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domingo, 17 de março de 2013

BRAZIL: 50 TONS DE CINZA!


17 MARÇO 2013



AMOR DE PRIMAVERA
www.google.com.br/images. Cena do filme "Meu primeiro amor".

Marina da Silva

Tinha então doze anos e foi quando começou a se interessar por fotonovela, meninos, xampu, saias curtas, vestidinhos, perfumes, pulseiras, anéis, batons. Coincidentemente ou não, tudo teve início quando, repentinamente, sem explicação nenhuma e do meio do nada seu corpo começou a mudar.  Espichou, engordou e logo a seguir uns peitos redondinhos e bicudinhos pululavam sob suas roupas; então um dia veio a dor de barriga lancinante, inexplicável e saiu sangue no xixi. Uma mocinha! Comunicaram-lhe. E toda a família, próxima e distante se alegrou com sua dor e ela intrigada não compreendia tamanho alvoroço e muito menos porque lhe davam presentes por coisa tão esquisita e dolorida! Se ao menos fosse uma data especial, seu aniversário ou se o vovô estivesse chegado a casa... Ele sempre lhe trazia presentes. Uma mocinha! Diziam felizes todos na casa. E como mocinha sentiu vontade de mexer nas coisas da mãe, vê-la se arrumar, maquiar-se, colocar lindos brincos. 

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Espiava as mulheres da casa na hora em que trocavam roupas para ver se havia mais alguma coisa estranha nos seus corpos.  Um dia passou a roubar com muitas artimanhas as revistas de fotonovelas da mãe e lendo-as escondida transformava-se em Katiúscia, a mocinha da estória. Trepada  no pé de goiaba imitava-lhe as falas, gestos e olhares lânguidos e adocicados beijando molhado as goiabas e massageando o sexo com um pauzinho de goiabeira. Não entendia porque seu corpo exigia aquilo, apenas fazia!
O beijo era  um mistério! As bocas encostadas, comprimidas, os lábios quase a desaparecer...resolveu experimentar! Primeiro com o espelho, o que lhe valeu uma reprimenda da mãe. Mas que diabo! Esta danadinha além de acabar com meus batons ainda emporcalha todos os espelhos da casa! Era melhor não chamar a atenção dos adultos para suas diabruras - decidiu - então passou a espionar os pais e os namoros das irmãs. Montou um quartel general na sala e fingindo brincar com suas bonecas observava de soslaio, dissimulada, os casais. Sussurram muito, sorriam o tempo todo e quase gargalhavam quando alguém mencionava a palavra “vela”.  As mãos sempre nervosas não paravam quietas e ainda havia um ritual esquisito no sofá que lembrava uma dança – ora juntos coladinhos ora longe guardando espaço entre si assim que ouviam tosses ou os pigarros dos pais. Os beijos:..beijavam-se. Um roçar de lábios, um estalinho nas bochechas, testa, ombros, mãos e braços. Os beijos de Katiuscia, três quadros da fotonovela, jamais aconteciam.
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 Devia mesmo ser coisa de fotonovela! Desinteressou-se na mesma velocidade com que se interessou em flagrar um beijo de verdade e voltou feliz experimentando papel, frutas, o travesseiro. Se pelo menos os pais permitissem que ela assistisse as novelas na TV!  Parecia haver alguma coisa estranha com seu corpo como o que acontece com a lua, uma fase de formigamento, comichões e gastura de algo que desejava e não sabia o quê!  Assim como a lua seu corpo tinha fases. Uma fase que seu corpo tremia, tinha ânsias de colocar em prática o seu lado Katiuscia, aquele que lhe dava fome de beijos e de enfiar a mão dentro da calcinha. 
Você sabe beijar! Perguntou-lhe um dia um primo que junto a ela no fundo do quintal espiava por uma fresta no muro uns ciganos, seus novos vizinhos e suas exóticas danças.  Claro que sei! É assim... chegou o rosto bem pertinho do dele, trancou os lábios e os apertou nos lábios do menino. Estava dada a primeira lição.
Aos quatorze conheceu Beto e de tanto treinar beijo com o primo sentia-se uma doutora no assunto beijo. Na primeira semana do namorico após as rotineiras espremidas de lábios e boca o garoto pouco mais velho que ela lhe confidenciou
_ Você não sabe beijar...não é assim desse jeito!
_ Então me ensina ué!
_ Abra a boca _ pediu. Então enfiou a língua dentro da sua boca, passeou com ela de um lado para outro tocando o céu da boca, debaixo da língua, as bochechas, trançou língua com língua ora mordiscando ora chupando, sugando até lhe dar falta de ar e câimbras! No primeiro instante ficou enojada, ensaiou uma leve ânsia de vômito, mas como queria muiiito aprender a beijar, respirou e deixou acontecer. 
www.google.com.br/images E o vento levou...

