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sábado, 19 de fevereiro de 2011

A FALÁCIA DO MÍNIMO

Marina da Silva

Fonte: WWW.google.com.br/images

Se buscarmos o significado da palavra falácia num bom dicionário, iremos descobri-la à época do sábio Aristóteles significando um raciocínio falso que simula veracidade, um sofisma. Na linguagem comum, falácia é o mesmo que engodo, embromação, mentira, enganação, falsidade e cai como luva quando se desvenda a estória ou a falácia do salário mínimo no Brasil. No nosso país a falácia é condição necessária, imprescindível para atuar na política, salvo, frise-se bem, raríssimas exceções.
A falácia do salário mínimo começa com a mentira de que foi instituído por graça e obra de Getúlio Vargas, o pai dos pobres. Todas as lutas dos trabalhadores, os conflitos, as greves e mortes que antecederam à sua instituição, em 1º de maio de 1940, são esquecidas(?) ou relegadas a um segundo plano.
O salário mínimo, historicamente falando, foi instituído, em 1º de maio de 1940, entrou em vigor em julho do mesmo ano e correspondia a 240 mil réis. Nessa época cerca de um milhão de trabalhadores ganhavam menos que esse valor.
Se acompanharmos a evolução do salário mínimo e do crescimento econômico do Brasil no século XX percebe-se claramente “uma taxa intencional – insistimos no intencional – medíocre para o salário mínimo, fato que se reproduz, com outras magnitudes, para todos os rendimentos do trabalho”. (Seminário Salário e desenvolvimento, Campinas: 28/29-04-05).
Da metade do século XX até os dias atuais, o país industrializou-se, cresceu, transformou-se numa das dez potências econômicas do planeta! Nos anos 70 tivemos até um “milagre econômico” e tudo graças à exploração, expropriação e miséria dos trabalhadores, do povo brasileiro.
O caminho da riqueza aqui produzida sempre esteve voltado para a concentração nas mãos de uns poucos em detrimento da nação inteira. Sempre fomos enganados com a falácia de deixar o bolo crescer para depois reparti-lo acreditando ser impossível crescimento econômico e desenvolvimento social simultâneos. A teoria balizava e justificava a prática exploratória absurda e desumana.
Com os dados abaixo, corrigidos para março de 2005, fonte do seminário acima citado, cujo objetivo era nortear as políticas públicas de recomposição da renda do salário mínimo, fica límpido e claro o grau da exploração no Brasil.
Em 1943 o salário mínimo correspondia a R$901,78; em 1942 sofreu dois reajustes e só voltou a aumentar devido a greves entre 1951-1959 chegando a R$1.106,05, fase da industrialização brasileira.
De 1959 a 1964 manteve-se relativamente estável. Nos vinte anos da ditadura militar – 1964 a 1984, os trabalhadores além de amordaçados e violentamente reprimidos viveram estressados com o arrocho salarial. O poder de compra do salário mínimo despencou atingindo 56% do valor aquisitivo do salário criado em 1943.
No período entre 1983-1991 a falácia do dragão da hiperinflação, da “década perdida”, do crescimento pífio do PIB, o salário era atacado a gatilho e a especulação financeira estava over justificando maior exploração e concentração de renda. O mínimo chegou a valer cerca de 43% do salário de 1940 e dá-lhe planos! O cruzeiro virou cruzado, cruzados novos e cruzeiro novamente. Em 01-11-1985 o mínimo valia 600.000 cruzeiros e na mudança da moeda caiu para 804,00 cruzados/ 01-03-1986.
O país da “década perdida” empobreceu a população fazendo emergir uma nova classe endinheirada, os podres de ricos emergentes.
No governo Collor/Itamar a coisa ficou pior; o salário mínimo chegou a valer 25% do valor de julho de 1940 e tome mais planos e mudança da moeda. Para justificar a exploração do trabalho, Collor elegeu o funcionalismo público como bode expiatório. Os altos salários pagos pelo governo aos marajás justificavam a minimização contínua do salário mínimo e de qualquer renda vinda do trabalho.
