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sábado, 27 de dezembro de 2014

BRAZIL: SONHO...logo existo!

SURREALISMO REAL

www.google.com.br/images.A persistência da memória, Salvador Dali.

Sérgio Antunes de Freitas

Segundo a corrente de arte conhecida por surrealismo, a manifestação artística deve ser absolutamente livre, inclusive livre da razão. Por isso, é inspirada nos sonhos, no trabalho de nosso inconsciente, no bom humor, em particular naquele conhecido como “non sense”.
Dessa forma, o surrealismo tem uma forte e indiscutível vinculação com a nossa realidade, ainda que virtual, ou seja, não é tão surreal assim. Vemos e vivemos, de fato, nossos sonhos. E até reagimos, a depender dos sentimentos que eles nos provocam nas horas do merecido descanso físico.
Estudiosos afirmam que o sono tem quatro fases e que os sonhos ocorrem na quarta fase, a mais profunda.
Contudo, logo na primeira fase, quando estamos nos afastando do estado de vigília, já acontecem pensamentos aparentemente desconexos, com fragmentos de memória relativa à realidade ou a outros sonhos.
A lógica fica parcialmente ou totalmente alijada da brincadeira.
Aí, podemos ter sonhos bons, neutros ou pesadelos.
Uma das formas de se ter pesadelo é comer uma suculenta rabada uns quinze minutos antes de dormir. A mulher costuma sonhar que ficou tão gorda e, por isso, seu namorado incompreensivo a abandona no altar. O homem sonha que está grávido de um pesado sapo daqueles de ferro, que seguram portas de casas de fazenda, para o vento não fechar.
Na maioria, esses sonhos ou pré-sonhos são neutros ou levemente incômodos.
Dia desses, sonhei com o Flávio, mas não era um dos meus conhecidos.
De repente, sumiu o acento do nome do Flávio e ele começou a cair para frente. Eu corri e fiz outro acento com a caneta esferográfica. Ele se estabilizou, silencioso. Mas, dali a pouco, o acento girou e passou de grave a agudo! E olha o Flávio caindo de costas.
Acordei cansado de tanto segurar aquele corpo gordo e procurar a caneta, que insistia em cair dentro de um balão volumétrico de laboratório de química!

www.google.com.br/images Salvador Dali


Outro dia, no meio de uma partida de futebol onírica, em que eu jogava de atacante, apareceu um zagueiro enorme, no molde dos titulares de time da terceira divisão, que tem por gosto jogar os adversários contra o travessão do seu próprio gol. Ele veio embalado em minha direção e eu corria feito a mentira. E já nem estava com a bola, mas ele não desviava. Acho que ele queria me intimidar esportivamente! Acordei procurando o creme de arnica!
Houve também o devaneio em que uma simpática professorinha me pediu para ajudá-la a conter um garotinho da creche, impossível de ser dominado pela disciplina convencional.
Ele vivia enfiando o dedo na orelha das outras crianças e não parava, segundo a tia. Um terror para os coleguinhas!
Peguei o danadinho no colo, para que cessassem suas ações, enquanto tentaria alterar sua atenção para qualquer outra coisa.
Mas ele começou a enfiar seus dedinhos nas minhas orelhas. E no meu nariz! E na minha boca! Parecia que tinha três mãos e dezoito dedos!
E eu é que não conseguia mudar minha atenção.
A alternativa foi acordar e festejar o fato de que, pelo menos, exatamente aquela peste não existia.
Há também os sonhos bons, nos quais recebemos notícias alvissareiras, resolvemos nossos problemas, ganhamos na loteria, mas, inversamente, o pesadelo acontece quando acordamos.
Nesse contexto, é perfeitamente possível compreender o porquê dos relógios derretidos, das borboletas no lugar das velas do navio, ou no lugar das hélices dos moinhos de vento, dos elefantes com pernas finas, da gema do ovo como o sol, dos abstratos com formas humanas, nas telas de Salvador Dali.
www.google.com.br/imagesSalvador Dali

Sérgio Antunes de Freitas
24 de dezembro de 2014

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