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sábado, 17 de março de 2012

QUEM NÃO LEVOU UM SUSTO COM A TAMPA DO VASO SANITÁRIO...


TAMPA ASSASSINA
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 Sérgio Antunes de Freitas


Eu não me lembro se, naquele tempo, existiam essas tampas de privada com assentos acolchoados, fofos, macios.
Tenho um amigo machão que diz não gostar delas, pois se sente sensualmente encoxado.
Mas, como dizia, o assento da tampa do vaso sanitário na casa da minha tia não era confortável. Feito de um plástico duro, rachou pelo excesso de uso. A casa era muito frequentada pelos irmãos dessa tia, além de sobrinhos e amigos.
Quando uma pessoa sentava-se no vaso, a rachadura se abria. Quando a pessoa se levantava, ela se fechava e beliscava a parte inferior da coxa esquerda da vítima.
Eu e meu primo, ao saber que alguém iria usar o retrete, corríamos para perto da porta, para ouvir o gemido. A gente escutava a pessoa tentando se levantar e, logo a seguir, um ai, baixinho, contido, aspirado. Um onomatopéico ai-aissshhhhhhh.
A diversão era certa. Principalmente, com a cara do sujeito, ao sair do banheiro, e os comentários dos mais íntimos:
Até hoje, não trocaram a tampa do vaso? Querem matar a gente?
Outros, mais tímidos, apenas saiam sorrindo, tentando fingir que não havia acontecido nada. Mas coçando a coxa.
Havia também os consolados:
Putz! Essa doeu! Saiu até água dos olhos!
Outros, ainda, eram mais expressivos, considerando que estávamos no período de um governo militar:
Ô, privadinha truculenta!
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A depender do fator surpresa, da gordura acumulada e da posição da perna, a mordida era mesmo horripilante.
Porém o tempo foi passando. Nem minha tia comprava outra tampa, nem as pessoas eram mais surpreendidas pelamordedura pós-relax, como a nomeava o meu primo. Sentavam-se de lado, avisavam uns aos outros Ó, cuidado com a tampa, heim! - ou mantinham o assento pressionado com a mão e levantavam a pernoca, como em um movimento de ginástica olímpica.
E a novidade passou.
Certo dia, de manhã, ficamos sabendo que havia morrido a esposa de um outro primo distante. Já velhinhos, sabíamos que o sobrevivente iria sofrer muito com a viuvez, já que viveram juntos, praticamente, a vida toda. Casaram-se ainda jovens e não se largaram por décadas. Todos os compromissos sociais eram feitos a dois, as festas, as missas e até os mais simples passeios pelo jardim.
Minha tia, após o enterro, no final da tarde, convidou o primo e mais alguns acompanhantes para tomar um café em sua casa.
Eu cheguei nessa hora e, meio constrangido, perguntei ao velho primo como ele estava. Com voz embargada, ele respondeu:
Nada bem. Hoje, além de enterrar minha companheira, acabei de levar uma mordida na bunda.

domingo, 11 de março de 2012

BRAZIL/MUNDO: EXPLORANDO A FORÇA E O PODER FEMININO

A FORÇA FEMININA

www.google.com.br/images  Yes, nós podemos!

Marina da Silva

A intensificação do uso da mão-de-obra feminina, que hoje em vários países já é 50% da PEA (População Economicamente Ativa), incluso o Brasil, e em alguns casos supera o trabalho masculino (Inglaterra) é um fenômeno extremamente importante que vem se desenhando desde as últimas décadas do século passado e fortalecendo-se a cada dia neste século XXI. Qual é o significado disso na atual fase de acumulação de capitais, da reestruturação produtiva, do uso de tecnologias economizadoras de trabalho-vivo, da dispersão geográfica da produção, das altas taxas de desemprego estrutural, da expansão sem precedentes do trabalho precário (terceirizado, sub-contratado, temporário, part-time ou parcial, do trabalho informal, do empreendedorismo social/laranjização (trabalhadores metamorfoseados em empresa), do recrudescimento do trabalho escravo)?
www.google.com.br . Eu sou  melhor...

