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domingo, 28 de julho de 2013

BRAZIL: "CHEGAR E PARTIR ...A MESMA VIAGEM".

Depois...Eles se vão




Zé Pí



Há pessoas que chegam às nossas vidas e aos poucos nos agarram pelo coração e quando “é Fé” são nossos amigos e até irmãos...Depois, sem mais nem menos elas se vão. Uns para longe... Longe...Depois as estradas do mar, da terra ou do ar as trazem de volta, ainda que por pouco tempo.



Outros se vão, sem aviso, sem volta, sem nosso consentimento, simplesmente se vão; de moto, de carro, de avião...De repente...Dormindo...Feito passarinho...Sorrindo...Cabeceando firme para fazer um gol.



Se vão e sabendo muito bem que não aceitamos facilmente suas partidas.



Então, ao menor sinal das suas existências, deles nos lembramos, pelas músicas, cheiros, gostos, cores, formas, risos e choros.



Assim se foram meus amigos e até amigos irmãos; não falarei seus nomes, mas todos eles sabem muito bem quem são; daqui e de lá, amigos da infância aos cabelos de nuvens. Insisto em não esquecê-los e custam-me lágrimas de olhos orgulhosos:



-Zé, Vamos ver 007 no Virgínia?



-Cumpade Zé, busca os meninos na escola para mim?



-Zé, vem cortar a couve fininha e traga cervejas.



-Ô Zé...Agarra no gol ?









quinta-feira, 25 de julho de 2013

BRAZIL: RIMAS PRIMAS - José Zokner (Juca)

RUMOREJANDO

José Zokner (Juca)


PEQUENAS CONSTATAÇÕES, NA FALTA DE MAIORES.

Constatação I

Antes os curitibanos sabiam que no outono, nos meses de abril e/ou maio havia e, embora em tempo mais curto, há o veranico de inverno. Agora, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro os curitibanos se defrontam com o “invernico” de verão, ou até mesmo há ocasiões em que o inverno vem passar o verão em Curitiba... Sem dúvida, com a variação das quatro estações por hora, o curitibano, por nascença ou adoção, tem que ter uma saúde adaptável ao ferro, aço, platina iridiada, liga desses metais, ou de metais utilizados pelos foguetes que colocam satélites artificiais ou tripulações em órbita, etc... Coitados!

Constatação II

E já que falamos no assunto, o septuagenário, quase octogenário, vive se queixando de cãibras. Tanto no inverno, porque ele se engelha, como no verão que, pelo suor, elimina potássio do corpo. E dá-lhe que dá-lhe banana. E filosoficamente lucubra: “Quando se fica velho o corpo endurece nos lugares errados...” Coitado!

Constatação III

Não se pode confundir rapaces, que segundo o Aurelião, quer dizer “Que roubam; rapinantes” com rapazes, que é o plural de rapaz, muito embora, nos dias de hoje, haja muitos rapazes rapaces, sem que haja necessariamente rapaces rapazes. Elementar, rapaziada e raparigotas...

Constatação IV

E como dizia aquele septuagenário, quase octogenário, o mesmo da constatação anterior, que prefere não se identificar, optando ficar incógnito por razões que alega não ter interesse de confessar suas – dele – fraquezas: “Sexo, de prazeroso, agora, virou preocupante”.

Constatação V

Rico adverte; pobre, avisa.

Constatação VI

A candura,

Após alguns anos

De casamento,

Nem sempre perdura,

Não dura

Nem por um momento.

Alguns fazem os panos,

E sem abrir os tarros,

Se mandam

Sob a alegação

Que vão

Só, ali, no bar

Pra comprar

Cigarros,

Esquecendo que não

Andam

Mais fumando

E que até fazem censura

Ao seu mal cheiro,

Alegando

Que inclusive fedem.

Outros, simplesmente,

Se escafedem

Por inteiro

Sem dar

Maiores explicações

Ou satisfações

Tão-somente.

Daí, quem vai ou fica

Recebe dos amigos

E também dos inimigos

Felicitações.

Freud explica?

Constatação VII

Perdoe-me, meu caro leitor

Esse meu desabafo, mas não dá

Para morrer de entusiasmo e amor

Por esse joguinho do meu Paraná.

Constatação VIII

Foi a senhora Hilary Clinton que não achou nada Hilary...ante o que aconteceu no Salão Oval da Casa Branca entre o seu marido e uma estagiária? (Perdão, leitores).