Aos poucos aqueles movimentos, a saliva doce e quente, as mãos dele passeando por suas costas e nuca  amarfanhando seus cabelos deixaram-na embriagada, arfando muito, as pernas trôpegas e bambas. Sentia o ar lhe faltar e um friozinho gostoso passear pela barriga e espinha. Percebeu também uma quentura e umidade gostosa entre as coxas, umas revirações estranhas no estômago que se irradiava por todo o seu ventre. Gostou muito daquilo tudo! A partir desta descoberta aprendeu a beijar e passou a exigir mais e mais treinos. Nunca ficava satisfeita, sempre ficava um sentimento de coisa inacabada que ansiava por completar.
Quanto mais demorado o beijo mais e mais queria colar seu corpo ao corpo pulsante do rapaz. Então aconteceu o primeiro baile, um bailinho da escola para o qual treinou dançar música lenta com seu urso Sansão por quase dez dias, incansavelmente. Foi ao som de Michael Jackson, Ben, sua música favorita da trilha sonora do filme daquele menino e sua amizade com um ratinho. Quem os via ao longe, grudados, coladinhos sorriam como se vissem gêmeos siameses tão amalgamados que estavam um no outro. Beto a brindou com dezenas de seus beijos favoritos, mas em determinado momento distraia-se lhe penteando os cabelos, com os dedos, colocando-os atrás da sua orelha. Uma onda de eletricidade assaltou-lhe o corpo já trêmulo percorrendo toda a sua espinha como uma indomável correnteza de rio quando o rapaz mordicou-lhe a orelha sussurrando palavras gostosas no seu ouvido. Um prazer imensurável tomou conta e deixou hiper excitado todo o seu ser.
www.google.com.br. A saga Crepúsculo, o amor impossível entre o vampiro Edward e a donzela desengonçada Bella Swan que enlouqueceu milhões no planeta!
Então ela fechou os olhos e gemendo de prazer sentiu-se desfalecer. O casal movia-se tão lentamente que vistos ao longe era impossível distingui-lo tão imperceptíveis eram seus movimentos e tão amalgamados estavam um no outro. O tempo parou, era incrível tal sentimento. Não existia mais relógio a não ser o compasso pulsante dos dois corações. Um desejo premente embaralhava-lhes os pensamentos e pouco lhes importava o lugar ou qualquer outra coisa no mundo! Poderiam morrer e que se acabasse tudo enquanto  durassem aqueles carinhos e seu beijo Katiuscia!
 
www.google.com.br/images. 50 TONS DE CINZA: a trilogia que vem alvoroçando o mundo, especialmente o feminino, com um príncipe Século XXI que enloquece as mulheres e vem  causando ciúmes inveja aos homens!


terça-feira, 12 de março de 2013

BRAZIL: NAMORO ANTES DOS CINQUENTA TONS DE CINZA!


Namore comigo?

www.google.com.br/images. Orgulho e Preconceito, o filme
                                               Zé Pí


À moda antiguinha, década de 50... 60 e até 70. Eu te flerto de longe, da janela lá de casa ou na pracinha em frente à igreja, depois da missa.
Depois comentarei com amigo comum, da mesma escola ou da nossa rua e descreverei o conteúdo de minha admiração até você ficar sabendo e daí, sempre que me vir você mexerá o cabelo, consertará o arquinho cheio de margaridas enquanto eu sonso, olharei para o alto procurando estrelas e sininhos como em Candelabro italiano.
Um dia cheio de temores e tremores te ensinarei orações subordinadas objetivas diretas até que numa sexta feira das 8:00 às 22:00h te  olharei no bailinho, mas não ousarei tirá-la prá dançar. Preferirei reunir mais forças! Vai ser um olá!
www.google.com.br/images