Análises superficiais do processo da feminização do mercado de trabalho podem inadvertidamente gerar equívocos sobre a intensificação do uso do trabalho feminino atual e confundi-lo com mais um modismo ou pior, tratá-lo como revanchismo feminista - seja lá o que se entenda por isto - contra os homens! Explicações que aventarem tais hipóteses são meros achismos e devem ser rechaçadas com veemência: não é uma coisa nem outra e menos ainda uma revolta silicone.
Homens e mulheres sempre trabalharam desde que desceram das árvores, ocuparam cavernas, lascaram e poliram pedras, descobriram o fogo, inventaram a roda, a cerâmica, a siderurgia, a agricultura, “a família, a propriedade privada, o estado”.
Não é necessário um recuo temporal longínquo para acompanharmos o processo sócio-histórico da divisão do trabalho (social, sexual) na produção da vida humana. Mas é imprescindível apreender como se dá o fenômeno da incorporação da mulher no mundo do trabalho dentro da lógica do modo de produção capitalista. Com o advento da manufatura e o desenvolvimento da indústria moderna – as primeiras máquinas datam do final do séc. XVIII – a utilização da mão-de-obra feminina, dos jovens e crianças tornou-se um dos mais fortes sustentáculos da acumulação capitalista (extração de mais-valia absoluta), isto porque, essa incorporação se dá de forma desigual e degradada.
www.google.com.br/images 8% dos operários da construção civil são mulheres."Que salto alto, maquiagem glamorosa, roupa estilosa, que nada... a moda feminina agora é macacão, cimento, poeira, barulho e muito, mais muito quebra-quebra".

Desta forma o capitalismo não só aumenta a exploração e opressão econômica sobre homens e mulheres como o faz de forma intensa sobre mulheres, jovens e crianças e com o tempo criando uma beligerância crônica entre os sexos, acirrando cada vez mais a competição entre os gêneros.
Destinadas às condições e relações de trabalho mais precárias, recebendo salários menores do que os homens, as mulheres ainda são usadas para o rebaixamento da renda masculina e ambos acabam enredados e emparedados no discurso alienante e deplorável da “guerra dos sexos” que justifica maior precarização, desigualdade de direitos, encobrindo uma exploração predatória do trabalho dos mesmos. É o que vem acontecendo nas duas últimas décadas (anos 90/2000).
www.google.com.br/images.  Pereirão, personagem de Lilia Cabral na novela Fina estampa.

As mulheres estão tomando o trabalho dos homens, invadindo o mercado, dominando o mundo! Propala a mídia. A quem serve este discurso? Aos trabalhadores e trabalhadoras ou àqueles que exploram o trabalho de homens e mulheres pagando cada vez menos por ele? No Brasil, onde termos como subdesenvolvimento, terceiro mundo, país pobre hoje só se aplica às disputas eleitoreiras, uma vez que há algum tempo figuramos entre as maiores economias do planeta - PIB acima de US$ trilhões, Fundo soberano (poupança em dólares) e mega reservas petrolíferas e de gás natural, citando apenas algumas de nossas riquezas - o trabalho feminino sofre com a desigualdade de gênero e de raça (cor da pele). Dados da OIT (Org. Internacional do Trabalho) denunciam que aqui a renda das mulheres brancas, no mesmo nível de escolaridade, é 21% menor em relação aos homens; que trabalhadores(as) negros têm renda 50% menor que os brancos (homens e mulheres); e a renda das trabalhadoras negras é 61% menor do que a renda dos homens brancos.
A inferiorização do emprego da mulher e a exacerbação da competição entre os sexos vêm ganhando força desde o período conhecido como terceira revolução tecnológica e globalização que transformou drasticamente as formas de produção, o gerenciamento, as relações de trabalho enfraquecendo a resistência dos trabalhadores organizados. E neste contexto de altos índices de desemprego, da crescente informalidade, da queda de renda dos trabalhadores, da perda de direitos sociais historicamente conquistados com lutas e mortes que se deu a dominação feminina do mundo.
 Igualdade de direitos e emancipação de mulheres e homens, via trabalho, caso não se efetivem políticas públicas sérias de empregos remunerados decentemente para ambos, não importando se preto, branco, verde ou amarelo, não passará de meta para um milênio...ou mais! 

BRAZIL/MUNDO: EXPLORANDO A FORÇA FEMININA

A FORÇA FEMININA.
www.google.com.br/images  Yes, nós podemos!