Na fase FHC, 1994-2002 criou-se a URV. O salário mínimo valia em 01-02-1994 42.829 cruzeiros, caiu para 64,79 URV. Outro plano, Real, e o mínimo ficou capengando desde então, sufocado pela política dos juros altos, do custo Brasil, do risco Brasil, da idéia maluca de que não se deveria pagar mais de 100 dólares de salário, mesmo quando se perdeu o controle do câmbio, e do discurso sócio e lógico de “não negociamos perdas passadas”. O país ficou imerso na falácia do déficit da previdência, da dívida pública, da máquina burocrática inchada, do estatismo, da lentidão das reformas urgentemente necessárias, principalmente sobre a legislação trabalhista.
Lula chega a presidência com o povo esperando o máximo, especialmente os trabalhadores e o mínimo foi só 240 reais. Um ano depois, em 2004 o salário subiu mais e pouquíssimo chegando a valer 32% do salário de 1940.
2005: depois de muito qüiproquó e bate boca, o mínimo passa para 300 reais, ou seja, 1/3 do salário do paizão Getúlio Vargas.
 Em 2006 chegamos milagrosamente a 350 reais e em 2007 a 380 reais. E tome falácia sobre o envelhecimento da população, da dívida pública, do rombo da previdência, do crescimento pífio e o problema da reciclagem, do aquecimento global, a baixa audiência dos BBB’s, pois desde a publicação dos novos números fantásticos do IBGE sobre crescimento econômico, crescimento populacional e renda per capta do Brasil nos últimos dez anos, está faltando desculpas convincentes e imaginação para justificar o absurdo do mínino que é “doado” como salário aos trabalhadores, num país que cresce como um iceberg, escondendo a monstruosidade da riqueza produzida pelo suor, sangue, saúde e até morte dos brasileiros.
“80% da população recebe na faixa de 500,00 reais por mês. Em 2003, dos 69 milhões de pessoas ocupadas, 22 milhões ganhavam até um salário mínimo e 42,6 milhões até dois salários mínimos”. Em 2005 14,5 milhões de benefícios da previdência correspondiam a um salário mínimo”. (idem)
Ainda deve ser levado em conta as 18, 33 ou 55 milhões de pessoas (dependendo do governo os dados mudam, basta relembrar o Rubens Ricupero, o manipulador de dados) vivendo abaixo da linha da pobreza, com menos de dois dólares por dia; ou os dados de uma pesquisa do IBGE (17-05-2006) sobre Segurança Alimentar denunciando 72 milhões de brasileiros vivendo na maior insegurança alimentar, matando cachorro a grito, vendendo o almoço para comprar a janta ou simplesmente vivendo de brisa e luz. Os trabalhadores ainda tem, ministério do Trabalho, Justiça do trabalho, uma central única, mas que não está com esta força sindical toda!
 Com a estabilização após o Plano Real, o salário mínimo teve ganhos reais ainda maiores, totalizando 28,3% entre 1994 e 1999.  Há duas conclusões importantes a destacar a partir dos dados que mostra a evolução histórica do salário mínimo desde 1940. Em primeiro lugar, ao contrário de manifestações muito corriqueiras de que o poder de compra do salário mínimo seria hoje muito menor que na sua origem, os dados mostram que não houve perda significativa.  Em segundo, foi com a estabilização dos preços a partir de 1994 que se consolidou a mais significativa recuperação do poder de compra do mínimo desde a década de 50. Em 2008 o Presidente Lula resolveu "arredondar" o valor do salário mínimo que seria pouco mais de R$ 413,00 para R$ 415,00. Em 2009 o reajuste deu-se desde 01 de fevereiro (R$ 465,00) e, em 2010, a partir de 01 de janeiro (R$ 510,00).
Basta de falácia! Chega de aplicar no trabalhador o 1º de abril como salário! R$545,00 na superpotência econômica 2011 contra R$901,78 de 1943? Na política para todos o estado do salário será Mínimo? A população deixou “o homem trabalhar”, fazer o necessário, o possível e agora com super Dilma, primeira mulher presidenta de um dos países mais importantes do mundo, é a hora e vez do prometido impossível! O trabalhador esperou, a hora  chegou! Os dados estão aí: a economia cresce acima dos 5.5% há uns bons anos, cresceu mais de 7.5% em 2010 e continuará crescendo! Nos próximos anos, céu de brigadeiro para a economia, e ainda chove elogios do exterior e até do FMI! Não dá mais para esconder da nação o sol dourado do PIB do crescimento das nossas riquezas(3 trilhões-2008; 3.143 trilhões-2009; 3.5 trilhões-2010), da realidade dos “petrorreais” que insiste em raiar sobre cortinas de chumbo, fumaça, novelas e BBB’s.

