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domingo, 10 de outubro de 2021

BRAZIL: POBREZA MENSTRUAL

 OS EVANGÉLICOS, OS VANGÉLICOS E OS ABSORVENTES

Sérgio Antunes de Freitas

Evangélicos são pessoas religiosas que procuram viver em conformidade com o Evangelho, ou seja, de acordo com os princípios cristãos. Respeitam as outras religiões e, por isso também, precisam ser respeitados.
Mas existe um grupo paralelo que se confunde com eles, uma espécie de “fake news” dos verdadeiros.
Como saber quem é falso?
Basta fazer qualquer pergunta para os segundos. Por exemplo: - Você gosta de churrasco de maminha? A resposta será: - Não, eu sou vangélico.
E se a resposta dada for questionada, ele irá complementar: - Está na briba! O pastor falou.
Eles creem que o Criador tem uma “offshore” nas Ilhas Virgens, na qual são investidos seus dízimos, retornando a eles, no futuro, em forma de bens de consumo: automóvel, celular, sofá-cama.
Um dos expoentes dos vangélicos é a Damares.
Volta e meia, ela desce da goiabeira, para desfilar seu obscurantismo.
Na última entrevista, sobre o projeto de distribuição de absorventes femininos, defendendo a incompetência de seu Ministério da Mulher, perguntou: - Por que os governos anteriores não pensaram nisso?
Eu explico, Damares, mas presta atenção, por favor!
Há séculos, as mulheres vêm lutando pelo seu espaço na sociedade. Mas só recentemente suas demandas vêm sendo atendidas. Apenas em 1934, ou seja, há menos de um século, foi regulamentado o voto feminino no Brasil, para se ter um simples exemplo.
E para encurtar a história, há 5 anos, “a professora Edicleia Pereira Dias, diretora da escola municipal Cosme de Farias, localizada na periferia de Camaçari na Bahia, começou a investigar o porquê de suas alunas meninas faltarem às aulas pelo menos cinco dias por mês sem aviso.”
“Em conversas com familiares e com as próprias garotas, ela descobriu que o motivo era algo comum para todas as mulheres: menstruação. Mas, ao contrário do que imaginou, o problema não eram as cólicas ou desconfortos, mas sim a falta de absorventes.”
A partir disso, vieram as discussões e o Projeto de Lei 4968/19, da deputada Marília Arraes (PT-PE) e outros 34 parlamentares, prevendo a distribuição gratuita de absorventes higiênicos para estudantes dos ensinos fundamental e médio e para mulheres em situação de vulnerabilidade e detidas, foi aprovado na Câmara e no Senado.
Aí, o Bolsonaro sancionou o programa contido no Projeto, mas vetou a distribuição gratuita dos absorventes, alegando que não foi indicada a fonte de recursos para tais gastos. Mas foi prevista, sim! A distribuição vai ser feita pelo SUS, quando o veto for derrubado. E o valor é insignificante nesse contexto.
Um presidente da república tem outros meios orçamentários ao seu alcance. Então, por que ele vetou?
Oras, a vida política dele sempre foi improdutiva! Assim como as celebridades de programas do tipo “reality show”, só vive de holofotes, que seus torcedores adoram.
Nessa estratégia, ele apareceu vetando, vai aparecer engolindo o veto garganta abaixo e, depois, vai fazer um teatrinho para iniciar o programa de distribuição, tirando os tais dividendos políticos.
O mérito da medida e seus efeitos humanitários não é a preocupação dele, tal qual na maioria dos casos em que participou de alguma forma.
Os vangélicos e outros mal-informados vão absorver as desculpas, aplaudir nos três momentos e ainda dizer com orgulho: - Ele joga muito bem!
Sérgio Antunes de Freitas
Outubro de 2021




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