Constatação IX

O repúdio nada mais é do que um frustrado encômio negativo?

Constatação X (De uma dúvida crucial, daquela tal que tira o sono da gente pelo seu elevadíssimo grau de importância).

Quando duas ricaças – quatrocentonas e/ou emergentes – se põem a trocar farpas, criticando e comparando alguma festa, dada por uma delas em relação à dada por outra, ou alguma vestimenta ou coisas desse tipo que são transcendentais para o futuro da Humanidade, daria, nesse caso capital, premente e urgente, para fazer a afirmação que o roto está falando do esfarrapado?

Constatação XI

Colaboração antiga do leitor Vinicius Portelinha, de Ivaiporã – Paraná, a quem Rumorejando retribui o “tríplice e fraternal abraço”: “O rico pega o carro e sai, o pobre sai e o carro pega”.

Constatação XII (Para ser declamado em festa não necessariamente escolar).

Não sei se é destino.

Castigo, ou lá o que seja,

Mas o cara adulterino

Acaba ficando no ora-veja*.

*Ora-veja = Substantivo masculino de dois números

Regionalismo: Brasil. Uso: informal.

1. Falta de lembrança (de alguém); esquecimento;

2. Artifício ou manobra enganosa para iludir; logro (Houaiss).

Constatação XIII (Para ser declamado em qualquer festa, inclusive escolar).

Não consigo entender a razão

Porque deputado quer aumento

Se ele costuma faltar à sessão

Sem ser descontado do seu provento.

Constatação XIV (Para não ser declamado porque não é quadrinha, trovinha ou cançãozinha e por estar mais para tragédia).

O senador Renan Calheiros ao discursar, depois de ser eleito pela primeira vez para a presidência do Senado, afirmou: "Não podemos esquecer que há parlamentos mesmo onde não há democracia, mas não existe democracia sem parlamento". Data vênia, como diriam nossos juristas, Rumorejando acha que S. Excia. tem toda razão. No entanto, será que não daria para o Parlamento – agora, com S. Excia, de novo na presidência, deixar, ele inclusive, de legislar em causa própria de uma vez por todas e, no embalo, acabar de vez com o nepotismo? Quem se dignar a responder tal questão, por favor, comentários no blog. Obrigado.

Constatação XV (De duas perguntas passíveis de mal-entendidos).

“Você está com o instrumento afinado ?” “Você está com a ferramenta afiada ?”

Constatação XVI

Rico é místico; pobre é adepto da magia negra.

Constatação XVII (De uma dúvida crucial).

Goleiro que pegou um pênalti significa que foi tão largo que até fechou a largura do extenso gol?

Constatação XVIII

Por várias vezes, Rumorejando tem enaltecido o cinema brasileiro e o dos “hermanos” argentinos. “Histórias mínimas”, do diretor portenho Carlos Sorin é excelente e, data vênia, como diriam os nossos juristas, é imperdível, como costumam dizer os críticos de cinema. Tenho – acatando, respeitosa e democraticamente, a opinião alheia – dito!

Constatação XIX

Parece besteira,

Ou brincadeira,

Mas tem bandalheira

Parcial

Ou por inteira,

Que, no geral,

Nem inquérito

É instaurado

Para apurar

O culpado

De fraude

E que até

O seu Zé,

Ou o seu Mané

Poderá se beneficiar

Como se, ele, o acusado

Fosse benemérito.

E, ainda, tem

Quem

Acredita,

Aplaude

Alguma empulhação,

Alguma pantomima,

Não achando uma desdita

Que, no final,

Exima

O eventual

Indiciado,

Que fez

Um “negócio da china”,

Também

Na base da propina

E que, talvez,

Algum dia

Ele, eventualmente,

Poderia

Ir parar

Numa lar

Com luxuosa piscina

Ao invés duma prisão,

Tão-somente.

Constatação XX

Rico é explícito; pobre é ambíguo.

Constatação XXI (Recado aos jogadores violentos de quaisquer times).

