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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

BRASIL. PRIVILÉGIO BRANCO parte 2

 HELLO PRIVILEGE, IT’S ME, CHELSEA1

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Marina da Silva

Bem amigues, aviso:

“Esta não é uma História de ficção, qualquer semelhança não é mera coincidência - guardadas as devidas proporções - e para conhecê-la, apreendê-la, entendê-la e mudar a postura frente ao mundo e promover uma outra construção de sociabilidade mais humana e menos exterminadora de humanos aonde quer que isto aconteça é condição necessária abrir a mente e proporcionar mais de cinquenta tons de preto às ideias e ideologias entronizadas, enraizadas, cristalizadas pela dominação de sociedades e estudar, ouvir, conversar, debater, querelar, rumorejar sobre “como o racismo construiu” tal sociedade onde as “ideias foram colocadas de cabeça para baixo”.2

Isto posto, mais uma explicação: ao assistir o documentário de Chelsea Handler uma grande comoção me tomou e visualizei a empreitada como uma via crucis ou via dolorosa pela História dos Estados Unidos que ela parece desconhecer totalmente e  deparar com  com histórias de muita dor e sofrimento, tragédias, crimes e mortes praticados e/ou impingido aos pretos na América, a nação que vende ao mundo o mito da missão divina de levar aos povos a liberdade, a civilização, a democracia, o american dream possível a qualquer ser humano... só que não.

“Nenhum país desempenhou papel tão decisivo na ordem mundial contemporânea(...) Os Estados Unidos ao longo de sua história tem desempenhado papel paradoxal na ordem mundial: se expandiu através do continente alegando um Destino Manifesto (...) um projeto de disseminação de valores que, na sua visão, todos os povos aspiravam reproduzir.”3

De início julguei que Chelsea  estava fazendo comédia...ruim of course. Que merda é esta de andar pelo Estados Unidos perguntando sobre privilégio branco? De onde ela tirou isto? Ela mesma responde: após a publicação do livro Uganda Be Kidding Me, Best Seller NYtimes recebeu uma enxurrada de críticas que lhe pareceu um despropósito, pois “à época tinha certeza que podia colocar este nome sem nenhuma consequência.”

Chelsea Handler, branca de berço, vinha vivendo distraída sua branquitude e privilégio branco, trabalhando duro por um lugar ao sol fazendo piadas contra o "politicamente correto" o que aditivou o racismo nazifascista e nunca se importou com as demais pessoas do seu país ou de Uganda. Afinal como canta Chico César em Mama África4: " deve ser legal ser negão no Senegal. ”

Este tipo de comportamento da comediante só é passível de entendimento descolonizando o pensamento de séculos de enraizamento do capitalismo e liberalismo econômico, ou seja, os valores, a ética, a moral burguesa capitalista. É necessário estudar, buscar saberes, conhecer, ouvir, criticar a economia, política, cultura, filosofia, sociologia, enfim, os pilares que fundamentam  o sistema de produção capitalista, a economia liberal  e o neoliberalismo: propriedade privada, livre mercado, lucro, individualismo, egoísmo, Estado mínimo, zero regulação das atividades econômicas e financeiras entre outros valores. É cada um por si num mundo que divide as pessoas em vencedores e fracassados e o vencedor leva tudo. I'm the best, Fuck the rest!

Claro que com o parco conhecimento da História do próprio país Chelsea apanha muito da mídia; tanto que resolveu estudar, ops, fazer um documentário para descobrir o que é branquitude e privilégio branco, mas com profundidade abaixo de zero.

SEGUNDA ESTAÇÃO  DOLOROSAO QUE É PRIVILÉGIO BRANCO?

 A resposta é altamente complexa. Então querido leitor, você:

“Responde? Passa? Ou pede ajuda aos universitários? ”

Chelsea Handler reconhece  “sei que nada sei” e ela nada sabe mesmo e vai aos universitários num meeting semanal OPEN MIC NIGTN - USC STUDENT GROUP. Sim, excelente ideia, mas será que vai dar certo se intrometer com alunos NÃO BRANCOS do curso de Direito da USC altamente consciente da condição desumana dos pretos nos EUA? Semanalmente, Jody Armour, preto, professor de Direito promove um encontro de estudantes, operários da palavra, onde alunos se expressam através do rap, cantam, declamam poesias ou fazem prosas. Chelsea já experimentou o rap com o seu motorista e guarda-costas preto, Billy, e admite que como rapper ela se sai melhor fazendo piadas. O motorista sorri sobre o interesse de Chelsea ir a um encontro com estudantes pretos falar de...privilegio branco. Como assim? Os brancos não sabem que são privilegiados? Muita hora nesta calma e muita História para entender o “privilégio branco, o desprivilegio preto, a negritude, a branquitude.”5 Dar nome às coisas, fatos, fenômenos e realidades sociais  não explica absolutamente nada ou realidade alguma. Não vou dar spoil, mas a “segunda estação dolorosa” é imperdível. Chelsea Handler entrou perdida e saiu desnorteada com a descoberta: o racismo não acabou nos Estados Unidos, antigamente nação conhecida como a América, potência Number One. Sim companheiro, camarada existe racismo nos EUA. Hein? Por onde andava Chelsea, a bela adormecida,  que não percebeu, viu, participou do fortalecimento dos racistas WWW- supremacistas brancos no século XXI que levaram a Casa Branca o supremacista branco Donald Trump? De que lado ela estava?

www.google.com.br/images Dois bilionários extrema-direita supremacista brancos: Peter Thiel e D. Trump.

