PEQUENAS CONSTATAÇÕES, NA FALTA DE MAIORES.
Constatação I (Ah, esse nosso vernáculo).
-“Fulano não tem vindo trabalhar. Temos que dar um chega
pra lá nele”.-“Um chega pra lá pra que ocorra um chega pra cá?”
Constatação II
Não se pode confundir modos com modas, muito embora os jovens,
hoje em dia, acham que dentre as muitas modas existentes não
cumprimentar, ou dizer “com licença”, “obrigado”, “desculpe” faz
parte dos bons modos. A recíproca não é verdadeira. Podem-se ter
modos que não façam parte das modas vigentes, como por exemplo,
os trabalhos em artesanato, não xingar o juiz em jogo de futebol, dar
o passo, no transito, para o carro que quer sair da garagem ou estacionamento,
respeitar o pedestre e assim por diante.
Constatação III
Esta estória dramatizada e rimada, que se segue, foi utilizada
pelo professor e compositor Henrique Morozowicz, também
chamado Henrique de Curitiba, que a transformou em uma
ópera bufa. Quando da sua apresentação em primeira audição,
na Capela do Santa Maria, em Curitiba, por iniciativa dos
irmãos de Henrique, Milena e Norton Morozowicz, com
a intenção de homenageá-lo já que – logo em seguida a sua
criação Henrique veio a falecer – este assim chamado escriba
esteve presente. Chamado a dirigir algumas palavras foi possível
externar o quanto era importante ser parceiro de Henrique, fato
que jamais havia imaginado. Recebi dos presentes uma
manifestação apoteótica e foram meus dois minutos de glória
em toda a minha vida. Vamos ao texto, pois:
Destemido,
Como Don Quixote,
Ele chegou
Na assim chamada
Mansão plebeia,
De madrugada
E incontinente
Falou
Pra mulher,
Com a língua embrulhada
Tão somente:
“Minha Dulcinéia,
Minha eterna amada,
Minha dileta amiga
Torna-se mister
Que te diga
Que já está decidido
Que não quero discussão.
Tive que fazer serão.
Ponto final.
Ela não hesitou
Nem por um momento.
Assim, tal e qual,
Como um estalante chicote,
Brandiu,
No seu – dele – congote,
O rolo de macarrão
Que estava à mão
E, enquanto batia,
Com muita tecnologia
Que até parecia
Elevado conhecimento,
Contínuo treinamento,
Gritou,
Bramiu:
“Não sou moinhos de vento,
Nem sirvo pra plateia
Pra assistir
Pra engolir
Esse batom
Na camisa.
Sinto por você ojeriza,
Seu depravado,
Seu tarado”.
Coitado!
Coitada!
Coitado?
Constatação IV
Quando no dia 09 de janeiro de 2007 o obcecado leu na mídia
que o jogador Schweinsteiger, que foi eleito no ano passado
o homem mais bonito da Alemanha, disse “que prefere marcar
gols a fazer sexo” cuspiu para o lado, estufou o peito e proferiu
a seguinte frase: “Não vejo porque uma coisa tem que ser
excludente em relação à outra. A minha maneira de fazer gol
é assaz diferente”.
Constatação V (Colaboração do Amigo maringaense
Edson Ferreira dos Santos).
-Rico se hospeda no hotel Deville; pobre dorme na pensão Devila*
-Rico tem carteira da O.A.B.(Ordem dos Advogados do Brasil);
pobre também tem carteira da O.A.B.(Organização dos
Ambulantes do Brasil).
*Pensão em Maringá.
Constatação VI
Não se pode confundir entrar em reforma com entrar em forma,
muito embora uma ou outra mulher quando faz uma recauchutagem
geral, após entrar em reforma, o faz com a intenção de entrar em
forma, no que concerne a beleza física, esquecendo-se de,
concomitantemente, entrar em uma reforma geral.
Constatação VII
Quando se lê, na mídia, que “cozinhas de 3.200 anos foram
encontradas no Egito”, logo vem à memória se não teria a mesma
idade aquele inesquecível bife, do restaurante metido à besta
– pelo preço que cobrava e pela pouca comida que servia – que,
num esforço baldado, a gente tentou, sem conseguir, cortar com
faca tipo serrinha.
Constatação VIII (De diálogos meio sofismáveis entre
amigas piedosas).
-“Gertrudes, você não sabe da maior. O meu genro, que sempre
disse ser ateu, está frequentando cultos de uma porção de
casas de orações”.
-“E qual é a religião que ele adotou Emengardina?”
-“Ele afirma ser a dele, baseada em seguir, apenas,
os 10 Mandamentos”.
-“Mas logo ele que, segundo você, é um mentiroso contumaz”.
-“Mas mentir não faz, especificamente, parte dos Mandamentos”.
-“Claro que faz. Faz parte daquele que diz: Não Roubarás”.
-“Como assim. O que é que tem uma coisa a ver com a outra?”
-“Mentir é roubar a verdade da palavra”.
-“Ah bom! Quer dizer, ah ruim, quer dizer...”
Constatação IX
Não se pode confundir excita com exercita, muito embora tenha
gente que se excita enquanto se exercita. Não ficou claro que
espécie de exercício é utilizado para atingir tal desiderato. Tão
logo Rumorejando tenha tal imprescindível informação, dará a
conhecer aos nossos prezados leitores, inclusive abordando o
assunto quanto à veracidade ou não da recíproca. Obrigado
pela compreensão.
