HISTÓRIA DE CLASSE
www.google.com.br/images. Quer saber como o life style da nova classe média Brazil? Assista "A glamourosa vida da classe C". Cristian Pyor/ programa Pânico
Marina da Silva
Para entender o ressentimento da “nova classe média” é necessário resgatar e compreender o significado histórico de ser classe média, que no Brasil teve a sua construção e crescimento no século XX atrelada a industrialização brasileira.
Ser classe média era mais do que ter e poder era um estado de espírito, um posicionar-se no mundo, um símbolo de status, ser chique, quase rico, mais que meros remediados! Significava ascensão social, muito ligada ao poder econômico e cultural, uma elite. Comia-se angu e, literalmente, podia-se arrotar caviar, pois classe média denotava qualidade de vida, ótimos empregos e salários, morar bem e em bairros nobres, estruturados com todos os equipamentos urbanos, totalmente diferenciados das moradias populares, mais próximas das residências de luxo.
Os anos setenta trouxeram uma primeira divisão: alta, média, baixa, muito relacionada às posses. Carro de luxo, popular ou usado, filhos em escolas particulares, diplomas de 2º grau e curso superior, Diners Club ou American Express Card, viagens ao exterior, lazer, eletroeletrônicos de última geração, roupas de grife, jóias, cachorro de raça, uma vida de importados! Impensável para essa época a classe média morando em condomínios do BNH (atual SFH-Sistema Financeiro de Habitação) ou em barracos! Classe média que se prezava tinha uma ou mais favela ao lado, mas não morava dentro da comunidade!
E tudo vem mudando principalmente desde os anos noventa aos dias atuais com aumento das disparidades entre ricos e pobres_ nova fase de concentração de riqueza nos 10% mais ricos_ e o achatamento e descida para a base da pirâmide da classe média clássica que a cada ano se distancia mais e mais do topo.
No início do desenvolvimento econômico do país, a classe média nascia e se fortificava a cada etapa da industrialização tendo seu auge no milagre brasileiro dos anos setenta e veio se esfacelando desde então passando por processos de estrangulamento, esmagamento, achatamento e quase extinção!
A “nova” classe média Brazil é uma farsa usada para justificar o encolhimento da renda, da deterioração dos salários e da qualidade de vida de parte da população que tinha status tanto social quanto econômico, político e cultural alto para altíssimo. A estratificação para as demais letras do alfabeto (classes de A a Z com destaque para classes Cde) tem vários significados, entre eles o encolhimento da classe média tradicional e a forte concentração de renda. As novas classes médias são hoje aqueles: “menos pobres”, “quase pobres” ou “com um pé na linha da pobreza”.
* Os “menos pobres” ou classe média A e B (A+, A-, B+, B-) são os que têm renda familiar a partir de R$4.591 e não vai muito além dos 20 mínimos;
* Os “quase pobres” atendem pelo brasão de classe C (C+, C-, C+) renda familiar a partir de R$ 1.064 até a classe B-. O estrato C+ , renda familiar menor que 3 salários mínimos é o que mais cresceu no país, cerca de 90 milhões de brasileiros e o responsável por todo o alarde, a menina dos olhos do governo (compra de carnezinho e frequenta shoppings populares, leia-se, produtos piratas, genéricos, falsetas;
* Classes “com o pé na linha da pobreza” ou D e E, tem renda familiar que vai do salário mínimo ao mínimo da classe C+.
A partir da letra F, são classes afundadas na linha da pobreza, baixando para a miséria, em termos de renda familiar oscilam entre ¼, ½ e no máximo 1 mínimo. E embora se tente vender a idéia de emergência, a verdade nua e crua é que a classe média está indo para o beleléu, brejo, morro, enfim, favelas! Não é a toa que a nação não somente ressente com essa farsa como está indignada com esta ascensão às avessas! A degradação da qualidade de vida da classe média tradicional, a utopia de milhões de brasileiros, é tão assustadora, gritante e revoltante que muitos estão renegando com veemência o título de “nova classe média brasileira”!
Não há o que comentar, Marina: estamos sofrendo na pele, apesar de uma boa educação formal, uma vida de muito trabalho e cortes diários. Muita coisa essencial está virando supérfluo, na peneira da mera sobrevivência. Vamos esperar e ver onde vamos chegar... Gostaria de mudar de país... Beijos, Angela
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