O NOIVO, A NOIVA E A
TUCHINA
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Sérgio Antunes de Freitas
Não
encontrei o termo “tuchina” ou “tuxina” nos dicionários.
Entretanto,
na Internet, é possível confirmar que esse é o nome popular para o oxiúro,
conhecido cientificamente como Enterobius vermicularis ou Oxiurus vermicularis.
É o causador de uma verminose intestinal, a enterobíase, oxiuríase ou oxiurose.
A
oxiuríase é parasitose comum, cujo principal sintoma é uma coceira anal,
geralmente intensa e com predomínio noturno, o que costuma atrapalhar o sono
dos indivíduos acometidos, com pesadelos pornográficos provavelmente. A melhor
forma de evitá-la é a boa higiene. Por isso, muitos higienistas recomendam que
se deve lavar sempre o local preferido da coceira e não apenas limpar com papel
higiênico, bem como lavar as mãos sempre antes de sair do banheiro.
E
aqui termina nossa recomendação de utilidade pública, a fim de passarmos ao
relato de um casório em uma cidade média no norte do país.
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Os
esponsais já estavam ajoelhados em frente ao vigário, quando o noivo sentiu,
pela primeira vez na vida, o sintoma mais viperino da oxiuríase, o temido
comichão.
De
repente, os convidados começaram a observar que os sapatos novos do nubente,
ainda com selinhos de fábrica, se viravam para dentro e para fora. E os joelhos
se juntavam e se distanciavam, às vezes, em movimentos rápidos.
E
ele pensava em seu claustro de tortura: - Será que logo agora vou sentir
vontade de mudar minha opção sexual?
Por
outro ângulo, via-se que seu olhar estava fixo em direção a um santo do altar,
como se estivesse rogando um milagre. E torcia a boca, chegava o queixo à
frente, mastigava o vazio com só um lado da boca, lacrimejava!
Até
que o padre perguntou se ele estava se sentindo bem e o convidou a ir até a
sacristia.
O
moço pareceu aliviado com o convite e pediu para ir ao banheiro. O padre retornou
com semblante tranquilo, dizendo que o futuro casado já voltaria para a
continuidade do matrimônio. Todos riram discretamente, achando que era algum
efeito da despedida de solteiro.
Na
volta do tempo técnico, o alfaiate, com seu olho de profissional, foi o único a
quem pareceu estarem as barras da calça do terno do noivo mais curtas pelo lado
de dentro. – Como é que eu fui cometer esse erro? – pensou.
O
noivo sorriu, ajoelhou, mas não aquietou!
A
titilação só aumentava e, para ele, o tempo foi uma eternidade de contrações!
Chegou
a hora do juramento. Por um ato falho, ou pedido de socorro inconsciente, mas que
todos apontaram o momento emocional como causa, o noivo vacilou, gaguejou e
errou:
- Eu te prometo,
Ai... Ai... Ai... Aída Maria, ser fiel, amando-te e respeitando-te, na alegria
e na tristeza, na saúde e na coceira...”
Todos riram e ele
aproveitou para rir também, se movimentando mais um pouco. Qualquer movimento
era bem-vindo, como um bálsamo!
E na hora do beijo?
Ele abraçou a amada com gosto e se sentou na quina da cadeira, como se
precisasse de equilíbrio.
Nunca uma noiva foi
beijada no altar com tanto afinco. E, pulando sentadinho, ele não queria parar
o ósculo abençoado.
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As madrinhas
choravam de emoção e todos aplaudiram.
Como arauto da
bonança, ouviu-se a música do fim da cerimônia. Um som alegre, bem ritmado,
movimentado, convidativo à dança.
E ele saiu
bailando, levantando os braços pra cima e jogando o corpo pra frente e pra trás.
A noiva era só
felicidade! Jamais imaginou que seu amado ficaria tão feliz em se casar com
ela. Desejou que aquela dança jamais terminasse e tentava atrasar a saída do
templo.
Ele, ao contrário,
a puxava pelos braços, dava duas voltas e ganhava mais uns metros valiosos.
O padre olhava de
longe e comentava com seu ajudante: - Nunca casei um sujeito mais alegre e
esquisito! Mas, espera, parece que há outros.
Sim, os convivas também
resolveram sair dançando, em uma confraternização pelo amor e pela união entre
os dois românticos recém-casados.
Sérgio
Antunes de Freitas
13
de março de 2015
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