A REVOLUÇÃO MASCULINA
Marina da Silva
Não há aqui nenhum interesse de transcendental importância em levantar a “polêmica” sobre quem são os donos do mundo, homens ou mulheres, e muito menos discutir historicamente ou sobre qualquer ponto de vista (econômico, político, cultural, social, antropológico, religioso e o escambal) de como se deu o processo de hegemonia do homem sobre a mulher porque este trabalho hercúleo já foi realizado por Friedrich Engels em A origem da família, da propriedade privada, e do Estado.
www.google.com.br/images
Busca-se apenas entender, dentro do modo de produção capitalista, como se dá a apropriação, expropriação, a extração de mais-valia absoluta da força de trabalho de homens e mulheres desde a mais tenra idade e como o sistema usa o sexismo (guerra dos sexos) para garantir ao capitalista um lucro abissal!
Que homens e mulheres sempre trabalharam e que sempre houve uma divisão social e sexual do trabalho dispensa explicações. O ponto chave -no capitalismo- é saber que o trabalho das mulheres e de crianças (independente do sexo) sempre se deu de forma precária, rebaixada, depreciada e mal remunerada em relação ao trabalho dos homens e pior, sempre se usando o trabalho de ambos (crianças, mulheres) como a “carta na manga” para baratear salários e anular reivindicações de maiores salários/melhores condições e relações de trabalho dos machos adultos!
www.google.com.br/images
O progresso científico tecnológico do Seculo XIX “dá ao fenômeno proletarização uma nova vertente: ao lado do individualismo a mais completa despersonalização, favorecida pelas lamentáveis condições de trabalho”.(grifo meu)
Para Engels “A desigualdade legal, que herdamos de condições sociais anteriores, não é a causa e sim efeito da opressão econômica da mulher.” Lugar de mulher é na cozinha! Diuturnamente se ouve este chavão, que embora deslocado visto a PEA- população economicamente ativa ser em alguns países 50% ou mais formada por mulheres, Brasil incluso, ainda vigora como lei geral eterna nos dias atuais!
“Mas –como afirma Engels- isso se fez de maneira tal que se a mulher [proletária] cumpre os seus deveres no serviço privado da família, fica excluída do trabalho social e nada pode ganhar; e, se quer tomar parte na indústria social e ganhar sua vida de maneira independente, lhe é impossível cumprir com as obrigações domésticas”.
www.google.com.br/images
A luta pela emancipação feminina é longa, árdua e sangrenta: “Pode parecer estranho para as novas gerações o fato de que, no tempo de nossas bisavós, a maioria das mulheres não trabalhava fora de casa, não tinha acesso a métodos contraceptivos, não podia se divorciar e nem mesmo votar. Todas estas conquistas são frutos do movimento pelos direitos das mulheres, cujo primeiro Dia Internacional foi comemorado há 100 anos.” Um século de luta por direitos e finalmente as mulheres chegam ao século XXI dominando o mundo...do trabalho! Mas qual é mesmo o poder feminino?
Destinadas às condições e relações de trabalho degradantes, recebendo salários menores do que os homens, as mulheres ainda são usadas para o rebaixamento da renda masculina e ambos acabam enredados e emparedados no discurso alienante e deplorável da “guerra dos sexos” que justifica maior precarização, desigualdade de direitos, encobrindo uma exploração predatória do trabalho de homens, mulheres, crianças!
www.google.com.br/images Terceirização, sub-contratação, empreendedorismo e trabalho informal (leia-se bico), aumento dos empregos formais de baixa qualificação e remuneração (comércio, serviços, etc), trabalho doméstico, trabalho análogo ao escravo, trabalho escravo, trabalho infantil...ESTE É O QUADRO DO MUNDO DO TRABALHO NO BRAZIL DE HOJE E HÁ MUITAS DÉCADAS PARA HOMENS, MULHERES E CRIANÇAS!
O retorno as condições e relações de trabalho semelhantes ao que ocorria no século XIX é o que vem acontecendo nas duas últimas décadas (anos 90/2000). A isonomia, isto é, a igualdade entre homens e mulheres é uma falácia! Tanto um quanto o outro a cada dia lutam pela sobrevivência, pelo direito de serem explorados! Divididos, homens e mulheres se tornam presas fáceis garantindo altos lucros à acumulação flexível capitalista que amparada nas novas tecnologias pode explorar homens e mulheres em qualquer rincão do planeta! Mesmo com maior escolaridade e qualificação as mulheres ganham menos que os homens (15% menos nos Estados Unidos antes da crise 2008, mais de 30% no Brasil); sofrem com o sexismo, assédio sexual, moral e o escambal; são vítimas de violência doméstica; são assassinadas, estupradas, queimadas vivas, cortadas em pedaços e jogadas em lixões, etc, etc, etc! E tudo porque estão “podendo”, mas “não passa de uma mulher”!
Como virar este jogo? Cada um por si e salve-se quem puder! Claro...que Não!
www.google.com.br/images. Individualismo e competitividade exacerbados, rivais, inimigos! Este é o jogo dos vencedores X fracassados! MAS QUEM REALMENTE É O DONO DA BOLA E LEVA A BOLADA DO JOGO???
A saída é jogar no mesmo time e em equipe: homens e mulheres lutando...contra a exploração de suas potencialidades pelos capitalistas! Matar as mulheres não é a solução do “enigma”!
www.google.com.br/images. Uma sociabilidade fundada sobre pilares dos valores humanos, centrada nos seres humanos, construída por homens e mulheres "juntos e misturados" no trabalho, na escola, na diversão, criando filhos, na faxina, no "Amor e Sexo" é um sonho...que muitos casais estão experimentando nestes tempos modernos!
Precisamos sim, de uma luta feminina contínua( a isonomia legal olhada de perto é um retrocesso nos direitos das mulheres) e avançar com a Revolução Masculina (que deveria ter seguido pari passu), incluindo estudos/qualificação; percepção de que a violência e o sexismo retroalimenta a exploração de ambos; que a degradação e precarização do trabalho feminino e de crianças afeta diretamente o trabalho/renda masculino e da família; que a igualdade real entre os sexos passa obrigatoriamente pelo revolucionamento e emancipação simultânea de homens e mulheres e pelos direitos iguais (leis) que se cristalizem na vida real suprimindo de vez a igualdade de papel, de ficção!