Quando o escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor, dentre outros, de Las venas abiertas de America Latina e El futbol a sol y sombra y otros escritos, esteve em Curitiba, ele concedeu uma entrevista na televisão e-Paraná (Educativa). Em certo momento, ele contou que na Finlândia foi introduzido, não em jogos oficiais, o cartão verde, destinado ao jogador que pede desculpas e ajuda o adversário a se levantar depois de tê-lo derrubado com falta; confessa ao juiz que ele foi o último a tocar na bola num lance que o juiz dá lateral para o seu time; enfim, tem atitudes cavalheirescas, decentes e, sobretudo, honestas. Vige! Algo inverossímil, inexecutável, inexequível, infactível e inviável em certos países...

Constatação XXII

Deu na mídia: “A Sociedade não é contra o aumento dos deputados”, afirmou, certa vez, o então presidente da Câmara dos Deputados, Sr. Severino Cavalcanti. Este assim chamado escriba, que supõe também fazer parte da Sociedade, não lembra ter dado procuração a S. Excia, na época ou em quaisquer outras épocas, ou, ainda, a quaisquer outras Excelências, para falar em seu nome. Quem deu permissão a Ele (com maiúscula, porque essa gente está sempre acima do bem e do mal...), favor informar a Rumorejando, através de comentários no blog. Obrigado! Gente???

Constatação XXIII (De diálogos respeitosos).

Comentou um obcecado para outro: “Eu consegui contar uma história triste para a minha mulher, dizendo que um grande amigo de infância, em fase terminal, pediu para que eu fosse até a cidade dele, porque ele quer me ver antes de morrer. E eu vou viajar o fim de semana com a secretária da sessão, aquele mulherão que você conhece, que, finalmente, acedeu em fazer uma lua-de-mel comigo numa praia retirada”. Contestou o outro obcecado: “Você é um grande patife e ainda um maior canalha. Isso sem falar respeitosamente da senhora sua mãe, mas nem por isso deixa de merecer os meus invejosos, mas sem maldade, cumprimentos”...

Constatação XXIV

Deu, certa vez, na mídia: “O empresário Paulo Roberto Gazani Jr., de 35 anos, ficou durante dez horas nas mãos de dois sequestradores, em São Paulo, após ter sido dominado, às 7h30, na porta de sua casa, localizada na Alameda Joaquim Eugênio de Lima, nos Jardins, zona sul da cidade de São Paulo. Segundo a polícia, a intenção dos bandidos era realizar um sequestro relâmpago e entregar o empresário para outros criminosos, interessados em pegá-lo como refém e arrancar dinheiro da família”. Data vênia, como diriam nossos juristas, mas Rumorejando acha que está se abrindo um novo nicho de mercado. A globalização para esse mercado será um pulo. Quem sobreviver, verá, ou melhor, quem até agora sobreviveu está vendo. Vige!...

Constatação XXV

E como contava, na roda de amigos, aquele sujeito “songamonga”: “Eu não posso nunca dizer a minha mulher que um pedido dela é uma ordem, já que ela nunca me faz um pedido. Ela só me dá ordem”...

Constatação XXVI

Quando se deparou

Com o seu contracheque

Que não dava,

Não alcançava

Nem para comprar,

Um pé-de-moleque,

Ali na esquina, no bazar,

Que não mais lhe fiava,

Ele ficou

Totalmente

Conturbado,

Aparvalhado,

Atoleimado.

Coitado!

Constatação XXVII

Não se pode confundir recordar com recortar, até porque recortar não é viver...

Constatação XXVIII

Depois que ela fez as pazes com o namorado o que não foi por muito tempo, já que começaram as dissensões, picuinhas, discussões ela comentou com as amigas: “Foi bom enquanto não durou”.

Constatação XXIX

Rico é didático; pobre é confuso.

Constatação XXX

Não se pode confundir decimais com desci mais, muito embora por causa de algumas decimais antes da vírgula no ínfimo aumento do nosso salário há aqueles que dizem, assim, desse maldoso jeito, na escala social, desci mais.

Constatação XXXI

Rico é prolixo; pobre é enrolado.

Constatação XXXII

Ela armou

A maior pendenga

E me veio

Com uma arenga

Que eu estava de lengalenga,

Fazendo um feio

E execrável

Papel

Quando no motel

Não estava palpável

Minhas boas intenções

De dar maiores atenções

Ao seu novo penteado.

Me xingou,

Me difamou,

Me obsequiou

Com impropérios.

Que despautérios!

E me acusou

De ser sempre assim.

Coitado,

De mim...

