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domingo, 7 de junho de 2020

BRAZIL: bolsonaro E A ESCOLHA DO DIABO. Parte 1

BOLSONARO E A ESCOLHA DE SATÃ
Marina da Silva

Antes de começar, um aviso: esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Assim me resguardo da vingança de satanás e ir parar nos quintos dos infernos.
Tendo dito isto, vamos ao caso.
E foi assim...
Parte 1 

No início de tudo, Deus era O TUDO. Incomensurável e infinitamente TUDO e como TUDO, ainda criancinha, pegou papel e lápis e criou o MUNDO e tudo que nele contem e está contido, inclusivamente o Tempo e o ar, o vento, e zilhões de outras coisas como mares, rios e oceanos e plantas, a lua, estrelas, a via- láctea e outras zilhões de galáxias, planetas com e sem anéis, etc. E tudo que Deus, O Tudo, criava, Ele coloria, dava vida e achava tudo muito bom, ótimo,  aliás, infinitamente bom e excelente, perfeito.  
Aos sete aninhos, Deus começou a fazer perguntas a si mesmo  e as respostas materializam-se em florestas, cânions, vulcões, redemoinhos, tufões, furacões, tempestades, cataratas, desertos, nascer-do-sol, brisa,  orvalho, grama, por-do-sol, crepúsculo, noite estrelada, etc. 
Na adolescência Deus ficou mais introspectivo, Ele Consigo,  e foi daí que nasceu a Filosofia e as ideias. Esta fase foi longa, zilhões de anos como toda adolescência normal e terminou com Deus criando uma criatura como Ele, deu lhe um sopro de vida num longo beijo de Amor e ficaram os dois meditando, filosofando, estas coisas de Deus e criatura.
Aí Deus teve uma grande sacada: a criatura sou Eu e Eu sou menino e menina... E assim Deus fez o homem e a mulher e a questão: quem veio primeiro o ovo ou a galinha? 
Até hoje as pessoas brigam para saber quem é mais importante, quem nasceu primeiro e outras tolices, esquecendo que Deus, como O Tudo, faz o que lhe dá na telha e não presta contas de seus atos a criatura nenhuma. 
Ele é Deus, Perfeito e Infinito e Bom, lógico que Tudo  o que Deus faz vem com estes adjetivos. 
Deus deixou o homem e a mulher no Seu, D'Ele, lugar preferido, o Paraíso, e foi curtir outras coisas, criar outras possibilidades e potencialidades mil. Criou legiões de anjos, arcanjos, etc e vivia curtindo rock pesado, heavy metal1 em festas muito loucas no céu.
Tão loucas, que numa destas, Deus resolveu criar a Liberdade, isto é, dotou suas criaturas de livre arbítrio ou o mesmo que "faça a escolha certa e cuidado com o que você deseja".
Pronto, a liberdade levou ao desejo de ser Deus, desejo de dominação, imperialismo, divisão, competição, concorrência e partilha do céu e anjos e arcanjos começaram a disputar entre si o favoritismo perante Deus e até mesmo planejaram dar um golpe de Estado no Deus todo poderoso. Deus, Onipresente, Onisciente se divertia com as ideias liberais e deixou rolar. E isto acabou criando um inferno para a Paz e Tranquilidade de Deus que resolveu atender as reivindicações dos anjos e arcanjos rebelados, decaídos, uns diabos, demônios, capetas, satanás,  e os expulsou para um lugar que Deus criou às pressas para mandar a capetaiada e o chamou de Inferno.
Era um excelente e perfeito lugar, logo ali abaixo do céu e se tornou o inferno, reino das trevas tempos depois porque as disputas tornaram-se contínuas entre os decaídos pela balança do poder no local, que era imensamente imensurável e dava para todos viverem em harmonia. Mas as disputas pelo controle transformou o lugar em ruínas e caos e teve um vencedor: satanás também conhecido como Hades2 pelos gregos, o deus das trevas.
Era um lugar muito longe e distante do Paraíso. Mas o diabo deu um jeito de chegar lá e unicamente por inveja daquelas criaturas que viviam pelados com a mão no bolso3 e pareciam alegrar muito a Deus. Conta a história que Deus sendo a Justiça, claro que dotou o homem e a mulher da livre escolha, deu-lhes liberdade para viver como quisessem e só pediu que não comessem nada de determinada árvore, que não sei porque alguém decidiu que era uma macieira, mas poderia ser um pé de jiló. Mas tanto faz, o diabo é o rei dos disfarces e vestido num fenomenal casaco de pele de cobra ofereceu o fruto proibido a Eva e Adão. Eva comeu e Adão também, desobedeceram a Deus que, já contava e sabia da atitude do Diabo, gostou e mesmo assim expulsou todos três e trancou o Paraíso, mas dividindo a culpa da desobediência entre os três, afinal, a cobra deu a primeira mordida para incentivar Eva e esta achou o fruto gostoso e passou para Adão que também comeu. Então um terço da culpa de desobediência cabe à  diaba da cobra, um terço a Eva e um terço ao Adão. Diga-se de passagem que isto é aos olhos de Deus, e é isto que importa, por mais que o diabo tenha,  se travestido de qualquer criatura de Deus, por pura inveja de Eva, feito um pacto com Adão e jogou sobre a mulher toda a culpa da desobediência. E foi assim que aconteceu ou fui eu quem acabou de inventar isto agora. Só Deus sabe...

Parte 2 (aguarde. A história continua...)


