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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

BRAZIL: QUEM É ESTE HOMEM JUCA ZOKNER?



Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Marcelo Andrade/Gazeta do Povo / Juca em sua biblioteca: “manter sobrevivendo os neurônios sobreviventes”Juca em sua biblioteca: “manter sobrevivendo os neurônios sobreviventes”
PERFIL

Juca “rumoreja” rimas

Poeta e humorista curitibano escreve poemas divertidos e delicados como seus origamis
Publicado em 22/03/2014 | 
Num banco feito de dormentes de estrada de ferro, José Zokner, o Juca, se senta às tardes para “tomar chimarrão e garatujar sobre coisas que precisam ser inventadas e pequenas constatações na falta de maiores”.
Olhar calmo, barba hirsuta e revoltos cabelos brancos, Juca é uma daquelas
 pessoas que “dá passarinho”, para usar a expressão do cronista Rubem Braga.
 Trata a natureza com a intimidade de velho amigo.

Reprodução
Reprodução / Partitura da ária para barítono e piano “Constatação Fatal”, de Henrique Morozowicz, o Henrique de Curitiba, feita a partir de um texto de José Zokner, o JucaAmpliar imagem
Partitura da ária para barítono e piano “Constatação Fatal”, de Henrique Morozowicz, o Henrique de Curitiba, feita a partir de um texto de José Zokner, o Juca
Na parede da entrada de sua
 residência quase campestre no
 bairro Vista Alegre há uma parede
 que, como num memorial militar,
traz os nomes dos amigos caídos,
 cães e gatos de rua que adotou e
 cuidou ao longo da vida.
Em boa parte de seus 77 anos,
Juca foi engenheiro civil. Em todos
 eles foi poeta e humorista,
 jogando com rimas que zombam
 com a “intrincada condição humana”,
cheias de seu ferino humor judaico
 e verve de jogador campeão
de truco.
“Eu procuro ser um humorista.
A tônica dos meus textos é o
humor. Não sei escrever de
outra maneira. Faço isso
 para manter sobrevivendo
os neurônios sobreviventes”, brinca.
Seu primeiro livro,
 Rimas Primas (AGE),
 lançado em 2004, recolhe boa parte do trabalho que Juca publicou
durante treze anos na coluna “Rumorejando”, no extinto jornal
O Estado do Paraná. Seu poemas são divertidos, mas também
 delicadamente pensados, como os origamis que faz.
No final do ano passado, lançou seu segundo livro,
 150 Sonetos & 1 Sonetão (Pseudos) (Nova Letra).
 A ressalva entre parênteses no título é para “livrar a cara”
do autor, que não obedece ao pé da letra às regras da
 composição poética. O “sonetão” é um soneto multiplicado
 por dois (com 28 versos em lugar dos habituais 14).
A ideia para este livro nasceu depois que Juca submeteu uma
longa narrativa em trova rimada a um concurso, patrocinado
por um banco. O texto não foi selecionado, o que deixou
Juca cabreiro. Para atestar a qualidade que reconhecia no
 próprio trabalho, enviou o texto a Millôr Fernandes, que
deu seu veredito. “Excelente”, escreveu o “guru do Meyer”.
 O elogio do mestre lhe deu a coragem necessária
 para se autopublicar.
Glória bufa
Outro elogio, em forma de homenagem, Juca
recebeu quando o compositor erudito
Henrique Morozowicz (1934-2008),
 seu colega no Colégio Estadual na década de 1950,
o procurou no ano de 2007. “Ele me disse que era
meu leitor
 e que criara uma ária bufa em cima de um texto meu.”
Henrique de Curitiba morreu no ano seguinte.
Mas escreveu a peça “Constatação Fatal”, que
 foi apresentada em um programa em homenagem
 ao compositor em 2010, na Capela Santa Maria.
“Eu tive meus dois minutos de glória na vida. O povo
ouviu a peça e riu. Fui chamado ao palco e tive de fazer
 um discurso. Fui ovacionado. Somando meu discurso com
 os aplausos, temos os dois minutos”, diverte-se.
Os textos de Juca podem ser lidos e seus livros adquiridos
 no blog rimasprimas.blogspot.com.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

BRAZIL: ENFIM CINQUENTA TONS DE CINZA!



