PQP*
Marina
da Silva
Putz!
O mesmo que PQP*(intraduzível). Foi minha exclamação quando vi defraudada a bandeira
do “parto humanizado” na televisão, numa destas novelas globais ali nos finais anos noventa/início dos anos dois mil.
“Aí
tem”! Pensei comigo.
E
pelas falas da personagem vi que seria mais uma enviesada no capítulo parto normal versus cesária, escondendo
logicamente, entre otras cositas, as
ordens do FMI para contenção dos gastos públicos ao estado mínimo ou privado
como única forma de vencer as crises financeiras mundiais do Brasil! Incrível
como os Estados Unidos estão se recuperando rapidamente da crise sub-prime/2008
e o Brasil não! Detalhe: o epicentro da crise foi nos Estados Unidos, as ondas
se espraiaram para países da União Européia-2011/12 (Portugal, Irlanda, Espanha,
Portugal e Itália) e o nosso país se agarra com unhas e dentes de todos os
partidos na crise alheia para sub-investir em segurança, educação e
principalmente SAÚDE e desviar dinheiro público em escandalosos crimes de
corrupção! Eta marolinha desgraçada!
Mas voltando naturalmente ao parto, ops, ponto de partida...
www.google.com.br/images
Discussão rasteira e
bizarra, presa aos chavões do benefício infinito do parto naturalmente normal versus terrorismo e satanização da
cesárea considerada uma "veia" mercantilista e mercadológica de hospitais, clínicas,
médicos que fazem um serviço ao deus... capital e um desserviço ao SUS, muita
coisa importante vai se perdendo nessa querela atrofiada que envolve além da
dicotomia parto natural versus cesárea; o parto humanizado nas suas várias versões:
1-
parto humanizado com acompanhamento médico do pré-natal ao termo (fim da
gravidez ou o parto propriamente dito) em hospitais;
www.google.com.br. Um
Bebê por Minuto. Documentário.
Da
recepção à sala de parto, da sala de cirurgia à piscina, esta série observa os
momentos dramáticos, emocionantes e muitas vezes engraçados que antecedem a
chegada de um bebê.Discovery Home & Health.
2- parto humanizado em instituições preparadas para a “humanização do parto" onde as gestantes são acompanhadas pelo companheiro ou familiar, por obstetriz (enfermeiras especializadas em partos), “doulas” ou parteiras (treinadas para fazer partos).
www.google.com.br/images"Nascimento de Alice. Parto humanizado realizado na Casa Ângela, na Zona Sul de São Paulo. Foto: Cleber Massao/Casa Angela"
3- Parto humanizado feito em casa onde a mulher é acompanhada pelo companheiro(a) e outras pessoas que escolher ajudada por médicos, enfermeiras, parteiras ou doulas.
4- Parto humanizado extremamente radical: a mulher dispensa qualquer orientação e faz o próprio parto permitindo apenas que pessoa(s) escolhidas assistam e chamem socorro se algo sair errado.
A QUESTÃO DO PARTO DO PRINCÍPIO:
"Em resposta às altas taxas de partos operatórios registrados no Brasil, teve início um forte movimento em prol do parto normal. O governo instituiu campanhas a favor do método e grande parte da mídia apoiou a iniciativa. Já em relação aos obstetras, houve certa apreensão quando a campanha começou a incentivar o uso das " casas de parto" , muitas vezes localizadas longe dos hospitais e, principalmente, pelo fato de não haver, nesses locais, possibilidade de se converter um parto normal em cesárea no caso de uma emergência. " A iniciativa do parto domiciliar vem ganhando força há alguns anos, mas nessa situação a possibilidade de socorro numa emergência é muito pequena."
www.google.com.br/images. Maria Marruá, Cássia Kiss, parindo sua filha Juma Marruá (Cristiana Oliveira) na novela que mudou a teledramartugia brasileira: PANTANAL!
“Mãe
é mãe paca é paca[?] a mulher não.. mulher é tudo vaca”! Cantava os idiotas
cassetas nos anos 80 e todo mundo achava
graça!