"Os EUA pertencem aos  homens brancos." Diz Richard Spencer,6 supremacista branco e apoiador de  Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos (2016). Apesar da extrema-direita estadunidense aditivada com bilhões de dólares de megabilionários como Bezzos, Zuckerberg,  Elon Musk, Peter Thiel sustentar que racismo nunca existiu e que esta pauta de diversidade racial, identitarismo, gênero e bláh são modismos e tem nos professores esquerdistas, comunistas -  que infestam as universidades e escolas dos EUA - os únicos e grandes culpados de levantar esta querela onde ela não existe e nunca existiu.

"O facto é que os americanos ficaram confortáveis ​​com o racismo que reside logo abaixo da superfície da nossa política - para ser aditivado sempre que um político ou uma comunidade precisasse dele, ou algum incidente racista o exumasse apenas para que o enterrássemos mais uma vez. O resultado foi uma ilusão que nos cega para o que realmente estava a acontecer mesmo diante dos nossos narizes e nas nossas cabeças – acreditávamos que o nosso país se tinha tornado menos racista, porque não éramos tão descarados como antes."7

É mesmo, não existe racismo nos Estados Unidos e olha que foi um general golpista brasileiro, vice-presidente do despresidente, o Inelegível genocida quem garante que foi aos EUA e não viu racismo algum. A inteligência, infelizmente ou não, não é um atributo dos militares brasileiros, um bando de pé-de-chinelo parasitando o país e o povo e sempre pronto a dar golpes na democracia a mando dos EUA, ajudados pela Elite do atraso8 subserviente e canalha usando a desculpa esfarrapada, mas em uso no século XXI: medo e terror dos comunistas. Os comunistas vão fechar igrejas, tomar casas, comer criancinhas, vão tornar as bandeiras nacionais vermelhas. No Brasil existe racismo e ele está na mídia diária há décadas, aonde apresentadores de programas sensacionalistas como Datena, Siquera Jr, Wallace Rocha9 pedem diariamente a pena de morte aos pretos, bandidos por natureza e DNA e são atendidos com chacinas nas favelas e aglomerados e conjuntos populares por polícias civis, militares,  policiais milicianos e chefes do narcotráfico.

Voltando ao documentário...

Chelsea caiu de paraquedas no “meeting” e ouviu verdades duras e desconfortáveis dos universitários pretos:

“Para onde vou? Não sou bem-vindo aqui. O que é o privilégio branco? Porra, olhe em volta, o que não é privilégio branco? (...) Muita gente me diz que o racismo acabou ou estou exagerando nesta escravidão moderna. Só o que posso fazer é rir e perguntar a eles: o racismo acabou? Não, não pode ser.”

Pois é, a comediante, escritora, apresentadora, atriz Chelsea Handler, 48 anos de branquitude não sabia que ser branca nos Estados Unidos é privilégio e mais, privilégio branco.  Sinto que Chelsea jamais poderá ser a mesma...comediante. “Quero ser uma pessoa branca melhor com pessoas não brancas”, diz. Chelsea quer usar sua voz, sua visibilidade e notoriedade para abrir mentes e corações.

 Parafraseando  o cantor Ney Matogrosso10“Quem foi que disse que miséria é só aqui? ”

Dear Chelsea Handler, você tem a faca e o queijo, ops, a Coca-Cola e o sanduiche nas mãos porque, segundo o  professor Jody Armour  a “comédia incisiva” [besteirol excluso] ajuda as pessoas refletir criticamente. E de quebra provoca risadas. Como?

Quem foi que disse que nunca existiu racismo nos Estados Unidos? Quem foi que disse que o racismo nos Estados Unidos acabou? Peter Thiel11, fundador da Pay Pal, dono da Palantir e outras empresas, super bilionário, branco há 57 anos, culpa os professores comunistas, esquerdistas que procuram cabelo em ovo: A diversidade é um mito! O problema é que o “mito” choca com a realidade para todos aqueles que tem olhos e enxergam, tem ouvidos e ouvem: black lives matter; I can brief.

“Sua voz será sempre ouvida. Seu livro se chama “Uganda Be kidding Me”. Sinceramente não gosto do título, mas você pode fazer. Pode fazer o que quiser. Só quero que saiba que temos que fazer um jogo diferente (...) nossas vozes e perspectivas são limitadas. ”

Para acabar com o racismo [que não existe] algumas questões perpassam as mentes dos bilionários supremacistas brancos ativistas políticos: É possível exterminar todos os pretos dos Estados Unidos? Ou pelo menos exterminar todos os pretos do Silicon Valey? Eis duas das utopias do vale do silício, outras envolvem criar colônias em Marte, comprar uma ilha e ocupar só com brancos...

“Um megabilionário que não usa a política para ganhar dinheiro, mas sim que emprega bilhões de dólares para fazer política. Não é de se estranhar que ele seja o homem que quer “emancipar os ricos ‘da exploração dos capitalistas pelos trabalhadores’”. Ele é Peter Thiel (1967), alemão de nascimento, criado na África do Sul e americano por adoção.

Mas é claro que os que querem exterminar e/ou expropriar e explorar a mão-de-obra de pretos nos Estados Unidos representam apenas 1% da população estadunidense. o problema é  que estes 1%  concentram toda a riqueza e poder para manter os pretos no seu quadrado:  gente inferior, inumanos, animais selvagens. 

