QUANTO MELHOR...PIOR!
Marina da Silva
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Outro dia assistindo um jornal na
TV uma notícia chamou minha atenção: era sobre a qualificação do trabalhador e
sua relação com o perfil da força de trabalho na atualidade. A tecla de sempre
era o enorme desemprego e a importância de se preparar para o mercado de
trabalho.
Que me lembre esse assunto é
martelado na cabeça de quem vai se iniciar no mundo do trabalho ou na de quem
quer permanecer nele desde os anos noventa.
Então me veio a notícia, dias
depois, de uma pesquisa feita em São Paulo pela FEAD cujos resultados
demonstram a pressão pela qual o trabalhador vem passando desde então. Os dados
são impressionantes e seriam maravilhosos para o país se não estivessem
atrelados a uma fatalidade: o chamado desemprego
estrutural.
Em São Paulo, relata a pesquisa,
80% dos jovens entre 18-24 anos possuem o ensino médio completo e os 20%
restante tem curso superior ou estão a meio caminho andado. É um sonho... que
está se tornando um pesadelo!
E ao comentar com uma amiga sobre
a pesquisa e as oportunidades de emprego, ela desolada contou-me um fato
interessante que ocorreu com seu filho que acabou de completar vinte um anos.
Ganhando muito pouco como
auxiliar administrativo na prefeitura de Contagem/MG e necessitando aumentar a
renda para pagar a faculdade particular ali ao lado em Betim, o menino resolveu
se candidatar a uma vaga de peão na Fiat.
A mãe conseguiu, ao seu modo de
ver, uma boa indicação no setor administrativo. Ajudei a preparar o currículo
que ficou dentro dos moldes ABNT: claro, objetivo, enxuto e com informações
essenciais e relevantes como segundo grau completo, graduando em educação
física, experiência como auxiliar de serviços gerais numa fábrica de colchão,
auxiliar de serviços administrativos na prefeitura de Contagem, um pouco de
inglês e informática.
O serviço era para peão, chão de
fábrica e a Fiat sempre trabalhou com indicação. O emprego de peão, salário
superior ao de funcionário público, parecia garantido.
Dia da entrevista, o rapaz
arrumou-se todo, xirque nos úrtimos! Camiseta
delineando o peitão “mamãe sou forte”, jeans, tênis pirata descolado, uma pasta
contendo documentos.
Logo ao entrar na sala de espera
o garoto reparou duas coisas: ele era o único jovem e que não tinha cara de
peão.
Na sala lotada, homens mais
velhos usando trajes simples, rústicos, bolsa sansonite falsificada, provavelmente com o marmitão dentro, botinas
velhas, enfim, prontos para encarar o batente no chão da fábrica naquele
momento.
_ Vejo que você tem um ótimo
currículo...
_ Está quase formado, tem
aspirações de subir na vida?
_ Espera crescer, ter
reconhecimento?
_Quer continuar estudando? Espera
melhorar depois de formado?
Inocente, o menino balançou a
cabeça afirmativo para tudo.
_ Nós entraremos em contato...
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Após um mês e pouco a mãe
estranhou a demora. Não era um emprego daqueles, mas de peão de chão de
fábrica, trabalho pesado, duro, começando de baixo. Resolveu ligar para o
conhecido.
_ O problema é que ele é muito
qualificado... O serviço é para peão... A firma vai investir em treinamento e
espera que o funcionário permaneça na fábrica. Ele é muito jovem, pode querer
um emprego melhor...
_ Você acredita! Ele não foi
escolhido porque era jovem e muito qualificado!
_ E aí?
_ Eu esperei até ele arrumar um
bico para dar a notícia senão ele desanimava, ia se sentir por baixo e ainda
descobri outra coisa – contou-me abismada. – Meu contato o prejudicou por ser
lá de cima, do administrativo. Para a vaga de peão quem tem que indicar é outro
peão.
O rapaz ao receber a notícia
quase dois meses depois, olhou para mãe com um sentimento estranho: o que para
ele sempre indicou futuro, sucesso, carreira trouxe-lhe um sentimento de
fracasso.
_ Mas agora que sei disso, você
vai ver, nunca mais ponho segundo grau completo!
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Amiga querida, publiquei no meu facebook a carta de uma senhora de 74 anos, fazendeira, professora aposentada da rede pública, mineira de Uberlândia. É uma carta aberta à presidentA Dilma, com o título BRASIL CARINHOSO e que penso que você deveria ler e, talvez, compartilhar. Vá até lá, leia e depois me diga o que achou. Beijinhos, Angela
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