AS CRÔNICAS ESTÃO AGONIZANDO
Sérgio Antunes de Freitas
O título é uma afirmação do escritor Mário Prata, em entrevista recente ao jornal Folha de São Paulo.
Discordo!
As crônicas estão um tanto perdidas nesse emaranhado de textos e vídeos divulgados pela Internet, é certo! Talvez levemente ausentes, mas não moribundas.
Elas existem há milhares de anos e não vão agonizar assim tão facilmente.
Segundo um livro sobre esse gênero da literatura, as fábulas de Esopo eram crônicas humorísticas. Naquele passado longínquo, embora elas encerrassem sempre algum ensinamento filosófico, causavam o riso nas pessoas, pela graça na hipótese de os animais falarem.
Até hoje, causam, principalmente nas anedotas. Quem não conhece alguma assim? De papagaio, não vale!
A crônica é como um bate-papo na esquina!
O sujeito encontra o amigo e conta coisas tristes, engraçadas, informativas, surreais! Se registrar por escrito, é uma crônica!
Apontamentos assim nos dão conhecimento dos costumes de outras épocas. Ilustram como se relacionavam as pessoas em outros tempos, quais eram as preocupações, os valores sociais, as impressões pessoais. É uma ampliação descompromissada da história oficial, expondo seus eventos de forma realista, na visão de homens ou mulheres com o dom da escrita.
No Brasil, tivemos e ainda temos cronistas maravilhosos, escritores de livros ou não, jornalistas ou não!
Machado de Assis, Otto Lara Rezende, Fernando Sabino, Rachel de Queiróz, Stanislaw Ponte Preta, Lima Barreto, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Lima Barreto, Ignácio de Loyola Brandão, Rubem Braga, Ivan Lessa, Aldir Blanc. Este último fez até uma linda crônica musical: “O Bêbado e a Equilibrista”. Tão talentosos nomes garantiram uma vida interminável para essa espécie literária.
Como subproduto, engrandeceram muitas edições de jornais e revistas famosos. Agora, enriquecem as páginas eletrônicas e as redes sociais.
Vida longa às crônicas, se não for redundância esse desejo. Afinal, crônico significa algo que dura por muito tempo.
Sérgio Antunes de Freitas
Dezembro de 2023
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ResponderExcluirObrigada.
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