Marina da Silva

A intensificação do uso da mão-de-obra feminina, que hoje em vários países já é 50% da PEA (População Economicamente Ativa), incluso o Brasil, e em alguns casos supera o trabalho masculino (Inglaterra) é um fenômeno extremamente importante que vem se desenhando desde as últimas décadas do século passado e fortalecendo-se a cada dia neste século XXI. Qual é o significado disso na atual fase de acumulação de capitais, da reestruturação produtiva, do uso de tecnologias economizadoras de trabalho-vivo, da dispersão geográfica da produção, das altas taxas de desemprego estrutural, da expansão sem precedentes do trabalho precário (terceirizado, sub-contratado, temporário, part-time ou parcial, do trabalho informal, do empreendedorismo social/laranjização (trabalhadores metamorfoseados em empresa), do recrudescimento do trabalho escravo)?
www.google.com.br . Eu sou  melhor...
Análises superficiais do processo da feminização do mercado de trabalho podem inadvertidamente gerar equívocos sobre a intensificação do uso do trabalho feminino atual e confundi-lo com mais um modismo ou pior, tratá-lo como revanchismo feminista - seja lá o que se entenda por isto - contra os homens! Explicações que aventarem tais hipóteses são meros achismos e devem ser rechaçadas com veemência: não é uma coisa nem outra e menos ainda uma revolta silicone.
Homens e mulheres sempre trabalharam desde que desceram das árvores, ocuparam cavernas, lascaram e poliram pedras, descobriram o fogo, inventaram a roda, a cerâmica, a siderurgia, a agricultura, “a família, a propriedade privada, o estado”.
Não é necessário um recuo temporal longínquo para acompanharmos o processo sócio-histórico da divisão do trabalho (social, sexual) na produção da vida humana. Mas é imprescindível apreender como se dá o fenômeno da incorporação da mulher no mundo do trabalho dentro da lógica do modo de produção capitalista. Com o advento da manufatura e o desenvolvimento da indústria moderna – as primeiras máquinas datam do final do séc. XVIII – a utilização da mão-de-obra feminina, dos jovens e crianças tornou-se um dos mais fortes sustentáculos da acumulação capitalista (extração de mais-valia absoluta), isto porque, essa incorporação se dá de forma desigual e degradada.
www.google.com.br/images 8% dos operários da construção civil são mulheres."Que salto alto, maquiagem glamorosa, roupa estilosa, que nada... a moda feminina agora é macacão, cimento, poeira, barulho e muito, mais muito quebra-quebra".

Desta forma o capitalismo não só aumenta a exploração e opressão econômica sobre homens e mulheres como o faz de forma intensa sobre mulheres, jovens e crianças e com o tempo criando uma beligerância crônica entre os sexos, acirrando cada vez mais a competição entre os gêneros.
Destinadas às condições e relações de trabalho mais precárias, recebendo salários menores do que os homens, as mulheres ainda são usadas para o rebaixamento da renda masculina e ambos acabam enredados e emparedados no discurso alienante e deplorável da “guerra dos sexos” que justifica maior precarização, desigualdade de direitos, encobrindo uma exploração predatória do trabalho dos mesmos. É o que vem acontecendo nas duas últimas décadas (anos 90/2000).
www.google.com.br/images.  Pereirão, personagem de Lilia Cabral na novela Fina estampa.
As mulheres estão tomando o trabalho dos homens, invadindo o mercado, dominando o mundo! Propala a mídia. A quem serve este discurso? Aos trabalhadores e trabalhadoras ou àqueles que exploram o trabalho de homens e mulheres pagando cada vez menos por ele? No Brasil, onde termos como subdesenvolvimento, terceiro mundo, país pobre hoje só se aplica às disputas eleitoreiras, uma vez que há algum tempo figuramos entre as maiores economias do planeta - PIB acima de US$ trilhões, Fundo soberano (poupança em dólares) e mega reservas petrolíferas e de gás natural, citando apenas algumas de nossas riquezas - o trabalho feminino sofre com a desigualdade de gênero e de raça (cor da pele). Dados da OIT (Org. Internacional do Trabalho) denunciam que aqui a renda das mulheres brancas, no mesmo nível de escolaridade, é 21% menor em relação aos homens; que trabalhadores(as) negros têm renda 50% menor que os brancos (homens e mulheres); e a renda das trabalhadoras negras é 61% menor do que a renda dos homens brancos.
A inferiorização do emprego da mulher e a exacerbação da competição entre os sexos vêm ganhando força desde o período conhecido como terceira revolução tecnológica e globalização que transformou drasticamente as formas de produção, o gerenciamento, as relações de trabalho enfraquecendo a resistência dos trabalhadores organizados. E neste contexto de altos índices de desemprego, da crescente informalidade, da queda de renda dos trabalhadores, da perda de direitos sociais historicamente conquistados com lutas e mortes que se deu a dominação feminina do mundo.
 Igualdade de direitos e emancipação de mulheres e homens, via trabalho, caso não se efetivem políticas públicas sérias de empregos remunerados decentemente para ambos, não importando se preto, branco, verde ou amarelo, não passará de meta para um milênio...ou mais! 

domingo, 4 de março de 2012

BRAZIL: A PARADA DE SER GAY!