-Gosta de Love letters in the sand?
-Que voz grossa tem esse Pat Boone!
Amanhã não aprenderei nada de terceira lei de Newton muito menos oxi-redução, pois, meu pescoço não vai parar de girar para trás para te olhar sutilmente.
Um dia, porque “é sábado”, iremos a matinês ver Bonie e Clidy e te roubarei um beijo imprevisível e sem arte. Soltarei sua mão na hora marcada no portão do seu castelo.
            Trocarei de moda copiando James Dean, Richie Valens e a botinha do Walter guitarrista dos bons.
Treinarei uns  acordes de sol maior e te encantarei em serenata  ao céu de quarto crescente!
Parece ser impossível burlar a atual ordem mundial do progresso das coisas, sentimentos e dos comportamentos; nos dias de hoje namorar é outra coisa; devemos deixar lá no passado o que é passado e, se o tempo é a moeda corrente, daremos a Cesar o que é de Cesar.

            ...E então, namore comigo?
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sábado, 9 de março de 2013

BRAZIL: RUMOREJANDO COM JUCA ZOKNER

RUMOREJANDO
Minha foto
http://rimasprimas.blogspot.com.br

José [Juca] zokner



PEQUENAS CONSTATAÇÕES, NA FALTA DE MAIORES.
Constatação I 
Pifou
O motor
Do carro,
Na subida,
Perto do quartel,
Quando estavam indo,
Tinindo,
Para o motel.
O seu amor
Não deixou
De tirar
Um sarro:
“Isso não é vida!
Este teu jegue,
Que você ama
E chama
De carango,
Parece sempre estar
Com tangolomango*,
Pois, só consegue
Andar
Na descida”.
*Tangolomango = “Doença atribuída à feitiçaria; malefício, bruxedo, sortilégio”. (Aurelião).
Constatação II
Não se pode confundir incidente com indecente, até porque, por exemplo, se o senado da República se comporta de maneira indecente, legislando em causa própria ou elegendo o senador José Sarney ou o senador Renan Malheiros para seu presidente, não se trata de um incidente de percurso, tendo em vista que o comportamento dessas figuras todas não estar perto das necessidades e dos interesses do nosso sofrido povo.
Constatação III (Aparentemente dicotômicas e passíveis de mal-entendidos). 
Quando o septuagenário levou para o motel a gatona, que estava usando um vestido ‘tomara que caia’, falou para si mesmo: “Tomara que levante!”
Constatação IV
Deu na mídia: “Mulher é acusada de violação na Noruega”. “Norueguês foi à polícia e acusou uma moça de tê-lo violentado enquanto dormia. A polícia acreditou na história dele”. Data vênia, como diriam nossos juristas, a polícia de lá pode acreditar, mas ninguém, aqui, em nosso país, iria acreditar se acontecesse algo desse, digamos, almejado jaez. 
Constatação V (De uma dúvida crucial).
Será que o transplante de órgãos foi inspirado no trabalho das pessoas que consertam bonecas?
Constatação VI
Não se pode confundir inciso que quer dizer, segundo o Aurelião, dentre outros significados, “alínea; linha escrita que marca a abertura de novo parágrafo” com indeciso, muito embora este assim chamado escriba nunca saiba como proceder com a certeza devida. Portanto, fica indeciso, na escrita, se a frase continua na mesma linha, depois do ponto ou será um inciso. A recíproca, nesses ortográficos e gramaticais casos, é extemporânea se verdadeira ou não.
Constatação VII
O telefone celular é uma invenção excelente para quem gosta de prestar atenção na conversa alheia, em público e, assim, poder bisbilhotar a vida alheia.
Constatação VIII
Deu na mídia: “CADEIA, DOCE CADEIA. Temendo as ruas, fugitivos voltam para o xadrez na Bahia. ‘Tranqüilidade’ da prisão e refeições garantidas fazem cinco fugitivos se entregarem na própria delegacia”. Data vênia, como diriam nossos juristas, porém, pelo jeito, a coisa está mais feia do que o diabo pinta. (Diabo?).
Constatação IX
Quando o obcecado leu as declarações que a escritora Marcela Iacub se referindo, numa entrevista ao jornal francês ‘Le Nouvel Observateur’, ao seu ex-amante o ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn, àquele das acusações de abuso feitas por uma funcionária do hotel Sofitel, como sendo meio homem e meio porco, dizendo "O homem é horrível, o porco é maravilhoso, apesar de ser um porco – ou seja, um ser intratável. É um artista dos esgotos, um poeta da abjeção e da sujeira", coçou a cabeça e exclamou: “Que será que o porco tem que eu não tenho? Será que eu, ao tratar com as minhas incontáveis mulheres ando fazendo com elas algo certo?”
Constatação X
Rico tem cara de jacarandá; pobre tem cara de pau.
Constatação XI
Rico quase nunca tropeça; pobre quase sempre dá topada.
Constatação XII
Na reunião com as amigas alguém perguntou à anfitriã: 
-“Mas por que você está fazendo um curso de psicologia se você é uma arquiteta bem sucedida ?
-“É para ver se eu consigo, de uma vez por todas, entender o meu marido”.
Constatação XIII (De uma dúvida crucial).
Afinal,
A iniqüidade
Do Big Brother Brasil,
Já tradicional,
Até para quem não viu,
É ou não de transcendental
Importância para o futuro
De quem é ou não burro.
Enfim, da Humanidade ?
Constatação XIV
Por razões óbvias, as bolachas amanteigadas precisariam, com urgência, ser rebatizadas para “amargarinadas”.
Constatação XV (De um versinho maledicente).
A mulher do papudo
Tinha uma cintura
Que lembrava tudo
Menos uma tanajura.
Constatação XVI (Ah, esse nosso vernáculo).
O cedente, sem dente, estava sedente* por uma cedência. (Deixamos a critério dos nossos leitores – inspirado no instrutivo programa “Big Brother Brasil” – para decidirem a escolha de qual espécie de cedência. Favor não apelar. Obrigado).
*Sedente = sedento (Houaiss).
Constatação XVII (Depois vá entender a intricada alma humana)
O jovem me chamou de você
Mostrando ser mal-educado,
Mas se me chamasse de senhor
Me deixaria mais chateado.
Constatação XVIII
Deu na mídia: “Zeca Pagodinho foi a Brasília para animar ministros”. Data vênia, como diriam nossos juristas, Rumorejando não tem nada contra que nossos ministros sejam animados, mas será que não daria para alguém dar uma animada em nós todos, simples mortais ? Quem souber e/ou puder dar a resposta, por favor, comentários no blog. Obrigado.
Constatação XIX
Senti no seu semblante uma nódoa,
Quando eu disse: “Sente no meu colo, nua
Que eu, com ternura, acomodo-a”.
E ela me contestou: “Nunca serei sua”.
Constatação XX (De um pseudo-soneto).