Fonte
1. RAMALHO, Zé; BALEIRO, Zé. Heavy Metal do Senhor, canção, rock heavy metal.
2. HADES na mitologia grega e PLUTÃO na romana  é o deus do Inferno, mais conhecido como Lúcifer.
3. ULTRAJE A RIGOR. Trecho de uma canção: "pelado, pelado, nu com a mão no bolso".
***


sexta-feira, 5 de junho de 2020

BRAZIL COVID-19: IMPOTÊNCIA ...E FÉ

 IMPOTÊNCIA ...E FÉ
Marina da Silva

JUNHO DE 2020

Seis meses se passaram e até o momento me sinto como se tivesse levado uma tijolada na cabeça...
Vejo as fotos do carnaval na cidade, eu minhas irmãs, duas delas,
A gente bebeu tanto, dançou, sorrimos, gargalhamos, saímos no bloco que minha filha tocou tambor
Los Hermanos, na Sapaucaí, não a carioca,
Mas uma Sapucaí também histórica da metrópole.
Ainda me sinto zonza, anestesiada com a pandemia e também com aumento dos ansiolíticos por conta e risco. Sem meus médicos...
Ao medo, tristeza, angustia, insônia, ali quando havia apenas mil pessoas mortas no país,
Fui tomada por uma raiva, rancor das ações do "desgoverno" daquele homem abominável, escroto e corrupto eleito por quase 58 milhões de brasileiros, movidos e vitaminados pelo ódio irracional ao Partido dos Trabalhadores, Lula, Dilma...
Eu não tenho sangue nas mãos, digo a mim mesma, votei no professor.
Meu Deus aonde chegamos? O cretinismo pode vencer o pensamento científico? No Brasil, parece que sim, a idiotia impera em pessoas que se recusam cumprir os decretos municipais, estaduais, da OMS e sabotam o isolamento social, o distanciamento nos lugares permitidos: supermercados, farmácias, feiras de frutas, legumes, verduras, açougues... Um bando de asnos pirracentos seguindo o asno eleito.

***
"Deus ó Deus onde estás que não me ouves?" Tomo de empréstimo este grito  indignado do poeta dos escravos, Castro Alves. Deus socorrei-nos!
Choro se assisto o Jornal Nacional que agora vejo cada vez menos. Choro por não assisti-lo também, sinto culpa se corro da dor do nosso povo mais desassistindo, mais de cem milhões de habitantes.
Quanto de mortes e dor eu posso aguentar? Meu pescoço está duro, travado, meus ombros estão quase grudados nas orelhas, ouço os barulhos dos ossinhos do pescoço rígido como dos meus dentes, bruxismo de tensão, apertamento.
Ontem assisti o jornal. Mais de 31 mil pessoas mortas; o sistema de saúde falido; no norte e nordeste do país, gente amontoada nas emergências e cadáveres sendo retirados em meio aos doente, e a verba de 8 bilhões foi vetada  e são milhares de mortos a cada dia, e a imagem das sepulturas... e não chegamos ao pico e a polícia federal prendendo prefeitos, servidores, gente que está aproveitando para roubar descaradamente as verbas públicas.
Dei minha audiência ao Jornal Nacional e vejo a dor ali,
uma dor crua como os números que, ontem, o ministério da saúde, SEM MINISTRO, sonegou da população para avacalhar a abertura do jornal. 
A enfermeira chora, meu coração se despedaça, mas ela se mantém de pé, pelos pacientes, pois os trabalhadores da saúde são deles o consolo no perrengue imensuravelmente solitário; ela, reforçada na fé que vai passar, dar certo ampara os doentes, e por isso batem palmas quando alguém vence o coronavírus e tem alta. 
Uma impotência que vem crescente em meu coração e cérebro seria insuportável sem a minha fé. 
Me apego a minha fé mais do que nunca e rezo torto, clamo a Deus, a Maria mãe de Jesus e a Jesus, o Cristo.
Rejeito as explicações de carma, purgação, de melhoramento espiritual num século altamente científico e tecnológico. Só não discuto. Só não discuto.

Como lidar com isto sendo apenas humana? 
Como lidar com as disputas politicas, com a asnice do bolsonaro e bolsonaristas e bolsomínios? 
#ElesNão controlam a própria milícia e querem mandar no país inteiro, que para eles se resume ao Rio de Janeiro: tráfico de armas, drogas e achaques aos moradores das favelas. Eles querem implantar a "ditadura" eleitos democraticamente? 
Deus escreve certo por linhas tortas e eles são analfabetos em geopolítica, História, Geografia... São astutos, mas de inteligência limitadíssima, mas armados e sem empatia ou sentimentos humanos verdadeiros.
A verdade é dada dia-a-dia, o dia inteiro, no Jornal Nacional. "A verdade vos libertará, mas não se vocês são as próprias algemas e traves nos olhos. Sim, podem comprar deputados e senadores por um tempo, mas e o tempo todo? E até quando? Até o fim do mandato? Criaram o caos e não conseguem implantar ou dar curso aos seus interesses autoritários e se fazem cada vez mais reféns do Legislativo e Judiciário.

***
Antes, a cada boletim eu caia e levantava, caia e levantava.
Resolvi ficar de pé, ancorada na fé. Deus está no comando, Deus está no controle, repeti milhões de vezes durante tratamento do câncer em 2002/2003. Então já deu certo!
Em Maio reforcei minhas estratégias defensivas para não adoecer física e psicologicamente: costurar, ler muito, ver filmes, séries, documentários, reformas de casas, espremeção de cravos com Drª Sandra Lee e outros youtubers de mesmo tema, disciplina nos exercícios físicos obrigatórios, mas apenas dentro de casa. Pego sol na janela e saio apenas para ver minha irmã, grupo de risco como eu pela idade. Não vou mais ao supermercado, sacolão, farmácia... Mas ainda vou pagar contas no banco.
Vi meu médico, marquei consulta a gora em Junho. 
Sim. Posso ficar de pé, vou ficar de pé.

***
Primeiro aniversário da minha filha que não passamos juntas, 27 de Maio, e a livraria Saraiva não entregou meu presente, um livro de arquitetura. Rezei, pedi a Deus para protegê-la e passei o dia vendo suas fotos, ouvindo seus vídeos de música. Ela? Trabalhando e estudando.
"Mãe, vi meu alunos ontem. Quanta saudade das crianças mãe!". E eu imagino a saudade das criancinhas."
Anteontem fui pagar contas há um quarteirão da minha porta; só atravessar a rua e... muitas pessoas, carros, motos, caminhões, bicicletas. Vi mais gente de máscara e desviei ostensivamente de quem estava sem máscara como se fossem alienígenas, zumbis querendo comer meu cérebro e tive que me segurar para não dar umas "voadoras" em quem estava sem máscara.
Na volta uma mulher veio na minha direção, super bem vestida, salto alto, elegante e a máscara no queixo. Quando a vi deu um pulo de lado e parei perto da árvore. Tenho que manter dois metros de distância, diz a Organização Mundial de Saúde. Ela puxou a máscara para o nariz, vi, mesmo estando de cabeça baixa.