E-mail: josezokner@rimasprimas.com.br

Site: www.rimasprimas.com.br

segunda-feira, 22 de julho de 2013

BRAZIL: BOLSA-ESTUPRADOR VERSUS DIREITOS DA MULHER!

Apostando na confusão
Hélio Schwartsman
Hélio Schwartsman
Não aguento mais escrever sobre os protestos, então volto-me contra o Congresso Nacional. Dedico a coluna de hoje a deslindar um daqueles casos em que parlamentares criam uma enorme confusão para todos com o propósito único de ganhar alguns pontinhos em seu nicho de eleitores. Atitudes como essa respondem pelo menos em parte pela crise de descrédito em que caiu o Legislativo.


Já escrevi sobre o Estatuto do Nascituro (projeto de lei 478/07) num artigo publicado há pouco na edição impressa da Folha, mas a coleção de sandices presentes na proposta legislativa é tamanha que acho que o tema merece ser tratado de forma mais detalhada.

Como os leitores que costumam frequentar esta coluna já devem saber, acho que o aborto é um direito da mulher. Ninguém deve ser obrigado a servir de hospedeiro para um outro ser se não quiser. Mas mesmo quem não pensa como eu e considera adequada a atual legislação brasileira, que permite a interrupção da gravidez apenas em caso de estupro e perigo de vida para a mãe, deve ficar com um pé atrás em relação ao estatuto.

Bem ao estilo dos criacionistas, ele joga com os espaços vazios. Como a meta dos proponentes da matéria é ficar bem com os grupos religiosos sem indispor-se muito com quem não o é, eles perseguem uma espécie de ambiguidade castradora. Em princípio, o estatuto não introduz nenhuma modificação substancial no Código Penal nem em outros diplomas legais que regulam a matéria, como o Código Civil, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Processo Civil, mas cerca o embrião de tanta retórica de inspiração religiosa e parafraseia as leis de forma tão imprecisa que o resultado inevitável, se a norma vier a vigorar, será um pouco de caos nas interpretações e na jurisprudência.

Resolvida essa preliminar metodológica, passemos ao texto proposto que, de tão desastrado e inepto, muitas vezes resvala no humor involuntário. Os primeiros problemas graves aparecem logo no artigo 2º, que define o nascituro como "ser humano concebido, mas ainda não nascido", incluindo os zigotos "concebidos ´in vitro´, os produzidos através de clonagem ou por outro meio científica e eticamente aceito".

Sem querer, os autores oferecem a cientistas inescrupulosos um meio perfeito de desobrigar-se de cumprir a lei. Como limitaram a abrangência do termo a embriões produzidos por meios éticos, basta cometer uma infração menor no processo (como deixar de obter o consentimento esclarecido das doadoras de óvulos) para escapar das mais severas sanções penais previstas. É a liquidação dos delitos. Cometa dois e não vá para a cadeia.


Bem mais preocupantes são as implicações da definição proposta. Igualar embriões, inclusive os que nem chegam a ser implantados no útero, a bebês causa uma série de distorções e contrassensos lógicos que precisam ser repelidos pelo Direito, sob pena de desorganizar bastante a sociedade.

Essa noção de nascituro, combinada com o art. 8º, que determina que o SUS deve dedicar aos embriões ainda não nascidos a mesma prioridade dada a crianças, torna uma geladeira com 200 mórulas inviáveis 200 vezes mais importante do que um bebê agonizante. O administrador hospitalar zeloso que tivesse um único gerador de emergência disponível teria de dar preferência ao freezer da reprodução assistida e não aos respiradores da UTI infantil, como recomenda o bom senso.

O festival de piadas prontas não acaba aqui. Os arts. 3º, 4º e 5º desfilam uma série de direitos de nascituros que desafiam a imaginação. São coisas como direito à honra, dignidade, respeito, liberdade e convívio familiar e a proibição de que sejam explorados e oprimidos. Mas o que pretende o legislador com isso, já que a maioria dos itens elencados exige algum nível de consciência para fazer sentido? O que é a liberdade do feto? A única coisa de que ele poderia efetivamente ser liberto é o útero, mas, a menos que essa libertação ocorra bem no final da gravidez, essa é uma péssima ideia.

