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domingo, 27 de julho de 2014

BRAZIL: ressonância... e-xa-ge-ra-da!

COPA E RESSONÂNCIA

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Sérgio Antunes de Freitas

É uma maravilha observar os avanços da medicina nos últimos cinquenta anos, período que pudemos presenciar e usufruir desses benefícios.
Quem imaginaria que, de um tempo em que somente existiam radiografias em branco e preto, para ver o interior do corpo humano, passaríamos a ter cirurgias pouco invasivas, como as feitas com laparoscopia, tratamentos a lazer, tomografias computadorizadas e, ainda, os tratamentos com células-tronco, que enchem de esperança as famílias com pessoas que sofrem com doenças degenerativas, apesar dos obscurantistas contrários a isso.
Sob esse aspecto, estamos no futuro!
Mas, ainda, com algumas restrições ou desconfortos.
No dia do jogo do Brasil na Copa do Mundo, fui submetido a uma ressonância magnética de abdome total. Que nome bonito! Com e sem contraste. Mais bonito ainda!
Começou com a enfermeira, que iria espetar aquela agulha com o adaptador para injetar o contraste, procurando minha veia mais adequada.
Procurou, procurou, procurou e disse: - Ai, ai, ai!
Preocupado, alertei: - Quem deve dizer ai, ai, ai, aqui, sou eu. Essa fala é minha!
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Parece que eu sabia o que iria acontecer. A moça me furou no pulso esquerdo. Empurrou, girou, cavucou com a agulha e eu quase chorei. Ardia, queimava, doía, até que ela resolveu procurar outro ponto.
Mas o orifício do pulso esquerdo continuou doendo. E era grande o buraco!
Recomendei a ela, na segunda tentativa: - Vai com calma, tranquila, com segurança. Não precisa de pressa. Eu estou OK, você está OK!
Fiz uma prece rápida para Santa Quitéria das Agulhas e a enfermeira conseguiu enfincar aquele trem em mim normalmente.
Em seguida, fui levado à sala da ressonância, deitei na maca, me amarraram e colocaram um abafador de ruídos nas minhas orelhas, pois o volume do som emitido pelo equipamento é muito alto.
Fui orientado para obedecer a um comando de voz: “respire fundo”; depois, “segure o ar nos pulmões”. Por fim, depois de uns quinze segundos, “pode relaxar”.
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Meu primeiro medo foi que a moça da agulha fosse também a locutora. Se errasse de buraco para falar e esquecesse de me mandar respirar, já era!
Ou, se fosse uma gravação e tivesse um erro de arquivo, eu poderia ter uma apneia. Aí, caixão e vela preta!
Afora a preocupação, tudo ia bem, até que, de repente, senti que minha bunda estava grudada na maca. Sabem aquele mal estar de sentir a pele grudada e não pode desgrudar, em um sofá de plástico, por exemplo? Eu mexia com a musculatura, mas a pele não desgrudava. Agonia total!
Imaginei: se aquele jogador da seleção, o de glúteos grandes, fizer esse exame, vai precisar do resto do time para desgrudar a bunda dele da bancada.
E o orifício do pulso esquerdo continuava doendo. E eu sentia que o buraco era grande mesmo!
Apesar do abafador de som nos ouvidos, conhecido como “taporeia”, o barulho era alto.
- Segure o ar nos pulmões...e TÁ,´TÁ, TÁ,´TÁ, TÁ,´TÁ, TÁ,´TÁ...
- Segure o ar nos pulmões...e TÓIM, TÓIM, TÓIM, TÓIM, TÓIM, TÓIM, TÓIM, TÓIM, TÓIM, TÓIM...
- Segure o ar nos pulmões...e PÍ, PÍ, PÍ, PÍ, PÍ, PÍ, PÍ, PÍ, PÍ, PÍ, PÍ, PÍ...
E a coisa não terminava.
Demorava! Em um momento, achei que tudo era automático e eles haviam me esquecido e ido assistir ao jogo do Brasil. Nunca mais serei o mesmo – pensei.
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Eis que a moça entra na sala para aplicar o contraste e diz: - Já está terminando. Só mais um pouquinho.
Perguntei: - Pelo menos o baile funk já acabou?
Não. Continuou mais um pouco, quase uma eternidade, até que, barulhos depois, ela voltou e disse: - Pronto, está terminado.
Eu agradeci: - Essa foi a melhor notícia que você me deu nos últimos sessenta anos!
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Na verdade, o exame não causa nenhuma dor ou incômodo insuportável.
E, disso, tirei uma lição. Se um dia eu resolver me suicidar, jamais cortarei o pulso esquerdo.

Sérgio Antunes de Freitas
20 de julho de 2014

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