MINAS GERAIS EM CINQUENTA TONS DE CINZA???

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Marina da Silva

Pois é...
Reza a lenda nacional que os mineiros(as) são muito família, tradição. Propriedades que rotularam Minas como um estado extremamente conservador. E claro, há eventos históricos que corroboram esta tese como a marcha das famílias contra o baixo meretrício lá na ditadura militar e a campanha contra a Banda Kiss no Mineirão. Mas a verdade é que além do Movimento Machão Mineiro que solta a franga no carnaval “Banda mole”, o mineiro é solidário no câncer e em outras casas, é um “come-quieto (é de fazer e não falar), o mesmo que canta nosso poeta maior Drummond no belo poema ”O que se faz na cama é segredo de quem ama”!
Então...
Embora a trilogia “Cinqüenta tons de cinza” tenha invadido o país como livros de putaria, safadeza, sem-vergonhice e sadomasoquismo o frisson que causou às mulheres daqui não se diferenciou do que ocorreu com as mulheres do resto do mundo! Nos lares, bares, camas, lama, grama, escolas, trabalho e principalmente no “busão” lá estavam as mulheres atentíssimas ao seu Cinqüenta tons de cinza nas mãos!
Intrigada e afetada pelo fenômeno Christian Grey pedi emprestado a trilogia e devorei-a em 24H. Decepção! Não era putaria sadomasoquista sem vergonha como as cenas pornô-eróticas explícitas de filmes e novelas da TV Globo quer de inspiração clássica (Jorge Amado) ou sem classe alguma, isto é, ousadas como papéis interpretados pelas atrizes Cristiana Oliveira, Ingra Liberato, Carolina Ferraz, Luciane Adami, Giovanna Antonelli, Helena Ranaldi e recentemente Paolla Oliveira.
Cinquenta tons de cinza é só um conto de fadas em pleno século XXI onde o príncipe gosta de “sexo peculiar”, não está nem aí para romance, corações, chocolates e se oferece às mulheres que queiram conhecer seus limites de prazer, dor com direito a orgasmos estelares! Linguagem simples, direta, clara, capítulos curtos e acelerados, terminam numa sacada fenomenal: um gancho para o capítulo seguinte, o que encaixa com a velocidade, celeridade, compressão de tempo e espaço do mundo atual onde a vida acontece num “clic”!
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O filme, fiel ao que acontece no livro, tem cenas de putaria  leves, sensuais, insinuantes sem vocabulário impróprio e com a classe e charme de deixar as pessoas concluírem o ato em pensamento ou lendo no livro.
A primeira crítica que li logo ao sair do filme foi da globo.com: “o filme escondeu as ereções de Christian Grey” foi de uma chulice que nem merece comentários! Impensável alguém escrever isso como profissional do jornalismo ou comentarista pago nas mídias! Significa apenas que juntou as pressas aqui ali impressões de quem não leu e não gostou e diletantemente emitiu uma verdade absoluta!
Cinquenta tons de cinza é apresentado na sinopse para o cinema como “Dirigido por Sam Taylor-Johnson Cinquenta Tons de Cinza é baseado na trilogia de livros de mesmo nome que hoje é um dos maiores fenômenos de venda com mais de 90 milhões de cópias em todo o mundo. A produção retrata o relacionamento entre o bilionário de 27 anos Christian Grey interpretando por Jamie Dornan e a estudante Anastasia Steele papel de Dakota Johnson.” Recomendado para 16 anos.

