Assombração
www.google.com.br/images. Manuelzão.
Zé Pi
O vaqueiro chegou, apeou e foi logo pedindo uma, depois outra. Enrolou o farelinho goiano na palha de milho, puxou a binga de gasolina e...Fêz-se a luz, digo labareda e fumaça. Cuspiu de lado e gaguejou:
-“Cês num vão acreditá mais tem uma luz piscando, piscando lá no meio do pasto, de divera”!
Os presentes foram embora um a um prá suas casas espalhando o fato. Meu avô, que não acreditava em qualquer coisa, propôs ao vaqueiro:
-Vamos lá amanhã lá pras meia noite tirar a limpo?
O vaqueiro medroso “sartô de banda”:
-De jeito nenhum, Deus qui me livre!
No outro dia, lá pras meia noite, Seu Joaquim montou na égua branca e foi ver a tal de luz. No meio do pasto parou o animal; calmamente olhou os arredores e viu a tal de luz.
Enfiou a mão na algibeira do paletó e segurou firme o seu terço de contas de lágrimas de Nossa Senhora e avançou em direção à luz.
Foi chegando... Chegando... Cada vez mais perto da luz até distinguir um murundu de cupinzeiro enxameado de larvas de vagalume acendendo e apagando.
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Seu Joaquim tirou o chapéu e abanou sobre o cupinzeiro e as larvas fugiram para dentro das tocas e a tal luz se apagou de vez.
Fim do mistério da tal luz assombração. Restou-me a lembrança de uma cantiga de roda que nós cantávamos, girando um tição aceso no alto das cabeças:
-Vagalume, lume, lume, Tum, Tum,Tum, Tum. Seu pai tá aqui, sua mãe tá ali. Larga o saco no caminho e vem pra mim. Quando conseguíamos pegá-los eram colocados num vidro transparente e junto ao travesseiro e assim que apagavam as luz do quarto, tínhamos luz de vagalumes.
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