PRESÉPIO DE PEDRAS
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Sérgio Antunes de Freitas
Em um dezembro muito distante, em razão do meu trabalho, fui à casa de uma família bastante pobre.
Eu estava conversando com o casal, do lado de fora, quando sua filha de uns cinco anos me puxou pela mão, dizendo: - Vem ver nosso presépio!
A mãe enrubesceu e tentou evitar minha entrada no casebre: - Filha, o moço está com pressa!
Desconversei, pedi licença e entrei!
No canto de umas das poucas paredes, havia uma banqueta rústica, com uma pequena toalha de crochê no tampo. Por cima, alguns seixos rolados, dispostos na forma da famosa cena.
No centro, uma palha de milho seca e uma pedrinha em cima, a mais brilhante de todas. Certamente, a obra foi feita pela própria mãe.
Dominei a emoção e, com alguma desenvoltura, descrevi a história e os personagens para a garotinha, atenta, com o queixo apoiado no canto da peça, os ouvidos certamente apurados e os olhos brilhando.
Quando me despedi, a mulher, sorrindo, ainda meio envergonhada, me falou o
obrigado
mais significativo que já escutei.Já casado, na expectativa de filhos, em situação econômica muito difícil, fui a uma feira de artesanato e vi um conjunto de poucos componentes, ao alcance do meu bolso. A palha na cobertura da caixa de madeira, a manjedoura, me remeteu ao episódio do presépio de pedras.
Na primeira montagem dessa aquisição inesperada, minha memória passeou pelo primeiro, com muitas peças e a estrela-guia dourada, na casa de meus avós. E por tantos outros, em vitrines, residências, prédios comerciais, parques, praças.
Alguns apresentavam apenas o menino Jesus entre bolas de Natal e outros enfeites. "A simplicidade é o mais alto grau de sofisticação", disse Leonardo da Vinci.
Aprendi a entender o sentido da remontagem daquela estrebaria feita de maternidade. Além do significado religioso, é uma maneira de oferecer aos amigos uma dose dos valores mais sublimes da vida.
O fato de ser bem feito, cheio de santos e animais, ou barato, desgastado pelo tempo, talvez uma herança de profundo valor sentimental, não altera a valiosa oferta visual às pessoas queridas e mesmo às desconhecidas, em uma onda invisível de fraternidade.
Um presépio maravilhoso jamais será considerado ostentação.
Neste tempo, a igualdade se faz entre os homens, ainda que só nos corações.
Ao longo da vida, tive a oportunidade de comprar outros, mais exuberantes, mas jamais poderia descartar ou deixar em segundo plano o “nosso presépio”, aquele responsável pelos primeiros sorrisos mágicos nos rostos das crianças, aquele que sempre me deixa indescritíveis lições de humildade, de modéstia, de calor humano.
Portanto, apresento a vocês a imagem do nosso santo presépio, com votos de um Feliz Natal e de esperança a todos.
Espero também receber de volta uma foto dos que abençoam suas casas, se houver e se eu e outros amigos formos merecedores dessa distinção.
Basta colocar na sua página.
Abraços fraternais
Sérgio Antunes de Freitas
Dezembro de 2021
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