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O que ninguém conta é que a autora E.L. James criou uma “fan page” da Saga Crepúsculo de S. Meyer e apimentou o triângulo amoroso entre Bella, o vampiro Eduard e o lobisomen Jacob com muita criatividade tornando-os “sexualizados” e com práticas sadomasoquistas! A página ganhou milhões de acessos e fanfics que acompanhavam cada post. A autora foi contratada por uma editora, mudou o nome do trio para Anastasia (a estudante virgem Bella), por Christian (Eduard Cullen) e José (Jacob). Os direitos foram comprados por milhares de dólares por outra editora e os direitos de transformar em filme também! Um pouco de curiosidade e uma pesquisa rápida Google sobre E.L. James, evitaria tanto comentários estúpidos, intolerantes e chulos da mídia e seus seguidores.
FELIPE MAGNOA verdade é que apanhar de um cara com "grana" é fetiche, apanhar de uma cara pobre é crime”.
· 
Adriana LimaAf, ta ai mal amadas ! Aproveitem a vidinha vazia de vcs  comendo sorvete e esperando que um cara rico, poderoso e meio lelé da cabeça se apaixonem perdidamente por menininhas sem sal [ O Q SABEMOS Q NÃO ACONTECE ] ! Vcs são todas Anastasias, e na vida real, Anastasias terminam encalhadas e morando com gatos ! haha enquanto isso, eu vou no cinema com meu namorado pé rapado, e nem tão galã, mas q eu amo, assistir um filme q preste ! “http://youtu.be/DEwIt4amgq4  24-07-2014 Trailer oficial Universal Pictures.

 Qualquer homem pode ser Christian Grey, um jovem século XXI que fez fortuna “trabalhando duro”, inovando, criando, investindo, arriscando usando seu maior dom: “entender as pessoas, conhecer seu potencial e empregá-las”. EX: Bill Gates, Jobs e vários outros “garotos do Vale do Silício” que fizeram fortuna nessa era informacional AI- inteligência artificial! Não vale para o dono do Facebook acusado de desonestidade com colegas da escola roubando a idéia nem Eike Batista, o ex-bilionário brasileiro que fez fortuna “do nada” de forma  espúria, corrupta e lesa-pátria!
https://ssl.gstatic.com/s2/oz/images/cleardot.gifQualquer homem do planeta pode ser o príncipe Sr. Grey e Fuck hard com consentimento da mulher e antenado em dar prazer e gozo a ela(s) e não tratar nenhuma mulher como vaso sanitário ou privada, animalizando e desrespeitando mulheres como meras vacas, vagabas, cachorras, putas, piriguetes, piranhas, peguetes.
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Mais de cem milhões de livros vendidos de uma estória de amor cheia de dramas, sofrimentos, abusos em “Cinquenta tons de cinza”: Christian, filho de uma viciada em crack e prostituta tem o corpo marcado por cicatrizes várias, principalmente de cigarros, mimos dos clientes da mãe; aos quatro anos de idade é resgatado e adotado após passar fome e conviver com o cadáver por vários dias! Aos 27 anos é o bem sucedido Sr. Grey, dono de patrimônio construído com trabalho duro, mas atormentado pelas perversidades sofridas. Na adolescência é introduzido no mundo sadomasoquista por uma amiga da mãe e se põe como submisso desta dominatrix como forma de dar conta do sofrimento, dor, violência juvenil e para não precisar dar respostas e aprender a se controlar na aborrescência!
Li três vezes, escrevi e publiquei no blog um artigo “A corrosão do caráter em Cinquenta tons de Cinza e agora faço esta crônica singela.
Esperava salas vazias ou cheia de mulheres para assistir o “pornô das mamães”, “pornô soft”. Não achei vaga nas sessões noturnas e a primeira sessão diurna teve boa audiência; esperava mães e encontrei mãe e filha, casais adolescentes, adultos, maduros; homens solitários, senhoras com mais de 50... Pessoas de várias idades, grupo de amigas, mulheres e homens desacompanhados e... EM Minas Gerais, o estado conservador...do bom senso, do li, vi, gostei, não gostei, este emplaca no país! Se fizer sucesso em Minas... Lenda ou superstição muitas estrelas preferem estrear aqui!
Quem leu os três [ou quatro livros*] da saga e gostou saiu feliz do cinema; quem foi atrás de pornografia explícita preferiu Paolla Oliveira de Felizes para sempre? Maravilhosa!
Quem não leu e preferiu o filme, assistiu somente o primeiro livro da série, entendeu pouca coisa e saiu cuspindo marimbondo! Quem queria as “ereções” explícitas do Sr. Grey confundiu alhos com bugalhos; quem esperou muito “sexo peculiar” assistiu “sexo baunilha”; quem criticou sem ler ou pesquisar nada falou insanidades (estou sendo boazinha). Drama, tormentos, sofrimentos, confusão perseguem Christian que não permite toques nem gestos de amor, apenas sexo peculiar! Quem se indignou com o “quarto vermelho da dor” deveria saber que existe sexo consentido e grupos que se espalham cada vez mais na internet: troca de casais, relações homossexuais, voyerismo; grupos sadomasoquistas com cartão fidelidade; ainda tem grupos de “suruba”, bacanal e o escambal também e eu considero justas (se não infringem a Constituição e leis e o direito de liberdade) “Toda forma de amor”!
Christian, o príncipe que encantou milhões de mulheres pode ser qualquer um que respeite a sexualidade, o corpo, o prazer e orgasmo feminino!  Que converse com a parceira e decidam juntos o que gostam ou não no amor e sexo. “O prêmio, diz Sr. Grey, sou eu”!
Não li, não gostei, não assisto demonstra apenas estultice, conservadorismo fundamentado na intolerância! E nas Alterosas o lema é “Libertas quae sera tamen”, liberdade, ainda que tardia!