***
Como é terrível morar num país que todas as potências disputam: O Brasil é o celeiro do mundo, colônia, está no nosso DNA (data de nascimento antiga, 1500, quando os portugueses nos "descobriram").
O PIB brasileiro caiu em março e abril. "E daí? É só uma gripezinha." O PIB de todos os países caíram, mas, no meu celular e computador me oferecerem ganhos garantidos na especulação na bolsa de valores. O que comprar, quais as empresas, é hora de encher a sacola com tanta falência dos pequenos...
Boa dica para Eike Batista, o X-man, serial entrepreuner. Ninguém mais fala dele nem das empresas X. Mas ele foi preso na operação Lava-jato e se safou. 

***
Há Luz no fim do poço ou do túnel...
Foi bom assistir o JN: pesquisadores de uma universidade inglesa estão testando vacina promissora contra o Covid-19 e em dose única no Brasil. 
Que Deus lhes conduza ao sucesso ou a quaisquer outros cientistas do Brasil  e do mundo que estão nesta luta.
Só um asno deixaria de investir em Educação e Pesquisas Científicas.
E  asnos foram eleitos, aqui e lá nos Estados Unidos que já tem mais de 100 mil pessoas mortas.
Eu os acuso de crimes contra a humanidade! bolsonaro e trump deveriam ser julgados como os nazistas após a Segunda Grande Guerra. Eles tem sangue dos cidadãos de seus países nas mãos! Eles sabotaram o isolamento social que salvaria todas estas vidas perdidas, se não todas pelo menos a maioria. Produziram fake news e espalharam nas redes sociais, mentiras grotescas sobre a pandemia, sobre ingerir desinfetante, detergente, cloroquina. Saíram sem máscaras e compareceram em manifestações públicas contra o isolamento social e distanciamento social prescritos como medidas para conter a disseminação do vírus.
O asno brasileiro levou a própria filha! Contradisse os ministros da Saúde, demitiu-os, e colocou mais militares no ministério da Saúde, na Fundação Nacional de Saúde e é este ministério que recebe orçamento gordo e também um dos mais roubados pelos corruptos.
Culpados!
Hoje espero em Deus, assim como a maioria do nosso povo sofrido cuja miséria e pobreza juntaram-se à crise coronavírus. 
Mas nos somos brasileiros, nós não desistimos nunca e nós #somos70porcento Brasil soberano, #ElesNão. Estão prostrados e "lambendo-cu" do governo dos Estados Unidos que trata os norte-americanos como se fossem...brasileiros!
Viva nóis! Fé em Deus! Estou em casa e ESTOU DE PÉ!