01/03/2012 - 07h07

A cura gay

Hélio Schwartsman
O clima é de guerra. De um lado, estão os gays e os Conselhos de Psicologia, em suas vertentes federal e regionais, de outro, os cristãos, mais especificamente o povo evangélico. O tema do embate é (aqui não há como evitar as aspas) "a cura da homossexualidade".
O certame teve início nos anos 90, quando militantes do movimento gay, em particular a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), começaram a denunciar aos conselhos os autointitulados psicólogos cristãos, que prometiam curar homossexuais.
A ABGLT pedia punições a esses profissionais com base no Código de Ética do Psicólogo, que, em seu artigo 2º, b, proíbe: "induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais".
Em 1999, depois de alguns casos rumorosos na mídia, o Conselho Federal (CFP) baixou a resolução nº 001/99, que não deixa nenhuma margem a dúvida:
"Art. 2° - Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.
Art. 3° - Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.
Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.
Art. 4° - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica".
Evidentemente, a briga continua, mas agora no plano da opinião pública e do Legislativo. Além de nos bombardear com e-mails sobre a "perseguição" a psicólogos cristãos, os evangélicos tentam no Congresso aprovar um projeto de decreto legislativo (PDC 234/11) para sustar artigos da resolução do CFP.
Vale observar que o proponente da matéria, o deputado João Campos (PSDB-GO), também tem projetos de decreto para derrubar a decisão do Supremo Tribunal Federal que legalizou as uniões estáveis homossexuais e a que autorizou as marchas da maconha.
A iniciativa do parlamentar social-democrata (sim, há ironia no adjetivo) é uma tremenda de uma bobagem. Da mesma forma que um médico não pode hoje sair por aí dizendo que cura a doença de Huntington e um físico está impedido de afirmar que faz o tempo correr para trás, um psicólogo não pode proclamar que possui terapias efetivas contra o que seu ramo de saber nem ao menos considera uma doença. Não se pode bater de frente e em público contra os consensos da disciplina.
Não existe algo como psicologia cristã, hidrostática católica ou cristalografia judaica. Idealmente, juízos científicos se sustentam na racionalidade amparada por evidências (mas a questão é mais complicada, como veremos ao final do artigo).
É claro que a ciência, ao contrário das religiões, não trabalha com dogmas. Um pesquisador que pretenda provar que a homossexualidade é uma doença pode tentar fazê-la em fóruns apropriados, como congressos e trabalhos científicos, e sempre apresentando argumentações técnicas, cuja validade e relevância serão julgadas procedentes ou não por seus pares. Se ele os convencer, muda-se o paradigma. Caso contrário, ou ele abandona o assunto ou deixa de falar na condição de psicólogo.
Como cidadão, acredito eu, todos sempre poderão dizer o que bem entendem --além de fazer tudo o que não seja ilegal. Padres e pastores vivem afirmando que a homossexualidade é pecado sem que o céu lhes caia sobre a cabeça. É claro que a ABGLT protesta e de vez em quando um membro do Ministério Público pode tentar alguma estrepolia, mas isso é do jogo. Apesar de alguns atritos, a liberdade de expressão vem sendo relativamente respeitada no Brasil nos últimos anos, como o prova a decisão do STF sobre a marcha da maconha que o representante do PSDB quer derrubar.
Vou um pouco mais longe e, já adentrando em terrenos hermenêuticos menos sólidos, arrisco afirmar que nem o Código de Ética nem a resolução do CFP impedem um psicólogo de, em determinadas condições, ajudar um homossexual que busca abandonar suas práticas eróticas.
Imaginemos um gay que, por algum motivo, esteja profundamente infeliz com a sua orientação sexual e deseje tornar-se heterossexual. O dever do profissional que o atende é tentar convencê-lo de que não há nada de essencialmente errado no fato de ser gay. Suponhamos, porém, que o paciente não se convença e continue sentindo-se desajustado. Evidentemente, ele tem o direito de tentar ser feliz buscando "curar-se". E seu psicólogo não está obrigado a abandonar o caso porque o paciente não aceita a ciência. Ao contrário, tem o dever ético de fazer o que estiver a seu alcance para diminuir o sofrimento do sujeito.
O que a resolução corretamente veta é que o psicólogo coloque na cabeça de seus pacientes a ideia de que ser gay é uma falha moral que pode e deve ser revertida. Impede também que ele faça propaganda em que promete terapias efetivas.
Dito isto, não acho uma boa estratégia a do movimento gay de vincular a defesa dos direitos de homossexuais a uma teoria científica. Este me parece, na verdade, um erro grave.
Para começar, a ciência está calcada em hipóteses que podem por definição ser refutadas a qualquer momento. Vamos supor que o fundamento lógico para eu recusar a discriminação contra gays resida na "evidência científica" de que a homossexualidade tem componentes genéticos e ambientais, não sendo, portanto, uma escolha que possa ser modificada. Imagine-se agora que alguém demonstre de forma insofismável que tais evidências estavam erradas. O que ocorre neste caso? A discriminação fica legitimada?
Não é preciso puxar muito pela memória para lembrar que movimentos por direitos civis e "ciência" (sim, fora dos manuais de epistemologia, ela é uma atividade humana como qualquer outra que caminha ao sabor de circunstâncias políticas e constructos sociais) já estiveram em lados diferentes das trincheiras. Até 1990, a Organização Mundial da Saúde listava a homossexualidade como uma doença mental. Os psiquiatras americanos faziam o mesmo até 1977. Não sei se recomendava ou não o exorcismo, mas certamente autorizava profissionais da saúde mental a tentar a "cura".
O argumento contra a discriminação de minorias precisa ser moral. É errado discriminar gays, negros e membros de qualquer seita religiosa porque não gostaríamos de sofrer tal tratamento se estivéssemos em seu lugar.
Hélio Schwartsman
Hélio Schwartsman é articulista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve na página 2 às terças, quartas, sextas, sábados e domingos. Na Folha.com, escreve às quintas-feiras.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