Marcos A. Nunes · Seguir ·  Quem mais comentou · Pesquisador na empresa INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS APLICADAS
Prefiro escutar os comentários de quem leu o livro (todo) e compreendeu o romance, pois as percepções e expectativas são diferentes. A dúvida era se deveria ou não explorar de forma fidedigna as cenas descritas por James no livro. Mas, parece, que o lado comercial falou mais alto para atrair público mais jovem. Sexo sempre é um tema polêmico nas telas, sobretudo quando se trata de prazeres sadomasoquistas. O romance aborda luxúria e prazer, riqueza e poder, beleza e detalhes. A autora conseguiu sacudir os gêneros. O feminino, pela libertação da mulher em se desacorrentar do excesso de pudor e se permitir ao prazer. O masculino, pois o homem pode sentir mais prazer ao ser mais doador e menos egoísta. Conclusão que se chega pelas atitudes de Grey. ! “http://youtu.be/DEwIt4amgq4  24-07-2014 Trailer oficial Universal Pictures.



DISCAS PARA NÃO FALAR BOBAGENS E FICAR POR DENTRO DO ASSUNTO:
http://www.saraivaconteudo.com.br/Materias/Post/46919 “CINQUENTA TONS DE CREPÚSCULO. Conta tudo o que você precisa saber sobre fan Page, fanfics, foforks, fandons e otras cositas.

http://foforks.com.br/tag/e-l-james/ Tudo sobre autor, personagens, atores, etc e tal também!

http://www.publishersweekly.com/pw/by-topic/industry-news/page-to-screen/article/50188-e-l-james-and-the-case-of-fan-fiction.html
*http://finilla.com.br/el-james-esta-escrevendo-o-quarto-livro-de-cinquenta-tons#.VN5u4ubF_Uc










BRAZIL: CINQUENTA TONS DE CINZA... SEM CENSURA!


A CORROSÃO DO CARÁTER EM 50 TONS DE CINZA.

