RUMOREJANDO
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Lançamento dos Livros: Reflexões e Digressões vol. l e ll
PEQUENAS CONSTATAÇÕES, NA FALTA DE MAIORES.
Constatação I
Algumas das músicas que sensibilizaram este locutor que vos fala,
digo, digita:
Argentina: La cumparsita.
Bolivia: El Pica Flor.
Brasil: Naquela mesa.
Espanha: Concerto de Aranjues.
Estados Unidos: What a wonderful world.
França: Feuilles mortes.
Grécia: Zorba, o grego.
Israel: Irushalaim shel Zaav.
Italia: Dio como ti amo.
Paraguai: India.
Portugal: Vila morena.
Peru: El condor passa.
Uruguai: Compadre Miguel.
Constatação II
Ainda que não seja ele que não pague a luz, pois ele se ressarcirá com
a corrupção, o último desonesto que, por favor, apague a luz por razões
não de economia, mas pelos pouco que ficarem.
Constatação III
Nos dias 3 e 4 da agosto foi programado o terceiro livro deste assim
chamado escriba, intitulado REFLEXÕES & DIGRESSÕES, constituído
por 2 volumes. Na contracapa do volume I Segue referências de HENRIQUE MOROZOWICZ, também conhecido por HENRIQUE DE CURITBA.
Henrique Morozowicz, professor e compositor musical,
também chamado Henrique de Curitiba, transformou
em uma ópera buffa um texto de minha autoria
que havia sido publicado no jornal O Estado do
Paraná na coluna, que mantive por 13 anos, intitulada
Rumorejando.
Quando da sua apresentação em primeira audição,
na Capela do Santa Maria, em Curitiba, por iniciativa
dos irmãos de Henrique, Milena e Norton Morozowicz,
com a intenção de homenageá-lo já que – logo em
seguida a sua criação Henrique veio a falecer
– este assim chamado escriba esteve presente.
Chamado a dirigir algumas palavras foi possível
externar o quanto era importante ser parceiro de Henrique,
fato que jamais havia imaginado. Reproduzo abaixo
o texto do Henrique, contando um pouco dessa efêmera
parceria.
Juca.
CONSTATAÇÃO FATAL
A inspiração para esta música veio da leitura
de um texto humorístico, em forma de versos,
do conhecido jornalista José Zokner, publicado
na sua coluna "Rumorejando", do jornal
"O Estado do Paraná", num dos domingos
do mês de agosto. Imediatamente, recortei e
guardei aqueles versos para usa-los numa obra
vocal, pois eles me soaram como uma letra feita
de encomenda para uma ária de opera buffa.[...]
Usei o texto original quase em sua totalidade,
deixando de lado apenas umas poucas linhas, o
que não alterou o sentido geral da criação literária.
Usando um misto de recitativo e arieta, com uma
introdução e uma coda, dividi a obra em 4 partes
principais, que se sucedem sem interrupção. Como
é usual, repeti, num ou noutro lugar, uma palavra ou
frase, buscando o equilíbrio formal da música ou
um maior efeito expressivo. Dei-lhe ainda o título
de "Constatação Fatal" para sua melhor caracterização.
Certamente, ela pode ser cantada por barítono ou baixo
desde que sua personalidade vocal seja apropriada para
expressão de humor.
Henrique
. Na contracapa do volume II foi pubicado e Conto/CrônIca
0 VELHO E O CÃO que transcrevo a seguir:
O VELHO E O CÃO
Cabisbaixo, desceu do ônibus. Caminhou em direção a casa. Havia
sido dispensado do emprego. O Departamento de Pessoal alegou
contenção de despesas. Ele sabia que era pela inconstância da sua
assiduidade. Tudo, por causa de sua saúde frágil que o mantinha por
dias na cama. Já estava aposentado. No entanto, o emprego de distribuir
cartão de controle, na entrada e na saída de um supermercado, ajudava
a melhorar o que recebia do Instituto de Aposentadoria. Ainda que houvesse
contribuído para se aposentar com oito salários mínimos, nunca conseguiu
entender porque recebia menos de dois. Um cachorro se pôs a segui-lo.
Parou. O cachorro também, olhando para ele com olhos meigos e sacudindo
o rabo. Era um cachorro velho. “Velho não tem vez”, pensou. Provavelmente
tinha recentemente sido posto na rua pelos seus donos, porque não estava
muito magro. Época de férias aumenta o número de cachorros abandonados.
Ficou enternecido. Ponderou: “Pelo menos tem quem demonstre apreço
por mim”. Vivia sozinho. A mulher, de há muito, já partira, segundo o padre
que dera a extrema unção, para junto de Deus. Os filhos, um casal, se
dedicavam as suas próprias famílias. Ultimamente, esquecendo ou não
se lembrando dele. Salvo em uma ou outra rara ocasião, através de um
cartão postal. Ambos viviam fora do país. Haviam partido para a Nova Zelândia.
Como outros tantos 160.000 jovens, no último ano, emigraram. Em busca de
emprego. Aqui, nem pensar. A filha limpava casas e ganhava razoavelmente
bem. Seu marido passeava cachorros. Tinham um garoto de um ano que achava
ser parecido com ele. Pena que não pudesse carregá-lo no colo. Mais tarde,
brincariam juntos. O filho lavava carros; a mulher trabalhava de atendente
numa loja de fotografias. Todos tinham curso superior. Intimamente, ainda
que, sentindo aquele aperto no coração por estar longe dos filhos, estava
satisfeito que estivessem longe da violência e da corrupção que grassava
no país. Olhou novamente para o cachorro que não desgrudava os olhos
dele. Lera em algum lugar: quem vive sozinho é muito recomendável ter
um bicho de estimação. Rememorou que quando menino quis um cachorro,
mas a mãe não permitiu porque achava que ia sujar a casa
Quando adolescente ele estudava e a mãe teve que ir trabalhar fora porque
o pai abandonara a família e sumira para sempre. Adorava o pai, mas, por
não perdoá-lo, nunca se preocupou em procurá-lo. Naquela vez, também
não daria para ter um cachorro porque ele não ia querer que o cachorro
ficasse só.
Quando casou, foi morar em um pequeno apartamento alugado e quem
ficou de síndico não permitia nem cães, nem gatos nos apartamentos.
Quando foram morar numa casa, o casal trabalhava fora, E, como os
filhos estudavam em tempo integral, tampouco daria para deixar em
casa um cachorro, sozinho, sem atenção. Lembrou-se de uma canção
de um uruguaio que dizia: “Claro que quis querer, mas não pôde poder”.
Com a aposentadoria daria para os dois viverem. Ele e o cachorro.
Morava numa espécie de meia-água, nos fundos de um terreno que
havia adquirido por preço compatível com seus ganhos. Construíra
uma casinha de madeira nos fundos, para algum dia construir, na frente,
uma de alvenaria. Os filhos, que estudaram em faculdade particular, por
não lograrem classificação na faculdade estatal, haviam consumido grande
parte do dinheiro para a casa de alvenaria. A outra parte fora consumida
com a doença da mulher e com ele próprio numa operação de ponte safena.
Nos dois casos, o Plano de Saúde não cobriu em sua totalidade e havia os
remédios cada vez mais caros. Fazia, como tantos, sua fé na Quina,
jogando nos bolões. Além de aumentar a chance, pensava que ganhar
uma bolada, sozinho, correria o risco de ser sequestrado. Uma vez,
havia sido abordado, não longe do banco onde eram creditados a
sua aposentadoria e o salário, por dois sujeitos. Eles, demonstrando
total ignorância, tentavam passar-lhe o conto do bilhete premiado. Sem
dúvida, dois artistas pela representação de ingenuidade e no falar manso.
Alegara uma desculpa e tratara de despistá-los. Nunca quis fazer queixa
à polícia com medo de represália. E, também, por achar que não ia levar
a nada. Se aqueles tipos queriam o pouco dinheiro dele, imagine uma bolada.
Chegaram, ele e o cachorro, no portão de casa. Chamou “vem” para
o cachorro entrar. Foi seguido na mesma hora. Falou em voz alta:
“Vou preparar algo para nós comermos. Vou te dar uma carninha
que guardei para minha janta e fazer uma polenta pra nós. E vou
preparar uma cama para você descansar”. Encheu um recipiente com
água que o cachorro bebeu por inteiro. Deu vazão a sua ternura acumulada.
Afagou sua cabeça; o cão lambeu a sua mão. Falou com muita convicção:
“Como nos contos infantis, mano velho, de ora em diante, seremos felizes
para sempre”...
DÚVIDAS CRUCIAIS
Dúvida I
Será que no amistoso
Dúvida II
Quando alguns times pagam em dia o salário dos jogadores
Dúvida III
Será que já não passou da hora da Anvisa interferir na fabricação do
pãozinho francês e outros mais? O que tem de produto químico não
está em enciclopédia algum. Vige!
Dúvida IV
Será que no amistoso de Brasil versus Japão saiu do corpo o espírito
do Dunga e interferiu no andamento do desempenho da nossa seleção
no segundo tempo?
Dúvida V
Quando alguns times de futebol pagam em dia os seus jogadores quer
dizer que o dito de Ben Gurion estava correto quando ele proferiu que
quem não acredita em milagres não é realista?
Dúvida VI
Será que houve muita gente que começou um regime para emagrecer no
primeiro dia de agosto? Afinal de contas, não é sempre que o dia primeiro
cai numa segunda feira...
Dúvida VII
A observação do governador do Rio de Janeiro, quando os australianos
reclamaram das condições em que encontraram as acomodações onde
iriam ficar alojados nas Olimpíadas de que eles precisavam de canguru,
demostra que ele cara brilhante, atilado, bem-educado e por aí afora?
Dúvida VIII
Será que, em certos países, para fazer parte de certos governos é
imprescindível
ter maus antecedentes, inclusive de prova de ser corrupto?
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