BRAZIL: o jeitinho legal de gastar dinheiro público!


ENCONTROS NACIONAIS

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 Sérgio Antunes de Freitas

Os órgãos públlicos federais se parecem, cada vez mais, com essas páginas eletrônicas da Internet que promovem o encontro entre pessoas.
As razões disso começam com um dogma dos servidores que tratam do orçamento da União: quem devolve dinheiro aos cofres públicos é incompetente. Consequentemente, se um órgão não gasta o dinheiro que lhe é destinado, de castigo, no ano seguinte, recebe menos recursos, se não houver outras variáveis políticas. Em vez de aplicar, o objetivo é gastar.
Junte a isso a vontade dos servidores de receber diárias. Em muitos casos, esse ganho é uma complementação salarial quase constante.
Há também a gostosura que é viajar em turismo. E de graça! Se tiver cartão de milhas, ainda acrescentam algumas a ele, para viajar com a família nas férias. Embora isso seja condenável, pois é uma forma de as empresas terem preferência, oferecendo vantagens indevidas para os servidores públicos, virou costume aceito até pelos órgãos de controle, cujos servidores também são aquinhoados com o procedimento.
Agora, vem a receita!
Em primeiro, deve-se criar um programa. Precisa de um nome chamativo e justificante. Por exemplo, Meu alimento, meu sustento.
A fim de se disseminar os métodos a serem usados na implementação do programa fundamental para o progresso do país, é promovido um encontro nacional, contornando-se facilmente a norma que proíbe viagens com muita gente.
Mas como atingir o máximo de colegas que deverão ser os facilitadores” e multiplicadores” em suas bases? Ora, criam-se os famosos polos regionais! Na região Norte, geralmente, a cidade eleita para ser um polo é Manaus, tradição que vem do tempo em que era vantajoso visitar a Zona Franca para comprar bugigangas. Na região Nordeste, qualquer capital serve, menos Teresina, pois não tem praia. Na região Sudeste, Rio de Janeiro, claro! Na região Sul, Floripa é uma boa, se não houver influência de gaúchos na história. No Centro-oeste, qualquer capital, menos Brasília, já que não beneficia, com diárias e passagens aéreas, os mais poderosos. Goiânia também não, por que é muito perto.
Teleconferência? Não, é muito impessoal, não tem calor humano.
É importante iniciar os trabalhos na segunda-feira, pois haverá a justificativa, exigida por norma ministerial, e todos poderão viajar no domingo à noite, recebendo uma diária bem econômica, já que não precisarão pagar almoço e janta nesse dia.
A empresa contratada para realizar o encontro, a um preço de quinhentos, seiscentos, um milhão de reais, prepara o material a ser distribuído na manhã de segunda, quando ocorrem as inscrições. Cada inscrito recebe uma pasta, com os dizeres: “I Encontro Nacional de Gestores para a Consecução de Objetivos Econômicos e Sociais na Esfera dos Arranjos para a Nutrição Popular. Dentro, duas canetas esferográficas, um bloco de papel e um pacotinho de biscoitos de chocolate. A pasta se tornará, em futuro próximo, presente para o porteiro do edifício ou a empregada doméstica e servirá para guardar certidões de nascimento, carnês do INSS, fotografias da família.
Na segunda a tarde, na abertura, o dirigente máximo do órgão diz os jargões que se espera: que o encontro será um marco regulatório” de uma nova gestão, que o orçamento não será impactado” pelo encontro, que o órgão terá melhor governabilidade” com os produtos” esperados.
Durante os dias seguintes, nas reuniões, nas mesas redondas, nas oficinas” etc., entre“cofibreiques” e apresentações culturais, os jargões serão repetidos por todos, entre profusos elogios à iniciativa, até sexta-feira de manhã, quando será lido e votado o relatório final, ficando a tarde livre para que todos possam voltar para os seus lares com tranquilidade.
Se alguém aventar a hipótese de que tanto dinheiro poderia ser destinado à saúde, à educação, à alimentação das crianças pobres do Brasil, será sumariamente eliminado dos próximos encontros, pois não sabe reconhecer a importância de uma ação tão relevante para o bom trabalho do governo.
Mas um fato é indiscutível: esses encontros, muitas vezes, propiciam relacionamentos sérios, como casamentos, mancebias, concubinatos.