Marina da Silva

Para apreender e compreender a ideia por detrás do título deste artigo é necessário estar nu [sem trocadilho], é preciso despir, literalmente, deletar séculos de repressão e recalques, freudianamente falando, morais, éticos, culturais, religiosos - não exatamente nesta ordem - e de muitos outros dogmas e (pré)conceitos arraigados no mais profundo e abissal abismo da alma.
A corrosão do caráter e 50 Tons de cinza são títulos de dois livros interessantes, cada qual ao seu modo e que possuem uma interface comum: a atual fase capitalista globalizada ou Acumulação flexível de capitais e seus efeitos e “defeitos” colaterais tanto sobre o modo de produzir e gerenciar a produção como nas relações sociais do trabalho e relações humanas como um todo!


www.google.com.br/images 

Escrito pelo economista Richard Sennett e publicado em 1999, A corrosão do caráter traz a baila discussões sobre as “Conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo”, tema também abordado com propriedade e exaustivamente por David Harvey em 1989 na obra “A condição pós-moderna”.
Assim, como a acumulação flexível não é “novidade” na obra de Richard Sennett, o tema erotismo/pornografia/sexo/masoquismo/sadismo tratado nos 50 Tons de cinza não é a “descoberta do novo mundo da sexualidade”!
Mesmo antes de Freud [1856-1939] tratar a categoria sexualidade como “pulsão de vida” muitos outros já usavam e abusavam do assunto: Boccaccio [1313-1375];  Marquês de Sade [1740-1814]; Bocage [1765-1805];  e até Carlos Drummond de Andrade [1902-1987]  topou no meio do caminho a pedra da tal sexualidade! Isto sem necessidade de downloading do Kama Sutra e a vida em Pompéia! 
"Ao delicioso toque do clitóris, 
já tudo se transforma, num relâmpago.
em pequenino ponto desse corpo, 
a fonte, o fogo, o mel se concentram.
vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista os suportara
mas, varado de luz o coito segue.
e prossegue e se espraia de tal sorte
que além de nós, além da própria vida,
 como ativa abstração que se faz carne, 
a ideia de gozar está gozando". o amor natural. Drummond


Mosaico a partir de www.google.com.br/images

Mas então? Qual é o mérito de A corrosão do caráter e 50 Tons de cinza? O que os liga visceralmente?
Em primeiro lugar a linguagem: simples, fácil, direta, clara, rápida e despojada, dispensando ajuda de manuais científico-econômico-filosóficos ou dicionários para se tornar inteligível, característica da fase atual, bem cara século XXI, principalmente na trilogia 50 Tons de E. L. James, que além de fácil, é simplória, repetitiva, chula e pobre, literariamente falando.
Ambas as obras tem como tema a flexibilidade. Sennett, como a maioria dos pensadores atuais enfatiza a flexibilidade como conditio sine qua non da acumulação capitalista desde o fim da Gold Age, fase de recuperação econômica da Europa e Japão após a Segunda Guerra mundial, ascensão dos Tigres asiáticos e retorno da onda neoliberal.
A ênfase dada à flexibilidade muda não somente a forma Fordista/taylorista de produzir, distribuir e comercializar mercadorias como altera o caráter do trabalho (uso intenso de tecnologias de informação, automação com base na microeletrônica, robotização, bio-engenharia, etc), mas também a vida do trabalhador, sua personalidade, a construção de sua identidade e relações pessoais e sociais!
Estas características flexíveis são passíveis de ser capturadas na trilogia E. L. James em 50 ou mais tons de cinza! A primeira delas é o senso de oportunidade ou talvez...oportunismo?! E.L James, na onda fanfiction, isto é, azarar ou levar vantagem sobre a arte alheia, resolveu numa grande sacada usar a obra de Stephenie Meyer, a trilogia Crepúsculo e criar uma versão pornoerótica do triângulo amoroso entre Edward Culen (vampiro), Jacob (lobisomen) e Bela Swan (adolescente desajustada e donzela indefesa). A aposta não apenas vingou como ganhou vida própria no site da autora e contratos de publicação e versão para cinema...milionários! 
www.google.com.br/images. A trilogia 50 tons já desbancou Paulo Coelho, Sthefenie Meyer, J.K. Rollings, campeões de venda e bilheteria!

