CALMA AÍ, GAROTAS!
Sérgio Antunes de Freitas
Vamos parar com essa generalização, ao afirmarem que a violência contra as mulheres é culpa dos homens.
Estamos ultrapassando um período de obscurantismo, no qual essa violência foi admitida e até alimentada na esfera política. As reações para combater a perversidade foram legítimas, mesmo quando exageradas, mas a defesa das mulheres precisa ser aprimorada. E muito!
Não podemos dar vivas às diferenças, se elas levarem a conflitos, a infelicidades, a crimes.
Na verdade, mesmo os homens agressores não foram os únicos agentes nessa situação hedionda.
E eu já vou adiantar de quem é a culpa!
No meu modo de ver, é do falso moralismo, um preconceito enraizado na sociedade e retroalimentado diariamente por muitos homens e mulheres.
O falso moralismo confunde nudez com sensualidade!
Confunde naturalidade com sexualidade!
Confunde relação entre gêneros com pornografia!
E tudo isso interfere na formação das crianças e adolescentes.
Uma vez, vi alguns meninos e meninas, na faixa dos seis ou sete anos de idade, todos nus, tomando chuva, correndo e brincando felizes no jardim de uma casa. Era uma cena de pureza, da inocência de seres humanos ainda não contaminados pela maldade dos olhos. De repente, surgiu o grito da mãe: - Menina, vai colocar um short!
Pensei: por que só a menina? Por que o anglicismo “short”? Por que só o short? Isso mostrou bem a formação influenciada da mulher.
Por conta disso, a educação das meninas é completamente diferente da educação dos meninos. Há um abismo entre as duas.
As garotas, mais complexas sexualmente, no físico e na mente, aprendem com suas mães, tias, amigas, revistas femininas, a buscar o romantismo, os sonhos, a harmonia e a cumplicidade na vida a dois, com vistas à maternidade e à felicidade. Elas se preparam para serem cortejadas com respeito e provocarem com elegância seus possíveis parceiros.
Esperam os homens agir como aqueles pássaros que cantam, dançam, se enfeitam, para agradar à fêmea pretendida.
Para os garotos, isso é “coisa de mulherzinha”!
Na minha pré-adolescência, da maior parte dos assuntos sobre mulheres, tomei conhecimento na rua, com amigos mais velhos. O mote dos comentários sempre era a conquista das mulheres pela virilidade, pela imposição dos desejos, pela escamoteação de sentimentos, pela enganação. A mulher existia para servir aos homens e seus caprichos. Muitas vezes, ouvi a frase: “a mulher e a lei nascem para serem violadas”. E as palavras nesses “ensinamentos” eram as mais chulas possíveis. Coisa de macho! E tudo era normal nas conversas!
Ao contrário das malícias charmosas das meninas, as dos rapazes eram agressivas.
Com a idade, aprendi, com as mulheres e com as boas leituras, como se deve tratar as semelhantes. E passei a sugerir aos mais jovens como conquistá-las.
A mulher gosta de rir e de atenção carinhosa! Deve-se olhar para ela com amor, falar com doçura, tentar desvendar seus segredos mais belos, descobrir seus desejos mais ocultos e, se possível, realizá-los. Ela precisa ser abraçada, beijada, elogiada, acariciada com gosto e respeito. Tudo, claro, com o consentimento da moça!
Agindo assim, mesmo não havendo o sucesso desejado, o galanteador conseguirá admiração e amizade, o que pode ser um valioso diferencial no futuro da vida.
Isso é educação sexual e deveria ser ensinada nas escolas e nas famílias.
No ensino formal, deveria haver uma matéria denominada “Educação do Comportamento”, na qual, além disso, seriam ministrados princípios de anatomia humana, biologia, puericultura, relacionamento social, compreensão da homossexualidade e outros assuntos.
É matéria mais importante que a famosa “Educação Moral, Social e Cívica” tradicional, pois deve-se mais respeito a uma mulher real que a uma bandeira simbólica.
Paradoxalmente, quando houver a verdadeira igualdade, poder-se-á celebrar: Viva a Diferença!
Sérgio Antunes de Freitas
Março de 2023
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