LIFE STYLE 1.99
Marina da Silva
“Tudo o que é sólido se desmancha no ar”, a condição primordial de existência do capitalismo, um sistema de produção cuja lógica é expandir-se sempre, rompendo barreiras geográficas, religiosas, culturais, ideológicas, sociais, econômicas, políticas, éticas, morais, sexuais e etc e tal também! Que havia um descompasso entre a produção material humana e o processo de humanização dos seres humanos (excluso cães, gatos e outras espécies animais colocadas no mesmo patamar que o gênero humano) Adam Smith- autor da célebre obra A riqueza das nações já observara ainda na fase de amadurecimento do novo modo de produzir e a registrou. Este paradoxo- minuciosamente estudado no século seguinte, entre outros, por Karl Marx – é o nó Górdio capital!
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”Como classe, os trabalhadores de cerâmica, homens e mulheres,(...) representam uma população física e moralmente degenerada. São em regra franzinos, de má construção física, e frequentemente tem o tórax deformado. Envelhecem prematuramente e vivem pouco, fleumáticos e anêmicos”. Public Health,3rd report in O capital. Marx p.285
Quanto mais o homem produz mercadorias, quanto mais lança mão da ciência e tecnologia, mais ele se desproduz, desumaniza-se. Expandir sempre e cada vez mais exponencialmente é a lei geral do processo de produção capitalista, apropriando-se e expropriando tudo e todos em qualquer lugar do planeta, com o único objetivo: lucro, lucro, lucro! Infelizmente o lucro deriva de combinações que ao mesmo tempo incita como inibe a competição/concorrência. Se o mundo fosse feito somente de capitalistas seria...o fim!
www.google.com.br/images “A fabricação de fósforos de atrito data de 1833, quando se inventou o processo de aplicar o fósforo ao palito de madeira.(...)A metade dos trabalhadores são meninos com menos de 13 anos e adolescentes com menos de 18. Essa indústria é tão insalubre, repugnante e mal-afamada que somente a parte mais miserável da classe trabalhadora, viúvas famintas, etc., cede-lhe seus filhos, “crianças esfarrapadas, subnutridas, sem nunca terem frequentado uma escola.(...) Dante acharia que foram ultrapassadas nessa indústria suas mais cruéis fantasias infernais”. Marx. O capital.
E o capital só dá bons frutos quando investe em “inovação” (mesmo que a “novidade” seja “recriar” o arcaico, velho, bizarro) que aumentem a extração de mais-valia tanto relativa (uso de maquinaria, ciência e tecnologia) como absoluta (exploração da mão-de-obra em condições e relações sociais precárias, desumanas).
www.google.com.br/images. Máquina analítica de Charles Babbage
No inicio do século XVII, René Descartes propôs que os corpos dos animais não mais que máquinas complexas. Blaise Pascal criou o primeira máquina de calcular digital em 1642. No século XIX, Charles Babbage e Ada Lovelace trabalharam em máquinas mecânicas programáveis para calcular.
Capitalistas de um lado proletários de outro, o conflito está armado. Enfrentamento, resistência, lutas, mortes; o gérmen da reação à precarização total da vida de homens, mulheres e crianças só começará a colher alguns frutos legais a partir de 1831.
www.google.com.br/images. ”Além de encontrar esse limite puramente físico, o prolongamento da jornada de trabalho esbarra em fronteiras morais. O trabalhador precisa de tempo para satisfazer necessidades espiritais e sociais cujo número e extensão são determinados pelo nível geral de civilização.(...) Encontramos jornadas de trabalho de 8, 10, 12, 14, 16, 18 horas, da mais variada duração.(...) a regulamentação da jornada de trabalho se apresenta, na história da produção capitalista, como luta pela limitação da jornada de trabalho...”
Jornadas extensas, baixos salários, locais insalubres, péssimas condições e relações de trabalho, uso e abuso do trabalho de crianças, mulheres, idosos para baratear os custos de produção e rebaixar os salários dos homens adultos. Contra esta realidade dura e cruenta, greves, destruição de máquinas e locais de trabalho, lutas pela legislação trabalhistas e as utopias; anarquismo, socialismo, comunismo, pois também “sem uma cachaça ninguém segura esse rojão”!
www.google.com.br/images. A luta dos trabalhadores neste período se remete a luta pela jornada e contra locais e condições de trabalho insalubres!