"Dinheiro público:Transparência e controle social: Conferência elege delegados para encontro estadual" 13-02-12



"Representantes do poder público, sociedade civil e conselhos de políticas públicas reuniram-se na última sexta-feira (10) na 1ª Conferência Municipal sobre Transparência e Controle Social (Consocial) em Alta Floresta.
As conferências são promovidas em todo o Brasil. O movimento foi instituído pelo governo federal e coordenado pela Controladoria Geral da União.  O objetivo da mobilização é estimular a participação da sociedade no processo de controle e acompanhamento dos investimentos públicos."


domingo, 26 de fevereiro de 2012

ESTILO DE VIDA 1.99...


LIFE STYLE 1.99

Marina da Silva

“Tudo o que é sólido se desmancha no ar”,  a condição primordial de existência do capitalismo, um sistema de produção cuja lógica é expandir-se sempre, rompendo barreiras geográficas, religiosas, culturais, ideológicas, sociais, econômicas, políticas, éticas, morais, sexuais e etc e tal também! Que havia um descompasso entre a produção material humana e o processo de humanização dos seres humanos (excluso cães, gatos e outras espécies animais colocadas no mesmo patamar que o gênero humano) Adam Smith- autor da célebre obra A riqueza das nações já observara  ainda na fase de amadurecimento do novo modo de produzir e a registrou. Este paradoxo- minuciosamente estudado no século seguinte, entre outros, por Karl Marx – é o nó Górdio capital!

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”Como classe, os trabalhadores de cerâmica, homens e mulheres,(...) representam uma população física e moralmente degenerada. São em regra franzinos, de má construção física, e frequentemente tem o tórax deformado. Envelhecem prematuramente e vivem pouco, fleumáticos e anêmicos”.  Public Health,3rd report in O capital. Marx p.285

Quanto mais o homem produz mercadorias, quanto mais lança mão da ciência e tecnologia, mais ele se desproduz, desumaniza-se. Expandir sempre e cada vez mais exponencialmente é a lei geral do processo de produção capitalista, apropriando-se  e expropriando tudo e todos em qualquer lugar do planeta, com o único objetivo: lucro, lucro, lucro! Infelizmente o lucro deriva de combinações que ao mesmo tempo incita como inibe a competição/concorrência. Se o mundo fosse feito somente de capitalistas seria...o fim!

www.google.com.br/images “A fabricação de fósforos de atrito data de 1833, quando se inventou o processo de aplicar o fósforo ao palito de madeira.(...)A metade dos trabalhadores são meninos com menos de 13 anos e adolescentes com menos de 18. Essa indústria é tão insalubre, repugnante e mal-afamada que somente a parte mais miserável da classe trabalhadora, viúvas famintas, etc., cede-lhe seus filhos, “crianças esfarrapadas, subnutridas, sem nunca terem frequentado uma escola.(...) Dante acharia que foram ultrapassadas nessa indústria suas mais cruéis fantasias infernais”. Marx. O capital.