“Meu nome é Chelsea Handler. Eu sou branca até não poder mais. E estou interessada neste assunto. Estou filmando um documentário sobre este assunto, privilégio branco. Porque eu cresci sem nunca pensar que sou branca, porque nunca tive com o que comparar. E só quando fiquei bem de vida que pude olhar em volta e pensar: tem alguma F* errada aqui.”

Chelsea realmente precisa de ajuda e quem poderá salvá-la? ESCOLA, ESTUDAR.  O conhecimento liberta. Dizem.  E é Tim Wise, professor, escritor, ativista branco, expert em privilégio branco e branquitude, claro que vem escurecer as ideias de Chelsea!

“O privilégio branco é um problema dos brancos com consequência para os não brancos” diz Wise - os brancos não conhecem a realidade do próprio país, de que o privilégio branco torna insuportável a vida de pretos. As pessoas precisam pensar e não pensam e entender que privilégio é o outro lado da opressão e da discriminação”. Finalizo com esta fala de Tim Wise.

Aguarde a terceira via dolorosa em busca do saber A HISTÓRIA CONTINUA...

 

  

Fonte

1. HELLO PRIVILEGE. It’s me, Chelsea. https://www.netflix.com/watch/80244973?

2. SILVA, Marina da. Privilégio branco. Parte 1

3. KISSINGER, H.  ORDEM MUNDIAL (recurso eletrônico). RJ: Editora Objetiva, 2015. Trad. Claudio Figueiredo. 1ªedição.

4. Canção Mama África. Chico César

5. Os termos “privilégio branco, desprivilégio preto, negritude,  branquitude” estão presentes no documentário Hello Privilege, It’s Me Chelsea.

6. A AMÉRICA PERTENCE AOS BRANCOS. https://www.intercept.com.br/2016/12/09/a-america-pertence-aos-brancos-diz-fundador-do-movimento-de-extrema-direita-pro-trump/

7. GLAUDE JR., Eddie S.  Não deixe que os fanáticos barulhentos o distraiam. O verdadeiro problema da América com cortes raciais é muito mais profundo.https://time.com/5388356/our-racist-soul/

8. SOUZA, Jesse. A ELITE DO ATRASO. Recomendo leitura.

9.  TORRES, Thiago -CHAVOSO DA USP: POPULISMO PENAL MIDIÁTICO  https://youtu.be/GrzZ87-yIAo?si=czwsIbd0xXi1Bpgh; JORNALISMO POLICIAL PORQUE VOCÊ DEVERIA PARAR DE ASSISTIR https://youtu.be/WjQfEDIXwTc?si=_RpSiPnOlC7qFV4t;  sobre programas sensacionalistas no Brasil que banalizam o genocídio de jovens pretos com o jargão"bandido bom é bandido morto"; CPF cancelado ver: documentário Netflix BANDIDOS NA TV. Wallace de Souza, político apresentador acusado de planejar assassinatos que ele transmitia no programa de TV; 

10. Ney Matogrosso. Canção Miséria no Japão

11. Sobre Peter Thiel: livro On The Diversity Myth, Corrupt Institutions, Woke Capital, Loss Of Religion, & China; https://outraspalavras.net/outrasmidias/peter-thiel-o-sombrio-capitalista-militante/; https://newrepublic.com/article/168125/david-sacks-elon-musk-peter-thiel; https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=p8X9kdL9oIk&ab_channel=PirateWires



terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

BRASIL. BOLSONARISMO

 ATENÇÃO!

NÃO PERCA O VELÓRIO DO BOZOGENOCIDA DIA 25-02-2024.

NADA DE USAR PRETO OU VERMELHO!

PEGUE A CAMISA DA SELEÇÃO, AMARELA, E BORA BEBER O DEFUNTO!

NADA DE CHORO E VELA, SÓ A CAMISA AMARELA E PAPUDA ESCRITA NELA!

AMÉM. OREMOS. GLÓRIA

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

BRASIL. DEMOCRATIZAÇÃO DO LIFE STYLE $1,99: A FADIGA E O LUXO publicado em 2015

 FADIGA DE LUXO E FADIGA DO LUXO

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www.google.com.br/imagem. Luis XIV, o Grande, o Rei sol.
Marina da Silva

Para quem acredita que uma coisa e outra são a mesma coisa saiba que o risco de estar redonda e globalmente enganado é altíssimo! Buscar compreender  o complexo fenômeno Fadiga de luxo e Fadiga do luxo não é preciso uma gramática sobre preposição, artigo, contração e ambiguidade dos conectivos de ligação “de” e “do”, mas é condição essencial entender o contexto histórico, econômico-social-político, cultural, etc, onde tais expressões ganham “corpo e alma” e fazem algum sentido no processo de construção da sociabilidade humana sob a égide do capitalismo, ou seja, do modo de produção de mercadorias de valor de troca sendo o dinheiro a mercadoria que compra qualquer mercadoria e o trabalho humano a mercadoria que produz valor acima do seu valor, gerando o lucro dos capitalistas. É nesse sistema que, principalmente nos séculos XVII e XVIII, que luxo é esplendor, raridade, nobreza, preciosidade, elegância, único, exclusivo, inédito, histórico! Fadiga de luxo é viver por viver o melhor, o super, hiper, mega, plus que o dinheiro e o poder podem reservar a poucos! É ser mais que um rei, é brilhar como o sol rodeado e desfrutando tudo do bom, melhor, excelente como Luis XIV, o Rei Sol, rei da França e Navarra de 1643 até sua morte em 1715!


www.google.com.br/images. Palácio de Versalhes, dormitório da rainha.