Avacalhação
a parte, aqui não é a Índia e nem as mulheres, ops, vacas, são sagradas, apesar
de serem bichos “sangue bom” e pelo bicho homem maltratadas! O que é
melhor: parto normal ou cesárea? Ninguém perguntou à época, ali no início do
novo século à parte interessada, a vaca, ops, mulher!
Mas
estavam fazendo a pergunta correta? Claaaaaro...que não! Uns e outros poucos se
diziam interessados em saber qual a melhor forma dos humanos vir ao mundo! Aos
experts (leia-se políticos/empresários/GOVERNOS submissos ao FMI/Banco Mundial) importa
apenas reduzir custos e optar pelo que menos onera o governo, o resultado
depende sempre de corte nos gastos públicos!
Parto
normal ou cesárea? Você decide?
A
mulher que deveria ser informada sobre a melhor forma de parir seu filho, os
tipos de partos, vantagens, desvantagens; os riscos de cada parto e do uso de fármacos
(anestesia); os benefícios e malefícios de se optar pela cesárea, as condições
reais dos serviços prestados por planos privados e SUS, a infra-estrutura para
atendimentos, a formação e remuneração do serviço e dos trabalhadores envolvidos no parto,
não opinou em nada e pior, levou um “fórceps” no seu direito de ser amparada e
assistida com dignidade! Viva o parto hu-ma-ni-za-do! Mas o que é mesmo parto
humanizado?
www.google.com.br/images."Meu Gabriel nasceu há um ano, no Recife, em um maravilhoso parto natural (sem qualquer intervenção), na água, praticamente sem dor, num hospital particular daqui, onde minha médica, defensora árdua do parto humanizado, trabalhava.(...)Como o parto foi no quarto e não no bloco cirúrgico, a direção do hospital ficou indignada (entre outros argumentos por não poder cobrar o uso do bloco cirúrgico e de materiais, remédios, etc, apesar de que eu paguei, e caro, para ficar na “suíte”). O resultado foi a demissão da minha médica meses depois, apesar dela ter um parecer do CREMEPE atestando que ela nada mais fez que seguir as recomendações da OMS – Organização Mundial da Saúde, etc e tal."
Parto
humanizado=ESCOLHA DA MULHER E DIREITO A: atendimento VIP com pré-natal, consultas médicas, exames,
ultrassonografia, medicamentos e internações se necessário [quando a gravidez
for de risco], vacinas, INFORMAÇÕES E OTRAS COSITAS BÁSICAS COMO ALIMENTAÇÃO...
é uma situação utópica para a maioria das mulheres brasileiras porque o Brazil, sexta potência econômica do planeta, é um
dos países com maior concentração de rendas e desigualdade social, banhado por
um oceano de...corrupção. E é do Ministério da Saúde, dos serviços essenciais prestados
ao povo que se desvia mais e mais dinheiro público!
“O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil
vem construindo ao longo dos últimos anos uma sólida base jurídica e um
conjunto de políticas públicas para garantir os direitos da gestante e do bebê.
No entanto, o
País ainda enfrenta importantes desafios para assegurar o direito à
sobrevivência e ao desenvolvimento de cada criança e à saúde de cada gestante,
principalmente na Amazônia Legal e no Semiárido – regiões que apresentam
indicadores sociais mais críticos e maiores índices de mortalidade materna e
infantil – e nas áreas metropolitanas, onde há grandes iniquidades sociais e um
número elevado de gestantes”
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_guiagestantebebe.pdf
www.google.com.br/images"Maternidade Sofia Feldman: parto pode ser feito dentro da água"
Qualquer
pessoa em seu juízo perfeito e sensibilizada pela mídia oficial e oficiosa
defende a “humanização do parto” tal e qual é apresentada virtualmente a nação, principalmente, às vacas, ops, mulherada: parto humanizado é saudável, humano,
seguro, experiência emocionante, gratificante, pode ser vivida com o
companheiro sem taxa de acompanhantes, sem os médicos ou hospitais em “casas
equipadas” [equipadas com jardins, banheiras, cama, cadeiras e assistidas por “doulas”- voluntárias
treinadas e por uma obstetriz (que se
supõe seja uma enfermeira diplomada)!