                Infidelidade I

Por ela imbricava* um imenso amor
Como pétalas de um botão de rosa
Era tão grande o meu caloroso ardor
Que fazia ela se sentir assaz dengosa.

Entretanto, como na canção do Lupicínio,
Eu a vi nos braços “de um outro qualquer”
E neste caso não pode haver condomínio
Tratei de me desfazer daquela ingrata mulher.

Ela veio, em genuflexo, batalhar por um perdão,
Alegando ter sido um átimo de extrema fraqueza
E, vejam, tentou me beijar os pés, o rosto, a mão.

Me desgarrei. “Você não tem vergonha dessa farra.
Você agiu, para quem tanto te adorava, com torpeza
Está fraca: Conhaque de Alcatrão São João da Barra”.

*Imbricar = Verbo 
-Transitivo direto 
1. Tornar imbricado**
-Transitivo direto e pronominal 
2. Derivação: sentido figurado.
Ligar(-se) estreitamente a
**Imbricado = Adjetivo 
1. Que apresenta imbricação
Ex.: telhado imbricado
2. Rubrica: morfologia botânica.
Em que uma peça é parcialmente coberta pela anterior e assim cobre a subseqüente (diz-se de um conjunto de folhas ou de órgãos foliáceos dispostos sucessivamente); imbricativo
3. Rubrica: morfologia botânica.
Em que uma peça é totalmente externa, a imediata é externa e as demais têm uma margem recoberta e outra que recobre (diz-se de prefloração) (Houaiss).
Constatação XXI (De outro pseudo-soneto)

                        Infidelidade II

Quando a gente se amou louca e apaixonadamente
Sua voz era como um badalar de um sino de igreja
Depois nossa paixão ficou assaz degenerescente
Que me fez eu ficar enfermo e até com brotoeja.

Um funesto dia flagrei ela se agarrando com um tipo
Onde correram beijos, abraços e nem sei o que mais
Aquilo me fez tanto mal que até hoje me constipo
Achando que sem um laxante eu não me curo jamais.