Salário mínimo na era REAL: FHC/LULA/DILMA
01/07/94
MP 566/94
R$64,79
01/09/94
MP 637/94
R$70,00
01/05/95
Lei 9.032/95
R$100,00
01/05/96
R$112,00
01/05/97
                
R$120,00
01/05/98
                
R$130,00
01/05/99
                
R$136,00
03/04/00
MP 2019 de 23/03/00 e 2019-1 de 20/04/00 Convertidas na Lei nº 9971, de 18/05/2000.
R$151,00
01/04/01
                    
R$180,00
01/04/02
Medida Provisória n° 35
publicada no D.O.U. em 28.03.2002
R$ 200,00
01/04/03
Lei n° 10.699,
de 09.07.2003
R$ 240,00
01/05/04
Lei n° 10.888,
de 24.06.2004
-
R$ 260,00
01/05/05
Lei nº 11.164,
de 18.08.2005
R$ 300,00
01/04/2006
Lei nº 11.321,
de 07.07.2006
R$ 350,00
01/04/2007
Lei nº 11.498,
de 28.06.2007
R$ 380,00
01/03/2008
Lei nº 11.709,
de 19.06.2008
R$ 415,00
01/02/2009
Lei nº 11.944,
de 28.05.2009
R$ 465,00
01/01/2010
Medida Provisória nº
474/2009, de 24.12.1009
R$ 510,00

FONTE: http://www.portalbrasil.net/salariominimo.htm#sileiro

“(...) a quantia só foi estabelecida em 1º de maio de 1940, e passou a vigorar dois meses depois, com o valor de R$ 1.202,29, corrigida a preços de janeiro de 2011.”
“Centrais e oposição já admitem derrota na votação do mínimo”
“O líder do DEM, deputado ACM Neto (BA), que defende o valor de R$ 560, culpa a presidente Dilma Rousseff de ter "feito um balcão de negócios". "É o imperialismo de Dilma, que diz que quem não votar não terá cargos, é lamentável", afirmou o democrata. “
“Dilma usa 2º escalão para aprovar mínimo de R$ 545”
“O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse ontem que o governo começou de forma "autoritária" sua relação com o Congresso Nacional. O ataque provocou reação imediata do alto comando petista. O tucano mineiro apontou ao menos duas manifestações que, na sua opinião, demonstram autoritarismo. A primeira, declaração do ministro de Assuntos Institucionais, Luiz Sérgio, segundo a qual "a ordem” era que a base votasse os R$ 545 do salário mínimo.”

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

CONSTATADOR INDIGNADO!

ALGUMAS COMPARAÇÕES BÁSICAS......

CURIOSIDADES DE UM PAÍS DE LOUCOS
Juca Zokner
Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para pilotar uma fragata!

Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa do que um oficial da Força Aérea que pilota um Mirage.

Um diretor que é responsável pela garagem do Senado ganha mais que um oficial-general do Exército que comanda uma Região Militar ou uma grande fração do Exército.

Um diretor sem diretoria do Senado, cujo título é só para justificar o salário, ganha o dobro do que ganha um professor universitário federal concursado, com mestrado, doutorado e prestígio internacional.

Um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos, mas que não passa de um "aspone" ou um mero estafeta de correspondências, ganha mais que um cientista-pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com muitos anos de formado, que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas.


O SUS paga a um médico, por uma cirurgia cardíaca com abertura de peito, a importância de R$ 70,00, equivalente ao que uma diarista cobra para fazer a
faxina num apartamento de dois quartos.

PRECISAMOS URGENTEMENTE DE UM CHOQUE DE MORALIDADE NOS TRÊS PODERES DA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS, ACABANDO COM OS
OPORTUNISMOS E CABIDES DE EMPREGO.

OS RESULTADOS NÃO JUSTIFICAM O ATUAL NÚMERO DE SENADORES, DEPUTADOS FEDERAIS, ESTADUAIS
E VEREADORES.

TEMOS QUE DAR FIM A ESSES "CURRAIS" ELEITORAIS, QUE TRANSFORMARAM O BRASIL NUMA
OLIGARQUIA SEM ESCRÚPULOS, ONDE OS NEGÓCIOS PÚBLICOS SÃO GERIDOS PELA “BRASILIENSE COSA NOSTRA”

O PAÍS DO FUTURO JAMAIS CHEGARÁ A ELE SEM QUE HAJA RESPONSABILIDADE SOCIAL E COM OS
GASTOS PÚBLICOS
.

JÁ PERDEMOS A CAPACIDADE DE NOS INDIGNAR.
PORÉM, O PIOR É ACEITARMOS ESSAS COISAS, COMO SE TIVESSE QUE SER ASSIM MESMO, OU QUE NADA TEM MAIS JEITO.

VALE A PENA TENTAR.
PARTICIPE DESTE ATO DE REPULSA
.
REPASSE! NÃO SEJA OMISSO.






domingo, 13 de fevereiro de 2011

COM A PALAVRA...UM PROFESSOR!

