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sábado, 12 de janeiro de 2013

BRAZIL: JOÃO DE BARRO, O PEDREIRO DA FLORESTA!

João e Joana

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Zé Pí

        O casal era uma graça. João, felicíssimo, voava pra lá, voava pra cá, descia até ao pé da árvore e sempre, pacientemente esperava cantando até que a Joana descesse também. A lindinha se fazia desinteressada, era só umas olhadelas fingindo que “não é comigo”, até que um dia não resistindo mais ao charme do rapaz, cedeu, ou melhor, ela desceu.

                                         
 
    
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Foi a dica para que eles começassem a batalhar para conseguir numa árvore, um ponto alto, forte e oposto ao vento; um ipê, um jatobá, pequizeiro, não muito longe do córrego que alagava a várzea.
Coitados, naquele lugar essas árvores já haviam virado carvão, ensacado e vendido para siderúrgicas ou churrascaria. Sobrou apenas arbusto e capinzal. Voaram, voaram por toda a região e quase um dos dois foi alcançado por um gavião que ao primeiro mergulho e grito forte do João, desistiu da caçada.
         É assim na natureza, uns devem morrer para que a cadeia da vida se sustente. O casal também é predador de grilos, minhocas, borboletas, lagartinhas e besouros.
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Ao final da tarde o casal decidiu construir a casa na travessa do poste de eucalipto da rede elétrica rural que acompanhando a estrada, estava fincado no topo da colina dando do alto, uma vista geral da região. Agora, ainda antes de anoitecer, o João aconchegou a companheira na casa dos pais dela e começou a tarefa de fazer bolinhas de barro, amassando detritos de grama seca e lama e tome pisadinhas para misturar tudo muito bem. Foram quase duas semanas de vai e vem trazendo bolinhas de barro, colocando umas sobre as outras e com o bico, dando a forma arredondada que todas as casa de”João de Barro” têm.

                                              
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 Essas aves aprenderam coisa ruim com os humanos, construindo uma casinha sobre outra e outra; verdadeiros condomínios; talvez falta de árvores ou gosto duvidoso... Dos passarinhos...

         Já se foram dois meses e hoje encostou ao lado do poste o caminhão de manutenção da rede elétrica, para observar o estado dos isoladores e da madeira.  O funcionário teria de trocar a travessa. Ficou por quase uns trinta minutos encantado, olhando fixo para a portinha de onde dois corpinhos pelados, olhos ainda fechados, mas de biquinhos bem abertos, esperavam o papai ou a mamãe com alguma comida. Retirou um bloquinho do bolso, lambeu o toco de lápis e anotou com autoridade: 
                                 

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 Atenção: A travessa do P 3468 do Brejinho da Serra só poderá ser substituída daqui a 45 dias, quando os filhos do Senhor João e Dona Joana de Barro já estiverem voando.
Curvelo, 14 de fevereiro de 1979.
         João de Barros e Silva

         Técnico de manutenção de rede e motorista da Cia de Luz e Força.

3 comentários:

  1. Marina, amiga querida, não é surpreendente como a natureza se renova, se adapta, apesar de nós, os seres humanos, arrogantes, que nos julgamos donos de tudo e vamos empurrado nossos irmãozinhos, os animais, de seus habitats, obrigando-os a manobras inteligentes para sobreviverem nesses novos tempos conturbados? Deveríamos aprender com eles e respeitar mais a nossa casa, o lindo planetinha azul onde nos foi permitido viver. Linda crônica. Você me permite compartilhá-la com meus amigos virtuais? Se der o seu sim, vale a pena fazê-lo. Beijinho, Angela
    http://noticiasdacozinha.blogspot.com

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  2. Angela,
    Claro que vc pode compartilhar e estou autorizando em nome do autor Zé Pi que certamente ficará honrado com seu apreço pela linda crônica!Abrço. Marina

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  3. Alô Angela,
    Um super muito obrigado pela atenção aos meus textos.Você, eu e felizmente a maioria da humanidade preservamos o que temos de melhor, principalmente, o amor à natureza e à todos os seus componentes.Use e abuse dos meus rabiscos e, como você entender correto como é o natural dos educadores como nós!
    Um abraço fraterno.
    Zé Pí

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