Constatação X
Coisas que são dadas a ver no trânsito: O cidadão, normalmente
que está com pressa em não fazer nada, pára, inclusive se atravessando
na faixa de pedestres, um pouco mais pra frente dos outros carros
parados e emparelhados normalmente que estão esperando abrir o
sinal. Daí o apressadinho fica sem ângulo de visão do semáforo e
quando acende o sinal verde só se dá conta e arranca em função do
fluxo do tráfego, passando a costurar todo o mundo para recuperar
o suposto atraso e, depois, repetir a mesma coisa na esquina seguinte.
Constatação XI
O septuagenário, ex-sexagenário, ex-quinquagenário, etc. elucubra:
“como as minhas pernas não obedecem ao que o cérebro determina
ou insta, vou, ao invés de falar mal delas, passar apenas a sugerir e
recomendar que o façam. Talvez dê resultado”...
Constatação XII (E como, pretensiosamente, poetava o obcecado).
Quando tirei a sua calcinha,
Deu para vislumbrar
Aquela magnificência
Que mostrava no andar
Aquela malemolência.
Corada era a sua bunda,
Ou melhor, sua bundinha.
Parecia uma face
Rubicunda
Como se, volta e meia,
Apanhasse
Com uma peia.
Puxa como me senti feliz
Ao realizar um sonho
Tão acalentado,
Tão esperado,
Nada bisonho,
Como eu sempre quis.
E não me envergonho
Em confessar
Que de tanta felicidade
Diante daquela honorável,
Respeitável
Majestade
Eu me emocionei.
E, aí, eu chorei...
Constatação XIII
O ministro do Planejamento Nelson Barbosa deve ir para
o Livro Guinness dos Recordes. Mal assumiu o seu – dele – ministério
já começou a ser fritado. Vige!
Constatação XIV
Deu na mídia, mais precisamente no Estadão: “Guerra por
cargos do 2º. Escalão”. Vige!
RICOS & POBRES
Constatação I
Rico é colaborador; pobre, é cúmplice.
Constatação II
Rico é refinado; pobre, é desleixado.
Constatação III
Rico é de refutar, contestar; pobre, é maria-vai-com-as-outras.
Constatação IV
Rico é convidado para um banquete; pobre vai de peru a
um rega-bofe.
Constatação V
Rico é um paradigma; pobre, é um imoderado.
Constatação VI
Rico segue o regulamento, a lei, a ordem; pobre é um baderneiro,
um desordeiro.
Constatação VII
Rico dança uma valsa como se estivesse levitando com seu par;
pobre arrasta o pé num arrasta-pé.
Constatação VIII
Rico fuma cachimbo com fumo irlandês; pobre, fuma guimba.
Constatação IX
Rico vive em harmonia, em paz; pobre, em tumulto.
FÁBULA CONFABULADA (INDIGNA DO GURU MILLÔR).
Numa cidade chinesa, mais especificamente em Lhasa vivia uma
família, cujo titular era o cidadão chamado Kal Tah Zuh Dek.
Com a abertura chinesa ele, de um trabalho numa lavoura que era
cultivada somente para a subsistência da família, passou a se
dedicar a um pequeno comércio. Como ele não morava longe da
fronteira de Burma, passou a importar e exportar, principalmente
exportar alguns produtos que, como se sabe em todos os países do
mundo, os produtos chineses são vendidos a um preço relativamente barato.
Segundo os entendidos, a política chinesa é àquela de ir comendo a sopa
pelas beiras para depois ficar com a parte principal. Isso traduzido
pelos nominados entendidos a malévola intenção dos chineses é ir
fazendo com que as fábricas dos países fechem por não aguentar a
concorrência da China que paga muito mal seus operários num esquema
que tangencia estreitamente a escravidão. Desse modo chegará o dia que
somente a China terá produtos para fornecer aos países e, então, o preço
será imposto por um único produtor. Mas tudo isso já é outra história e
que agora não vem para o caso. O fato é que da proximidade da fronteira
de Burma, Kalt Tah estendeu o seu negócio para outros países próximos
como Nepal, Índia, a eterna disputada Bangladesh e outros pouco mais
distantes. Já tão próspero, montou apartamento em Hong Kong e tornou-se
um cidadão, digamos, urbano. Escusado se torna dizer que nesse crescimento
fez parte uma variável chamada contrabando, o que é inerente a quaisquer
fronteiras ao redor do mundo. Como a inveja também é inerente às pessoas
ricas ou não, não faltou vizinhos que denunciaram ou se preferirem o
delataram para as autoridades chinesas a atividade ilegal do contrabando.
Kal Tah foi preso e passou vários dias na prisão. Em curto espaço de tempo
foi solto e não se sabe se foi com pagamento de fiança, ou seja, lá o que for,
como acontece em certos países, sendo que estes, deixamos de citar
porquanto também não vem, não veio e nunca virá ao caso.
Para os amigos muito chegados Kal Tah contou que o meteram numa
cela gelada, felizmente não na companhia de algum mau-caráter, porém
sem uma cama. Apenas com um banco de pedra para sentar. “Vejam”,
contou ele, “eu já estive na Oceania, lá na Groelândia; atravessei o
Circulo Polar Ártico para ver o sol da meia-noite, na Finlândia;
estive na cidade do Papai Noel, a Lapônia, assim que o frio nunca
me assustou. No entanto, aquele banco de pedra vai me deixar
in saecula saeculorum com frio na bunda”.
Os amigos acharam muita graça no relato, fingiram que entenderam
a citação em latim e daquela data em diante apelidaram Kal Tah de
“bunda fria”, o que se constituiu em um fato inédito já que em
condições normais de pressão e temperatura costuma-se chamar
as pessoas de bunda-mole.
Moral: Não só focinho de cachorro e/ou bunda de mulher é fria. Dependendo do caso, de alguns homens também.