CAPITALISMO FLEXÍVEL VERDE.
Marina da Silva
De todas as fases históricas de
acumulação capitalista, a atual, - conhecida como Acumulação Flexível - se dá
amparada nas novas tecnologias de produção economizadoras de trabalho vivo;
novas formas de gerenciamento e de relações de trabalho; na evolução dos meios
de transporte, comunicação, informatização
e paradoxalmente tem como fundamento basilar a extração de mais valia
absoluta, a expropriação e exploração da mão de obra de bilhões de indivíduos
em todo o planeta.
www.google.com.br/images
"Mais de um bilhão de chineses
Marchando sem deuses
E outros descalços
fazendo sapatos
Pra nobres e ratos". Ana Carolina
A possibilidade de fragmentação do
processo produtivo e sua dispersão geográfica geraram uma disputa por empresas
permitindo a obtenção de matéria prima, isenções fiscais e outras benesses dos
Estados competidores e mão de obra barata em contratos precários, driblando a
legislação trabalhista, desregulamentando a parca proteção social, camuflando a
relação de emprego, reavivando a escravidão.
Esta acumulação torna-se ainda mais
potente e ganha robustez com a sedução e alienação da farsa da produção verde: um discurso ecologicamente correto,
politicamente sustentável, responsavelmente social.
www.google.com.br/images. Índia. Linha de produção de sapatos de luxo."Para conseguir um produto com custo final de sete dólares, a Catwalk utiliza da Neo-Escravidão. Seus funcionários trabalham em torno de 16 a 17 horas por dia, vivendo dentro das fábricas e o lugar onde dormem é o mesmo onde cozinham e trabalham, durante a noite dormem em baixo das mesas. O trabalho é praticamente em troca de comida."
Capitalismo verde, produção verde,
produto verde, economia verde! Forjados pela consciência enviesada verde; os
consumidores (antes conhecidos e tratados como cidadãos) padecem do
encantamento verde e não se dão conta que o discurso do desenvolvimento e
negócios sustentáveis, cada vez mais se escora na exploração predatória e
irresponsável dos recursos do planeta.
Nunca se produziu tanto, nunca se usou tanto a mão de obra de baixa qualificação, nunca se usou tão avidamente os recursos naturais, nunca se consumiu tanto fomentando a obsolescência programada dos produtos. Um exemplo: Minas Gerais sustém o crescimento de 10%/aa da economia capitalista chinesa (que vende ao mundo inteiro produtos 1,99 - leia-se, baixa qualidade, descartáveis) há mais de uma década, queimando toda a riqueza do cerrado nas inúmeras siderúrgicas, substituindo-o por gigantescas florestas homogêneas de eucalipto! IsSo sem falar na depredação das montanhas, cartão postal dos mineiros, assoreamento de rios, poluição e destruição de cidades históricas, destruição da saúde de cidadãos, etc, em Minas e no Brasil inteiro, especialmente nos estados Pará, Espírito Santo.
Mosaico elaborado a partir de www.google.com.br/images "Vale tudo" porque "NÃO HÁ FUTURO SEM MINERAÇÃO'.
Nunca se produziu tanto, nunca se usou tanto a mão de obra de baixa qualificação, nunca se usou tão avidamente os recursos naturais, nunca se consumiu tanto fomentando a obsolescência programada dos produtos. Um exemplo: Minas Gerais sustém o crescimento de 10%/aa da economia capitalista chinesa (que vende ao mundo inteiro produtos 1,99 - leia-se, baixa qualidade, descartáveis) há mais de uma década, queimando toda a riqueza do cerrado nas inúmeras siderúrgicas, substituindo-o por gigantescas florestas homogêneas de eucalipto! IsSo sem falar na depredação das montanhas, cartão postal dos mineiros, assoreamento de rios, poluição e destruição de cidades históricas, destruição da saúde de cidadãos, etc, em Minas e no Brasil inteiro, especialmente nos estados Pará, Espírito Santo.
Hoje se grita
pela salvação do planeta, patrulham-se crianças ainda no útero das mães usando
ecobags, roupas, sapatos, chinelos, bolsas, acessórios, bijuterias, móveis e
tudo que se possa imaginar... de plástico; tanto de altas grifes como os
genéricos pirateados!
Ao lado da falácia verde impera outra maior: o empreendedorismo individual, que pode ser traduzido na exacerbação do individualismo, na alta competitividade e principalmente no desapego aos direitos trabalhistas, à proteção social do trabalho; conquistas históricas que envolveram muitas lutas e mortes ao longo de séculos!