MAS..."
".A polícia ouviu nesta sexta-feira (22) dois diretores do hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, onde um recém-nascido morreu depois de receber alta, no dia 10 deste mês"g1.com 22/07/11
.
"Sobre o Sofia Feldman, o hospital dos pobres lá da Zona Norte, você pode dizer “Ah, Eduardo, mas existem muitas denúncias contra a maternidade…” E eu vou lhe perguntar quantos nascem, quantas mães com as dores do parto só encontram aquela porta aberta…"http://wordpress.00201.upx.net.br/eduardo-costa/3062/eu-nao-sou-imparcial/
Mas
não é só isso: em São Paulo, também conhecido como Brasil, "tudo é feito ao lado
e perto do hospital com todo conforto e comodidade", iso9000 - certificado de
excelência em atendimento e serviços prestados para o caso de alguma coisinha
sair do script! Mas estamos falando do Brasil onde impera a lei de...Murphy: Se
uma coisa pode dar errado dará!
“Gestantes denunciam hospitais
públicos do Rio por mortes de bebês. Grávidas denunciam que os hospitais da
rede pública impõem o parto normal, mesmo em casos evidentes de risco. No
Hospital Rocha Faria, teriam sido registrados oito óbitos de bebês em dois
dias.”
http://videos.r7.com/gestantes-denunciam-hospitais-publicos-do-rio-por-mortes-de-bebes/idmedia/4f1f0ea1e4b0c606f53eca41.html
“Brasília – Em todo o Distrito
Federal, 16 bebês estão na fila por vaga em uma unidade de terapia intensiva
(UTI) neonatal na rede pública, segundo a Secretaria de Saúde local. Dois bebês
prematuros morreram ontem (8) no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), que
integra o sistema público, à espera de um leito.A Secretaria de Saúde do
Distrito Federal argumenta que as mortes não têm relação com falta de
atendimento ou estrutura, mas com o quadro de saúde frágil dos bebês.” http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-05-09/secretaria-de-saude-do-df-alega-que-morte-de-bebes-prematuros-tem-ver-com-quadro-de-saude-fragil
A morte de 11 bebês no Hospital São José, desde 2010, está sendo investigada pela Polícia Civil de Nova Serrana, no Centro-Oeste de Minas. A suspeita é de erro médico na hora do parto. http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/07/25/interna_gerais,307991/policia-apura-morte-de-bebes-em-nova-serrana.shtml
“O Ministério Público, através da Promotoria de Tutela Coletiva da Saúde, da Região Metropolitana II, está investigando as mortes dos nove bebês ocorridas no Hospital da Mulher Gonçalense (HMG). Uma reunião, que contará com a presença de representantes da Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo, do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e da Vigilância Sanitária já foi marcada para a próxima sexta-feira.” http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cidades/ministerio-publico-investiga-mortes-de-bebes-em-hospital
E como a ficção tem muito pouco de realidade, a novela do parto humanizado NO BRAZIL não é essa Coca-cola toda!
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A verdade é que desde os anos 2000 essa REORIENTAÇÃO reabilitou pelas terras brazilis o parto na rua, no táxi e no mato! Uma coisa de bicho cara-pálida!
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O
número de mulheres desassistidas e expostas nas ruas, no google e youtube é
crescentemente assustador, assim como as condições desumanas e precárias dos
hospitais, sem falar no crescente número de mortes de bebês!
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Para ser atendida
nessas condições, que mulher não quer fazer, sozinha com o kit básico, o seu
parto em casa, um modismo de meados do século passado, que vem ganhando força
no mundo(anos oitenta) e no Brasil era FHC/Lula/Dilma!