O texto tem recebido críticas por criar a chamada bolsa-estuprador, que é o benefício que seria dado a mulheres que, mesmo tendo sido submetidas a violência sexual, optassem por seguir em frente com a gravidez. Paradoxalmente, considero essa a única medida sensata do estatuto. Se o governo já concede auxílio para quem põe filhos na escola, para quem é viciado em drogas, para quem não tem outra fonte de recursos, não vejo nenhum motivo para privar vítimas de estupro de algo parecido.

Bem mais grave, me parece, é a criação da figura jurídica do aborto culposo. O diploma prevê pena de um a três anos de detenção para quem causar culposamente (sem intenção, mas por negligência, imprudência ou imperícia) a morte de nascituro. Aqui o legislador parece ignorar que a gravidez é um processo bastante instável. De acordo com Randolph Nesse e George Williams em "Why We Get Sick" (por que ficamos doentes), 87% dos óvulos fertilizados jamais chegam a implantar-se no útero ou são abortados no início da gravidez. Coisas relativamente banais como uma descarga de adrenalina podem precipitar a rejeição. Não é difícil imaginar uma situação na qual uma colisão besta de veículos leve a mulher a perder o embrião. O sujeito que bateu o carro, em vez de apenas acionar seu seguro, teria de responder por aborto culposo, um crime de ação pública incondicionada, isto é, que o promotor precisa necessariamente levar em frente.

Na mesma linha, são temerárias as disposições do estatuto sobre o direito de herança para o nascituro. É verdade que o Código Civil prevê essa possibilidade em seu art. 1.798, mas a limita aos casos em que o concepto já existe quando da abertura da sucessão (morte do "de cujus"). Como o art. 17 do estatuto é bem mais vago e se limita a afirmar que o nascituro tem legitimidade para suceder, ficam abertas as portas para o desconhecido. Não é impossível que todas as mulheres que um dia tiveram um óvulo fertilizado, mas cuja gravidez não prosperou se considerem sucessoras do embrião que nunca nasceu e, assim, se legitimem como herdeiras de seus namorados. Aqui, o chamado golpe da barriga ganharia um novo significado e nem precisaria de uma barriga.

O Estatuto do Nascituro é uma peça jurídica que, com o perdão do mau trocadilho, jamais deveria vir à luz. Numa interpretação benigna, ele é inútil; numa mais realista, trata-se de apostar na confusão para restringir ainda mais o já limitado direito ao aborto das brasileiras. É claro que cada um é livre para fantasiar com os seres superiores que quiser e interpretar livremente suas intenções. Mas, se for para introduzir um pouco de lógica e ciência no debate, é forçoso concluir que, se de fato existe uma divindade que concebeu e desenhou o mundo e ela é minimamente coerente, este ser não tem nada contra o aborto, já que estabeleceu uma taxa natural de dispensa de embriões humanos de mais de 80%.



PS - Saio em férias pelas próximas semanas, dando um pouco de paz ao leitor. A coluna da versão impressa ainda continua até domingo.





Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve na versão impressa da Página A2 às terças, quartas, sextas, sábados e domingos e às quintas no site.

terça-feira, 16 de julho de 2013

BRAZIL: DESONRA, CORRUPÇÃO, INCOMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA!

DESADMINISTRAÇÃO: DESONRA, INCOMPETÊNCIA, CORRUPÇÃO!

Foto Marina da Silva. BH.MG/11-06-2013. Passeata contra a corrupção  e os gastos excessivos com a Copa 2014! Uma das muitas manifestações contra corrupção que vem ocorrendo no país há muitos anos e não noticiadas na mídia oficial!
Marina da Silva

Desadministração é um neologismo apropriado por mim das Rimas primas do escriba J. Zokner e pode ser entendido como “sem administração”, “desastre administrativo”, “administração precária”, enfim: INCOMPETÊNCIA!
Soa como paradoxo, pois para “desadministrar” uma cidade, estado ou país  pressupõe-se que o indivíduo saiba administrar e aqui em terra brasilis,  tino, senso, competência administrativa não são conditio sine qua non para ocupar cargos públicos; por outro lado, conchavos, coligações, acordos  espúrios e maracutaias tem mais eficácia política, rendem o voto de eleitor encabrestado, garante corruptos no poder. Nem Juca nem eu somos os primeiros e únicos a denunciar tal fato que desde os tempos de colônia já era cantado em prosa e verso!
www.google.com.br/images. Esse é o "Sarney" de Minas Gerais, mais conhecido como porcão e por falas estúpidas e ofensivas, principalmente dirigidas a professores e médicos. É a inteligenssa pura!