Quem não arrisca não petisca, diz o dito popular e correr risco é uma das características da acumulação flexível e tema do capítulo 5 em A Corrosão do caráter!
Mais do que dantes o mundo capitalista, exacerbadamente individualista, divide as pessoas em vencedores e fracassados. Rigidez, repetitividade, rotina, longo prazo, acomodação estão ligados ao passado, a velho, ultrapassado, obsoleto, o mesmo que fracasso, ou seja, produção em massa Fordista/Taylorista. Já flexibilidade, inovação, criatividade, alto risco, fluidez, desapego, juventude, empreendedorismo, imediatismo são características da atualidade – produção Toyotista e variantes personificada em Christian Grey, 27 anos, vencedor, empreendedor, criativo, inovador, imediatista, bilionário e CEO da Grey Enterprises Holdings Inc! Sr. Grey é o cara...das aquisições e fusões e especulações!
www.cinquentatonsdecinzabr.com. O melhor vídeo de humor no youtube satirizando  50 tons! 

Anastásia Steele representa flexibilidade e aventura. Disposta a correr risco numa relação sem “flores e corações” aceitando um contrato de alto risco que a encarcera, amarra, amordaça, fere e a submete aos desejos sado-masoquistas de Christian. Virgem que mal sabe o que é sexo baunilha”, Ana é  seduzida e quer experimentar o novo: “sexo sacana, bruto, duro e depravado” no “Quarto vermelho da dor”!

Se no Fordismo/taylorismo o tempo rotinizado,  a repetitividade, o longo prazo permitiam forjar laços fortes, pessoais, sociais e com a empresa, construir uma história de vida, o imediatismo, o curto prazo, a fluidez e flexibilidade atual forjam laços sociais e pessoais frágeis, superficiais e degradados, afirma Sennett.
O dominador Sr. Grey é intocável; suas relações com o sexo oposto se dá de forma “pervertida”, através de contratos de confidenciabilidade e de “trabalho”, o que lhe garante que nada “grudará” nele!
A forma de abordar uma parceira é inovadora: um contrato de serviços de curto prazo (3 meses) onde ele, o Amo, tem a obrigação e dever de cuidar (saúde física, bens materiais) e satisfazer sexualmente a mulher levando-a a conhecer os limites de prazer do próprio corpo numa relação de trabalho sadomasoquista de submissão total, banhada pelo luxo e riqueza restritos aos "vencedores"!
www.google.com.br/images. "Eu posso!"

Curiosidade, flexibilidade, risco, busca do novo é traduzido na personagem de Ana, universitária, classe média C, colaboradora part-time que desaba liberalmente de quatro e de amores numa entrevista com o inacessível Sr. Grey. Graduada em Letras, a Srta. Steele cai como luva no papel de escrava sexual, ops, submissa, o que dá no mesmo!

“Embora de verdade, quero saber? Quero explorar esse mundo do qual não sei nada? (...) Estou segura de que quero saber até onde chega a depravação de Christian?)Livro 1. p.143

Mosaico a partir de www.google.com.br/images. LUXO INDECENTE, IMORAL, CARÍSSIMO, ENFIM, SONHO PARA "VENCEDORES"! Aos mortais sobram as falsetas, os genéricos, os produtos pirateados MADE IN CHINA!


