MATERCRACIA
Sérgio Antunes de Freitas
Da figura materna, dificilmente haverá algo novo a se dizer.
Suas ações e reações de proteção à prole parecem transcender o instinto de perpetuação da espécie e todos os registros acerca do assunto.
Ela cuida de todos os seus filhos com igualdade, mas age de maneira desigual.
Um texto de autor desconhecido clareia muito bem esse comportamento:
“Certa vez, perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido, aquele que ela mais amava.”
Entre as frases da resposta, vale destacar algumas.
“O meu filho doente, até que sare.”
“O que está com fome, até que se alimente.”
“O que não trabalha, até que se empregue.”
Todos os filhos são tratados da mesma forma, guardadas as diferenças e necessidades, mas ninguém chama a mãe de comunista, no sentido ofensivo dessa palavra. Isso porque, nos países com tal regime político, isso deve ser elogio talvez.
Vamos respeitar a autodeterminação dos povos, como recomenda a Constituição do Brasil, certo?
Passa despercebido os inúmeros exemplos diários do amor de mãe.
As fêmeas dão a vida pelos seus filhotes! A natureza exemplifica essa verdade em profusão.
Certa vez, em um programa de televisão, com forte viés demagógico, apresentaram uma mulher com seus dois filhos. Ela disse que não comiam desde o dia anterior. De imediato, o apresentador mandou trazer três sanduíches para eles.
Enquanto os dois garotos devoravam a comida, a progenitora segurou o terceiro na mão. Quando eles terminaram, ela dividiu o seu e entregou metade para cada um deles. Os produtores, ao verem o gesto, providenciaram outro para ela. O amor tem sua sabedoria!
Minha avó apresentava essa sabedoria de modo muito simples. Entre seus vários filhos, um era difícil para acordar de manhã. Após várias chamadas, no limite do horário, ela gritava da cozinha: - Gente, deixa leite pro Mariano! Ele pulava da cama!
Primeiramente pelo rádio, em 1951, depois na televisão, em 1964, a atenção do público brasileiro foi tomada pela longa novela “O Direito de Nascer”.
Nesse clássico da dramaturgia, a personagem solteira engravida e se nega a casar com o pai da criança ou abortar. Seu pai a manda, juntamente com sua ama, a uma fazenda isolada a fim de ter o filho longe da sociedade conservadora. Depois, determina que um capanga mate a criança.
Sua ama, ao saber da ameaça, foge com a criança e a cria sozinha, enquanto a moça torna-se freira.
Depois de cento e sessenta capítulos, com outras tramas, o filho, já um médico, e sua mãe biológica se encontram, para a alegria geral da nação de ouvintes ou telespectadores.
Foi uma apologia à maternidade natural e à maternidade adotiva. Sucesso absoluto!
Mas esses seres protetores usam a tal sabedoria e lutam para que seus rebentos se tornem independentes, autossuficientes, garantindo a própria vida. Principalmente, para quando faltar seu porto mais seguro, seu colo mais sagrado.
Mãe é também um exemplo de democracia, regulando as relações entre os irmãos, mantendo a harmonia entre eles.
Por isso, muitas pessoas acham que um governante deve agir tendo como referência o amor materno.
Se não entende de economia, infraestrutura, energia, geração de empregos, pode se assessorar de especializados, mas deve ter o espírito público, deve tratar a todos como irmãos, dedicar seu tempo para o bem comum e dar alguma preferência para os humildes, também sob a luz dos ensinamentos cristãos.
Até aqui, não foi dito nenhuma novidade e vai continuar assim, apenas lembrando nossa obrigação de fazer valer o Hino Nacional, que orienta: “Dos filhos deste solo, és mãe gentil”.
Sérgio Antunes de Freitas
Junho de 2021
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