“O honesto é pobre,
o ocioso triunfa,
o incompetente manda”.
Gregório de Matos

Minas Gerais, um dos mais ricos estados brasileiros, padece visceralmente deste mal, a desadministração, a começar pela capital Belo Horizonte. Políticos que não conseguem cuidar da própria latrina, se arvoram a administrar o país inteiro, parafraseando Gregório de Matos, o Boca do inferno.
 Planejada em prancheta, desenho e contorno moderno e exclusivista, com ares parisienses, a “cidade” fugiu do planejamento, tomada por um crescimento populacional rápido que rompeu limites impostos em sua geografia, subiu a Serra do Curral, acompanhou leitos de rios, córregos, riachos, incrustou-se na ficção dos arquitetos e políticos e enriqueceu Beagá de muitos e complexos horizontes.


BH. Mosaico de fotos antigas a partir de www.google.com.br e www.portalpbh.pbh.gov.br:
"A história do surgimento das favelas e da luta pela moradia em Belo Horizonte remonta à época da construção da cidade. Planejada para 200 mil habitantes, o projeto de Aarão Reis não previa lugar para alojar os trabalhadores (1). Dois anos antes de ser inaugurada já contava com duas áreas de invasão com aproximadamente três mil habitantes (2). Além disso, os padrões construtivos e de urbanização na zona urbana, somados ao alto custo dos terrenos devido à especulação imobiliária, levou grande parte da população a fixar-se na zona suburbana, de forma desordenada e fora do controle do Poder Público, que naquele momento preocupava-se apenas com a área nobre da cidade, circunscrita ao perímetro da Avenida do Contorno."

Fugindo dos contornos originais, passíveis de existência apenas na cabeça de “grande mentecapto”, BH resistiu a quaisquer ordenamentos. Nasceu rebelde, cosmopolita, abraçando nos seus morros toda forma de modernidade e quem se deparasse com ela,  formatando-se aos trancos e barrancos a cada tentativa de limpeza urbana, impondo e criando seu espaço no espaço urbano ordenado!
Urbanização e explosão demográfica  não foi acompanhada pelo fornecimento de infra-estruturas adequadas que fizessem funcionar a primeira cidade funcional do Brasil! Só mesmo incompetência e falta de visão aliada a alto grau de corrupção podem explicar o caos das metrópoles e grandes cidades brasileiras, Belo Horizonte inclusa.

PPL
Foto Marina da Silva. PPL. Favela Pedreira Prado Lopes, vista parcial. RECEBENDO MAQUIAGEM PARA A WORLD CUP 2014 E OLIMPÍADAS 2016! 13-07-2013

A cada “salto” econômico um retrocesso inegável no desenvolvimento humano  que deveria vir atrelado ao crescimento econômico tornando o país viável, sustentável e rumo ao “Primeiro mundo”, para todos, ou pelo menos para uma fatia maior da população!

Mosaico a partir de www.google.com.br/images A corrupção no Brasil tem cara, endereço, está no Legislativo, Executivo, Judiciário, estampada e comprovada EM VÍDEOS, REVISTAS, LIVROS e até em tablóides de 25 centavos!

Noventa milhões de habitantes e um “milagre econômico” nos anos 70; a década perdida para Sarney e o dragão da inflação dos anos 80, a voga neoliberal dos anos 90 foram acompanhadas pelo empobrecimento de milhões de cidadãos e elevou a níveis escandalosos a horizontalização espacial de favelas, “moradia popular em propagação”, pelo país. Rocinha, Alagados, Paraisópolis, Prado Lopes, Taquaril, favela da Maré, Alemão... Casa grande e favelas, dois pólos históricos de um país que cresce como um iceberg, escondendo e dividindo, com “escolhidos”, a grande riqueza produzida por sua população!
Revista Veja 2156/2010.
"Baixo Rocinha. Ester Lima e Raimundo Bulcão. (à dir.): lixo, baile funk e bala perdida" "Engolidos pela favela. A população nos morros do Rio de Janeiro cresce ao dobro 
do ritmo do restante da cidade – e o avanço dos barracos provoca  a degradação de bairros e desvaloriza aquelas áreas de maior IPTU"


Foto: Sérgio Cabral legalizou por decreto a casa que Luciano Huck construiu em área de preservação ambiental. A advogada de Luciano Huck é Adriana Ancelmo. Adriana Ancelmo é também advogada do Metrô e da Supervia, concessionária dos trens.

