RESILIENTE versus ASSERTIVO
Marina da Silva
Quase pulei da cadeira!
Uma frase firme e enfática sobre compra/venda/revenda e lá estavam elas, as
palavrinhas de merda que na era globalizada fazem parte do vocabulário de
qualquer “consultor”, pessoas que sabem nada de coisa alguma e recebem alta
grana para falar bobagens em empresas sobre motivação e cooperação no trabalho:
resiliência e assertividade.
Assim como existem
palavras doces, cruéis, suaves, pesadas, torpes, delicadas, amargas,
solidárias, hostis, engraçadas, safadas etc e tal, existem palavras de merda, chatas,
cacete!
_Você não está sendo
assertiva! Disse a ela o homem. Eram dois colaboradores de uma tal empresa no
saguão de um hotel de negócios em Curitiba, onde eu estava a passeio, mas,
trabalhando num artigo para publicar no blog. Era uma área aberta para
cafezinho ou uma bebida, um jornal, enquanto se aguarda qualquer coisa.
Ela no mesmo tom alto e nada
condescendente, retrucou que o problema dele era resiliência! A temática da
discussão era um assunto imbecil, destes em que as partes estão mais
preocupadas em F*@.com o colega do que jogar no mesmo Team, na mesma equipe, como quer o mundo
empresarial que exterminou chefias e gerências e formou equipes de colaboração
que jogam o mesmo jogo disputando o emprego para resolver tarefa simplórias. E
a tarefa em questão era reportar ao técnico, o líder da equipe de
compra/venda/revenda qual o valor usado para cálculo do preço que a empresa
fornecedora usava para a revendedora e esta para clientes e tirar a média de
lucro. Os dois colaboradores, laptop na mesa, Iphones a postos se digladiavam
sem se importar com as outras pessoas presentes que tentavam ler jornais,
assistir Tv, conversar ou publicar um
artigo no blog. Embora tentassem fazer parecer que o assunto deles era de
transcendental importância para o J. P. Morgan, Banco Saches, agência Fitch
& Moods, índice Dow Jones/bolsa de Nova Iorque, a verdade é que o mega
cálculo que o assertivo e a resiliente deviam fazer envolvia meramente razão,
proporção, regra de três simples, média aritmética e cálculo de lucro, disciplina
do ensino médio! Mas ambos os dois,
querendo ferrar um com o outro e fazer bonito para o grande líder transformaram o recanto de
café e paz em campo de batalha e briga de torcida de futebol de terceira
divisão! Falavam a mesma coisa de trás para frente usando palavras supérfluas,
insípidas e inócuas. Não contente com a falta de assertividade de ambos, a
resiliente resolveu acabar com a pendenga ligando para o supervisor, pedindo
mediação em alto, bom som e em viva voz! Como nenhum dos argumentos tinha força
para se impor sobre o outro, a esperteza, ops, resiliência, venceu a força,
uia, assertividade. A colaboradora cheia de lábia enrolou o supervisor numa
teia de informações complexas de nada e ele para se ver livre dos dois bateu o
martelo assertivamente.
O resiliente, mesmo
levando uma assertivada na cabeça não se deu por vencido e ambos, assertivo e
resiliente continuaram cada um e cada qual defendendo teses doutorais sobre o
mesmo caminho, uma linha reta, para o cálculo absurdo de regra de três! Haja resiliência!
Sem muito saco, após varias olhadas intimidativas, que eles assertivamente
ignoraram- regra egoística geral no mundo da alta competitividade- os demais
mortais a passeio ou a trabalho em Curitiba partiram em debandada para o outro
lado da sala ou mesmo para a rua!
Eles ficaram lá naquela pendenga
inútil desperdiçando qualidade de vida e um dia maravilhoso até que o
colaborador fingindo educação partiu para o elevador. A colaboradora ficou lá,
triunfante; extremamente só, com sorriso bobo num rosto babaca, feliz por ter
vencido o adversário esquecendo-se totalmente que estavam no mesmo jogo e lado
do campo!
Afff! Senti raiva, pena,
dó e...saí atrás do sol curitibano. Não há assertividade ou resiliência que
resista à bela capital do Paraná que merece as mais belas palavras pela beleza,
limpeza, organização, riqueza de parques, praças, bosques e sua gente! É lógico
que Curitiba padece dos problemas de toda grande cidade, metrópole, megalópole,
mas vê-se que é melhor administrada do que Belo Horizonte, só a título de
exemplo, cuja palavra que me vem a cabeça para descrever é: “desadministrada”!
Fiquei resiliente, positivamente. Não tenho procuração para falar em nome dos curitibanos, mas agradeço a referência, a assertiva laudatória, apologética, enaltecedora, encomiástica, laudatícia, panegírica, predicatória a minha cidade.
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