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SERÁ QUE ESSAS MULHERES, NO MUNDO TODO, ESTÃO MARCHANDO PELA MESMA COISA? ESTARÃO LUTANDO PELAS MESMAS REIVINDICAÇÕES?
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Oficialmente, alguém já perguntou as mulheres o por quê da "ira" contra médicos, hospitais, planos de saúde e o escambal também? QUEM SÃO ESSAS MULHERES QUE MARCHAM PELO PARTO EM CASA?
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Alguma coisa se complicou
e/ou vem dando errado e o parto humanizado oficial vem sendo deixado de lado e
sendo substituído pelo parto humanizado naturalmente
radical realizado pela própria humana grávida em casa, muitas delas
dispensando qualquer auxílio, seja de médicos, enfermeiras, doulas, pré-natal, medicamentos etc e tal também! Nos Estados Unidos e
Inglaterra, 1% dos partos se enquadram na categoria “faça-fácil” seu parto
caseiro! Simples assim? Claro que NÃO! Os médicos alertam para os grandes
riscos a que estão expostos mulheres e bebês no parto ultra
radicalmente natural:
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“Condições para o parto
domiciliar humanizado” segundo Jorge Kuhn:
Como afirmei ao
Fantástico, apoio a iniciativa do parto humanizado desde que tenha três
condições básicas. A primeira condição é que o desejo parta da mulher e do marido. Essa é a condição
fundamental. O parto domiciliar não é uma sugestão do profissional de saúde, ou
seja, médico, enfermeira ou parteira. A iniciativa tem que partir sempre da
mulher, ela vai dizer “doutor, eu quero fazer o meu parto na minha casa”, aí eu
aprofundo a conversa perguntando para ela o quanto ela quer este parto
domiciliar e o motivo deste desejo. Vou aprofundando as perguntas como se fosse
uma árvore, que você começa com uma pergunta e, a partir da resposta, tem os
galhos que vão se ramificando."
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"A segunda condição é uma
gestação de absoluta normalidade. Ela não pode ter nenhuma intercorrência, nenhum problema de
saúde, nem ela e nem o bebê. Qualquer intercorrência durante a gestação deve
levar o parto a ser hospitalar. É a chamada gestação de risco."
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"O terceiro ponto é que,
por ser uma gestação de baixo risco e haver a possibilidade de se transformar
em uma gestação de alto risco durante o parto, pode haver uma necessidade de remoção, do
transporte materno ou do bebê para um hospital, então é fundamental que ela
tenha um
plano B. Ou
seja, um hospital de referência que fique a menos de 20 minutos da sua
residência.”
Yes,
We can: cresce no mundo o número de mulheres que preferem o parto feito no
recesso do seu lar: as afortunadas podem ter acompanhamento mensal e um super
parto natural humanizado com um doutor diplomado por uns 8.000,00...dólares! As
nem tão afortunadas podem pagar uma quantia mais modesta para “enfermeiras”, “doulas”,
“parteiras com curso a distância dr. google”.
Para
as “fanáticas”, o custo, em dinheiro é zero, não se deixam tocar nem pelo
parceiro ou acompanhante, geralmente um familiar (mas vai que dá alguma coisa
errada...)! Médicos ingleses alertam que a partir do momento em que aumentar o número de partos feitos pela própria mulher sem qualquer ajuda profissional certamente aparecerão partos que deram complicações e colocaram mãe e bebê em risco de morte!
www.google.com.br/images. Parto de uma moradora de rua.
Para
as vacas, ops, mulheres imortais, não tem onde cair mortas e precisam
ardentemente do SUS... a vida real desmente a ficção!
Se
o quadro de mortes de mães e bebês vem aumentando no Brazil, imagine o que
acontecerá quando o parto faça-fácil deixar de ser modismo e virar a regra da nação?
Mas
vamos marchando? Caminhando e cantando e seguindo a canção oficial e/ou
oficiosa que quer colocar um véu na tragédia que se transformou o simples parto
simples no Brazil?!