 

Professor de Educação Física Kassio Vinícius Castro Gomes, de 39 anos,  assassinado com uma facada, no corredor do campus do Instituto Metodista Izabela Hendrix -- um dos centros universitários mais tradicionais de Belo Horizonte. O estudante Amilton Loyola Caires, de 23 anos o assassinou a facadas por ter tirado uma nota baixa.www.gogle.com.br/images

 

AO MESTRE... SEM CARINHO!

Zé Pi*


É praxe...Aquela musiquinha do filme “Ao mestre com carinho...” cartões sinceros e outros nem tanto...mensagens no quadro...cafezinho especial...e até almoços.

Pois é...

A sociedade não diz o que quer da escola pública, ou melhor, do ensino público e nós, mansamente, oferecemos o que as resoluções palacianas determinam a cada eleição... E se experimenta... E os filhos dessa sociedade se tornam cobaias de: Escolas Cidadãs, Escola Sagaranas, Acerte o Passo, Caminho da Cidadania, Escola Inclusiva, Escola Plural...Escola Referência... Escolas Tipo Assim, Escolas Tipo Assado...Amigos da Escola...

Apuradas as urnas, do município à presidência da república, o destino da educação é dividido em cargos e entregues a apoiadores políticos, técnicos e empresários: Os políticos sem vontade política, os técnicos de competência duvidosa e os empresários manipulam a educação como produto de mercado. Copiam modelos educacionais mal sucedidos e repetidores de velhos paradigmas.
 O professor, sub remunerado e desmotivado, é o executor de tais projetos, absorve os processos e “vira mesmice”, Aprendizagem Pacotinhos, da pré-escola à universidade, cuspe e giz, trabalhinhos de isopor, cartolina, Feiras de Ciências, Feira de Culturas, dependendo dos limites de prédios velhos, ultrapassados e recursos materiais deficitários, dos tempos de Anchieta e, na Secretaria de Estado da Educação, um cheiro forte de coisas velhas; você esperneia e grita como a 30 anos, em 1979 cuja greve sensibilizou Drumond e, daí em diante as paralisações passaram a ser parte constante do calendário escolar e de acordo com as conveniências sindicais. Professores e outros servidores de MG e outros estados elegeram vereadores, prefeitos, deputados das duas casas e hoje muitos são até ministros, mas todos, com raríssimas exceções esqueceram sua gênese.
A escola, desvinculada do interesse social, recebe o castigo da depredação, pichações, tiroteios, facadas, roubos e assassinato de professores e tudo mostrado na internet. Algumas escolas estaduais recolheram armas e drogas de “alunos” na entrada da escola e devolveram ao final dos turnos. Foram soluções e instruções encontradas pelo governo e sua Secretaria da Educação de Minas, via SRE(s) (jornal EM e R. Itatiaia).          Às vezes, autoridades educacionais aplicam curativos pseudopedagógicos, contendo ações do tipo cortinas de fumaça, como a informatização das escolas e ignoram as necessidades dos mercados e a obsolescência dos currículos, feitos em gabinetes por pessoas que muitas das vezes nunca exercitaram a docência real nos morros e favelas onde um traficante tem muito mais autonomia na deseducação do que um diretor . Você acaba professor taxímetro e, de escola em escola, para sobreviver, se esquece que pode mudar.. 

Aos vinte e cinco anos ingressei no magistério cheio de sonhos e era bem remunerado como iniciante na carreira; eram 5 salários mínimos e CLT e uma Licenciatura Curta. Hoje seriam mais ou menos 2800,00 reais por 40 horas/aula. Se motivado financeiramente você faz mestrado e doutorado, viaja pelo mundo, debate educação, adquire mais conhecimento, novas praticas pedagógicas no dito mundo desenvolvido, como nos EUA e Europa. Hoje, trinta anos depois, com licenciatura plena e pós-graduação percebo menos de dois salários-base de acordo com PEBmg. Os restos são penduricalhos, como qüinqüênios, biênios, estabilidade anestésica, vantagens das quais abro mão por um salário justo equivalente, por exemplo, aos vencimentos de juízes e Parlamentares estaduais, legisladores dos próprios salários sem a falácia da responsabilidade fiscal. 

