História das Mulheres de Bem
Sérgio Antunes de Freitas
Por definição, mulheres de bem são aquelas casadas com homens de bens.
Até os anos 60, essas mulheres eram recatadas, coordenavam os serviços domésticos e liam as fotonovelas da revista Grande Hotel.
Nas férias, faziam São Paulo e Aparecida do Norte. Ôps, desculpas! Naquele tempo, elas ”viajavam para”. Hoje é que elas fazem. – Meu sonho é fazer Caldas Novas e Asunción!
Iam à missa todos os domingos e se confessavam dos pequenos pecados: uma fofoca injusta, uma rusga com a empregada, pequenas malvadezas. Mas nada de pecado mortal! E tudo muito discreto, com classe.
Jamais diziam palavrões! Em vez de bumbum, muito feio, diziam “derrière”!
Ao ver suas roupas “démodés”, resolviam renovar. Juntavam com outras amigas de um clube de serviço e faziam um bazar de caridade. Depois: – Meu bem, estou sem roupas para acompanhar você nas reuniões!
Politicamente, sempre estavam ao lado do Governo, até que pairou sobre elas a ameaça “cumunista”. Apoiados pelos russos, os danados queriam dividir suas casas com os pobres.
- Magina! Um pobretão comendo na minha mesa sagrada!
Partiram, então, para a Marcha com Deus pela Liberdade, a fim de preservar os mais nobres valores da família, tradição e propriedade!
Veio a Redentora e elas se acalmaram. Mas por pouco tempo, pois surgiram os hippies. Loucura! Um bando de desocupados, fumando maconha e andando pelados com chapéus de margaridas!
Como poderiam aceitar isso se, quando assistiam a uma dança do ventre, tapavam com delicadeza os olhos do marido?
Solapando o grupo, algumas mulheres começaram a se debandar para as academias, mais preocupadas com a leitura, graduação, mestrado, doutorado, pesquisas. Hum! – diziam as que ficaram – Não têm competência para arranjar um bom marido! Fazer o quê?
E seus pesadelos só estavam começando. Um operário, sem dedo, nordestino, barbudo como os “cumunistas”, baderneiro de porta de fábrica, foi eleito Presidente da República. Ouvindo a namoradinha do Brasil, elas tinham medo, muito medo disso.
E o jornal da televisão começou a dar notícias terríveis: “A miséria está diminuindo”; “A fome está tendendo a zero”; “O Brasil é um dos países mais admirados no mundo”; “O Brasil é a sexta economia mundial”, “Vai ter Copa do Mundo”, “Vai ter Olimpíadas”.
Desesperadas, aderiram à campanha “Je suis fatigué!”. Não adiantou, pois, logo depois, uma mulher foi eleita Presidente da República! - Uma mulher? Isso nunca foi lugar de mulher!
Mais grave, foi reeleita! Haja psicanálise, prozac, gardenal!
De repente, suas orações foram ouvidas e a televisão começou a contar que os filhos do ex-Presidente eram ladrões. Tinham fazendas e mais fazendas na Austrália, frigoríficos e mais frigoríficos nos Estados Unidos, Bancos de Investimentos em Cuba, rampas de lançamento de mísseis em Paris, contas milionárias no exterior que nem o COAF, o Banco Central, a Polícia Federal e as internacionais conseguiam rastrear.
Esquecendo-se de suas origens pudicas, saíram gritando: - Dilma, VTNC! E substituíram o piano clássico pela percussão de panelas.
A partir disso, suas línguas soltaram e seus argumentos sempre eram ou terminavam com palavras de baixo calão, como não diziam as suas mães.
Até que conseguiram eleger um presidente com o qual se identificam: autenticamente grosseiro, misógino,machista, como um homem deve ser, inconsequente, pois inocente, até zoofílico nos arroubos da adolescência, escatológico.
Que pena! As mulheres de bem dos tempos antigos também eram desinformadinhas, mas eram elegantes, educadas, de fino trato!