Majestosa, exclusiva, preciosa, limitada, personalizada, original, pura, requintada, exótica é a Fadiga de luxo deste período banhada em muito ouro, prata, incrustada de rubis, diamantes, esmeraldas, especiarias de toda parte do mundo conhecido, cultura, filosofia, refinamento de culinária, bebidas, vestuário, jóias, calçados, educação, transporte e brinquedos de luxo, culto as belas artes, arquitetura, classe! Quanto mais caro, suntuoso, luxuoso e ricamente único, mais esplendor, glória, poder! A Fadiga de luxo é para pouquíssimos e curada em viagens ao estrangeiro, estadias nos Alpes, caçadas nas vastíssimas propriedades rurais, jogos e passeios nos belíssimos bosques, campos e jardins, verdadeiras obras de arte, filosofia, ciência! Veludo de Utrecht, cristais da Bhoemia, especiarias das Índias, enxovais de Limoges, sedas e porcelanas da China, vinhos de Champagne (Krug, Don Perignon, Veuve Clicquot), cervejas belgas, relógios suíços, Whisky escocês, tecidos ingleses, sapatos italianos...


www.google.com.br/images. Vista parcial dos Jardins do palácio de Versailles.


Reis, imperadores, clero, nobreza,  e a alta burguesia dotada de títulos nobremente comprados se esfalfam na ostentação, bom gosto, dia e noite em todas as estações do ano numa tarefa fatigante e extenuante e realizada com refinado prazer em festas, jantares, saraus, jogos, viagens...Um luxo! 
Foto Marina da Silva. Belo Horizonte. Minas Gerais. Brazil. É o Estado mineiro um dos melhores campos de observação científica do país para o fenômeno Life Style $1.99.

Já a Fadiga do luxo é uma expressão contemporânea, século XXI, intimamente ligada ao Life style $1,99* criado a partir do boom tecnológico/científico que permitiu a fragmentação de todas as fases produtivas e mesmo da produção inteira e sua transferência e dispersão geográfica para áreas fartas em matéria-prima, mão-de-obra barata e/ou escrava, ausência de sindicatos e legislação trabalhista e muitas benesses e isenções fiscais dos Estados hospedeiros. A nova fase de globalização (produção, mercado, pessoas) e das intervenções e ingerências neoliberais comandadas pelo Fundo Monetário Internacional-FMI nas economias soberanas, na administração e orientação de concentração de riquezas e na pressão e insistência nas privatizações e  cortes nos gastos sociais dos governos estrangulou a classe abastada e a classe média clássica e promoveu o desemprego em escala global, a pobreza e miséria de milhões de seres humanos! 
Gerenciar e dominar países subdesenvolvidos era e é muito comum no cotidiano dos povos terceiro-mundistas, Brazil incluso, mas inacreditavelmente  foram expandidos e impostos [com anuência dos Estados da União Européia] aos países de Primeiro Mundo, economias enfraquecidas principalmente após a super crise financeira mundial de 2008 com epicentro nos Estados Unidos e que atingiu sem dó nem piedade os países da União Européia [Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda, Itália] a partir de 2011 tornando genérico o receituário do Consenso de Washington da América Latina para todo  Primeiro Mundo Desenvolvido!
Foto Marina da Silva. Paris, outubro 2007. Turistas do mundo "subdenvolvido" comprando bolsas Louis Vuitton falseta vendida por ambulantes asiáticos e africanos no largo de Sacre Coeur. Detalhe: mercadoria com qualidade para primeiro-mundistas!

Com o fim da "Era de ouro" do capitalismo (pós Segunda Grande Guerra à meados dos anos 1960) e a super explosão tecnológica (robótica, transporte, informática, bioengenharia, mecanização com base na microeletrônica, etc) a taxa global de lucros despenca vertiginosamente! Aumenta a competição pelos mercados e o capital produtivo é suplantado pela especulação financeira. A produção de massa fordista/taylorista entra em colapso e novas formas de produção compõem a reestruturação produtiva, a gerência, o trabalho levando a um aumento exponencial do desemprego, das relações precárias de trabalho, rebaixamento salarial, "terceirização do modo de vida" em países que serviam de modelo de desenvolvimento econômico e social para o resto do mundo!
www.google.com.br/images. Massificação de produtos de baixa qualidade [matérias-prima suspeitas de contaminação, por exemplo, uso indiscriminado do plástico e fibras sintéticas].

"A China virou a fábrica mundial, a Índia o escritório mundial e o Brazil o celeiro do mundo" (commodities agrícolas, recursos minerais) um imenso continente fornecedor de produtos primários"! O Primeiro Mundo foi produzir na China e o que era luxo transformou-se em lixo genérico, falseta, pirata! A consequência  desta reorientação da produção? Tudo o que é original, exclusivo, único, personalizado, puro, precioso, requintado, histórico pode ser copiado, falsificado!

Foto Marina da Silva. Comprado por mim no Shopping Oiapoque, Belo Horizonte, Minas Gerais. Brazil. O shopping ilegal mais legal de Belo Horizonte. Nike, Vitoria Secret, Louis Vuitton, D&C, Chanel, Christian Dior, Hugo Boss, Lacoste, Christian Lobotin:  tudo se compra em ambulantes, camelôs, feiras shopping e shopping de importados!


