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domingo, 13 de fevereiro de 2011

COM A PALAVRA...UM PROFESSOR!

 

Professor de Educação Física Kassio Vinícius Castro Gomes, de 39 anos,  assassinado com uma facada, no corredor do campus do Instituto Metodista Izabela Hendrix -- um dos centros universitários mais tradicionais de Belo Horizonte. O estudante Amilton Loyola Caires, de 23 anos o assassinou a facadas por ter tirado uma nota baixa.www.gogle.com.br/images

 

AO MESTRE... SEM CARINHO!

Zé Pi*


É praxe...Aquela musiquinha do filme “Ao mestre com carinho...” cartões sinceros e outros nem tanto...mensagens no quadro...cafezinho especial...e até almoços.

Pois é...

A sociedade não diz o que quer da escola pública, ou melhor, do ensino público e nós, mansamente, oferecemos o que as resoluções palacianas determinam a cada eleição... E se experimenta... E os filhos dessa sociedade se tornam cobaias de: Escolas Cidadãs, Escola Sagaranas, Acerte o Passo, Caminho da Cidadania, Escola Inclusiva, Escola Plural...Escola Referência... Escolas Tipo Assim, Escolas Tipo Assado...Amigos da Escola...

Apuradas as urnas, do município à presidência da república, o destino da educação é dividido em cargos e entregues a apoiadores políticos, técnicos e empresários: Os políticos sem vontade política, os técnicos de competência duvidosa e os empresários manipulam a educação como produto de mercado. Copiam modelos educacionais mal sucedidos e repetidores de velhos paradigmas.
 O professor, sub remunerado e desmotivado, é o executor de tais projetos, absorve os processos e “vira mesmice”, Aprendizagem Pacotinhos, da pré-escola à universidade, cuspe e giz, trabalhinhos de isopor, cartolina, Feiras de Ciências, Feira de Culturas, dependendo dos limites de prédios velhos, ultrapassados e recursos materiais deficitários, dos tempos de Anchieta e, na Secretaria de Estado da Educação, um cheiro forte de coisas velhas; você esperneia e grita como a 30 anos, em 1979 cuja greve sensibilizou Drumond e, daí em diante as paralisações passaram a ser parte constante do calendário escolar e de acordo com as conveniências sindicais. Professores e outros servidores de MG e outros estados elegeram vereadores, prefeitos, deputados das duas casas e hoje muitos são até ministros, mas todos, com raríssimas exceções esqueceram sua gênese.
A escola, desvinculada do interesse social, recebe o castigo da depredação, pichações, tiroteios, facadas, roubos e assassinato de professores e tudo mostrado na internet. Algumas escolas estaduais recolheram armas e drogas de “alunos” na entrada da escola e devolveram ao final dos turnos. Foram soluções e instruções encontradas pelo governo e sua Secretaria da Educação de Minas, via SRE(s) (jornal EM e R. Itatiaia).          Às vezes, autoridades educacionais aplicam curativos pseudopedagógicos, contendo ações do tipo cortinas de fumaça, como a informatização das escolas e ignoram as necessidades dos mercados e a obsolescência dos currículos, feitos em gabinetes por pessoas que muitas das vezes nunca exercitaram a docência real nos morros e favelas onde um traficante tem muito mais autonomia na deseducação do que um diretor . Você acaba professor taxímetro e, de escola em escola, para sobreviver, se esquece que pode mudar.. 

Aos vinte e cinco anos ingressei no magistério cheio de sonhos e era bem remunerado como iniciante na carreira; eram 5 salários mínimos e CLT e uma Licenciatura Curta. Hoje seriam mais ou menos 2800,00 reais por 40 horas/aula. Se motivado financeiramente você faz mestrado e doutorado, viaja pelo mundo, debate educação, adquire mais conhecimento, novas praticas pedagógicas no dito mundo desenvolvido, como nos EUA e Europa. Hoje, trinta anos depois, com licenciatura plena e pós-graduação percebo menos de dois salários-base de acordo com PEBmg. Os restos são penduricalhos, como qüinqüênios, biênios, estabilidade anestésica, vantagens das quais abro mão por um salário justo equivalente, por exemplo, aos vencimentos de juízes e Parlamentares estaduais, legisladores dos próprios salários sem a falácia da responsabilidade fiscal. 