Já não se faz mulheres de bem como antigamente!
Até os anos 60, essas mulheres eram recatadas, coordenavam os serviços domésticos e liam as fotonovelas da revista Grande Hotel.
Nas férias, faziam São Paulo e Aparecida do Norte. Ôps, desculpas! Naquele tempo, elas ”viajavam para”. Hoje é que elas fazem. – Meu sonho é fazer Caldas Novas e Asunción!
Iam à missa todos os domingos e se confessavam dos pequenos pecados: uma fofoca injusta, uma rusga com a empregada, pequenas malvadezas. Mas nada de pecado mortal! E tudo muito discreto, com classe.
Jamais diziam palavrões! Em vez de bumbum, muito feio, diziam “derrière”!
Ao ver suas roupas “démodés”, resolviam renovar. Juntavam com outras amigas de um clube de serviço e faziam um bazar de caridade. Depois: – Meu bem, estou sem roupas para acompanhar você nas reuniões!
Politicamente, sempre estavam ao lado do Governo, até que pairou sobre elas a ameaça “cumunista”. Apoiados pelos russos, os danados queriam dividir suas casas com os pobres.
- Magina! Um pobretão comendo na minha mesa sagrada!
Partiram, então, para a Marcha com Deus pela Liberdade, a fim de preservar os mais nobres valores da família, tradição e propriedade!
Veio a Redentora e elas se acalmaram. Mas por pouco tempo, pois surgiram os hippies. Loucura! Um bando de desocupados, fumando maconha e andando pelados com chapéus de margaridas!
Como poderiam aceitar isso se, quando assistiam a uma dança do ventre, tapavam com delicadeza os olhos do marido?
Solapando o grupo, algumas mulheres começaram a se debandar para as academias, mais preocupadas com a leitura, graduação, mestrado, doutorado, pesquisas. Hum! – diziam as que ficaram – Não têm competência para arranjar um bom marido! Fazer o quê?
E seus pesadelos só estavam começando. Um operário, sem dedo, nordestino, barbudo como os “cumunistas”, baderneiro de porta de fábrica, foi eleito Presidente da República. Ouvindo a namoradinha do Brasil, elas tinham medo, muito medo disso.
E o jornal da televisão começou a dar notícias terríveis: “A miséria está diminuindo”; “A fome está tendendo a zero”; “O Brasil é um dos países mais admirados no mundo”; “O Brasil é a sexta economia mundial”, “Vai ter Copa do Mundo”, “Vai ter Olimpíadas”.
Desesperadas, aderiram à campanha “Je suis fatigué!”. Não adiantou, pois, logo depois, uma mulher foi eleita Presidente da República! - Uma mulher? Isso nunca foi lugar de mulher!
Mais grave, foi reeleita! Haja psicanálise, prozac, gardenal!
De repente, suas orações foram ouvidas e a televisão começou a contar que os filhos do ex-Presidente eram ladrões. Tinham fazendas e mais fazendas na Austrália, frigoríficos e mais frigoríficos nos Estados Unidos, Bancos de Investimentos em Cuba, rampas de lançamento de mísseis em Paris, contas milionárias no exterior que nem o COAF, o Banco Central, a Polícia Federal e as internacionais conseguiam rastrear.
Esquecendo-se de suas origens pudicas, saíram gritando: - Dilma, VTNC! E substituíram o piano clássico pela percussão de panelas.
A partir disso, suas línguas soltaram e seus argumentos sempre eram ou terminavam com palavras de baixo calão, como não diziam as suas mães.
Até que conseguiram eleger um presidente com o qual se identificam: autenticamente grosseiro, misógino,machista, como um homem deve ser, inconsequente, pois inocente, até zoofílico nos arroubos da adolescência, escatológico.
Que pena! As mulheres de bem dos tempos antigos também eram desinformadinhas, mas eram elegantes, educadas, de fino trato!
Já não se faz mulheres de bem como antigamente!
Sérgio Antunes de Freitas
Agosto de 2019
Agosto de 2019
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