A "corrupção e corrosão" do caráter da produção de mercadorias engolfou as relações de trabalho e as relações humanas. A corrupção se espalhou da "fábrica invadindo as casas", a administração, os políticos, os capitalistas( alto grau de corrupção e roubo dos cofres públicos), os pobres brasileiros pobres, miseráveis e até a antiga classe média clássica! A pobreza e miséria material e espiritual tomou o mundo de assalto! Fenômeno conhecido e classificado como "democratização" genérica da vida" na mídia brasileira é na verdade a imposição socialista do capitalismo comunista e seu Life Style $1.99: chulo, pirata, falseta, genérico made in condições desumanas,  degradantes e corrompidas!
Democratização do luxo, fadiga do luxo é na verdade um subterfúgio, uma imensa cortina de fumaça para velar e justificar uma fase de concentração de riqueza no Brazil e no mundo nunca dantes vista. Duzentos milhões de habitantes, 54 bilionários na revista Forbes, entre eles, Jorge  Paulo Lemann [US$25 bilhões], o mega capitalista que transformou a cerveja num líquido redondo e que só Deus sabe o que fará com o sanduba após garfar empresas no ramo  junk food!
Foto Marina da Silva. Paris vista parcial da Torre Eiffel; Bel Horizonte, paisagem (vista) comum nas cidades brasileiras, principalmente nas capitais. Mega mansões rodeadas por imensas favelas.

 "Primeiro mundo virou piada no exterior..." o sonho brasileiro de país primeiro-mundista para todos nunca passou de sonho, mas a "terceirização" do Primeiro Mundo para o Life Style 1.99 é o pesadelo atual e ninguém consegue acordar!


"Ao longo dos últimos anos tem-se observado duas correntes divergentes quando o assunto é discutir a melhor definição para luxo. Existe a corrente dos que afirmam que luxo é acessível e que estaria ao alcance de todos os consumidores e aqueles que são enfáticos em afirmar que o luxo é para poucos, seguindo a corrente francesa de pensamento, com os autores Lipovetsky (2002), Castarède (2005), Allérès (2000), Ferreux (2008) e Roux (2005). A corrente contrária geralmente empírica e composta pelo meio empresarial que se apresentam como estudiosos do luxo, trazendo dúbia interpretação do que realmente é o luxo. Alguns chegam a apresentar sensata dificuldade no modo que o caracterizam, dando-se a entender que o luxo, na pluralidade das vezes tornou-se caracterizado como algo acessível às classes emergentes, e consequentemente algo a ser em breve popularizado."http://catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigosv3n5/artigo06.pdf Luxo: is not for all.Tarcisio Campanholo, Solon Bevilacqua

Mosaico a partir de www.google.com.br/images. DEMOCRATIZAÇÃO? LUXO ACESSÍVEL? POPULARIZAÇÃO DAS MARCAS DE LUXO OU CRIME?


O esmagamento das classes médias tornou produtos luxuosos, de alta qualidade em um sonho quase possível parcelado no cartão de crédito ou carnezinho. Fadiga do luxo é uma expressão "chique" inventada para dar conta da miséria espiritual e material que se abateu pelo mundo a partir dos anos setenta, século XX. A fadiga do luxo envolve um processo gravíssimo de despersonalização, indiferenciação, massificação, miserabilidade espiritual e material sufocando os desejos e extinguindo e/ou limitando o "querer, o desejo" pelo rico, exclusivo, requintado, especial, original, luxuoso! Envolve um encarceramento, controle e domínio da liberdade em todas as suas facetas e possibilidades.




23-06-2015

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

BRASIL. CHINA LIFESTYLE 1,99 publicado 2008 e 2015

 Sacanagem

Resultado de imagem para sandalia arezzo falsificada
www.google.com.br/images. Arezzo, sandália $1.99 vendida a uns 299,99!

Marina da Silva


_ Ah não!!  Minha voz alterada, minha expressão de raiva assustou a menina.
_ Como é que é? Falseta?
A danada da menina começou a gaguejar, eu exigia explicações e estava brava, uma fera.
O fato aconteceu ali entre novembro/dezembro. Eu estava embrulhando presentes de natal para família quando a menina me perguntou:
_ Mãe eu ainda sou criança?
_ É, só tem 12 anos e quando chegar a adolescência eu te aviso. Por quê?
_ Então eu posso colocar na árvore uma carta para papai Noel?
_ Claro que pode! Sorri, mas coloca três pedidos, dois tem que ser baratinho.
_ Eu vou pedir só um. E sumiu para o quarto, fechou a porta e voltou depois com o pedido.
_ Desta vez eu vou pedir o papai para levar a carta.
Achei estranho. Um pedido e o mediador da negociação o pai. Fiquei curiosa.
_ Por que seu pai?
Aí veio a bomba:
_ Por que você só me dá falseta! Afirmou categórica.
Se estivesse sentada pularia da cadeira, mas como estava de pé, larguei tesoura, durex e presentes e esbravejei babando de ódio.
_ Falseta? Falseta?
_ É mãe, você só compra presente baratinho, lá do Oi.
Oi é a forma como é conhecido um dos shoppings de camelôs aqui de Beagá, por sinal o melhor deles, na rua  Oiapoque.
_ Para seu governo bobinha, lá vende os mesmos produtos das lojas e muito mais baratos!
_ Mas a professora falou que é tudo falsificado, pirateado!
Foto Marina da Silva. Tudo que é original pode ser falsificado!