Ao lado da falácia verde impera outra maior: o empreendedorismo individual, que pode ser traduzido na exacerbação do individualismo, na alta competitividade e principalmente no desapego aos direitos trabalhistas, à proteção social do trabalho; conquistas históricas que envolveram muitas lutas e mortes ao longo de séculos!
Mosaico elaborado a partir de www.google.com.br/images. empreendedorismo é o velho "bico, biscate, se vira nos trinta"! Mera sobrevivência e única forma de garantir respeito, cidadania e dignidade!
O empreendedorismo a la Eike Batista, o X-man, que em 1 ano - 2009 - triplicou seus 7.5 bilhões de dólares e se transformou no 8º homem mais rico da galáxia é para predestinados, os eleitos do deus capital!
www.google.com.br/images. Reverenciado no Brazil e mundo pelo oportunismo, ops, "empreendedorismo" X-treme, eike xiaoping gaba-se ter criado a mineradora MMX "sem um grão de minério", apenas com o poder X e acrescento, uma mãozinha do bndX(antigo Banco Nacional do Desenvolvimento Social), provavelmente próxima aquisição EBX, o RBX(Royal Bank X).UIA, dei ideia! Ai como eu tô bandida!
Para os mortais o jeito é ser inovador,
criativo, sem apego a salário, jornada, local de trabalho, cesta básica, vale-transporte, férias, 13º salário, assistência a saúde e outros direitos
sociais. Os indivíduos são comprimidos pelo espaço/ tempo: o trabalhador vai
onde o trabalho está acompanhando o movimento de horizontalização das empresas.
Correr risco sem nenhuma contrapartida e se responsabilizar pelo fracasso é o
que se exige do trabalhador na atualidade. A exploração se dá tanto na
apropriação da força física (cumprir metas, ser polivalente) como da capacidade
intelectual dos indivíduos (capital intelectual).
Seleção de trabalhadores virou o maior absurdo show de TV: para que RH-recursos humanos se podemos recrutar e selecionar os melhores e colocá-los para competir ao vivo e a cores com transmissão 24 horas nas TV? Big Brother; O Aprendiz e 1 contra 100 de Roberto Justus; Ídolos, etc. O setor de RH, mais do que nunca, darwiniano, sai aos poucos das empresas e ocupa a telinha: atores, cantores, chefs de cozinha, estilistas, jornalistas, dançarinos, modelos, lutadores, designers, roteiristas...
Milhões de internautas disputaram na web “o melhor emprego do mundo”, um big salário para cuidar de uma ilha paradisíaca e mesmo Steve Spielberg seleciona roteiristas em reality show. Explode no mundo inteiro o trabalho precário quase sempre divorciado dos direitos trabalhistas (terceirizado, subcontratado, estagiário, cooperativas ilícitas, voluntarismo ideológico/religioso, trabalho parcial, temporário, pejotização ou laranjas, isto é, trabalhador transformado em empresa e na maioria das vezes envolvendo muita informalidade e ilegalidade.
Mosaico elaborado a partir de www.google.com.br/imges. A escolha dos melhores trabalhadores é show com grandes patrocinadores!
Seleção de trabalhadores virou o maior absurdo show de TV: para que RH-recursos humanos se podemos recrutar e selecionar os melhores e colocá-los para competir ao vivo e a cores com transmissão 24 horas nas TV? Big Brother; O Aprendiz e 1 contra 100 de Roberto Justus; Ídolos, etc. O setor de RH, mais do que nunca, darwiniano, sai aos poucos das empresas e ocupa a telinha: atores, cantores, chefs de cozinha, estilistas, jornalistas, dançarinos, modelos, lutadores, designers, roteiristas...
Milhões de internautas disputaram na web “o melhor emprego do mundo”, um big salário para cuidar de uma ilha paradisíaca e mesmo Steve Spielberg seleciona roteiristas em reality show. Explode no mundo inteiro o trabalho precário quase sempre divorciado dos direitos trabalhistas (terceirizado, subcontratado, estagiário, cooperativas ilícitas, voluntarismo ideológico/religioso, trabalho parcial, temporário, pejotização ou laranjas, isto é, trabalhador transformado em empresa e na maioria das vezes envolvendo muita informalidade e ilegalidade.
www.google.com.br/images. Lixo é lucro sempre e somente para empresas compromissadas com meio ambiente e salvação do planeta! Parece ficção na "Avenida Brasil", MAS É A NOVELA DA VIDA REAL DE MILHARES DE BRASILEIROS! Isso é o que eu chamo de ACUMULAÇÃO SUJA!
