RUMOREJANDO
PEQUENAS CONSTATAÇÕES, NA FALTA DE MAIORES.
Constatação I
Deu na mídia: “Segundo levantamento recente do IBGE, o Brasil ainda tem um milhão de crianças sem escola”. A mídia pela enésima vez esqueceu-se de acrescentar: viva “nóis”.
Constatação II (De um pseudo-soneto).
Diálogos conjugais
Ela me desejou os piores e terríveis augúrios
E que eu fazia parte de agrupamentos espúrios
Só porque eu ia jogar truco com os meus amigos.
“Você volta tarde e eu fico só com meus inimigos”.
“Inimigos?” Questionei admirado. “Desde quando?
Ela me respondeu, toda chorosa, se lamentando:
“É que eu sempre converso com os meus botões
E eles somente me apresentam desditas, senões”.
“Vamos arrumar um cachorro pra você ter um companheiro
Enquanto eu me fatigo, me esforço, sofrendo com o parceiro
Para não perdermos uma difícil, científica e laboriosa jogada.
Você não desconhece que meus troféus que ganhei no truco
Me custaram sangue, suor e lágrimas, me deixando maluco
Agora não posso deixar de honrar essa custosa empreitada”.
Constatação III (De conselhos úteis).
Não confunda crise com crase, até porque se houver na escrita crise de conhecimento do emprego da crase ou omissão dela, por esquecimento, por exemplo, a frase poderá transformar a falta da crase em artigo definido. Aí, a frase poderá entrar em crise e ficar indefinida, mal interpretada, capenga e outros epítetos desse jaez. De nada!
Constatação IV (Tenho dito!).
Seja cristão, muçulmano, budista,
Hindu, sikhs, bahal, jainista,
Judeu, zoroastrita ou confucionista
E outros que façam parte de alguma lista
Que se comportem de maneira altruísta
E não façam catequese, proselitismo,
Doutrinação, ensinamento e apostolado
Que seria desagradável, um caradurismo.
E, cada pessoa, opte como quer ser liderado.
Constatação V (De razões e proporções matemáticas para determinar diversas expressões algébricas de fatos, coisas e pessoas).
O celibato, civil ou religioso, está para a pedofília, assim como o casamento, civil ou religioso, está para uma fria. Quem quiser a expressão algébrica de uma das definições é só multiplicar cruzado e tirar o seu valor para um dos membros da igualdade. Elementar meu povo...
Constatação VI (De um trágico pseudo-soneto).
De dramas conjugais
Com passos trôpegos ele subiu a escada
Se agarrando com as mãos no corrimão
A mulher o aguardava triste e amuada
Com um assustador rolo de macarrão.
Ela ironizando, fazendo troça, tirou um sarro,
Antes de baixar a sua arma, o temível porrete:
“Você não ia voltar logo, após comprar cigarro?”
E tacou-lhe no ‘lombo’ o assim chamado cacete.
Ele, enquanto tentava se defender com as mãos, ponderou:
“Querida, você tem que levar em conta que a carne é fraca
Por isso tem que me perdoar porque, veja, vivo cá estou”.
“Quando casamos você se comportava de modo assaz querido
Passados tantos anos você mudou como seu eu fosse uma bruaca*
“E quer saber, há muito tempo, você deveria ter se mandado, se ido**”.
*Bruaca = “ substantivo feminino
Regionalismo: Brasil.
1 cada um dos sacos ou das malas rústicas de couro cru us. para transportar objetos, víveres e mercadorias sobre bestas, e que se prendem, a cada lado, nas suas cangalhas, ou vão atravessadas na traseira da sela (mais us. no pl.)
2 bolsa de couro cru que se usa a tiracolo
3 Uso: informal, pejorativo.
mulher idosa e feia
4 Uso: informal, pejorativo.
mulher maldosa, faladeira, geralmente idosa
5 Uso: informal, pejorativo.
prostituta mais velha, decadente, feia
6 Uso: informal.
roupa velha
6.1 Derivação: freqüentemente. Uso: informal.
paletó surrado (Houaiss).
**Quem achar que ela foi muito condescendente, muito benevolente ao dizer para o assim chamado maridão: “E quer saber, há muito tempo, você deveria ter se mandado, se ido”, poderá substituir, desde que esteja p. da vida com o seu – dele – proceder por algo mais drástico” e, claro, sem prejudicar a rima como, por exemplo: “E quer saber, há muito tempo, você já deveria ter morrido”.
Constatação VII (De outro pseudo-soneto também trágico, dedicado a este latino-americano, prêmio Nobel de Literatura, apodado Gabo).
A espera e a esperança.
À época, ele declarou à, então, gata que por ela sentiu
Um comboio de amor infinito, de muito afeto e de paixão.
Como ‘empréstimo’, levou o seu economizado dinheiro e sumiu
Deixando, como não poderia deixar de ser, a coitada na mão.
Ela, parecendo de Gabriel Garcia Márquez o personagem
Do livro Amor nos tempos de cólera, o Florentino,
Que esperou mais de 53 anos pela Firmina, com coragem
Numa inimaginável fidelidade ao trampa*, àquele vivaldino**.
Analogamente ao Firmino foi um tempo muito largo
Onde ambos ficaram sofrendo em uma terrível solidão
E, evidentemente que deixa qualquer mortal amargo.
Eis que depois de tanto tempo, de tanta espera ele quis voltar
Ela achou que ele viria por sua causa e para, claro, pedir perdão.
Qual o quê! Ele havia voltado para mais ‘empréstimo’ solicitar...
*Trampa = “ substantivo feminino
Diacronismo: antigo.