Em números do MEC, faltam 700.000 profissionais da docência no país (deve ser muito mais) e o governo federal até premia com 300 reais a quem se matricular em licenciatura, mas não consegue motivar os jovens para a docência com esses 950 reais do FUNDEB; salário de subemprego ou logo vão acrescentar a cesta básica, vale gás, cartão fome zero e outros apanágios. Em entrevista (dada à Rádio Itatiaia) um parlamentar (PTmg) e ex-professor universitário, eleito por professores, disse: Se quiserem ganhar bem, os professores públicos, deveriam procurar trabalho na escola privada. Mais uma punhalada petista. Pagar o salário miserável em dia e décimo terceiro salário no final do ano é peça de propaganda oficial, como se não fosse obrigação constitucional.

        Aqui nas Gerais, executivo, legislativo e sindicato, alardeiam um plano de carreira do magistério que promove o professor sem lhes acrescentar um centavo no contracheque; o que poderá ser copiado por outros estados administrados por mágicos que isentam de impostos as grandes empresas e depois condicionam a remuneração do professor aos limites da arrecadação.

        Hoje somos professores nômades e, de escola em escola, para complementar os baixos salários, não temos tempo para reeducação e nos tornamos meros repetidores de experiências alheias. Psicologicamente abalados com a violência nas escolas, trabalhamos deprimidos, hipertensos e diabéticos. É como se eleitores e eleitos cuspissem na face de educadores como Anísio Teixeira, Paulo Freire, Emilia Ferreiro, Darcy Ribeiro. Resultados mirabolantes são obtidos à base de manipulação de dados estatísticos (Simave-mg), quando consultorias externas mostram que educação nas Gerais vai muito mal. “O último ano do ensino básico em MG equivale hoje a uma oitava série fraca dos anos 70”. Foram cobaias da Escola Plural, Acerte o Passo, Escola Sagarana, Caminho da cidadania,  Escola Cíclica e Escola Referência. A prova cabal de que o ensino mineiro é muito ruim é que somente num gesto de desespero o diretor ou professor matricula seus filhos na escola em que trabalham. Lotado a pouco mais de 500 metros da minha residência, tive que matricular meus três filhos no Colégio Magno de onde, foram para a UFMG e graduados em Ciência da computação, Medicina e Biologia.

Tentando aprovação em massa o governo Aécio/Vanessa, transferiram a responsabilidade do fracasso e chantageiam professores e diretores com a avaliação do desempenho e Abono do final de ano, (exceto para quem adoece e se licencia para tratamento).

Quero afirmar convicto que não podemos ser apenas professores sacerdotes e contribuintes na fonte, pois temos de comer, tomar banho, usar roupas decentes, estudar e pesquisar mais, cuidar dos filhos, deslocar até o local de trabalho e tudo isso tem um custo elevado para todos os brasileiros, professores ou não.

Como trabalhador, não desisto da minha vocação-profissão, mas não posso abrir mão de um salário digno; nós somos referência na sociedade como motivadores de crianças e adolescentes e, estou certo de que os dentes, estômagos, cabelos, sapatos, roupas, carro, moradia própria e equilíbrio emocional, são observados por pais e alunos como fatores de sucesso, convencimento e promoção do ser humano pelo caminho da educação.

Então, não sou “sacerdote da educação” como os hipócritas, governos e sociedade comodamente pensam.

*Prof. José da Piedade e Silva - BHte. /MG 


2 comentários:

  1. EXCELENTE SUAS COLOCAÇÕES!!TUDO ISSO É UM DESABAFO NACIONAL,MAS CONTINUAM FINGINDO NÃO NOS OUVIR...E MESMO TENDO MUITO ORGULHO DE SER EDUCADORA, VEJO A "ARTE DE SER PROFESSOR" COMO UM SUB EMPREGO EM NOSSO PAÍS.lUTAR SEMPRE,DESISTIR, JAMAIS.
    RAQUEL DA SILVA LIMA-CURVELO MG

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  2. Querida Marina, há alguns meses ouvi uma Secretária da Educação do governo de algum estado do qual não me lembro mais afirmar que a EDUCAÇÃO anda perdendo prestígio, a medida que o tempo passa, num país com os valores totalmente invertidos. Haverá reversão algum dia?
    Muita angústia... Beijos, Angela
    http://noticiasdacozinha.blogspot.com

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