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quarta-feira, 4 de julho de 2018

BRAZIL CORRUPÇÃO. RESISTÊNCIA... "MAIS HONESTO AINDA VOU FICAR" Tom Zé

BOCA DO INFERNO
Marina da Silva


“(...) o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominados de fora _ é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga”. E. Galeano.


Era assim conhecido o poeta barroco, nascido na Bahia em 1636, Gregório de Mattos e Guerra. Não tinha papas na língua nem meios termos nem condescendência com a miséria humana da sociedade de sua época.
Sua pena ferina não poupava ninguém: padres, governantes, negros, brancos, ricos, pobres, escravos, senhores, homens e mulheres que chafurdavam na lama da corrupção, promiscuidade, roubos, falcatruas, licenciosidade, ignomínia.
Sua boca zombava e denunciava de forma crua e escancarada toda a safadeza e torpeza da vida social, econômica, política e eclesial da Bahia de seu tempo.
Engenhosa, ácida, cortante, sua língua desferindo golpes precisos ia desvelando iniqüidades, roubalheiras, rasgando o véu hipócrita que acobertava a podridão de políticos, clérigos, freiras, mulatos, prostitutas. Gregório não poupa ninguém!
 E é exatamente um Boca do inferno que não se verga, não se vende, não se põe de quatro nem se ajoelha aos poderosos donos do Brasil, caciques e coronéis da política que fazem não só de Brasília, mas do país inteiro um imenso puteiro, um antro de ladrões, larápios, carniceiros, que necessitamos com urgência urgentíssima. Contra esta canalha, Guerra!
Nunca Gregório foi tão preciso e tão atual para desancar e destronar estes políticos corruptos, essa gentalha infame, salafrários, velhacos, empoleirados luxuosamente, desviando verbas de obras públicas, fraudando eleições, licitações, recebendo e pagando propinas, cedendo favores espúrios para aliviar dívidas de empreiteiros, cervejeiros, usineiros, banqueiros e muitos outros biltres como eles; condenando milhões de cidadãos brasileiros, a mais vil e desumana miséria, a uma pobreza extrema e vergonhosa que desmoraliza, enfraquece o espírito, desanima!
Do mais profundo inferno gritaria o poeta: indignidade, corrupção, roubo, promiscuidade não são sinônimos de falta de decoro, parlamentar! São abomináveis crimes contra a nação e seu povo e como tais devem ser punidos rigorosamente em nome da justiça, da ordem, do Estado, da honra.
Ladrão é ladrão, corrupto é corrupto, velhaco é velhaco e todos devem ser destituídos do poder e postos a ponta-pé para fora do parlamento brasileiro, do judiciário, da administração do país sem direito a volta por qualquer tipo de manipulações, manobras e maracutaias.
Qual representatividade que nada! Diria Gregório de Mattos. Eleição é uma farsa, a democracia uma enganação! Políticos imbecis, cretinos, cafajestes, tratam os cidadãos como asnos, gado sem nenhum valor além do fato de referendar, pelo voto, seres ignóbeis, vermes abjetos e sua política de bandalheira, roubalheira e sacanagem.
Gregório de Mattos e Guerra não só não se calaria como destilaria todo um arsenal de verdades nas fuças destes nojentos indignos e desprezíveis que mancham um povo e sua nação.
Não perdoaria as festas, manifestações de apreço e desagravo compactuando com o indigno, não os toleraria desfilando na mídia com suas esposas, amantes, partidários, aliados, comparsas, sorrindo e debochando dos cidadãos, vilipendiando e fazendo pouco de um povo e de um país rico, imenso e que vive um momento memorável, uma enorme potencialidade de crescimento econômico e social a deslanchar neste século XXI que apenas começa a florescer.
Desgraçados, hipócritas, idiotas!  Bradaria Gregório. Não passam de políticos 1,99, de quinta categoria, uns celenterados incapazes de entender este momento, entender o seu tempo, as possibilidades reais de desenvolvimento do Brasil, por estarem imersos em querelas mesquinhas por migalhas de um ilusório poder, brigas partidárias, manipulações de banqueiros, cegos para qualquer coisa para além de seu cercado, da ração diária, das fezes que dia após dia defecam. Não sabem governar suas latrinas e se arvoram a mandar no Brasil inteiro.







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