E se tudo pode ser pior; a acumulação
flexível não só apropria como se faz baluarte da ecofarsa: ampara-se no
ecodesenvolvimento sustentável do capital verde que se expande sem o menor
esforço e com altíssimos lucros, ora associando-se sob os auspícios dos
governantes nas PPP’s (parceira público privada) ora criando novas empresas
para tomar posse de uma riqueza até então inimaginável: o lixo!
RRR: reciclar, reutilizar, reduzir! É a
economia verde que só no Brasil em 2005 gerou um faturamento de cerca de US$7
bilhões, 500 mil empregos de catadores, 50 mil funcionários da indústria
recicladora. O Brasil está entre os 10 maiores recicladores de papel e papelão
do mundo. Em 2005 o país foi pentacampeão em reciclagem de latinhas (89% do
descarte, 9.4 bilhões ao ano, 26 milhões de latinhas recicladas por dia! É
pouco! Propalam.
O lixo vem sendo disputado no braço: de um lado catadores versus urubus, ratos, escorpiões e outros bichos; do outro, empresas que cada vez mais adotam sempre o “compromisso empresarial para a reciclagem”. E A MÍDIA INFLUI E CONTRIBUI!
O principal feito histórico vem da “exploração inteligente do gás do lixo”, uma energia “limpa” que será vendida, no caso do aterro de Gramacho na cidade de Duque de Caxias/RJ à Reduc- refinaria Duque de Caxias da Petrobrás.
O lixo vem sendo disputado no braço: de um lado catadores versus urubus, ratos, escorpiões e outros bichos; do outro, empresas que cada vez mais adotam sempre o “compromisso empresarial para a reciclagem”. E A MÍDIA INFLUI E CONTRIBUI!
O principal feito histórico vem da “exploração inteligente do gás do lixo”, uma energia “limpa” que será vendida, no caso do aterro de Gramacho na cidade de Duque de Caxias/RJ à Reduc- refinaria Duque de Caxias da Petrobrás.
O lixo é luxo e lucro: papel, papelão,
latas de aço, vidros, garrafas pet, latinhas de alumínio, tetra park, lâmpadas,
monitores, pneus, lixo orgânico, gás do lixo, etc. Em Gramacho, o maior lixão
(aterro sanitário) da América do sul, cerca de 1300 catadores se pegam nos
tapas com urubus, correndo o risco de doenças, de atropelamento pelos tratores
e caminhões ou serem soterrados pelo lixo!
www.google.com.br/images. O lixo é lucro só e a riqueza é tamanha que formaram no Brasil um esquema de importação de lixo de primeira, ops, primeiro mundo, coisa de máfias do lixo!
”Não é lixo é trabalho” proclama a
mídia, a porta voz dos capitalistas verdes. “o novo conceito do lixo _ diz sem
esconder sua euforia André Trigueiro, apresentador do “Cidade e
Soluções”/GloboNews – deixa de ser problema e passa a ser insumo energético”.
Empresas verdes recebem o brasão da responsabilidade social, compromisso
ambiental e créditos...de carbono, papéis com valor de mercado para serem
negociados com empresas não tão verdes, aliás, sujas! Reciclar é pura magia,
uma alquimia que transforma toneladas de lixo das classes abastadas do país (ou
comprado do exterior como os 64 containers de lixo inglês vendido a empresários
brasileiros) em ouro verde e diplominha
de responsabilidade ambiental.
Para os catadores, o elo mais
importante, o portador da mais valia, reciclagem é trabalho duro, pesado, sujo,
insalubre, que lhes garante meramente a sobrevivência no dia a dia, uma
cidadania às avessas, de lixo, que não lhes confere nenhum valor social e
apenas os torna mais e mais invisíveis.
www.google.com.br/images. Programa Cidades e soluções. O repórter André Trigueiro, que conduz o
programa, e seus entrevistados, transitam daqui para ali no aterro de Gramacho
sem dar mostras de que, apesar de enxergarem muito bem, vêem as centenas de homens, mulheres e urubus
revirando mais de 7 milhões de toneladas de lixo que chegam diariamente no
lixão!