47 empresas de ônibus (incluindo 25% da frota do Rio) pertencem a Jacob Barata. Jacob Barata é pai de Adriana Ancelmo.

Adriana Ancelmo é casada com Sérgio Cabral. Sem mais.
www.google.com.br/images Adriana, Huck (pretensões ao Planalto), Cabral. "Sérgio Cabral legalizou por decreto a casa que Luciano Huck construiu em área de preservação ambiental. A advogada de Luciano Huck é Adriana Ancelmo. Adriana Ancelmo é também advogada do Metrô e da Supervia, concessionária dos trens. 47 empresas de ônibus (incluindo 25% da frota do Rio) pertencem a Jacob Barata. Jacob Barata é pai de Adriana Ancelmo. Adriana Ancelmo é casada com Sérgio Cabral.

Depois de FHC a privatização do país contada em prosa no livro “A privataria tucana”, a nação vê,escancarada, a dominação os donos do poder e encarceramento de grande contingente da população   num complexo e intricado sistema de pobreza e enclaves miseráveis - os aglomerados de favelas: Complexo do Morro do Alemão; Complexo de favelas da Cachoeirinha...etc. A complexidade tomou conta do Brazil de norte a Sul, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, as mais importantes metrópoles brasileiras. Ao mesmo tempo as favelas se expandiram rumo aos céus num processo de verticalização radical e perigoso!

Quantos horizontes cabem numa cidade como Belo horizonte?

Formal e informal, classificada assim, BH de muitos horizontes, foi confinada em duas cidades: a cidade formal e a cidade informal, ambas visceralmente ligadas, interdependentes e vitais para Beagá.
Cidade grande, muitas vezes denominada pejorativamente de “roça grande” Beagá vive e convive com mega problemas ligados a desadministração e cada passo que se dá a frente retrocede dois, diria Fernando Sabino, “O grande mentecapto”!
http://aecio-neves-2003-2010.com.br/choque-de-gestao/ Com dois choques de gestão aécio neves/anastasia/lacerda e cia. Acabaram com a dívida pública do Estado de Minas Gerais e  no início do primeiro mandato 2002-2006!


“De acordo com o Banco Central do Brasil, ao final de outubro de 2012, a dívida pública do Estado de Minas Gerais junto ao Tesouro Nacional, instituições financeiras públicas e privadas totalizou R$ 71,314 bilhões – sendo esta considerada a 2ª maior entre todos os estados brasileiros”


Políticos mineiros comem quietos, trabalham em silêncio, não param de trabalhar nunca a má versação do dinheiro público e Belo horizonte, neste novo século que mal desponta, é exemplar neste assunto! Cidade grande, problemas maiores ainda, gargalos estruturais mantidos e alimentados pela esperteza, mau caratismo e alianças espúrias entre políticos/partidos/empresários/banqueiros e congêneres (destaque para empreiteiros) que parasitam a cidade e os cofres públicos fornecendo serviços de péssima qualidade como o de limpeza urbana, transporte público e obras meia-boca que se prolongam no tempo permitindo assim desvio e roubo dos cofres públicos!
www.google.com.br/images. Esta é a cara de enfado do anastasia  frente a mais uma temporada de enchentes em 2012/2013 e é a mesma que os político usam desde a fundação da capital!
Jornal super notícias. Frase do prefeito lacerda escolhido em conchavo à revelia do povo!


Beagá padece com enchentes anuais, e anualmente recebe milhões de dólares para sanar os problemas, mas as obras são inócuas, servem somente para fazer vista e aparecer nas campanhas eleitoreiras! Sistema de saúde, educação, segurança, saneamento básico, transporte estão totalmente falidos! A Dengue, uma doença de mundo sub-desenvolvido ou uma gripe matam mais que um levante no Egito, Paquistão ou Síria.

Foto Marina da Silva. A grave situação dos hospitais na epidemia anual de Dengue. Só em 2013 foram mais de 100 mortos.