E o capital só dá bons frutos quando investe em “inovação” (mesmo que a “novidade” seja “recriar” o arcaico, velho, bizarro) que aumentem a extração de mais-valia tanto relativa (uso de maquinaria, ciência e tecnologia) como absoluta (exploração da mão-de-obra em condições e relações sociais precárias, desumanas).

www.google.com.br/images. Máquina analítica de Charles Babbage
No inicio do século XVII, René Descartes propôs que os corpos dos animais não mais que máquinas complexas. Blaise Pascal criou o primeira máquina de calcular digital em 1642. No século XIX, Charles Babbage e Ada Lovelace trabalharam em máquinas mecânicas programáveis para calcular. 


Capitalistas de um lado proletários de outro, o conflito está armado. Enfrentamento, resistência, lutas, mortes; o gérmen da reação à precarização total da vida de homens, mulheres e crianças só começará a colher alguns frutos legais a partir de 1831.

www.google.com.br/images. ”Além de encontrar esse limite puramente físico, o prolongamento da jornada de trabalho esbarra em fronteiras morais. O trabalhador precisa de tempo para satisfazer necessidades espiritais e sociais cujo número e extensão são determinados pelo nível geral de civilização.(...) Encontramos jornadas de   trabalho de 8, 10, 12, 14, 16, 18 horas, da mais variada duração.(...) a regulamentação da jornada de trabalho se apresenta, na história da produção capitalista, como luta pela limitação da jornada de trabalho...”

Jornadas extensas, baixos salários, locais insalubres, péssimas condições e relações de trabalho, uso e abuso do trabalho de crianças, mulheres, idosos para baratear os custos de produção e rebaixar os salários dos homens adultos. Contra esta realidade dura e cruenta, greves, destruição de máquinas e locais de trabalho,  lutas pela legislação trabalhistas e as utopias; anarquismo, socialismo, comunismo, pois também “sem uma cachaça ninguém segura esse rojão”!
www.google.com.br/images. A luta dos trabalhadores neste período se remete a luta pela jornada e contra locais e condições de trabalho insalubres!

No mundo do trabalho- as relações  e condições de trabalho e principalmente salários- impera o conflito, um estado bélico permanente, cristalizando  “A lei geral de acumulação capitalista”: concentração de riquezas num pólo e pobreza, miséria no outro. Duas revoluções tecnológicas (1750/1850) chegamos ao século XX  com um capitalismo monopolista (formação de trustes/cartéis) e o mundo do trabalho alterado (uso intensivo da ciência e tecnologia no processo produtivo) pela crescente automação. A introdução da esteira rolante e fragmentação do trabalho em várias etapas tornou o trabalho tedioso, repetitivo e amalgamou o homem como uma ferramenta que faz parte da máquina! “Por que todas as vezes que peço um braço me enviam homens” dizia Ford o criador da mercadoria padronizada, a produção em massa, a cultura de massa, os trabalhadores em massa informe, ali nos primórdios do século XX! Admirável gado novo!
www.google.com.br/images. O mago Charles Claplin em Tempos modernos, a mais contundente crítica ao sistema fordista/taylorista de produção.

Duas Grandes Guerras mundiais, crash da Bolsa em 1929 (EUA), exacerbação do nacionalismo, fascismo, nazismo, revoluções socialistas (antiga União Soviética, Cuba, países do leste europeu) e comunista (China, Coréia), Guerra fria (capitalistas-EUA X comunistas- URSS) e principalmente a chamada “Terceira revolução tecnológica” não apenas alteraram as formas de produzir (Taylorismo/fordismo) flexibilizando e dispersando geograficamente a produção; o mundo do trabalho (uso de mão de obra barata, não organizada e desprotegida de legislação trabalhista em qualquer parte do planeta),como afetaram a percepção de tempo/espaço e deixaram o  século XX, “curto”...esta tal de globalização!

www.google.com.br/images Coca-cola abre sua terceira unidade de produção na China, o pais comunista mais capitalista do mundo! Uma super potência capitalista que massacra os trabalhadores pela adesão ideológica ao comunismo (de Mao) voluntária ou autoritariamente!

O fim dos empregos! Com a chamada Terceira Revolução Tecnológica, muitos analistas, entre eles André Gorz (1980), J. Rifkin  profetizavam e alertavam o mundo, em especial, o Primeiro Mundo (Europa, Canadá, Japão, União Européia, Inglaterra) que a reestruturação produtiva seria letal para os empregos no planeta! Máquinas economizadoras de mão-de-obra (inteligência artificial), robotização, automação com base na microeletrônica, aliada à transferência desenfreada de plantas industriais para países com maiores vantagens comparativas (mão-de-obra abundante, não organizada em sindicatos, escrava; matéria prima barata, isenções de impostos e outras benesses de governos locais nas disputas pelas empresas) levariam ao “declínio inevitável dos níveis de empregos e a redução da força global de trabalho”! O trabalho deixaria de ser central na vida das pessoas e o jeito seria “aproveitar a mão-de-obra inaproveitada de milhões de pessoas para tarefas construtivas fora dos setores público e privado” no voluntarismo e “empregos sociais” pagos com bolsa-esmola, o mesmo que colaboracionismo!
www.google.com.br/images. século XXI. Mais do nunca o lucro capitalista vem da exploração e expropriação da mão-de-obra, do trabalho de seres humanos em condições sub-humanas! Este mosaico representa a POTÊNCIA das economias capitalistas emergentes, os BRIC's- Brazil, China, India, Rússia! E estes países não são a excessão e sim A REGRA de exploração do trabalho no mundo atual!

Chegamos ao século XXI com os trabalhadores transformados em colaboradores, o sindicalismo enfraquecido (leia-se morto), salários de fome,    jornadas extensas, mais de 50% da PEA formada pela mulheres,  as utopias de esquerda, meras falácias; o subemprego, a terceirização, o trabalho escravo e o trabalho em condições análogas a escravidão em expansão geométrica, a perspectiva de melhores dias, de um futuro melhor...AUSENTES! 
A ascensão da China e sua entrada na OMC vem sendo um duro golpe para a economia e para o mundo do trabalho em países de quaisquer mundo! Da invasão chinesa herdamos o império dos produtos 1.99(leia-se baixa qualidade, uso de mão-de-obra escrava), capitais especulativos, empresas, imigrantes legais e ilegais (principalmente), o controle dos asiáticos pelas máfias nos países receptores, etc e tal!


Mosaico criado a partir de fotos de Marina da Silva. A INVASÃO CHINESA: Paris (foto 1) e Belo Horizonte. No Brasil impera o mundo 1.99 e desde 2010 a China domina mais de 50% do comércio legal e cerca de 99.99% do ilegal!





quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

REELEIÇÃO NÃO!


Fichas sujas e REELEIÇÃO
Aldo Paviani   
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Em complemento à decisão do STF, que validou a Lei da Ficha Limpa, deveremos lutar por alguns avanços:
1 - Que se proíba a reeleição em todos os patamares da república, nos municípios,  nos estados e em âmbito federal.  Justificativa: não se concebe que alguém fique     no Congresso Nacional por 40 anos e, no caso do Sir Ney (como o denomina Millôr),     no mínimo 60 (era deputado federal no Rio, antes da transferência da capital). Isso é     inconcebível, como é a perpetuação da oligarquia, com filhos e filhas (tal como Roriz,     que as faz de "vaquinhas de presépio"). 
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Isso deve acabar. Sim, a segunda justificativa é     que a reeleição é a "mãe" de todos os vícios políticos, tal como a preguiça para o trabalhador;
2 - A nova Lei, inclusive valendo para o próximo presidente e todos os demais: 5 anos, tal como foi ao tempo de JK e fim de linha;
3 - Adotar, como os EUA o fizeram, uma Lei que puna severamente o corruptor: suborno tem no grande país do Norte, penas pesadas (ver 1a. p. da FSP de 19/02/2012). Projeto semelhante, mas suavizado, corre no Congresso Nacional. Quem sabe, teremos avanços políticos!!

      
Pode divulgar a proposta acima? Ou trocar ideias para o aperfeiçoamento da política nacional.      Abr. Aldo  
EU APÓIO E COMPARTILHO: REELEIÇÃO NÃO! Marina