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quarta-feira, 13 de abril de 2022

BRAZIL. AMAR A POPULAÇÃO

 ARMAS INSANAS

Sérgio Antunes de Freitas

“O cidadão precisa de armas para se defender” – dizem os armamentistas. Mas os traficantes nos morros, por exemplo, vivem armados até os dentes e amanhecem com a boca cheia de formigas todos os dias.
Um amigo mais comedido, vítima, porém, de doutrina neoliberal, diz ser a favor da venda de armas sem limitações. E justifica: “cada um exerce seu direito de compra, se quiser”.
Nessa afirmação, já existe uma boa dose de consumismo. Para muitos, as armas são sonhos de consumo, como carros, aparelhos eletrônicos, roupas de marca.
A propaganda desses brinquedos assassinos vem desde os filmes de faroeste e chegou aos vídeos enlatados de hoje, cujo objetivo é colonizar e não entreter.
Então, vamos a uns casos, para efeito de esclarecimento.
Um trabalhador, ganhando até um salário-mínimo por mês, como a maioria dos brasileiros, pode comprar um revólver de seis tiros, calibre 22, em 12 prestações de 500 reais, nessas lojas de departamentos. Basta ele e sua família ficarem um ano sem se alimentar satisfatoriamente. E, quando sobrar mais alguns, vai comprar as balas!
Opcionalmente, ele pode comprar algum revólver mais barato na Feira do Rolo, sem saber a procedência e correndo o risco de ser preso por receptação de artigos roubados.
De uma forma ou de outra, ele volta para casa feliz da vida, fazendo o estúpido sinal de arminha. Desinformação pura!
Um policial, igual ao meu amigo neoliberal, ganha muito mais e dispõe de um armamento muito melhor, como pistola automática com pente de 20 tiros, calibre 45, mira a laser, muita munição dentro da validade, treinamento profissional, colete à prova de balas, capacete, óculos de visão noturna e outros equipamentos protetores.
Tudo pago com recursos públicos!
Se os dois, por alguma confusão imprevisível, entrarem em conflito, quem ganha? O policial ou o nosso super-herói, o Mané?
Mesmo um bandido pé-de-chinelo é mais treinado e mais decidido que um Mané!
O trabalhador ainda corre o risco de um acidente doméstico ou ter sua arma roubada por um marginal que venha a saber de sua propriedade. Quando um delinquente sabe de um revólver de bobeira, ele entra no lugar de qualquer jeito, a fim de surrupiá-lo. E, aí, é mais uma ameaça contra todos, inclusive policiais, vítimas preferenciais dos bandidos.
E, se um policial é miliciano, o Estado passa, ainda, a ser financiador do bandido.
Essas assimetrias sociais nunca são consideradas pelos armamentistas ou pelos interesses econômicos que defendem.
As forças de segurança nacionais devem ser muito bem equipadas, claro, mas também devem ter uma ética fortíssima, pois são bem pagas para defender a população e não para atacá-la, submetê-la ou oprimi-la.
E, muito menos, para tomar o poder, covardemente, à força, seja de forma direta ou dissimulada!
Se essas forças cumprirem seu papel, com honestidade, inteligência e competência, não será necessário armar a população com revólver de seis tiros.
É muito difícil convencer as pessoas de não haver bem mais valioso que a vida.
Sérgio Antunes de Freitas
Abril de 2022


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