No mundo do trabalho- as relações e condições de trabalho e principalmente salários- impera o conflito, um estado bélico permanente, cristalizando “A lei geral de acumulação capitalista”: concentração de riquezas num pólo e pobreza, miséria no outro. Duas revoluções tecnológicas (1750/1850) chegamos ao século XX com um capitalismo monopolista (formação de trustes/cartéis) e o mundo do trabalho alterado (uso intensivo da ciência e tecnologia no processo produtivo) pela crescente automação. A introdução da esteira rolante e fragmentação do trabalho em várias etapas tornou o trabalho tedioso, repetitivo e amalgamou o homem como uma ferramenta que faz parte da máquina! “Por que todas as vezes que peço um braço me enviam homens” dizia Ford o criador da mercadoria padronizada, a produção em massa, a cultura de massa, os trabalhadores em massa informe, ali nos primórdios do século XX! Admirável gado novo!
www.google.com.br/images. O mago Charles Claplin em Tempos modernos, a mais contundente crítica ao sistema fordista/taylorista de produção.
Duas Grandes Guerras mundiais, crash da Bolsa em 1929 (EUA), exacerbação do nacionalismo, fascismo, nazismo, revoluções socialistas (antiga União Soviética, Cuba, países do leste europeu) e comunista (China, Coréia), Guerra fria (capitalistas-EUA X comunistas- URSS) e principalmente a chamada “Terceira revolução tecnológica” não apenas alteraram as formas de produzir (Taylorismo/fordismo) flexibilizando e dispersando geograficamente a produção; o mundo do trabalho (uso de mão de obra barata, não organizada e desprotegida de legislação trabalhista em qualquer parte do planeta),como afetaram a percepção de tempo/espaço e deixaram o século XX, “curto”...esta tal de globalização!
www.google.com.br/images Coca-cola abre sua terceira unidade de produção na China, o pais comunista mais capitalista do mundo! Uma super potência capitalista que massacra os trabalhadores pela adesão ideológica ao comunismo (de Mao) voluntária ou autoritariamente!
O fim dos empregos! Com a chamada Terceira Revolução Tecnológica, muitos analistas, entre eles André Gorz (1980), J. Rifkin profetizavam e alertavam o mundo, em especial, o Primeiro Mundo (Europa, Canadá, Japão, União Européia, Inglaterra) que a reestruturação produtiva seria letal para os empregos no planeta! Máquinas economizadoras de mão-de-obra (inteligência artificial), robotização, automação com base na microeletrônica, aliada à transferência desenfreada de plantas industriais para países com maiores vantagens comparativas (mão-de-obra abundante, não organizada em sindicatos, escrava; matéria prima barata, isenções de impostos e outras benesses de governos locais nas disputas pelas empresas) levariam ao “declínio inevitável dos níveis de empregos e a redução da força global de trabalho”! O trabalho deixaria de ser central na vida das pessoas e o jeito seria “aproveitar a mão-de-obra inaproveitada de milhões de pessoas para tarefas construtivas fora dos setores público e privado” no voluntarismo e “empregos sociais” pagos com bolsa-esmola, o mesmo que colaboracionismo!
www.google.com.br/images. século XXI. Mais do nunca o lucro capitalista vem da exploração e expropriação da mão-de-obra, do trabalho de seres humanos em condições sub-humanas! Este mosaico representa a POTÊNCIA das economias capitalistas emergentes, os BRIC's- Brazil, China, India, Rússia! E estes países não são a excessão e sim A REGRA de exploração do trabalho no mundo atual!
Chegamos ao século XXI com os trabalhadores transformados em colaboradores, o sindicalismo enfraquecido (leia-se morto), salários de fome, jornadas extensas, mais de 50% da PEA formada pela mulheres, as utopias de esquerda, meras falácias; o subemprego, a terceirização, o trabalho escravo e o trabalho em condições análogas a escravidão em expansão geométrica, a perspectiva de melhores dias, de um futuro melhor...AUSENTES!
A ascensão da China e sua entrada na OMC vem sendo um duro golpe para a economia e para o mundo do trabalho em países de quaisquer mundo! Da invasão chinesa herdamos o império dos produtos 1.99(leia-se baixa qualidade, uso de mão-de-obra escrava), capitais especulativos, empresas, imigrantes legais e ilegais (principalmente), o controle dos asiáticos pelas máfias nos países receptores, etc e tal!
Mosaico criado a partir de fotos de Marina da Silva. A INVASÃO CHINESA: Paris (foto 1) e Belo Horizonte. No Brasil impera o mundo 1.99 e desde 2010 a China domina mais de 50% do comércio legal e cerca de 99.99% do ilegal!
A ascensão da China e sua entrada na OMC vem sendo um duro golpe para a economia e para o mundo do trabalho em países de quaisquer mundo! Da invasão chinesa herdamos o império dos produtos 1.99(leia-se baixa qualidade, uso de mão-de-obra escrava), capitais especulativos, empresas, imigrantes legais e ilegais (principalmente), o controle dos asiáticos pelas máfias nos países receptores, etc e tal!
Mosaico criado a partir de fotos de Marina da Silva. A INVASÃO CHINESA: Paris (foto 1) e Belo Horizonte. No Brasil impera o mundo 1.99 e desde 2010 a China domina mais de 50% do comércio legal e cerca de 99.99% do ilegal!