Em números do MEC, faltam 700.000 profissionais da docência no país (deve ser muito mais) e o governo federal até premia com 300 reais a quem se matricular em licenciatura, mas não consegue motivar os jovens para a docência com esses 950 reais do FUNDEB; salário de subemprego ou logo vão acrescentar a cesta básica, vale gás, cartão fome zero e outros apanágios. Em entrevista (dada à Rádio Itatiaia) um parlamentar (PTmg) e ex-professor universitário, eleito por professores, disse: Se quiserem ganhar bem, os professores públicos, deveriam procurar trabalho na escola privada. Mais uma punhalada petista. Pagar o salário miserável em dia e décimo terceiro salário no final do ano é peça de propaganda oficial, como se não fosse obrigação constitucional.

        Aqui nas Gerais, executivo, legislativo e sindicato, alardeiam um plano de carreira do magistério que promove o professor sem lhes acrescentar um centavo no contracheque; o que poderá ser copiado por outros estados administrados por mágicos que isentam de impostos as grandes empresas e depois condicionam a remuneração do professor aos limites da arrecadação.

        Hoje somos professores nômades e, de escola em escola, para complementar os baixos salários, não temos tempo para reeducação e nos tornamos meros repetidores de experiências alheias. Psicologicamente abalados com a violência nas escolas, trabalhamos deprimidos, hipertensos e diabéticos. É como se eleitores e eleitos cuspissem na face de educadores como Anísio Teixeira, Paulo Freire, Emilia Ferreiro, Darcy Ribeiro. Resultados mirabolantes são obtidos à base de manipulação de dados estatísticos (Simave-mg), quando consultorias externas mostram que educação nas Gerais vai muito mal. “O último ano do ensino básico em MG equivale hoje a uma oitava série fraca dos anos 70”. Foram cobaias da Escola Plural, Acerte o Passo, Escola Sagarana, Caminho da cidadania,  Escola Cíclica e Escola Referência. A prova cabal de que o ensino mineiro é muito ruim é que somente num gesto de desespero o diretor ou professor matricula seus filhos na escola em que trabalham. Lotado a pouco mais de 500 metros da minha residência, tive que matricular meus três filhos no Colégio Magno de onde, foram para a UFMG e graduados em Ciência da computação, Medicina e Biologia.

Tentando aprovação em massa o governo Aécio/Vanessa, transferiram a responsabilidade do fracasso e chantageiam professores e diretores com a avaliação do desempenho e Abono do final de ano, (exceto para quem adoece e se licencia para tratamento).

Quero afirmar convicto que não podemos ser apenas professores sacerdotes e contribuintes na fonte, pois temos de comer, tomar banho, usar roupas decentes, estudar e pesquisar mais, cuidar dos filhos, deslocar até o local de trabalho e tudo isso tem um custo elevado para todos os brasileiros, professores ou não.

Como trabalhador, não desisto da minha vocação-profissão, mas não posso abrir mão de um salário digno; nós somos referência na sociedade como motivadores de crianças e adolescentes e, estou certo de que os dentes, estômagos, cabelos, sapatos, roupas, carro, moradia própria e equilíbrio emocional, são observados por pais e alunos como fatores de sucesso, convencimento e promoção do ser humano pelo caminho da educação.

Então, não sou “sacerdote da educação” como os hipócritas, governos e sociedade comodamente pensam.

