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terça-feira, 29 de agosto de 2023

BRASIL. Aprendendo a rumorejar porque ruminar é para o gado

 

G8 para quem precisa de G8

Marina da Silva

Aconteceu dia 6, 7 e 8 de junho de 2007 na Alemanha, no belíssimo balneário de Heiligendamn, o já tradicional encontro ou meeting G-8 entre os sete países mais ricos e industrializados do mundo - a cúpula - e a Rússia, não tão rica nem tão industrializada, mas possuidora de um armamento nuclear poderosíssimo de meter medo em qualquer um, até nos  ricos.

 Correndo pelo lado de fora e bem por fora, o G5 - as cinco nações do capitalismo emergente convidadas para o encontro da cúpula G8, com destaque para o Brasil que apresenta números promissores de crescimento econômico acima de 4,4% na escala FMI. Fazem parte do G5: África do Sul, Brasil, China, Índia, México em ordem alfabética.

O G8 é composto pelos E.U.A, Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Canadá, por ordem de riqueza e potência, e a Rússia, com um PIB menor que o do Brasil, mas armada até os dentes, atomicamente falando.

O encontro na Alemanha deu o que falar: gerou uma série de protestos contra a globalização iniciados na semana do encontro com cerca de 500 feridos em Rostock no dia 03-06-07.

 E no quesito mudanças climáticas e a parte da culpa que os Estados Unidos estão dispostos a arcar Bush foi só promessa e para 2050. A mídia não teve acesso às conversações entre os líderes, nem no G8 nem no G5. Ficou mais no desfile dos líderes aqui e ali e a cobertura de porradas que a milícia alemã distribuiu no entorno do balneário.

Mas o que estava por trás do encontro dos paises ricos em Heiligendamn?

O de sempre: a relação entre países ricos e pobres com larga vantagem dos primeiros sobre o resto do mundo, sem nenhuma perspectiva de mudanças; o comércio internacional, também com regras e acordos favoráveis aos ricos e seus blocos econômicos, agilizando a queda das barreiras comerciais dos países em desenvolvimento, já decidida desde 2001, pela OMC na rodada de Doha; e as mudanças climáticas globais, que serviram de pano de fundo e cortina para velar outras questões importantes.

Entre elas, a instalação de antimísseis americanos na Europa, mais precisamente na Polônia e na República Tcheca, antigos aliados da ex- URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).Tal fato deixa o mundo na iminência de uma nova era glacial, conhecida no século passado como guerra fria (de um lado do muro os E.U.A liderando o bloco  capitalista e do outro, a ex-URSS à frente  dos  socialistas). Tal fato além de gerar uma crise no encontro, deixou o presidente da Rússia, Putin, enfurecido!  O líder da Rússia foi o único que não sorriu em momento algum do encontro.

Mas não é só isso! O G5 não estava lá a passeio aproveitando o finalzinho da primavera européia. Os emergentes embora não se tenha dito a composição do cardápio eram o prato principal na mesa dos ricos. São eles, cinco grandes, importantes e potenciais mercados para o G8: dois gigantes na Ásia (China e Índia), dois nas Américas (México e Brasil) e a África do Sul.

Qual o melhor modelo de desenvolvimento econômico deve ser aplicado ao G5? E quem terá o prazer e a primazia de conduzi-lo? Eis a questão principal da cúpula G8 que exige resposta rápida e tremula entre os Estados Unidos ou a Europa (leia-se Alemanha). Realmente, o G8 está preocupado em auxiliar o desenvolvimento do G5, comandar tudo ou abortar os processos de crescimento e desenvolvimento em andamento desde os finais do século XX?

O G8 dará chance aos países emergentes e subdesenvolvidos (o G20) de se desenvolverem ou teremos uma nova rodada de indústrias sujas, ou seja, transferência para os países do terceiro mundo, emergentes ou não, de modelos de industrialização poluidora? São questões pertinentes, principalmente para o Brasil que vem sofrendo para se desgarrar do modelo muletas, sempre amparado e ancorado nas ordens e regras do capitalismo norte-americano. Estamos prestes a dar de vez o salto para o primeiro mundo, dizem os especialistas. Vivemos um momento ímpar dentro do contexto mundial da chamada Terceira revolução tecnológica, temos possibilidades técnicas, mão de obra vastíssima, parques industriais com capacidade ociosa, fartura de recursos naturais, auto-suficiência energética, um programa em andamento para adequar a infra-estrutura nos meios de transporte e comunicação via PAC _ Programa de Aceleração do Crescimento e mercado cativo, o nosso. Os últimos dados de crescimento econômico escancaram para a nação que ultimamente, crescemos independentes do capital ou ajuda dos estrangeiros. Nossas fraquezas são psicológicas, nossas muletas, teóricas e talvez esteja na hora de jogá-las fora e firmarmos nas nossas próprias pernas.                  

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