_Pronto - pensei - não bastasse a tia, agora ia ter que me virar com a escola. Logo que surgiu a ideia de criar shoppings para os camelôs, ingenuamente, muita gente aplaudiu pensando nos benefícios para os trabalhadores, na desocupação das ruas, no acesso facilitado às lojas e outras coisinhas, inclusive eu.
Acompanhei de perto o Oiapoque desde o começo. Estava eufórica com as possibilidades de transformação naquela que era literalmente a zona boêmia de Beaga. Virei piolho do Oi. Levava as meninas, ia tomar cerveja com amigas.
Aí a prima passou a recusar o convite e interpelada recebi a resposta da mãe, uma de minhas irmãs.
_ Lá só vende coisa falsificada, de contrabando, pirata! É tudo ilegal!
_Você está quase certa se tirar o ilegal e o falsificada. Muitas mercadorias apenas estão sendo produzidas em países de mão-de-obra barata ou escrava como a Índia, China, Coréia, mas pelas próprias indústrias estrangeiras que foram para lá! Au-lão!
_ Mas é contrabando! Não paga os impostos do governo! É ilegal.
_ E imoral! Completei. Tem a placa da Prefeitura, foi instalada de acordo com a lei e a Receita Federal nas blitz só pega os pequenos: CDs, DVDs e cigarros falsificados.
Meu argumento a calou.
_ Foi tudo criado e aprovado pela Câmara Municipal, avalizada por prefeito e políticos do Estado! Eu não vou questioná-los, mas também não vou pagar mais caro pelas mesmas falsificações, piratarias e contrabandos nas lojas e shoppings legais e chiques. Meu dinheiro não é capim e nem nasce em árvore querida!
 
www.google.com.br/images
 
E a contenda terminou aí, mas a prima nunca mais quis ir ao Oi, minha filha foi tirando o corpo fora e eu fui ficando murchinha.
Às vezes ia lá para observações, mania de geógrafa, preocupada com o processo de amarelão do lugar, como uma epidemia de dengue.
No natal passado, apertada de grana, com o marido morando em São Paulo, resolvi economizar fazendo umas comprinhas naqueles lados. E então recebi essa bomba na cara!
Só conseguia pensar numas passagens bíblicas:
Resultado de imagem para nike falsificada 
www.google.com.br/images
_ Hipócritas! Bando de fariseus! Ladrões!  Lesando o povo por todos os lados!
E a gota d’água veio no início de 2007: Paulo Maluf (criminoso procurado pela Interpol) no seu discurso de posse dia 14/02/07, emplumado e empoleirado no alto púlpito do parlamento brasileiro defendendo honestamente, amparado nos seus mais de um milhão de votos, os piratas, a pirataria, em prol dos milhões de brasileiros miseráveis, sem emprego, obrigados a repassar essa imoralidade. O homem defendeu o indefensável em vinte e cinco minutos, achando que o tempo ainda era pouco, querendo roubar o tempo do colega ao lado.
E eu é quem sou falseta???
SA-CA-NA-GEM!



Resultado de imagem para paulo maluf procurado 
www.google.com.br/images. 2014. Operação Lava jato. PP partido de Paulo Maluf é o que está mais afundado na cobrança de propinas, evasão de divisas, desvio de dinheiro de obras da Petrobras e empreiteiras!



* https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/negocios/produtos-pirateados-o-barato-que-sai-caro-1.503705

domingo, 28 de janeiro de 2024

BRASIL. PRIVILÉGIO BRANCO Parte 1

 

PRIVILÉGIO BRANCO

“(...)quem quiser saber por que
e não quiser se arrepender
não pode acreditar em tudo
tem que acreditar em algo
se não tiver instinto
se não estiver atento
se ficar com medo no exato momento
alguém muito à toa soa o alarme
veste o uniforme e transforma tudo em exceção
tem que pagar pra ver
tem que ver pra crer
quem viver verá
a cara desses caras num museu de cera”. Engenheiros*


Bem amigos...

Esta não é uma História de ficção, qualquer semelhança não é mera coincidência - guardadas as devidas proporções - e para conhecê-la, apreendê-la, entendê-la e mudar a postura frente ao mundo e promover uma outra construção da sociabilidade mais humana e menos exterminadora aonde quer que isto aconteça é condição necessária abrir a mente e proporcionar mais de cinquenta tons de preto às ideias e ideologias entronizadas, enraizadas, cristalizadas pela dominação de sociedades e estudar, ouvir, conversar, debater, querelar, rumorejar sobre “como o racismo construiu” tal sociedade onde as “ideias foram colocadas de cabeça para baixo”1.

 Isto posto vamos ao PRIVILÉGIO BRANCO2!

* Museu de cera. https://www.vagalume.com.br/engenheiros-do-hawaii/museu-de-cera.html

HELLO PRIVILEGE, IT’S ME, CHELSEA3

www.google.com.br/images. The best seller NYTimes

Marina da Silva

Chelsea Handler é uma atriz, escritora, comediante Stand Up  branca, judia e linda como ela mesmo se define no documentário produzido por ela para Netflix buscando entender o que é esta tal branquitude e o privilégio branco que a coloca de imediato nesta jornada como a classe “lixo branco” ou quando a pessoa entra no processo de autoconhecimento de si, do outro e do lugar que ela está  e atua no mundo. Branca, judia e linda. Judeus tem dinheiro, muito dinheiro e estes são mitos que ela diz ter sempre ouvido, mas não foi sua realidade, conta em shows Stand Up com humor ácido. Ela faz parte dos primos pobres dos judeus ricos dos Estados Unidos, uma família de classe média que trabalhou e lutou muito para sustentar os filhos:

“(...) um trabalho na Starbucks e, por sorte havia um caça-talentos do Jamba  Juice e do Noah’s Bagels (...) Ninguém me dá nada. É constrangedor chegar na escola de hebraico numa lata velha. Eu vim do nada. Meu pai vendia carros usados.”

