardins, mais parques, museus, história do
Brasil pátria amada gentil, não com os negros, cafuzos, mulatos, morenos, não
com os índios, não com os pobres brasileiros pobres, pobre pátria amada,
Paraisópolis a maior ferida do nosso mundo.
São Paulo marginal, Tietê,
Pinheiros, Centro, Consolação, Saara, Brás um deserto lotado de gentes e coisas
e gentes e espalhada pelo chão a vida $1,99 25 de março falseta, genérica,
original! 23 de maio, 9 de julho, 15 de novembro, números, kilômetros,
kilowatts, bites, mega blaster plus gentes.
São Paulo enche o peito, o
coração, a cabeça, e principalmente a pança! Pão de queijo, café pingado, uma
boa média jamais requentada, Bauru, comida pra peão.
LUZ
São Paulo movimento,
trabalho, indústria, comércio, rodoviária cheia, vai e vem sobe e desce uma
desordem ordenada por tickets tacs,
amarela, vermelha, azul, lilás, rubi, diamante, esmeralda, turquesa, coral,
safira riqueza de linhas que traçam a cidade norte, sul, leste e oeste. Rosa
dos ventos viva, Luz, Estação, parque, arte, nossa Língua Portuguesa.
Pinacoteca de São Paulo, o prédio por dentro e por fora é uma arte; começo por
fora e descubro que a entrada é falsa, a outra tem candelabro gigantesco, ferro
e Luz e Mauá, um sonho de industrialização logrado pelos ingleses, grandes
bretões! E que céu azul! o sol queima, chuva vai se por lá nas nuvens
branquinhas.
Arquitetura
O nada em São Paulo é
muito e fica sentado no pequeno Hall do Hotel, franzino, miúdo, olhos puxados,
mais de um século de imigração, lanternas vermelhas, Liberdade, feira, festa.
Comida japonesa, fast-food, arroz com feijão bem temperadinho cheira incensos e
outros perfumes.
São Paulo um bar Bhrama
gelada pede muitas latinhas para olhar calmo o vai e vem pulsante da cidade que
não dorme que não para perde o trem que
lá vem que lá vem, que lá vem dia novo dia muito trabalho. Eu nasci aqui me
diz a moça, mas não conheço a cidade, três anos sem férias, muito trabalho,
trabalho, trabalho meu nome é São Paulo, mas pode me chamar de Brasil.
Diversidade, diversas cidades, diversas idades, idas, vindas, sem parar alguém
dorme no busão. O céu de SunPaulu tem Águias
beija-flores socorro no céu riscado caminho de avião. A tarde cai em
Sampa de uma altura impossível um super cúmulus-nimbus desaba Cantareira canta
de sede racionando o banho de meia-noite às seis com desconto.
Olha o trem, tem trem em
São Paulo além daquele trem, o metrô, sete horas da manhã, não sei como entrei
nesse trem, senti e deixei a onda humana me levar e para puxar um papo digo
admirada: estação Palmeiras, uai? O rapaz sorri. Será que tem do Corinthians?
Ele ri e explica Portuguesa Itaquera, São Paulo Morumbi...
HISTÓRIA
Alguma coisa acontece em
meu coração... Não foi só na Paulista esquina com São João. Muito tempo é quase
nada para entender São Paulo e eu só quero mesmo é viver e pegar a História
pelo rabo numa geografia que é só minha na arquitetura de São Paulo “Cidade
bendita a mais bonita que eu já vi”! Cada
predião bonito, um trem bão dimais de se ver sô! Principalmente eu jeca di duer
me apaixonei procê Sunpaulo!
OXIGÊNIO
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