De fato foi um susto grande, um choque anafilático
O sortudo era queimado do sol, feições de indiático
Tinha tatuado no braço uma âncora; típico marujo.

“Ela: Eu perdi a cuca com aquele pedaço de mau caminho.
O pior que ele broxou de nada adiantou o meu carinho”.
E eu: “Dê pra ele... Vinho Reconstituinte Silva Araújo”.

Constatação XXII (De um aviso assaz importante).
Este assim chamado escriba comunica, a quem interessar possa, que ao se referir ao idoso, – como tem feito ultimamente, por quem, é bom que se ressalte, tem grande apreço – não está se referindo a si mesmo, pois não se trata de autobiografia, até porque já, de há muito, perdeu o interesse em tal personagem. Tenho provecta e vetustamente dito.
Constatação XXIII
Rico defende, com paixão, seus pontos de vista; pobre, é teimoso.
Constatação XXIV
E como diz, maldosamente, diga-se de passagem, o filósofo que colabora com Rumorejando: Mineiro trabalha em silêncio; baiano, não trabalha ruidosamente.
Constatação XXV
Rico é sagaz; pobre, espertinho.
Constatação XXVI (De uma dúvida crucial).
Será que é vero 
Que ouvir um instrumento
Como o diaulo*,
Ou a lira,
Tocado, sem jeito,
Por Nero
– Ou por algum Paulo – 
Era um tormento
Já que o sujeito
Era meio gira?
*Diaulo = substantivo masculino
1. Mús. Flauta dupla, us. entre os gregos. 
2. Mús. Música para esse instrumento. 
3. Mús. Tocador de diaulo (Aurelião). 

DÚVIDAS CRUCIAIS, VIA PSEUDO-HAICAIS.
Dúvida I
Desarmar a população,
Sem o desarme dos bandidos,
Beneficia a quem tal solução?
Dúvida II
É muito excitante
Ver gatas, mascando chicletes
Como se fosse barbante?
Dúvida III
E é muito interessante
Ouvir um papo dum político,
Como sempre, assaz estimulante?
Dúvida IV
Vivia afogueado,
O cobrador, por correr
Atrás do endividado?
Dúvida V
É muita resignação 
Engolir sapos e, ainda dizer:
“Hoje eu fiz uma boa ação”?
Dúvida VI
Ele levou um peteleco
Da mulher que repercutiu
Num baita de um eco?
Dúvida VII
É ser muito esperançoso
Esperar que ela te chame,
Eternamente, de “gostoso”?
Dúvida VIII
Estão, os bandidos,
Cada vez mais ousados e “nóis”
Cada vez mais fod, digo, perdidos?
Dúvida IX
Rir da própria desgraça
É ser masoquista 
Ou boa-praça?
Dúvida X
Tirar as impressões digitais
No porto, estação ou aeroporto
Não parece coisa de anormais?
Dúvida XI
Foi o missionário
Quem pregou que rezar
Não era tão necessário?
Dúvida XII
“Você é um estorvo”,
Disse a cortejada “corva”
Para o cortejador corvo?
Dúvida XIII
Foi um da cabeça-de-chave
Que ficou com dor-de-cabeça
Pela cabeçada dada na trave?
Dúvida XIV
É o povo que diz: “Em resumo,
Entra governo, sai desgoverno
E “nóis” sempre levando fumo”?
Dúvida XV (Podendo ser um duplo pseudo-haicai, c.q.d.* entre parênteses).
O que? O resgate
Foi quitado
Com tomate?
(E foi considerado
Um disparate?).
*c.q.d. = conforme queríamos demonstrar.
Dúvida XVI
Ela quando assoava
Parecia o apito do trem
Quando chegava?
Dúvida XVII
Não cabe recurso
Contra, do político,
O enganador discurso?
Dúvida XVIII
A desigualdade é tanta,
Em determinados países,
Que até aos insensíveis espanta?
Dúvida XIX
E a desigualdade social
Continua ser considerada
Perfeitamente normal?
Dúvida XX
Tirar as impressões digitais
No porto, estação ou aeroporto
Não parece coisa de anormais?
Dúvida XXI (Ah, esse nosso vernáculo. Vige!).
Foi o papiloscopista,
Que, pretendendo dar à namorada uma
Papilonácea, foi ao lepidopterologista?

E-mail: josezokner@rimasprimas.com.br
Site: www.rimasprimas.com.br