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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

DE SALTO ALTO

DE SALTO ALTO
Marina da Silva


É inegável que um salto alto, em geral, deixa a mulher elegante; principalmente um salto fino, agulha. Raramente uma mulher, em nome da beleza e elegância, não lança mão de um saltinho. Mas aqui em Beagá, a capital mineira, andar num salto alto muitas vezes é arte, manha, um alto risco que pode acabar numa tragédia ortopédica ou mesmo um TC – traumatismo craniano.
Ao turista pode parecer deselegante ver da janela do carro ou ônibus a profusão de chinelos, rasteirinhas, sapatos baixos, tênis e salto Anabela, hoje acompanhado pelo Plataforma, um salto tão grande e desajeitado como uma plataforma  petrolífera da Petrobrás. Mas não sabe ele o drama das mulheres que se atrevem a caminhar pela cidade, em qualquer uma de suas nove regionais, num salto alto! E isto porque o estado precário e calamitoso de nossas calçadas, aqui conhecidas como passeios, faz do uso do salto alto uma verdadeira aventura radical, uma guerra contra buracos e traumatismos dia após dia.
Parece e é visível que em Beagá as regras para se fazer calçadas não são cumpridas! Os passeios são deploráveis, cada um faz do seu o seu jeito e se tem a impressão que os mesmos são feitos com as sobras e restolhos da construção do imóvel. Então ocorre uma profusão de passeios inacabados, esburacados, desnivelados, feitos com mistura de vários entulhos da obra e ninguém, institucionalmente falando, fiscaliza a construção, os reparos e a manutenção dos passeios! Verdade seja dita, há boas calçadas aqui, ali, acolá e na parte central da cidade que vem passando por processos de revitalização lentíssimos, um verdadeiro caos e sempre próximo às eleições. Mas não é a regra e sim a exceção! Mas também vale relatar que a qualidade e durabilidade das obras em alguns pontos... deixa pra lá! Não é esta Coca-cola toda!
É difícil ser elegante de salto alto numa cidade serrana, mas nos passeios de Beozonte torna-se uma tarefa hercúlea, uma exposição constante a tombos, quedas, fraturas, contusões, ao ridículo e chacota de todos.
O salto alto para a elegância da mulher é tão fundamental, que muitas, paradoxalmente, se orgulham de rodar a baiana, desmanchar um barraco sem descer do salto! Fato um tanto difícil para as belo-horizontinas que andam dando quebras na coluna, seqüelas de uma pólio tardia ocasionada pelos passeios da cidade, o que faz a mulher daqui parecer deselegante, para não falar jeca.  E é por estas e muitas outras mazelas de nossas calçadas que não se devem julgar as mulheres pelo que se vê da janela.
Há que se andar para crer? Então coloque um salto e venha se arriscar nos passeios de Belô e assim entenderá porque, muitas vezes é comum ver pela cidade, homens e mulheres atolados, praguejando contra céus e infernos e de quebra poderá aprender o que é um trupicão, topada, catar mamonas, catar cavaco, cair em mata-burro e descobrir que o nosso why (uai) é o inexplicável por quê? de mineiro!

Foto: Avenida Brasil uma das mais belas avenidas de Belo Horizonte, foto tirada na área hospitalar. 

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