*Prof. José da Piedade e Silva - BHte. /MG 


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO E MISÉRIA

SAPATO DE PROFESSOR
www.google.com.br/images/sapato vulcabrás 752
Marina da Silva
Estava na loja de calçados procurando uma rasteirinha baratinha para aliviar dores nos pés causados por um sapato desgraçado que me comia os calcanhares, um dedão do pé e os dedinhos quando ele entrou procurando sapatos. Era um homem mediano, aparentando no máximo trinta e portando uma calvície de preocupação ou tique nervoso, aquela onde ocorre uma devastação capilar nas laterais da cabeça de tanto se passar nervosamente as mãos. A vendedora quando o viu frente à vitrine de calçados masculinos me abandonou sem qualquer hesitação de olho na gorda comissão. Entre uma rasteirinha vagabunda de dez reais que provavelmente se esfacelaria no trajeto deixando-me na mão antes da porta de casa e um sapato masculino... Nem eu pensaria duas vezes, aliás, nem uma! Fiquei onde estava um olho na rasteira o outro na transação.  O homem passava os olhos pelos sapatos enamorado, conferindo os preços, ouvindo educadamente a moça que desfiava fervorosamente um rosário sobre as qualidades, beleza, design e origem do couro das melhores marcas em exposição: Democrata, San Marino, Ferracini. O acabamento é de primeiríssima, este imita os modelos italianos, aquele detalhe dava um tcham, este outro tem a cor da moda, um era o mais vendido e combina com tudo! Por um instante parei nos olhos de ambos: uns ardiam por um novo par de bons sapatos os outros por uma boa venda para encerrar o dia. Eu, rasteirinha apoiando o queixo, sem perceber, acompanhava excitada o desenlace aguardando minha hora de ser atendida. Nenhum dos dois dava mais por minha presença e desfilavam ora para frente ora para trás na passarela dos calçados e eu ia com eles estacada na vitrine oposta postada na banca de oferta dos chinelos e sandálias ouvindo as propostas sedutoras da moça: três vezes no cheque e entrada para só daqui a 30 dias, cinco vezes sem juros no cartão Mastercard ou Visa!
_ Eu tenho um Ferracini! Ouvi o moço confessar a vendedora e completar - por hora eu quero mesmo é um sapato baratinho sabe, para o dia a dia, um sapato de professor! A garota fez um ah decepcionado e eu ergui curiosa as sobrancelhas. Sapato de professor? Sem perceber comecei olhar mais detidamente o rapaz. Trajava um jeans surrado, um tênis esgarçado e uma camisa pólo de um azul indefinido. Trabalha para o estado ou prefeitura conclui em pensamento e completei: já fui como ele, um cabo de vassoura... Mas entre o feijão e o sonho o estômago roncou mais alto e fundo! Quando pensei estar realizando o sonho de lecionar, meados dos anos oitenta, a Educação no país entrava num pesadelo e desgaste profundos. Em franca decadência, ao rebaixamento salarial impensável juntou-se a precarização das condições materiais e estruturais de trabalho dos professores e uma perversa desqualificação moral dos mesmos! Virou rotina nas escolas públicas, principalmente no ensino básico e médio, longas greves por melhores salários e condições de trabalho e vida, o assédio moral, as violências físicas e psicológicas nas relações deterioradas entre professores/alunos/pais/colegas de serviço. O sistema educacional brasileiro está há muitos anos falido e é impossível esconder este tenebroso quadro acelerando o conhecimento sem acertar o passo, compasso, métrica, etc fechando os olhos e tapando os ouvidos a este fenômeno na educação formal do brasileiro. A quantas anda o ensino no Brasil neste século de Brasil BBB das potências econômicas emergentes Bric’s?
* “Elevados índices de repetência e de abandono da escola no Brasil foram apontados em relatório da Unesco. Com índices de repetência e abandono da escola entre os mais elevados da América Latina, a educação no Brasil ainda corre para alcançar patamares adequados para um País que demonstra tanto vigor em outras áreas, como a economia.” Estadão 19-06-10.
* “61% dos alunos do 5º ano não conseguem interpretar textos simples. 60% dos alunos do 9º ano não interpretam textos dissertativos.” www.educador.brasilescola.com/ jun/10
* “A difícil nota 6 da educação brasileira. Com uma nota atual de 4.6 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) o Brasil tem como meta alcançar nota 6 em 2021.” O Globo 27-06-10
* Relatório da ONU mostra que o Brasil tem uma das maiores desigualdades sociais do mundo”. Jornal Nacional 23-07-10
“Dilma Rousseff defendeu a educação como principal fator para promover maior inclusão social no Brasil. Ela disse que o fortalecimento da educação precisa significar valorização financeira e social do professor.” Correio Brasiliense 22-07-10
 “José Serra, disse que educação tem de ser uma obsessão de governo porque o desenvolvimento e a qualidade de vida dependem no nível de ensino. (...) seu avô e seu pai eram analfabetos, mas no Brasil não há mais espaço para isso.” Correio Brasiliense 22-07-10. Grifos meus.
 A educação no Brasil é fundamental e professor é a profissão mais importante, digna, honrada, sagrada e celestial do mundo... E é lógico estavamos em ano de eleição e as campanhas em pleno vapor e como sempre defendendo saúde, educação, segurança, arroz, feijão! Até quando os professores seguirão adiante mal pagos, em péssimas condições e relações de trabalho, desqualificados, sofrendo assédios vários (físicos e/ou psicológicos), entre uma licença e outra dando suas aulas, contribuindo socialmente para a ordem, progresso e grandeza da nação, usando, com inexplicável(?) orgulho seus sapatos de professor? Aos mestres, com amor!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ENTREI PARA A ACADEMIA

