RECAÍDA
Marina da Silva
Eu lhe avisei
Só dou conta das minhas merdas!
Você me pede para esquecer o passado...
Como assim? Deletar?
Já me pediram isso: esquece, eu não amo mais você e
bláh.
A fila anda...Cada um segue a sua vida.
Segui. Sofrimento. Muita dor. Venci.
Não foi fácil destruir, apagando da cabeça e
principalmente do corpo amor, desejo, paixão, sentimentos.
Consegui.
Aí chega você no primeiro encontro dizendo “eu te
amo”
Esqueça o passado, quem vive de passado é museu!
Fui devagar com você, pé atrás, muita desconfiança
Coração preso às mãos.
Quem é você que me traz arrepios pelo corpo
Que me deixa zonza e tonta com palavras indecentes
ao pé do ouvido?
Alerta geral!
Quem é este estranho que me deixa de pernas bambas e
tolinhas?
Para dizer a verdade tive medo de você.
E você folgado foi tomando posse do meu meu corpo.
Do meu corpo.
Código vermelho! Perigo!
Instintivamente recuei. Nada sério, melhor terminar.
Terminei.
E na segunda-feira lá estava você na saída do
trabalho
As pontas dos dedos tocando os meus dedos
Reascendeu a vontade louca de me entregar a você,
Ali, na rua mesmo. Primeira recaída.
Fácil terminar blá blá blá blá no celular.
E aí você me aparece assim
Com seu cheiro avassalador...
O jeans rasgado, camiseta Lacoste e o tênis Nike de
brechó.
Toca de leve meus dedos e cedi.
Encontros loucos, motel vagabundo
Mas é lá que quero você.
Melhor terminar...Terminei.
Você não aceitou. Uma, duas, três recaídas.
Como resistir a você?
O medo da dor me aconselha fugir.
Invento barreiras, bloqueio você no meu celular
Puxo brigas para terminar. Terminamos.
Como foi duro não atender o celular.
Bloqueio total: incluindo chamadas anônimas vindas de outros
celulares.
Você que desdenhou o término e apostou:
Na segunda-feira você estará com a lingerie branquinha.
Deus como foi difícil a segunda-feira
Como foi terrível a terça-feira
Você me chamando
E eu quero você como nunca...
Não posso. Endureço.
Quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira...
Se você aparecer estou perdida:
Recaída.
Você não apareceu...
Estou salva! De que?
Daquela dor terrível que me amedronta
A dor de perder você.
Então sento num barzinho, escrevo:
Salva, estou salva do amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário