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terça-feira, 14 de julho de 2020

BRAZIL: MAIS UM CAUSO DE QUARENTENA

O CÔCO E A FAQUINHA ASSASSINA
Marina da Silva

E foi assim...
Lá estava eu assistindo uma série super hiper mega plus blaster polêmica que estreou na Netflix, 365DIAS,  quando cismei de comer côco. Era um côco seco que estava em cima da bancada há umas duas semanas e como não tinha sobrado nada da feira...
_Vou comer este côco!
Desde do início da quarentena COVID-19, o côco estava ali comigo combatendo a ansiedade. E diga-se de passagem adoro tudo que tem côco: cocadas mole e dura, balas de côco, picolés, água de côco, côco mole, côco duro, leite de côco, moqueca capixaba e baiana com leite de côco, cachaça no côco, drinks com côco,  "coquinho do pipoqueiro" queimado no açúcar, quebra-queixo, e até doce de jiló com côco. Se tem côco é comigo mesmo!  Pudim de côco, manjar de côco, bolo prestígio de côco.
Então era cedo ainda da noite, umas  quase seis horas, um calorão apesar de ser inverno e junho e após todas as atividades domésticas resolvi assistir o tal 365 DIAS.
_ Jesus me abana! Que homem é este?
Me subiu aquela onda de calor, não esta que você pensou, mas o calorão "dusinfernú" da menopausa. Levantei num pulo e fui pegar água gelada e no que olhei para a bancada vi que o côco estava me chamado.
Dei pausa no homem lindo e fui abrir o côco. 
Peguei o danado com aqueles dois olhinhos e boca, cacei o ponto macio para abrir, enfiei a faquinha curva, tirei parte da popa e pus um copo e o côco em cima para extrair a água. Feita tal operação embrulhei o côco, já salivando de prazer, num pano de prato, peguei o martelão cabeça de borracha, pus o coco no chão e assassinei o coquinho à marteladas. Feito isto, desembrulhei e comecei a comer lascas, lavar as partes que se soltaram e tirar as presas com a faquinha.
Um alerta antes: todo mundo sabe e eu também que a gente abre côco colocando ele no fogo da fornalha, trempe, brasa, chama do fogão a gás e vai virando o bichinho de um lado, vai pru outro, depois pra cima e pra baixo, pega com pano da cozinha e bate com uma faca, recomendo o martelo de bife a partir do meu acidente. O jeito que abri meu côco é errado e perigoso e assassino, mas foi uma ideia que me veio ao lembrar o pipoqueiro no "pondiôns"  da Santa Casa de Misericórdia, abrindo o coco com um facão e removendo a polpa na maior facilidade. 

Não sei "caudiquê"  dei de fazer o mesmo trem e ... Lembrei, não tenho mais fogão.
Esta mão aí, com o lindo coquinho é da linda Vera Signorini, amigaça do peito que conseguiu a proeza de abrir desta forma o côco dela. Brigadaça Vera!


Pois então, no que estou mexendo no meu côco, o filme, "dumeidunada", começou a  se reproduzir novamente e já que eu "tava" no projeto côco, continuei com a operação: um olho no gato, aquele homenzarrão lindo e o outro olho no côco.
As cenas calientes me abduziram  e na verdade nem lembrava que estava com uma faquinha novinha e afiadinha tirando a polpa do meu côco.
Naquilo que o homem aparece pelado no banheiro mais show de bola que vi na vida...
_ Meu Deus do céu! "Crendóspai!" Jesus Maria José!! Valei-me meu Deus!!!!
Gritei isso uma única vez e serviu para dois fatos: a bunda dele, do homem 365DIAS e  para a faquinha assassina quase atravessando minha mão esquerda bem abaixo da linha da vida,  que na minha mão faz um M.
Parecia que uma espada de esgrima atravessou minha mão, a palma e alma! Uma dor lancinante e uma sangueira danada começou a jorrar e eu apavorada  virei e abri o freezer da geladeira e peguei minha garrafinha de gelo e taquei em cima do corte...
Faltou sangue no cérebro nesta hora de tanta dor:
_ Pra que peguei o gelo?
Virei o corpo para o outro lado, peguei o pano de prato e o sangue correndo pelo braço, pingando no chão e eu olhando aquilo e fui ficando esquisita  e veio onda de calor e corri e agachei e pus a cara no ventilador e quando levantei senti que ia desmaiar e voei até o sofá e me joguei lá com sensação de desmaio vindo de uma vez e eu me dando ordem:
_ Põe a mão pra cima, respira, não desmaia, aperta o pano...
Isto tudo deve ter ocorrido no máximo em um minuto e meio ou dois porque moro num cafofinho pequenininho. Pensei.
A verdade  é que perdi a noção de tempo esparramada "quinem" um saco de batatas no sofá, metade das nádegas escorregando com as pernas pru chão, cabeça enfiada nos peitos e braço pra cima. 
Quem me socorreu foi  Deus, Jesus, Maria, José (sempre Os clamo nos meus perigos), meus anjos da guarda e a dor intensa e o sangue encharcando o pano de prato que aquelas alturas mudava de cor. Ver sangue apavora qualquer um, ver o próprio sangue então...
O filme já tinha rodado bem quando me senti apta a levantar e providenciar um curativo.
Ainda zonza e com medão de agachar e começar de novo, troquei o pano de prato vermelho (ele era branquinho) por chumaços de papel higiênico, não podia parar a compressão senão ia dar mais merda, levei o rolo de papel e a caixa de socorro para o sofá e descobri: não tinha curativo, algodão, mertiolate, nada, nadica de nada, neres de pitibiriba.
Como eu olhava a caixinha é hilário: um saco de batata jogada no sofá apertava o chumaço de papel higiênico com o queixo e vasculhava as caixinhas.
_ Não é possível! Eu sempre tenho curativo. Falei perplexa, pasma e literalmente bege.
Não tinha nada em lugar nenhum. Foi aí que lembrei do algodão cortado, bonitinho de tirar maquiagem, que raramente uso porque o máximo que sei usar é uma base. 
Sorri e dei Graças a Deus. Agora era só improvisar o curativo com o durex.
Quando melhorei de vez para tentar fazer o curativo percebi que a faquinha assassina tinha cortado, no meio do caminho, meu dedo médio também.
Estranhei minha mão latejando e lancei o braço "pra riba" na horinha.
_ É a dor. Conclui ainda trêmula do medão que passei e tomei um analgésico que não adiantou nada ou coisa alguma. Além de tremer, latejar percebi que minha mão ficou muito dormente. Nessa hora meu cú ficou na mão:
_ Putaquipariu! Peguei um nervo, ops, a faquinha assassina pegou meu nervo, tirou minha vontade de comer qualquer trem e me causou uma dor horrenda que não passava. Aliás, praguejei, esta faquinha assassina e este côco fingido se juntaram para tirar minha vida!
Lá pelas tantas o sangue estancou. Então tirei o curativo improvisado e vi um senhor corte na mão. Uma ravina, não, uma voçoroca de uns cinquenta quilômetros na palma da mão.
_ Quê que eu faço Jesus? O que é que eu faço? Eu comigo mesma, agora sim, apavorada.
_ Vou ter que ir ao hospital dar uns pontos...
Mas desisti da ideia por dois motivos super importantes: ia ter que pedir ajuda da minha filha e levar uma super chamada do tipo:
_ Minha filha você é doida?Por que não pegou o côco aberto? E ir já me arrastando para o hospital. E tá aí o segundo problema. Baixar no hospital na quarentena Covid-19 e nos expor, eu e ela, ao coronavírus.
_ Fia, falei pra mim mesma, seja o que Deus quiser! 
E roguei a Deus, Jesus, Maria, José e todos os meus santos e santinhas, meu pai Ogum (descobri na Bahia que sou filha de Ogum), Oxalá, Alá, Buda, Shiva, todos os deuses indígenas do planeta e até aos duendes da Xuxa. Fé é tudo!
_ Não deixe que seja grave Deus, que eu não perca minha mão esquerda. A culpa é do coquinho e da faquinha assassina... Vi a cara de Deus pru meu lado!
E conclui que a merda já estava feita e cabia a mim não fazer mais merda,furando a Quarentena e pegando coronavírus.
Amém.



Um comentário:

  1. Marina e a arte de deixar leve os percalços da vida... Se cuida! Beijos...

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