Problemas de moradia se arrastam no tempo, com enfrentamento politiqueiro como a urbanização de favelas nos anos 80, 90 ou o programa Vila Viva da primeira década deste século! Oficialmente ou extra-oficialmente grupos tentam dominar a população das favelas nos seus quadrados: milícias de narcotraficantes e milícias oficiais - no Rio de Janeiro atendendo pelo nome UPP- unidades pacificadoras de pobres! Uma ocupação de favelas denunciada no premiado filme campeão de bilheterias: Tropa de Elite!
Em se tratando de desadministração, Belo Horizonte não é a exceção, é a regra da nação e um exemplo para os 27 estados e DF-Brasília!
Desde 2002 aécio neves transformou Minas Gerais em estado-empresa, “zerando a dívida” com dois “choques de gestão”, expropriando o funcionalismo público, sub-investindo em  saúde, educação, segurança,transporte público, moradias e terceirizando serviços essenciais, gastando milhões de dólares em propaganda. Aécio nunca esteve só na sua missão do “estado necessário”; tem um time cujos principais colaboradores são: Andrea Neves, irmã e eminência parda;  pimentel ex-prefeito de BH e ponte ddl(dirceu/dilma, lula), anastasia vice e atual governador; lacerda, secretário estadual do desenvolvimento econômico e prefeito por dois mandatos sendo escolhido a dedo em acordo político entre partidos rivais, diga-se de passagem:


www.google.com.br/images
“Preparo eleitoral. O governador mineiro Aécio Neves e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, ainda não conseguiram emplacar o secretário estadual de Desenvolvimento, Márcio Lacerda, do PSB, como candidato à sucessão municipal. Mas Lacerda, um ex-comunista que virou milionário, já se prepara para a disputa.” Veja.2054/2008. Hoje reeleito no mesmo modus operandi!

Não bastou a esperança vermelha vencer o medo, pois chegou ao Planalto contaminada, corrompida, seguindo os passos impostos nos anos 90 pelo FMI ao governo FHC: austeridade, corte nos gastos públicos, arrocho salarial, demissões de funcionários público, terceirização dos serviços públicos, combate ferrenho ao famigerado Custo Brasil [ serviços essenciais de saúde, educação, segurança,etc].
www.google.com.br/images Vale-leite, vale-gás, bolsa-escola, cesta básica, vale-isso e aquilo, sempre foram táticas polítiqueiras, cabresto eleitoral. O governo atual apenas juntou as esmolas e condensou-as com o nome Bolsa-família e assumiu paternidade e monopólio. “Mas doutor, uma esmola a um homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”!

 No governo lula a pobreza estratificada ganhou título de “A nova classe média Brasil” e é possível viver com 2 dólares por dia fermentado com bolsa-esmola, o mais ignominioso cabresto eleitoral de um povo!
Na favela, no senado sujeira pra todo lado, um hino dos anos 80 que bradava contra a corrupção que chegou a extremos paroxísticos nos 12 anos do século atual.
“O legislativo não é mais uma voz da sociedade nem uma caixa de ressonância. Está meio sem função, diz o senador Garibaldi a revista Veja em 2008. O senador diz que o Parlamento está agonizante e que  muitos políticos usam o mandato apenas em proveito próprio”.
A governança, sistema de alianças partidárias na distribuição dos cargos públicos deixou claro “A maioria dos parlamentares segue a lógica votar com o governo, liberar as emendas, emplacar um cargo para um aliado e colher os dividendos nas eleições seguintes. Os políticos se contentam com isso...” idem.
Foto Marina da Silva. Revolta do busão. BH/MG. 17-06-13

 A bomba anunciada explodiu! Chega de corrupção! O aumento das passagens de ônibus foi a gota d’água que levou milhões de brasileiros às ruas na chamada Revolta do busão em 2013!
A população fala o que quer claramente, nega legitimidade dos representantes eleitos, exige mudanças: é um pé na bunda que sacudiu políticos néscios, corruptos, incompetentes, empoleirados no poder sem ser dignos dele! Fora Collor, Fora Sarney, Fora Dilma, Fora Lacerda, Fora todos os desadministradores dos mais de 5.560 municípios brasileiros! Borá pra rua, pois a rua é a maior arquibancada do Brasil!
“O povo unido jamais será vencido” e o povo entendeu onde está e quem tem poder: bora pra rua!
Foto Marina da Silva. Jovens de 68 e jovens de 2013. Chega de corrupção e corruptos!