quinta-feira, 28 de maio de 2020

BRAZIL: COVID-19 E ISOLAMENTO SOCIAL

EU, COMIGO...
Marina da Silva

Esta é a parte do isolamento que me arrasa
Eu que quase nunca tive um tempo à sós comigo mesma.
Não dou conta de meditação nem yoga, nem pensar sobre mim sem analista.
Não consigo ficar parada, deitada, dormindo
Vivendo acelerada principalmente depois de um câncer de mama em 2002.
Como assim meditar? Pensar em mim comigo sozinha no apartamento.
Não consigo nem com psicoterapia, nunca dei conta de mim, aliás, nunca dei por mim até a porra do câncer.
Sobrevivi, mas não virei super heroína, sou mais uma marmota ambulante
Ocupando a cabeça vinte e quatro horas por dia, vivendo aceleradamente, não como Airton Senna, brincando com a sorte, mas como o alemão  Michael Schumacher, espreitando o perigo na próxima esquina.
Então minhas estrategias para não adoecer física e mentalmente passa longe
de eu, ma, me, mi, comigo.
Cabeça vazia é oficina do diabo, já diz o velho ditado.
No primeiro mês da quarentena, março 2020, batalhei nos exercícios físicos, criar uma rotina de limpeza do cafofinho, lavar, passar e morrendo de medo de delivery, resolvi encarar a cozinha sem fogão, sem panelas e preocupadíssima com desastres e o risco de linfedema.
Quebrei quase todos os copos, restam-me dois, destruí plásticos no microondas e freezer esquecendo as leis da Física: dilatação de corpos, temperatura, ondas, microondas e tudo para fugir da inércia. Ao fim de abril estava esgotada e me perguntava por que minhas estratégias estavam falhando?
Cantar, dançar, fazer atividades com o som no volume máximo, ler muito, escrever, ver filmes e séries sem parar, aprender a costurar no Youtube; é, estou indo bem em linhas tortas.
Por que as atividades não me acalmavam e sim, me jogavam na tristeza, angústia, insônia e desolamento?
Atinei que era o excesso de informações sobre o progresso da pandemia no Brasil e precisamente as atitudes de sabotagem do governo asno eleito.
Por que trazer mais caos à uma situação caótica grave das mortes por coronavírus? Virei um pêndulo, lá e cá, caindo e levantando, caindo, levantado...
Fui parando de fazer as coisas, alimentando mal, ficando cada vez mais angustiada, ansiosa, revoltada com a demissão do ministro da saúde. Por que este governo quer matar o povo brasileiro, principalmente os negros, pobres, moradores das milhares de favelas, aglomerados, conjuntos habitacionais brasileiros?
Por que seguir tudo ao contrário que a OMS- Organização Mundial de saúde preconiza.
Não consegui racionalizar a crise política, o toma-lá-da-cá entre o Congresso e o bolsonaro, nem queria. Eu só queria agilidade, socorro rápido aos Estados brasileiros, aos mais de duzentos milhões de brasileiros.
Caí, levantei, caí, levantei, parei de ver as notícias na televisão e computador para lidar com a agonia e sensação de impotência ao ver a sabotagem federal na briga com governadores, nas atitudes assassinas do bolsonaro desafiando o próprio decreto de isolamento e distanciamento social, saindo com comitivas, fazendo manifestações estúpidas, resistindo ao uso da máscara, copiando ou recebendo ordens do governo de donald trump, o bolsonaro dos Estados Unidos.
***
O STF- Supremo Tribunal Federal interferiu e fez valer a Constituição Federal de 1988 dando parecer às ações dos Estados e prefeituras. Março se foi, Abril se foi e a curva de crescimento da contaminação e mortos subia vertiginosamente. E que triste ver as pessoas buscando por socorro e morrendo sem tratamento.
E Maio chegou, e Maio já vai embora e estamos caminhando, se Deus não tiver piedade e ajudar na cura com a descoberta CIENTÍFICA de uma vacina a mais perdas de vidas, dor sofrimento.
Uma pessoa morta por Covid-19 importa e mais de 25 mil brasileiros mortos não são uma porra de estatística, não somos números, somos gente, temos sangue correndo nas veias, sentimentos humanos. 
Quantos de nós morrerão? Ouço as projeções de mais de 100 mil, meio milhão, mais de um milhão. É um abatedouro humano, genocídio de brasileiros sem guerra, sem lutas civis, sem disputas pelo tráfico de drogas, sem o abate de militares que ultrapassam 50-60 mil brasileiros  por ano.
Sim, voltei a chorar; procuro filmes e séries bem tristes para chorar escondido a dor de tantas mortes pelo mundo e principalmente pelo meu amado povo. Choro neste momento e digo a mim mesma: não caia, não desista, não perca a esperança, a vacina vai chegar.
Eu faço o mínimo e o mais importante: fico em casa, uso máscara se preciso sair, saio pouco. 
Medo, confesso que tenho medo por minha família, meus amigos e suas famílias, por pessoas que não conheço pelo mundo e me sinto humana por sentir a dor, por chorar, por rezar do meu jeito torto pedindo a Deus a vacina, que Deus ilumine os cientistas. Peço rapidez, que Deus acelere sabendo que o tempo é de Deus, e que a ganância e individualismo dos bilionários e grandes corporações mundiais, os liberais decidirão tudo, tempo e hora da cura. Mais de cem mil norte-americanos mortos num país de "primeiro mundo"?
Então peço a Deus paciência, muita paciência e vou anotando no bloquinho as tarefas  a fazer para não endoidecer.
***
Só vejo a situação no final de semana, mas no Facebook lá estão elas, as discussões. Se ligo o computador tem as notícias logo de cara no canto da tela ou na tela do MSN que nem sei porque agora é minha principal tela.
Semana passada dei uma piorada nos ânimos, na angústia e ansiedade, no apertamento de dentes durante o dia, no sentimento de desolamento e impotência. Cortei um dedo e a mão esquerda abrindo um côco seco e a mão ficou dolorida e dormente. A faquinha assassina atingiu um nervo com certeza.
Eu estava sabendo que sérgio moro, ministro do bolsonaro (um corrupto, um juiz que não só interferiu como  ajudou a destruir a frágil democracia brasileira no golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff, prisão de Lula por 585 dias sem provas, blindagem de corruptos dos maiores partidos políticos- PMDB, PSDB, PP, DEM, PR, etc) e que tem fortes laços com o FBI e age contra o Brasil, estado soberano e ajudou eleger bolsonaro) saíra do governo atirando contra a máfia bolsonaro, sua família e milícias. Mas se um e outro tem o mesmo DNA norte-americano e criminoso, o que ele poderia dizer sem estar envolvido, enlameado de corrupção dos pés à cabeça?
***
A REUNIÃO MINISTERIAL
Divulgação do vídeo da reunião de bolsonaro com seus ministros dia 22-03-2020 onde o assunto tratado não era A CRISE DA PANDEMIA CORONAVÍRUS NO BRASIL E O PAPEL SOCIAL DO ESTADO PARA CONTÊ-LA OU MINIMIZAR MORTES E CRISE ECONÔMICO-SOCIAL.
Assisti a noite com as legendas especiais da rede Globo...
O que foi aquilo? Reunião de criminosos, corruptos fatiando o Brasil, deixando claro que a crise COVID-19 era excelente momento para assaltar as terras indígenas, legalizar invasores, tocar terror em governadores e prefeitos, interferir na PF- Polícia Federal para impedir processos contra bolsonaro, familiares e amigos, prender ministros do STF- Supremo Tribunal Eleitoral e atacar o Congresso, vender o Banco do Brasil... 
Caí de novo.
***
Ontem foi o aniversário de minha filha e não a vi. Ela trabalha, é professora e estuda. Usei o Facebook e Insta para parabenizá-la. Era madrugada e eu rezava por ela, entregava sua vida à proteção de Maria, Jesus, São Jorge, São Judas Tadeu, Santa Terezinha de Jesus, a Deus. Fique ouvindo a serenata que me fez no dia das mães até tarde, dormi sem a placa de bruxismo e acordei com a cabeça doendo, mas cheia de fé e esperança na reabertura da minha cidade, na condução de tudo pelo prefeito atual em que eu nunca botei fé, mas em ano de eleição, faz tudo o que pode para garantir a reeleição na prefeiturança ou quiçá, ganhe uma governança do estado de Minas.
***
EU SIGO NO ISOLAMENTO SOCIAL. TÔ EM CASA ATÉ 14 DE JUNHO QUANDO VOLTO A TRABALHAR.

domingo, 24 de maio de 2020

BRAZIL: É "NÓS"

Uma História de Nós
Sérgio Antunes de Freitas

Pelo título, deduzem ser este um texto romântico, né, sonhadoras afoitas?
Podem ir tirando seus dinossauros da chuva!
Isto aqui é um texto proponente de uma revisão histórica do descobrimento ou invenção do nó. Voltemos ao passado remoto!
Talvez ele fosse conhecido por Dã, um líder nato de um grupo de homens das cavernas.
Quando se levantava e começava a correr, todos o seguiam, certos de uma boa caçada. Quando se sentava para descansar, todos paravam, sempre atentos aos seus menores movimentos.
Em um momento desses, um macaquinho de um bando seguidor dos humanos, atrás das sobras de alimentos, jogou um pedaço de cipó na cabeça do Dã. Coisa de macaco!
Ele pegou o cipó e ficou examinando em suas mãos, dobrando, mordendo, cheirando, batendo no chão. De repente, sentiu: - Ái, esse cipó mordeu meu dedo!
Assustado, quis gritar: - Nossa Senhora! - Mas só saiu: - Nó!
Todo mundo repetiu: - Nóóóóó!
Ele afrouxou o nó, tirou seu dedo e colocou um graveto no lugar. Apertou, suspendeu o graveto no ar e os demais, achando que era um truque de levitação, deram grunhidos de admiração. O mais intelectual, com vocabulário mais extenso, dizia: - Dã nado! Dã nado!
No grupo, havia muitos nomes, como o Ape, um ruivo, que havia aparecido ninguém sabia de onde. Quando alguém tentava pegar na sua barba ou cabelo, para ver se era de verdade mesmo, ele dizia algo incompreensível seguido do sufixo “ape”. Mas escrevia “up”.
Como o bando era grande, o Dã gritou várias vezes: - Nó, Nó, Nó - para ver se havia alguém com esse nome. Como ninguém respondeu, ele apontou para o embolado do cipó e disse: - Nó! Assim, nomeou o grande descobrimento.
Com poucos anos, descobriram o nó cego, o nó duplo e outros úteis, excelentes para prender e arrastar animais, criar armadilhas, amarrar os outros de brincadeira. Depois de uns quatro enforcados, observaram a periculosidade dos nós.
Um deles, o Pá, descobriu poder amarrar uma grande casca de árvore em um toco, à beira d’água. Servia para não deixar a correnteza levar embora aquele barco rudimentar, usado para atravessar o rio, remando com as mãos. Durante o sono, o Pá sonhava com braços maiores, artificiais, mas, de manhã, esquecia o que tinha sonhado. Só mesmo um trauma poderia deixá-lo mais esperto. Em uma dessas travessias, vários jacarés vieram em sua direção e ele passou a bater os braços com muita velocidade, prevendo, mediante a futurologia, a invenção do motor de popa. Com medo de perder os braços também, inventou uma espécie de pá, muito mais tarde denominada remo.
Vendo essas modernidades, os macacos faziam algazarras, traduzidas como um jargão: - Esses bichos humanos são hilários!
Nas noites frias, ao lado das fogueiras, o Dã ensinava a todos as técnicas dos nós. Seu filho não se interessava por aquilo. O Dã Júnior, nome com o qual o intelectual do grupo o batizou, gostava de jogar tintas nas paredes e deixar a marca das suas mãos.
Quando alguém via o processo pela primeira vez, olhava a marca e, imediatamente, mirava os membros superiores do moleque, para ver se as mãos continuavam grudadas nos braços.
Se o pai ameaçava brigar com ele, a mãe interferia, dizendo: - Pablo - traduzido para “arte é arte”.
Então, as mulheres, silenciosas, aprimoraram os nós e criaram os laços! Criaram também as tranças, com as quais enfeitavam umas às outras.
A história foi injusta com essa invenção, tão importante para a humanidade, como nas grandes navegações. O humilde nó não teve o destaque da vaidosa e festejada roda.
E vejam como o silêncio escondeu fato mais relevante!
As mulheres, consideradas trogloditas inferiores, submissas, inseguras, além dos laços, criaram a tecelagem, as costuras, os bordados, os enfeites para suas cabeças, as rendas, as transparências e, com tantos nós, amarraram os homens pelo resto dos tempos.

Sérgio Antunes de Freitas
Maio de 2020

sábado, 23 de maio de 2020

BRAZIL: GERAÇÃO CLOROQUINA

GERAÇÃO CLOROQUINA
www.google.com.br. Quem nunca tomou Tubaína nunca foi pobre de marré marré ou pobre de marré deci. Adoro.
Marina da Silva
Geração CLOROQUINA é aquela que se opõe, contrapõe, objeta, contradiz, briga, tem raiva, rancor, ódio mortal à geração TUBAÍNA, BARÉ-COLA, TAMPICO, CALDO-DE-CANA, também conhecida como, ESQUERDA. É público e notório que a geração Tubaína é inteligente, pau-pra-toda-obra, não desiste nunca, tem muito orgulho de ser brasileira e é muito conhecida pelo saber, gosto de aprender, matutar, rumorejar, perguntar, mimimizar e multiplicar conhecimentos, dividir o pão e a riqueza para todos ou pelo menos deixar pingar uma bolsa-família para os mais perrengados da nação. A geração cloroquina, jair, ops, já é aquela que - como minha mãe dizia, entrou na escola, MAS A ESCOLA NÃO ENTROU NELA. E minha mãe tinha grande sabedoria da vida; tinha o quarto ano primário e ajudava e alfabetizava as Tubaínas na roça, mais conhecidas, como caldo-de-cana. Meu pai construa casas, igreja Nossa Senhora da Piedade, o cinema da minha cidade; sabia ler e escrever male-male, conhecia muito as matemáticas, os cálculos e tinha as suas filosofias, entre elas: dar imenso valor ao trabalho e aos estudos para melhorar de vida.
***
Esta geração cloroquina dá nos nervos, ofende a inteligência e provoca vergonha alheia quando abre a boca, enfim: é de fazer o .. cair da bunda! Não perguntam nunca por que, quem, quando, onde, é verdade, é mentira? Simplesmente aceita tudo que ouve, a título de exemplo, um olavo de carvalho ou alexandre garcia e para não dar guerra de gênero, uma damaris. É a favor da escola sem partido onde meninas vestem rosa e meninos vestem azul. As pessoas cloroquina tem graus: uns chegam ao pós-doutoramento em Harvard, mas sempre na MÉDIOCRITÉ. A maioria é cristã, frequenta cultos, missas, tendas, terreiros, procissões, festas homenageando "mitos", hipocritamente, e usando a casa de Deus para cultivar seu RANCOR E ÓDIO. As Cloroquinas também atendem pelas alcunhas coxinhas, bolsomínios, CRISTÃOS DE ARAQUE, nazisfacistas, bolsonaristas.
www.google.com.br/imagens. Cloroquina eleita no pau e fake news! Bonitinha, mas ordinária- diria Nelson Rodrigues.

Além da INTOLERÂNCIA, GROSSERIA, DESELEGÂNCIA, VIOLÊNCIA, a irracionalidade e preguiça intelectual são as principais características das cloroquinas: conhecem muito de nada ou muita coisa de coisa alguma, parafraseando Umberto Eco. Seriam menos "Analfabetos Políticos" se tivessem gosto pela boa leitura...da Bíblia que trazem debaixo do braço, na cabeceira da cama, criado ou enfeitando estantes na sala. Essa gente é igual a gente, só dispensam o livre arbítrio, o uso da inteligência e na política acabam agindo como "agente de estado", gado eleitoral cada vez mais místico e religioso. E escolhem sempre o impensável, impossível, inacreditável, o sórdido, abjeto e seguem e curtem FACEBOOK E INSTAGRAM DE GENTE EXECRÁVEL. Elegem ladrões, milicianos, assassinos, gente mau-caráter, e mesmo pessoas milionárias que entram para a política para roubar os cofres públicos, abarrotados com nossos impostos, e justificam o voto: "porque todo político rouba". Vivem a filosofia pessimista e egoísta esperando resultados impossíveis elegendo décadas a fio: corruptos, larápios, exploradores, assassinos e todo tipo de gentalha.
Na História recente da política brasileira destruíram a democracia no país, porque CUNHA É CORRUPTO, ESTÁ PRESO, MAS TIROU UMA PRESIDENTA, HO-NES-TA, ELEITA POR MAIS DE 54 MILHÕES DE VOTOS, SÓ PORQUE O PARTIDO DELA É PARA TODOS, PREGA O MELHOR DA SAÚDE E EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO, SEGURANÇA PÚBLICA, COMBATE À CORRUPÇÃO e tirou milhões de brasileiros da pobreza extrema e miséria. Qual é o crime que Dilma Rousseff cometeu? Jamais quiseram saber, são renitentes e fiéis às mentiras, trapaças, mesmo sendo o julgamento do impeachment um BBB transmitido ao vivo pela rede Globo. Se alguma Cloroquina responder que foi por "pedalada fiscal", provavelmente ela vê na mente a figura da presidente Dilma numa bicicleta assinando nota fiscal enquanto pedala.
www.google.com.br/images. Dilma Rousseff, a presidenta Tubaína, eleita para dois mandatos de presidente e deposta com um golpe de Estado.
ENTÃO depois do fake impeachment gastaram panelas, gargantas, pneus, gasolina, uniforme completo da seleção de futebol e vários outros complementos de carnaval "verde-amarelo-azul-e-branco" pedindo o IMPOSSÍVEL: UM CAPITÃO, DEPUTADO FEDERAL POR QUASE 30 ANOS, CUJO MAIOR FEITO NO PARLAMENTO FOI LOUVAR E DAR MEDALHA DE HONRA AO MÉRITO PARA UM MILICIANO ASSASSINO.
#Elenão foi eleito por quase 58 milhões de votos conscientes, voluntários com direito a fazer arminha com as mãos e dancinha na comemoração e logo em seguida, 2019, as cloroquinas começaram a levar "dedadas".
Pelo visto gostaram e as pesquisas ibope confirmavam: a direita é burra. Elege quem vai lhe comer o fígado à dentadas!
Cloroquinas sofrem de burrismo, o mesmo que baixo conhecimento de tudo, destaque para História Geral e História do próprio país em particular. Ultimamente estão convencidos que o planeta Terra é plano, que é mentira que os homens pisaram na lua, que tudo que usa em sua casa foi produzido nos Estados Unidos, afinal, comprou na Disney, em Orlando, Miami, Boston, Nova York, que a rede Globo é Tubaína...

Cloroquinas são sempre rancorosas, mentirosas, raivosas, fofoqueiras, espalhadoras de fake news (mentiras) nas redes sociais e falam a primeira merda que lhe passam à cabeça para ganhar uma discussão, mesmo que não haja discussão alguma.
www.google.com.br/images. Dizem que é presidente, mas é só um asno.

Exemplo atual foi o que ocorreu com o uso ou não do hidróxido de cloroquina para o tratamento da COVID-19: sem nenhuma base científica que justifique o uso de tal medicamento no combate à pandemia coronavírus, B-17 decretou que os médicos do SUS devem ministrar a tal nos pacientes. Dois ministros da saúde, médicos, se recusaram, o general e atual ministro recusou até assinar, fato seguido por todos os técnicos do ministério da saúde. Então B-17 bateu o martelo. QUEM É DA DIREITA TOMA CLOROQUINA E A ESQUERDA, TUBAÍNA.
E uma batalha de desinformações tomou o ciberespaço com atitudes de defensores da cloroquina e seus argumentos, de fazer "o cú cair da bunda", copiei está frase no Facebook de uma pessoa que achou ABSURDO comparar a droga cloroquina com a droga da quimioterapia (droga!). A quimioterapia é uma droga, mas é o caminho testado e comprovado para tratamento de cânceres.
E lá se vai meu Brasil afundando no burrismo e na mania de ter resposta pronta, mesmo que seja por milícias virtuais e fake news espalhadas por robôs MADE IN CHINA!
Calígula, imperador romano, cruel, monstro perverso, fez do seu CAVALO um senador romano. No Brasil, essa gente raivosa, cheia de ódio e rancor ELEGEU UM ASNO asqueroso, corrupto, criminoso, presidente da república. PerguntaS que os seguidores de mitos não fazem: o que é cloroquina? Por que usar ou não cloroquina no combate à pandemia?



E você? Alguém me contestaria.
MEU VOTO É TUBAÍNA, ISOLAMENTO SOCIAL E SAÚDE! TÔ EM CASA!

segunda-feira, 18 de maio de 2020

BRAZIL. COVID-19: SOBREVIVER À DOR

SESSENTA DIAS DE ISOLAMENTO SOCIAL
Marina da Silva

Faltam respiradores, mas estou respirando
Mesmo com a escalada geométrica das mortes por coronavírus
Estou viva, sobrevivendo.
Materialmente nada me falta, minha imensa família vai bem
Espalhada aqui, ali, acolá
O mesmo com amigos e amigas queridos. Meus colegas estão bem, meus antigos vizinhos, meus bichos...
Mas impera em mim uma inquietude e melancolia
Tristeza, ansiedade, insônia cheia de números, gráficos, mapas, estatísticas.
Não busco informações, mas elas insistem vir até a mim.
Mariana me distrai, me deixa feliz nos momentos que  conversamos nas vídeos-chamadas. Me chama de louca e despejo sobre sua candura e inocência minha dor quando ela me pergunta: como vai tia? Benção.
Por alguns minutos, às vezes até por horas me sinto segura na sua fragilidade menina.
Você é minha tia mais doida. E ela uma menina pura, inocente do tamanho cataclísmico de toda a desgraça que o mundo vem passando nesta pandemia.
Cura. Sim me curo nestes momentos, reforço minha fé e esperança.
Sinto tanta falta das crianças.
Sim. É o que mais me entristece. Não ver minhas crianças. Crianças do meu trabalho e neste isolamento social, as crianças da creche ali embaixo da minha janela me faz uma imensa falta.
Elas são meu despertador das 7H. Vão chegando trazidas pelas mãozinhas ou atrás de um adulto puxando suas mochilinhas, uniformizadas, a lancheira atravessada nos frágeis corpinhos.
A rotina de vê-las, de esperar por elas na hora do recreio, de correr à janela quando gritam, cantam, gargalham com seus professores.
Penso nelas, penso em champanhe: o estouro da rolha, o jato espumante, claro, límpido cheio bolhas borbulhando e um gosto bom  na boca da alma.
O casarão está vazio, mudo, frio, diria morto sem as crianças e professores. 
As apresentações folclóricas das crianças, as brincadeiras de roda, bola, o escorregador e a cesta de basquete. Sinto falta delas "tocando" um enorme pneu todo bambo, duas vezes ou mais, maior que seus corpinhos.
Olho pela janela e não vejo as crianças. Não tropeço mais com crianças a caminho do trabalho. Não estou trabalhando, não estou caminhando, não estou pegando o busão.
Aquela rotina de vê-las da janela do ônibus a caminho das creches e escolas de ensino fundamental e médio pelas ruas e avenidas da cidade que atravesso anos a fio, décadas e décadas. Fui professora, confesso, mas no meio do caminho entre o feijão e o sonho, o ronco da barriga bateu mais forte...
Hoje sou a "tia" que ensina pais e mães e babás a ciência de ter saúde bucal escovando os dentinhos, passando fio dental e escovando a língua para não deixar dar doenças porque tem uns bichinhos do mal, uns bandidos que não vão ao supermercado e comem tudo que as crianças comem e fazem furinhos nos dentes, a cárie. E ainda tem o cheirinho ruim na boca quando não se tira a comida escovando dentes e língua e passando fio dental todos os dias.
Preciso ver crianças e enquanto o perigo não passa olho pela janela a cheche vazia, absurdamente silenciosa e morta e me pergunto: elas voltarão? 
Sim, claro que  voltarão. 
Fico tranquila ao saber que não é falácia,que as famílias cujos filhos estudam na rede municipal desta desadministrada metrópole podem pegar cestas básicas e a pouca ajuda federal de seiscentos reais pode evitar uma crise séria de fome aos pequeninos. 
Enquanto isso, passaram sessenta dias e o pico de mortes por COVID-19 ainda não foi atingido no Brasil.  O luto cresce em meu coração e nos corações daquelas pessoas cuja a vida de qualquer um no planeta importa. 
Se importar, deixar doer, ficar triste, sentir este sentimento inexplicável  que faz doer a cabeça pela irracionalidade  de um mundo altamente tecnológico e científico.
Não tem testes, não tem respiradores, não há medicamentos e nem vacina. Tem ladrões e suas empresas laranjas roubando dinheiro público, rindo e lucrando em meio a tanta desgraça.
Amazonas, Acre, Amapá, Ceará, Maranhão, São Paulo, Rio de Janeiro, enfim, os 27 estados e Brasília, o Distrito Federal. A morte, feliz, manda seus ceifadores para a colheira de vidas: idosos, adultos, crianças, adolescentes, bebês.
Semana passada fiz quatro dias de exercício em casa com Lira Bueno, minha personal desde que larguei a academia em 2015.
Tento me alimentar melhor, compro um cooktop de uma boca e não tenho panelas. 
Ontem tomei coragem, depois de três dias encarando as anotações de tarefa a fazer: passar roupas. Então o ferro quebrou na primeira peça...
Levei uma hora inteira e várias ferramentas consertando o danado e quando terminei, cadê a coragem? Amarrei tudo numa gigantesca trouxa.
Estou lendo cinco livros simultaneamente: Vírginia Woolf (inglês); Rosseau e Maupassant (Francês), Ênio Tavares e João Ubaldo (Português). Terminei Essa gente, de Chico Buarque.
Tia você lê inglês? Mariana abismada. Leio. E francês? Sim, e italiano e espanhol, um pouquinho.
Esta última semana não assisti Jornal Nacional. Assisti séries e filmes.
Voltei a comer côco, me ajuda com a ansiedade e o  trincar de dentes, bruxismo.
Também me acalma muito assistir Dra. Sandra Lee, a rainha dos cravos, cistos, lipomas, etc. Aquilo de tirar um a um os comedons, as mílias, os cistos, os gigantescos lipomas em lugares mais inusitados do corpo. Gosto do inglês da doutora, embora entenda bem pouco, aliás gosto mesmo é das suas risadas, do seu tratamento humanizado e alegria de ajudar as pessoas que atravessam anos, uma vida, escondendo ou não tendo grana para um tratamento dermatológico. Confesso, gostar de espremer cravos e espinhas...
Gosto de suas unhas super coloridas, seus cabelos longos, olhos amendoados, seus lábios finos e o respeito que tem com o sentimento alheio.
Sim, antes de dormir, todos os dias agora, assisto Dra. Lee.
Ainda choro. Não só pela crise coronavírus, mas pelas opções de gerenciar a crise politicamente tentando salvar os preceitos neoliberais, ultra-liberais atuais dos bilionários, donos de grandes corporações planetárias, que só aceitam gastos públicos para salvá-los nas crises financeiras provocadas por eles; aumentando suas imensas fortunas na especulação financeira de Wall Street, e pelas guerras por eles incentivadas, inventadas: onde estão as bombas atômicas do Iraque e Irã? E a guerra na Síria?
Vou continuar chorando, mas agora mais do que nunca por esperança. Este governo morreu antes de começar o segundo ano do primeiro mandato e a culpa não é da Dilma ou da esquerda: a culpa é do COVID-19 que ceifando milhares de vidas pelo mundo, jogou a pá de cal nas intenções de aprofundar o ultra-liberalismo no Ocidente. É impossível a qualquer governo segurar o dinheiro e não salvar o próprio povo.
Escrever para mim é sobrevivência: à dor e sofrimento pelos seres humanos de todo o mundo, pelos brasileiros mais pobres e nos perrengues que se arriscam todos os dias:  morrer de COVID-19 para não morrer de fome.
Os sinos dobram pelas famílias que perderam seus entes queridos. 
Minha filha fez uma serenata para mim no dia das mãe, deixou que eu a abraçasse, mas ficamos mantendo a distância prescrita pela OMS: Organização Mundial de Saúde e no dia seguinte fez jejum dia 14 de maio pelo mundo atendendo um pedido, do papa Francisco, que lhe enviaram pelo Instagram.
Como estou fugindo de tudo não fiquei sabendo, mas sinto estar em sintonia com esta onda de compaixão mundial na pandemia coronavírus.
Voltei a ouvir música, todos os tipos de música e acompanhar a vida de Johnny. Wier, o maior ginasta olímpico de patinação artística e a diva do gelo.
A segunda começou com sol e eu na janela olhando a creche e esperando a volta das crianças. 
Elas voltarão, disto não tenho dúvida. Porque tudo isto vai passar, vai demorar muito, eu sei, mas vai passar. 
Enquanto isso preciso sobreviver, começando por respirar e deixar doer...

quinta-feira, 14 de maio de 2020

BRAZIL: INTRIGA DE QUARENTENA. Uma crônica

O  ESTRANHÍSSIMO CASO DO FIO DENTAL E  VIAGRA
Marina da Silva


Este caso tem poucos fatos, mas muita história, é o que diria, João Ubaldo Ribeiro - que Deus tenha a sua inteligentíssima alminha, desencarnada em 18 de Julho de 2015 -  na fenomenal obra Viva o povo brasileiro (2011): "O segredo da verdade é o seguinte: não existem fatos, só existem Histórias."
De fato, se levarmos em consideração o golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff, e especialmente  a condenação do ex-presidente Lula da Silva pelo juiz parcial e suspeito sérgio moro, é fato sabido e publicado e de domínio público que no processo por ele inventado tem muitas Histórias e pouquíssimos fatos.
Mas deixando as homenagens e devidas reverências ao escritor, que provavelmente morreu de "depressão política confessa", visto que neste Brasil, sem uma cachaça, caninha, aguardente, enfim, pinga com ou sem limão, ninguém segura o altíssimo grau de crimes, corrupção, roubo dos cofres públicos e desadministração da política e políticos brasileiros;bandidos que perverteram a oração  de São Francisco "pois é dando que se recebe" e criaram no parlamento nacional o "toma lá dá cá".
Me perdi de novo e quem não se perde com João Ubaldo não encontra nada de Histórias; dou-lhe neste momento o prometido caso  que veio perturbar minha leitura no meu sacratíssimo lar doce lar Quintana. Este é o nome do meu cafofo. Tenho mania de dar nome às coisas, um trem que tenho desde a infância.
Meu primeiro carro, um Fiat 147, cor de elefante na lama, se chamava Joca; o último que  eu amava de paixão, um Astra, nomeei de Trovão azul. E lá vou eu me perdendo na tarde fresca, nublada, cinza outonal...
Pois bem minha gente, este não é um caso para CSI, Law and Order, séries de detetives" que adoro. No máximo é um caso para A Patrulha canina ou Os detetives do prédio azul.
Foi assim: lá estava eu, linda, recatada, "dular", em total ISOLAMENTO SOCIAL imposto por lei, para combater a pandemia COVID-19 ou  novo coronavírus, lendo  uma super aquisição literária no meu Kindle paper white, um e-book, isto é, livro eletrônico, deitada que nem um saco de batatas jogada no sofá.
Ouvrés Completes de Guy de Maupassant: uma crônica deliciosa de título Madame Pasca. Abençoada aulas de francês no Estadual, anos Setenta e três semestres de aula de francês na Universidade. Leio bem o francês, mas é quase auto-didatismo.
Então soou uma campainha. Levantei para abrir a porta e apostando numa surpresa: ver minha filha, mas aí soou novamente e era o interfone do condomínio.
Oi.
Aqui é o M. da portaria. Quem está falando?
E eu:
Aqui é a dona M. do 710.
Aí o rapaz começou com uma história cheia de "a senhora me desculpa, ninguém está acusando a senhora... cheio dos salamaleques"
Meodeusducéu! O que fiz desta vez? Pensei não lembrando de nada. Da última deixei cair a garrafinha d'água aberta e inundei o elevador pouco depois da faxineira, uma senhora de uns 60 anos, ter acabado de limpar.
Já ia acionar a cde - caixa de desculpas esfarrapadas quando ele me informou:
A reclamação é da proprietária do 302.
Eu nem conheço a mulher. Respirei aliviada.
Ela é aquela que fica debaixo do apartamento da senhora, tem uma área verde externa debaixo da sua janela.
Eu quis corrigi-lo tipo: não é debaixo nem abaixo do meu andar, mas temi assassinar a Língua Portuguesa. Na dúvida acima não corrigi que era embaixo.
É uma queixa geral,  de todo lado par do edifício M.
Relaxei geral, são 20 andares a serem investigados. Deixei o rapaz se desculpar pelo incômodo e ouvi os pedidos de desculpa e desculpei. Moro em condomínio há séculos e sei que sempre sobra para os trabalhadores. Mas não me lembrei de nada que pudesse causar uma queixa, cantaria Raul Seixas, selada, registrada, carimbada, avaliada e aceita pela administração do prédio.
Ela queixa que alguém está jogando fio dental e Viagra na área de lazer externa dela.
Gente, caí na gargalhada.
Isto é sério? Fio dental e Viagra? Perguntei gargalhando alto e quase tendo um ataque de tanto rir. Ele riu discretamente coitado.
Pois é...
Na hora lembrei do João Ubaldo e do ID-Investigação Discovery. O rapaz estava na fase da investigação colhendo depoimentos dos moradores.
Olha, fala para ela que eu sou divorciada, escritora, uma senhora de mais de cinquenta quase sessenta anos. Eu uso fio dental e recomendo pelo menos uma vez, a noite. Ele riu.
E o mais importante: diga a ela que quanto ao Viagra, eu aceito, e peça a ela para mandar um homem junto. Nesta quarentena tá osso.
Nós rimos, ele se desculpou novamente, desligou.
Eu corri para a janela. Claro que eu já tinha visto o puxadinho da dona do 302 lá no terceiro andar. E foi quase um ano atrás quando me mudei e muito animada limpei as janelas. Faxina não é o meu forte.
Fiquei na verdade curiosíssima, não com o fio dental, que pode voar até ela do prédio ao lado, minha torcida era para descobrir quem estava usando VIAGRA no lado par, isto é, meu lado. Vai que... Pensei num Antônio Banderas. Jesus me abana!

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SALVE VIDAS!

Fique em casa, use máscara ao sair,  lave bem as mãos até antebraço e passe "alcoingel"* uai! Vamos derrotar este COVID-19! EU TÔ EM CASA!

* Alcoingel é a pronúncia mineirês, dialeto do estado de Minas gerais para Álcool gel