ENTREI PARA A ACADEMIA


Sérgio Antunes de Freitas


Certamente, vocês estão pensando que eu entrei para a Academia Brejeiropolense de Letras, orgulho de Brejeirópolis.
Não, não foi. Perdi a eleição para o açougueiro. Sabe como é política, né? Ademais, ele lê jornais o dia inteiro.
Eu entrei para uma academia de ginástica, sim!
Estou achando ótimo, afora uns percalços, pois existem umas diferenças, entre os jovens e os velhos, que se refletem no desempenho físico.
Por exemplo, um jovem, quando entra na academia, inicia seus exercícios, entre outros aparelhos, no chamado “remo” (eu chamo de vem-cá-meu-bem), com 15 quilos nos pesos.
Uma semana depois, ele passa para 25 quilos.
Um mês depois, ele passa para 75 quilos.
O velho também inicia com 15 quilos.
Uma semana depois, ele contrai uma bursite.
Um mês depois, ele reduz para dez quilos.
Mas o velho se diverte muito mais, vendo os tipos que aparecem.
O padrão é o “malhado”, sempre vestido a caráter, com calção, camiseta, tênis de marcas famosas, e aquela original tatuagem de arame farpado no antebraço. Por falar nisso, eu procuro tenazmente uma tatuagem que não seja de, no mínimo, gosto estético duvidoso. Se alguém encontrar, tira uma foto e me manda, por favor. Mas não percam tempo, enviando imagens de dragões, borboletas, letras orientais, fadinhas, flores, desenhos místicos, frases religiosas, nomes de mamães ou filhinhos, pois, nesses casos, nada vejo que substitui a beleza da pele humana.
E, voltando aos tipos, há o “malhado narciso”, que faz uma série de exercícios e corre para o espelho, para ver se aumentou o muque. Se encontra um amigo, grita: - Vamos malhar pra valer, garoto. Isso aqui não é fisioterapia, não!
E o “predador”? Ele mira, de longe, o aparelho que pretende usar; depois, segue com passos vagarosos e olhos de lince. Quando se aproxima, dá uma volta em torno de sua presa e pára, com as mãos na cintura. Aí, afere os pesos, o banco e o encosto, voltando a olhar para a vítima, com as mãos na cintura. Enfim, faz o esperado exercício hercúleo e se levanta vitorioso, esperando que todos tenham olhado sua performance. Mas só quem olhou foi o babaca aqui!
Nessa linhagem, há também o machão, que carrega o aparelho com o máximo de pesos e, ao final, solta-os, para que caiam com força, fazendo um barulho insuportável.
Não se sabe se ele não agüentou mesmo, ou apenas quer chamar a atenção dos outros machos.
Detestável é o “troglodita”, com camiseta de time de futebol, barba por fazer e olhos vermelhos. Ele chega à área onde as pessoas deitam em colchonetes, para fazer a ginástica de solo, e cospe no chão mesmo. Deve ser segurança do Poder Legislativo. Ganha muito, mas não tem verniz, como se dizia antigamente.
Eu gosto mesmo é da “bonitinha”. Na verdade, ela não é tão bonitinha assim. Se fosse, não estaria lá, mas nas telas da TV ou nas páginas das revistas masculinas e teria uma academia particular em sua mansão, com um treinador pessoal. Porém, é sonhadora e tem certeza que todos estão olhando para ela. Então, sai de um aparelho ouvindo o som de seu “walk-man”, dançando e dando pulinhos. Vai para frente do espelho, toma um gole de água, arrebita a bundinha e a olha de lado.
Eu já ia me esquecendo da “gordinha”. Ela tem, sim, esperanças de emagrecer! Faz todos os exercícios disciplinadamente. No final, sobe no aparelho que eu chamo de “o mais cruel de todos”, a balança. Aí, desce, como se estivesse subindo... para o patíbulo. Mas é tão simpática que a gente nem nota que está levemente acima do peso máximo.
Os resultados de exercícios constantes e bem feitos é sentido no bem-estar do dia-a-dia e visto nos resultados dos exames de sangue, por exemplo.
Eu recomendo a todos, mas sugiro que tomem cuidado com os instrutores, que sempre querem transformar qualquer um em atleta olímpico.
Um deles me falou: - Pode se esforçar ao máximo, pois, em caso de desmaio, tem o Carlitão, da turma da limpeza, que sabe fazer respiração boca-a-boca como ninguém.
É ruim, heim?