Tanto D. Harvey como R. Sennett percebem que na Acumulação flexível há a formação de um grupo seleto de trabalhadores, altamente qualificados para quem são destinados produtos e serviços de altíssima qualidade e luxo! E. L. James não só acerta com o “sexo depravado” como dá um maravilhoso golpe de mestre: faz da sua trilogia um catálogo de vendas! A cada “...ida”, e, a média são três relações sexuais por capítulo, E.L James faz questão de divulgar marcas, lojas requintadas, etiquetas famosas atreladas ao seu preço! Anastásia não consegue esconder o deslumbramento com a riqueza de Christian embora tenha pruridos moralistas; teme ser taxada de interesseira ou mera prostituta de luxo! “Meu subconsciente franje os lábios e articula a palavra vadia”.
Mosaico a partir de images www.google.com.br.  Precinhos OBSCENOS!


Não existe mais “longo prazo” e as novas tecnologias afetam drasticamente a percepção tempo/espaço. No capitalismo flexível tudo é para ontem, as respostas devem ser imediatas, inovadoras, criativas e gerar lucros e isso só é pertinente aos jovens! É a hora e a vez da geração Ypisilone, que enxerga os problemas de cima, a frente do seu tempo e dão respostas imediatas para facilitar e satisfazer a vida nas metrópoles e de quem tem dinheiro! Sr. Grey tem perfil e todas as qualidades da acumulação flexível: juventude,(bilionário antes dos 30 anos); diversificação de negócios [de tecnologia de informação, passando pela construção naval, cadeia de salão de beleza até o arriscado jogo de especulação com aquisições, fusões, destruição ou reengenharia de empresas e mesmo especulação alimentar]. Sr. Grey é o player master of universe!
www.google.com.br/images. Febre mundial entre as mulheres, a trilogia 50 Tons invade o cinema. Acima a autora e  famosas, entre elas, algumas cotadas para cair na pele de Ana Steele!

A mudança do caráter da produção Fordista/taylorista baseada na produção de massa, rotina, repetição, mesmice para a acumulação flexível Toyotista/variantes ágil, flexível, rapidez, diversidade de produtos pode ser detectada em 50 Tons de cinza na distinção entre sexo baunilha (rotineiro, tradicional) e sexo depravado, sacana (ritmo acelerado, explosivo, cheio de possibilidades kama sutra/Marquês de Sade, insaciável) temperado com muita dor! Novas posições e experimentações no sexo, nova abordagem com ênfase e preocupação com o prazer feminino, afinal, mais de 50% da população economicamente ativa no mundo hoje é formada por mulheres!
www.google.com.br/images. kkkk 50 Tons virou moda! As mulheres adoram, os homens odeiam, ignoram, temem ou fazem piadas machistas!

Livro de mamães, vinte filmes pornôs só que escritos, sessão Band Privê, livro de mulherzinha, livro de putaria e obscenidades! Estas e muitas outras definições pejorativas acompanham a trilogia 50 Tons de cinza, principalmente da boca de quem não leu e não gostou!
Entretanto, todas as características da acumulação flexível tematizada por Harvey e Sennett em A condição pós-moderna e A corrosão do caráter estão presentes nos 50 tons de cinza: inovação, linguagem high tech, namoro virtual, trabalho de risco.  Grey comanda virtualmente seu império em casa e através do seu Blackberry e MacBook Pro da Aple.
www.google.com.br/images. "50 Tons de cinza? Eu não leio porque tenho medo de me apaixonar pelo cara!" Afirmação de um homem MMM-movimento machão mineiro!kkkkkkkk

 Sr. Grey quer “ficar”: não namora, não quer romance (longo prazo), gosta de dominar, submeter, controlar tudo e todos ao seu redor; quer mulheres submissas, mas flexíveis, que aceitem relações sado-masoquistas via contratos. Uma proposta “indecente”; um contrato consensual para dor!
Missão, metas, planejamento e gestão estratégica, palavras de ordem da reengenharia e reestruturação produtiva estão no contrato de submissão elaborado para atingir seus objetivos sexuais! Sr. Grey quer mulheres abertas a novas informações e sua missão e projeto, além da satisfação sexual de ambos, é levar a mulher a descobrir os limites da própria sexualidade através da submissão total ao seu quarto de jogos, ou, nas palavras de Ana Steele, o Quarto vermelho da dor! 


www.google.com.br/images Relação Sr. Grey! Vai encarar?