Atualmente Chelsea é sucesso como atriz, apresentadora de TV, comediante e escritora Best-seller New York Times. Não li seu livro The Best-Seller, mas fiquei curiosa.

“Branca, linda, tagarela e isto é recompensado em Hollywood.”

Por tagarela leia-se: ela com seu humor tem na ponta da língua o “discurso politicamente incorreto” ou a retórica “daquilo que jamais deveria ser explicitado” para ganhar almas e mentes: os vícios, ódio, raiva, rancor, ressentimento que no século XXI, ficando só nestas duas décadas, será a arma política propagandística que reavivará, fortalecerá e está sendo usada pela extrema-direita nazifascista mundial para garantir a super, hiper, mega, plus, blaster concentração de riquezas nos 1% bilionários do planeta que se auto intitulam  liberais-libertarianos-conservadores e lutam selvagemente pelo “livre mercado, propriedade privada, ganância, individualismo egoísta, enfim, neoconservadores dos 99% no máximo com o mínimo e que levam o neoliberalismo ao extremo4 para criar e manter uma casta de plutocratas (clássicos como os Rockefeller’s ou os bilionários do Silicone Valey como  Bill Gates, Mark Zuckerberg Bezzos, Elon Musk, Peter Thiel e outros sem classe alguma, mas trilhardários) num Estado Mínimo; o mesmo “Estado Anárquico contínuo” aonde, prega o líder atual deste Movimento, Steve Bannon, é necessário destruir tudo para construir o caos perfeito para a exploração e expropriação  absolutista mais selvagem do capitalismo. E o uso da internet e redes sociais são as armas e ferramentas perfeitas para infiltrar o vírus da destruição através de dissonância cognitiva, manipulação psicológica, divisão de nações em bolhas de ódio e  manipular e alterar e destruir as ditas democracias e ideias socialistas, coletivistas, comunistas por dentro.

www.google.com.br/images. Steve Bannon vice presidente da empresa Cambridge Analytica foi/é o homem por trás da máquina de ódio para destruir democracias em eleições democráticas até nos EUA, país democrático par excellence. Só que não.

“Eu nunca questionei nada porque achei  que merecia tudo. Sou claramente beneficiada pelo privilégio branco”, diz Chelsea na sua mansão às câmeras enquanto uma mulher mestiça vai espanando o pó invisível em móveis limpíssimos  para a captura dos melhores ângulos da ostentação de riqueza dos vencedores do “American dream”: vim, vi e venci, ops, nesta terra tudo que se planta, dá, oops, América,  o paraíso onde todos os seus sonhos se tornam realidade (com muito trabalho, esforço, criatividade, luta e dispêndio de vida!) Só  me faltou citar a obra de Max Webber5: Os sonhos se realizam só para os brancos predestinados na lógica, moral e ética do protestantismo. Salve Calvino!

Chelsea Handler está no grupo daqueles que estão numa jornada de conhecimento, reconhecendo sua ignorância do por quê o mundo é assim? Por que tem isto na América, a potência Number One [em decadência]? Não será uma empreitada fácil para ela, eu você e todo o mundo; não será uma aventura  Jornada nas estrelas, mas sim, uma jornada espaço-temporal-social-econômica-política-histórica, etc., dolorosa, com veias e feridas abertas, muita injustiça, abusos, dor, sofrimentos físicos e psicológicos, crimes de todas as espécies, assassinatos e eliminação de pessoas com "Um defeito de cor",6 pessoas de pele preta [mas não somente estas] e uma reação brutal contínua que começa com o fim da escravidão estadunidense,  várias lutas e reações, contrarreações para voltar e/ou manter a escravidão e exploração dos pretos alienados, assimilados ou não e seus Movimentos pelos Direitos Civis  e direitos de viver nos Estados Unidos.7

Mosaico Marina da Silva a partir de www.google.com.br/images. "Quem foi que disse que miséria é só aqui? Na foto à esquerda: casal de apresentadores da Globo e o American dream: a presidência do Brasil. À direita: um casal mestiço cujo American dream é ter o que comer em primeiro lugar todos os dias, no Brasil atual assume-se uns 33 milhões de pessoas.


“Quero saber como ser uma pessoa branca melhor com pessoas não brancas”. Chelsea ainda não sabe que sua jornada nas estrelas, na verdade será uma “Via Crucis” dolorosíssima de aprendizagem e autoconhecimento. Vamos às estações de dor e agonia para qualquer um que se atreva a encarar verdades históricas dos afro-americanos oficialmente E DELIBERADAMENTE tornadas invisíveis e/ou hediondas, grotescas, e claro, com toda a devoção ao cristianismo.8

PRIMEIRA ESTAÇÃO. Comédia versus comédia:  QUAL É O PROBLEMA DOS PRETOS?

Chelsea não faz esta pergunta de cara na cara de dois trabalhadores, um casal que como ela atuam na comédia Stand Up  e o encontro se dá no Comedy Union. Esta questão está no documentário “Stamped from the begging” e é feita às personalidades intelectuais ativistas: “Você pode me dizer qual é o problema dos pretos?”

Estupor e pasmo perpassam as faces atônitas das pessoas entrevistadas: Qual é o problema dos pretos?  Oi, pensei: Are you kidding me?