Sérgio Antunes de Freitas
5 de Fevereiro de 2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

DEIXANDO BARATO

DEIXANDO BARATO...
Marina da Silva
Até meados dos anos 90 do século XX “andar” de avião dava status, era um meio de transporte elitizado, aristocrático, enfim, “chique nus úrtimos”! As pessoas se trajavam com elegância, desfilavam malas e fraqueiras de grife, levavam platéia para um tchauzinho, tiravam foto dentro e fora do avião e na primeira classe comportavam-se como estrelas... de primeira grandeza, gente do Primeiro Mundo com direito a atendimento VIP até na cabine de controle do avião. Comandantes, aeromoças usavam uniformes de gala, 1º escalão e com sorrisos de canto a canto da orelha encenavam o que fazer nas emergências, serviam refeições apetitosas, sucos, cervejas e até uísque e champanha! Mas ai veio a globalização o neoliberalismo, a flexibilidade e o governo brasileiro numa virada 360º abriu o país aos “povos amigos” privatizando o que era excelente para tornar o país eficiente, mais competitivo enxuto, baixando custos através da falácia da concorrência como fator de excelência, salutar no capitalismo! Apertem o cinto...a qualidade sumiu! A competição – propalavam - seria regulada pela mão invisível do mercado deixando tudo mais barato! Bem, não foi exatamente isto que ocorreu ao transporte aéreo. Viajar de avião a cada ano foi deixando ser  “um barato” e tornando um meio de transporte comum, simplório, sem brilho ou classe tanto nas viagens nacionais como nos vôos internacionais. Viagens 1.99 a preço de R$99.90 podem até ser gol...de bico, mas não é uma Brastemp e muito menos  um show de bola!
Algumas empresas aboliram as refeições, transformaram os trabalhadores em colaboradores flex, isto é, um time que além da faxina nas aeronaves, são vendedores de sanduba, garrafinha d’água e se vacilar produtos Avon, Jequiti, Racco, Natura. Se  a viagem for longa o passageiro tem H2O, refrigereco, barrinha de cereal, salgadinho torcida.. de terceira divisão e bala chita!  Atrasos, over book, gente esparramada pelos saguão, raiva, ira, agressões aos funcionários das empresas, B.O...é caso de polícia!  “Em dezembro, segundo balanço da Anac, os aeroportos brasileiros registraram 13,2 milhões de embarques e desembarques de voos domésticos, valor 2 milhões acima do registrado no mesmo período de 2009. Mesmo com o crescimento, o índice de atrasos acima de 30 minutos permaneceu próximo ao dos últimos anos --por volta de 20%. Os cancelamentos também ficaram no mesmo patamar, cerca de 5% do total de voos programados.” Voar virou um “andar” de avião besta, a aeronave digitransformou-se num aerobusão e em alguns casos um aerobus-leiteiro, transporte de gado! Recentemente fui à Argentina e qual foi minha surpresa quando a mocinha sem aviso prévio e do meio do nada sacou um frasco e jogou sobre os passageiros um spray... de dedetização!? Jesus me abana! Se isso mata de mosquito da dengue, H1N1 e até super bactéria, o que não fará com a cabocla aqui? Senti-me menor que um piolho, menor que uma lêndea! Voltando ao Brasil, paradinha básica em Guarulhos, um espetáculo grotesco: os passageiros adentravam o avião trazendo nas mãos um sanduiche de “mortadela, lanche entregue na entrada da nave com o tradicional “Obrigada” por pegar este busão, ops, aerobusão! Na ida para Buenos Aires o lanche: um mini-pão integral com uma lâmina (tamanho e espessura de gilete) de presunto, queijo, um pedaço de rúcula e um naco de tomate seco regado a água, suco, ou refrigereco foi entregue a cada um em sua poltrona. Pode ser um trem desse? Do jeito que a decadência e precarização geral vem assolando o transporte aéreo, na próxima viagem é bom  ir prevenido: água filtrada, garrafa térmica para um chá ou cafezinho, farofa de galinha,  um bom tropeiro, pastel, enrolado de salsicha, coxinha e um rolo de papel higiênico caso usar o banheiro seja irremediavelmente necessário! Eta nóis e quem anac poderá nos defender! Do jeito que a coisa está nós cidadãos (e consumidores) é que estamos deixando barato, muiiiito barato, de graça mesmo para as empresas!
“Companhias aéreas recebem R$ 2,3 milhões em multas no fim de ano. Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) divulgou nesta sexta-feira um balanço da operação fim de ano, realizada em 11 aeroportos do país na virada do ano para evitar os problemas mais recorrentes entre passageiros e companhias aéreas. Ao todo, foram aplicados R$ 2,3 milhões em multas entre 17 de dezembro e 7 de janeiro. As multas foram aplicadas em 329 autos de infração abertos pelas equipes de fiscalização da agência. Destes, 244 autos foram para as empresas TAM, Webjet e Gol. As companhias Azul, Avianca e Trip não tiveram nenhuma irregularidade comprovada até o momento. O restante das infrações foram cometidas por companhias estrangeiras.” 21/01/2011