1 engano doloso; trapaça, velhacaria
Ex.: custou a perceber as trampas de seu sócio
2 Regionalismo: Rio Grande do Sul.
armadilha usado na caça” (Houaiss).
**Vivaldino = “ substantivo masculino
Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
pessoa muito esperta; pessoa que age com astúcia ou malandragem; espertalhão” (Houaiss).
Constatação VIII
Em alguns países, ao invés de haver disputas para ver quem é mais rápido nos jogos olímpicos, por exemplo, a disputa é para ver quem é mais “rápido no gatilho”. Vige!
Constatação IX (De um quase pseudo-soneto).
Loba
Ela já cinquentona
Com jeito de matrona
Era o tipo da folgazona
Se achando a mocetona.
Passeava pela praia
Usando uma minissaia
De transparente cambraia
E caía, às vezes, na gandaia.
O marido, coitado
Ficava irritado
Com aquele gingado
Que o deixava obumbrado*
Em um dia de forte calor, de canícula
Ele com problema de dor na vesícula
Achando ela insensata, cafona, ridícula
Agiu como havia visto numa película**.
*Obumbrado = “ adjetivo
que se obumbrou; obscurecido, sombreado, anuviado (Aurélio).
**Lamentavelmente Rumorejando não conseguiu averiguar qual película, em qual cinema, muito menos em qual cena para informar aos seus prezados leitores como foi que ele agiu. Se alguém tiver essa informação, por favor, comentários no blog. Obrigado.
Constatação X
Em Curitiba, não adianta fazer sinal com a seta para mudar de faixa porque os carros não te cedem o passo; também é difícil entender porque muitos carros e motos trafegam à noite com o farol alto, ofuscando a vista de quem vem em sentido contrário. Também não se considera o pedestre prioritário como em Florianópolis e Brasília. Se alguém souber explicar, por favor, comentários no blog. Obrigado.
Constatação XI
Este assim chamado escriba, que não é muito entendido em futebol, pergunta para quem se dispor a responder: O jogador que tira uma lateral pode pôr os pés no risco e até quase dentro do campo? No meu tempo, quando isso acontecia o juiz dava reversão. Comentários no blog. Obrigado.
Constatação XII (De mais um pseudo-soneto).
Uma espécie de olimpíada
Com todo o meu carinho, meu amor, minha paixão
Tiver que fazer uma angioplastia no meu coração
Pelo desdém, pelo desapreço, pelo alto desprezo
Dela me trocar por um rico da Cortina D’Ampezzo.
Eu um joão-ninguém, um pé de chinelo, um pé rapado
Não poderia concorrer com um ricaço, um bem abonado.
Que possuía um iate de ene pés e um avião a jato particular,
Além de uma mansão na Costa Azzurra e em Viña Del Mar.
Evidentemente que fiquei triste, chateado, desenxabido
Com esse abandono, esse bandeamento, essa deserção,
Mas tomei a resolução de ir brigar, de lutar de modo renhido.
Arrumei, então, outra gatona com pinta de uma aristocrata
Para fazer ciúme, inveja, despeito àquele ingrato mulherão.
A nova namorada se deu conta e me mandou plantar batata.
Constatação XIII
Deu na mídia, mais precisamente em reportagem de Camilla Haddad, de O Estado de S.Paulo: “Universitários de classe média são presos por sequestros relâmpagos no Brooklin. Entre os detidos também está a mãe de um dos acusados, que, segundo a polícia, recebeu do filho um Honda Fit com placas clonadas. De dia, eram vistos como universitários estudiosos, faziam estágio em escritórios de grandes empresas e mantinham uma vida acima de qualquer suspeita. À noite, praticavam sequestros relâmpagos no Brooklin, na zona sul da capital paulista. Esse é o perfil de uma quadrilha que a polícia prendeu, acusada de praticar mais de 40 sequestros naquela região neste ano”. Data vênia, como diriam nossos juristas, mas Rumorejando acha que existe em nosso país uma pandemia de mau-caratismo, baseada nos exemplos ‘dignificantes’ dos nossos ‘bravos’ políticos que estão fazendo escola. Vige!
Constatação XIV (De uma quadrinha nesses tempos de eleições para prefeito e vereador. No entanto, vale também para outras eleições...).
Eu faço promessas que sei que não cumprirei
Mas o grande negócio é ganhar as eleições.
Depois, se for instado, irei confessar que errei
Sem dizer que quem me elegeu foram bundões.
Constatação XV (Quadrinha para ser recitada pelo governo que não está nem aí para a reivindicação dos professores).
Pouco importa se a turma não tem aula, não estuda
Quanto mais ignorante, fica mais fácil de manipular.
Essas greves dos professores viram um deus-nos-acuda
E, se necessário, a gente pede à polícia o cacete baixar.
Constatação XVI (Quadrinha dedicada àqueles que utilizam propaganda enganosa).
A liquidação daquela loja
Era somente pra inglês ver
Aumentaram o preço da soja
E depois baixaram para vender.
Constatação XVII (De uma quadrinha essencialmente explicativa).
O site da Globo há tempos vem apelando
Com muita pornografia em exibicionismo
Não é o caso deste blog de Rumorejando
Que tem algum pseudo-soneto com erotismo.
Constatação XVIII (De uma quadrinha que trata de melhorar a cultura da gente).
Estar em Londres para assistir os jogos na Olimpíada
Deve ter sido assaz e bem agradável como entretenimento
Mas para melhorar a cultura é bom ler também a Ilíada
Que Homero (?) deve ter tido inspiração naquele momento.
E-mail: josezokner@rimasprimas.com.br
www.rimasprimas.com.br
SALVE JUCA!
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