"O problema dos pretos? O que quer dizer com isto? Qual é o problema dos pretos?"

O mesmo pasmo recebe Chelsea dos comediantes, beges,  passados e ocos, sentados à sua frente. Ela insiste: "Quero falar dos brancos... Chelsea se perde, tenta fazer piada; uma gafe terrível e abominável sobre “um homem ter morrido dentro da moça preta num show” e recebe generosidade, sim, e elegância. Eu teria partido para uma voadora e B.O - boletim de ocorrência. What hell is this?

Para responder Chelsea vou apropriar a fala do professor José Geraldo de Souza Jr., emérito e honorável professor da UNB na CPI sobre MST à deputada federal extrema-direita nazifascista caroline de toni, um ser desprovido de inteligência. O professor José Geraldo do alto de sua imensa elegância e bondade respondeu à deputada bolsonazifascista assim:

 "(...) os indígenas, quando Colombo chegou não viram as caravelas, não viriam. Elas estavam lá fundeadas, mas não havia cognição para poder representar cerebralmente uma imagem que era absolutamente incompatível com o quadro mental de uma cultura que, é, não tinha elementos para visualizar. (...) a gente só vê o que tem cognição para ver. Eu não tenho como discutir com a deputada [Chelsea] porque sua visão de mundo, a sua percepção ou cosmovisão só lhe permite ver o que a senhora tem na sua cognição. Então a senhora vai ver não é o que existe, mas o que a senhora recorta da realidade. A realidade é recortada por um processo cognitivo de historialização.”9

Dear Chelsea, esta é a resposta que lhe cabe, pois você se propôs a entender, descobrir qual o problema dos pretos e chegou chegando no maior salto alto, chutando a porta, montada no seu  processo cognitivo atrofiado pelo privilégio branco, mas quer ajudar os brancos a compreender o desprivilégio preto:

“Quero falar dos brancos. Digam o que acham dos brancos neste ramo. Acham que é uma vantagem ser branco?”

É constrangedor, mas o casal preto explica a “via crucis” que os pretos fazem para serem comediantes. Preto tem que ter QI: Quem Indica, dá aval, ajuda para que consigam um teste na indústria do entretenimento.

“Vou falar uma coisa - começa o comediante - Acho que há diferentes “versões da pessoa branca, alguns brancos” Ele é interrompido por Chelsea a sabe-tudo: “privilégio branco.” Ele continua a aula: privilégio branco, mas estamos falando dos brancos em geral...Eu diria que temos alguns brancos no entretenimento que não tem consciência de certas oportunidades que são mais fáceis para eles...”

www.google.com.br/images. A mais longeva "lady nigth" do Brasil, o American dream vira-lata subserviente aos EUA e sua dominação econômica, política, geopolítica, cultural nos países do Sul Global. Hebe Camargo, atriz, apresentadora, comediante e blá blá blá [08-03-1929/ 29-07-2012]

É óbvio e ululante que munir-se apenas da expressão “privilégio branco” não dá conta da grave questão: qual o problema dos pretos? 

“Estas pessoas precisam entender, especialmente pessoas brancas, que vocês sabem de onde vem, qual a sua História. Sabe para onde vão porque sabem de onde vieram”.

Senta que lá vem aula, a tragédia das pessoas de pele preta nos Estados Unidos.

“Nós não sabemos. Temos que fazer teste de DNA para saber de onde viemos e ainda não saberemos se somos parentes de reis, rainhas ou se fomos camponeses (...) Vocês sabem, é o privilegio que vocês tem.”

Só por estas falas do casal de comediantes, da moça, todo o resto do documentário precisa ser assistido.

***

 SEGUNDA ESTAÇÃO: HELLO PRIVILEGE, IT’S ME, CHELSEA.

(Continua)

 Fonte

1. MARX, Karl; ENGELS, F. A ideologia alemã [I - Feuerbach] .São Paulo: editora HUCITEC, 1999.

2. Sobre privilégio branco significado vou me apropriar de fala de uma entrevistada do documentário de Chelsea Hander: privilégio branco é o desprivilégio do preto.

3. HELLO PRIVILEGE. It’s me, Chelsea. https://www.netflix.com/watch/80244973?trackId=14170286&tctx=2%2C5%2Cea81e7d6-29c6-462b-b647-e0ced8381d55-514565274%2CNES_BC624FC9AFEA6A7A36A2F4BF1CC24D-B9F225DDE3A711-304ABC9FC3_p_1706178758041%2CNES_BC624FC9AFEA6A7A36A2F4BF1CC24D_p_1706178758041%2C%2C%2C%2C80244973%2CVideo%3A80244973%2CminiDpPlayButton

4. DORHET, Brian. Radicals for Capitalism. A freeweeling History of  the Modern american Libertarian Moviment. 2007, e-book. Recomendo leitura.

5. WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Recomendo leitura

6. GONÇALVES, Ana Maria. Um defeito de Cor. São Paulo: Editora Record, 2006

7. Sobre essa História dos Estados Unidos da América recomendo documentários Netflix: AMEND: The Figth for América https://www.netflix.com/watch/; STAMPED FROM THE BEGINNING https://www.netflix.com/watch/

8. SOUZA, Jessé. Como o racismo construiu o Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2021. e-book

9. CPI sobre o MST- Comissão parlamentar de inquérito contra o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/parlamentar-de-inquerito/57a-legislatura/cpi-sobre-o-movimento-dos-trabalhadores-sem-terra-mst