Dominar, controlar, submeter, prender, espancar,  bater, surrar! Sr. Grey mantem a mulher “no seu quadrado”, tratando suas mulheres e principalmente Ana, possessivamente, como brinquedos sexuais e confundindo cuidar e proteger com dominação, controle e vigilância ciumenta, comprando as mulheres com mercadorias caras e refinadas!
“Você é minha e eu cuido do que é meu”; “eu posso”; “porque eu posso”, “ninguém toca no que é meu”!

Gravatas, máscaras, algemas, varas, chicotes, braçadeiras, açoites, etc, petrificam a relação homem/mulher e reforçam o papel social que sempre foi destinado as mulheres: manter a mulher presa ao homem e para o homem!
www.google.com.br/images VELOCIDADE...O MÁXIMO!

As novas tecnologias alteraram definitivamente a percepção de tempo/espaço e velocidade e rapidez estão representadas em 50 Tons de cinza nos carros, jatos, helicópteros, nos celulares e computadores de última geração, nas ações de Christian Grey nos negócios, no cerco, vigilância e onipresença sufocante na vida de Ana. E ainda, na explosão de sexo contínuo e no “gancho” a cada final de capítulo que prende e leva o leitor a mesma ansiedade e urgência do casal na leitura. Tem-se a impressão de que o livro tem um único capítulo com algumas pausas para gozar, ops,  respirar! Bingo e pontos para E.L. James!
Se entre a substituição dos modos de produção [Fordismo/Taylorismo para Toyotismo/variantes] há uma fase de transição e mesmo retorno e recrudescimento de relações precárias de trabalho (terceirização, escravidão, por exemplo) a mesma fase pode ser percebida no rompimento da relação do casal no livro I; na tentativa de explicação, adaptação/transformação/”cura” do comportamento sexual pervertido do Sr. Grey no livro II e a mescla ou adoção do sexo bruto, sacana, pervertido em variantes “aceitáveis” no livro III.
                                        www.google.com.br/images. Sr. Darcy, personagem de Orgulho e Preconceito de Jane Austen.

Perdidamente apaixonado, Christian está disposto a ficar só no sexo baunilha; o mesmo acontece a Ana, que quer arriscar um jogo ou outro no Quarto vermelho da dor, para ficar com seu príncipe pervertido!
A ousadia e aposta alta de E.L. James está na curiosidade e senso de aventura de Ana: “Isso eu posso fazer”; “Eu posso conviver com isso” sem medo da condenação divina ao inferno de Dante! 
A cartada final, o xeque mate vem com pedido de casamento, anel de noivado Cartier, flores e corações, véu, grinalda, lua de mel na Europa a bordo do Lady Fair e “Eles viveram felizes para sempre” numa hiper mega plus mansão ecologicamente sustentável com cachorro e filhos corroborando o atual momento da acumulação flexível que além de não suplantar totalmente o Fordismo mescla Toyotismo/Fordismo e muitas corrupções, ops, variações no modo de produzir, distribuir e comercializar suas mercadorias!
Se no mundo real é possível esse caráter corrompido da produção por que uma relação tradicional, monogâmica não pode ser apimentada com uma fuga da rotina e experimentações sado-masoquistas?! É a aposta de E.L. James.
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50 Tons de cinza quer ser um conto de fada com UP-grade, a diferença é que, ao contrário dos príncipes que arrebatam princesas em seu cavalo branco e as beijam castamente, totalmente assexuados, Christian Grey, não é filho de rei, não tem diplomas, construiu sua própria fortuna antes dos 30, é um belíssimo serial entrepreneur (aposta em tudo), vem montado num Audi R8, exibindo e esbanjando muita riqueza, “sem flores e corações” e quer princesas submissas para F*@.com.sadismo.masoquismo!