SOCIALISMO POSSÍVEL
Marina da Silva
Que a descrença no socialismo/comunismo vem de longa data - Gyorgi Lukács vaticinava o “fim do sonho” e o “começar de novo em outro lugar” em meados do séc. XX - qualquer “esquerdista roxo, ops, vermelho” sabe! Nessa era ultra tecnológica a decepção com o “real” do socialismo/comunismo (Cuba, China, Coréia do norte, ex-URSS...) pode ser rastreada ainda nos anos setenta. Nos anos oitenta Michael Gorbachev dava uma outra orientação para o socialismo das repúblicas soviéticas (Glasnost, Perestroika) enquanto Inglaterra e Estados Unidos fincavam a ferro e fogo as bandeiras do neoliberalismo com M. Thatcher(1979) e R. Reagan(1980). Cuba virou ilha da fantasia e Coréia do Norte um império do mal fadado comunismo! A China é outra estória: toda a revolução [Mao zedong a Deng Xiaping] vai gerar um dragão híbrido que criará o impensável: o mutante capitalismo-comunista que tornou a China na 2ª maior potência capitalista do planeta! Nos anos noventa os europeus sentiram na pele a “desconstrução” do Welfare State e os maiores colaboradores para a derrocada, segundo P. Anderson, foram os países-modelo do bem-estar social (Dinamarca, Noruega, Suécia) que abraçaram o neoliberalismo despudoradamente. Os anos 2000, séc. XXI, tem como marca a quebra do império norte americano com os ataques de 11 de setembro de 2001, guerras étnico/raciais e muitas manifestações violentas, xenofóbicas e terroristas contra a globalização, reformas neoliberais, destruição do “bem-estar” e direitos sociais e trabalhistas e ainda contra a voracidade especulativa do capital financeiro que jogou o mundo em crises constantes, um verdadeiro cassino! Totalmente desbotada, a bandeira socialista virou “socialismo possível” ou mero discurso falacioso! Em 2008 a maior de todas as crises financeiras, que teve seu epicentro nos Estados Unidos [crise sub-prime], desmantelou a hegemonia estadunidense sobre o mundo! E não ficou só na América do Norte; espraiou-se para a Europa fragilizando a união dos estados europeus-UE pela inércia e/ou ações tardias para conter o aprofundamento da crise.
www.google.com.br/images. Marcha dos indignados. Espanha. 2011.
Quando a crise atingiu seu paroxismo o que se viu foi o mesmo que ocorreu na primeira potência capitalista, os EUA, a socialização do prejuízo para a população com medidas de salvamento de capitalistas e a imposição de medidas de arrocho e penalização aos trabalhadores ativos, aposentados, enfim, povo.
Quando a crise atingiu seu paroxismo o que se viu foi o mesmo que ocorreu na primeira potência capitalista, os EUA, a socialização do prejuízo para a população com medidas de salvamento de capitalistas e a imposição de medidas de arrocho e penalização aos trabalhadores ativos, aposentados, enfim, povo.
www.google.com.br/images A nação grega em ruína!
A crise na Europa levou a classe média, os pobres, os imigrantes legais, os indocumentados, os desempregados a reação. A “resistência” veio com as marchas da liberdade e contra o capitalismo considerado “um crime organizado” contra a sociedade! Occupye Wall Street, Espanha indignada, greves e passeatas na Grécia, Itália, Portugal, Irlanda.
www.google.com.br/images Indignados, espanhóis da Catalunia reacendem o sonho separatista! Querem um novo estado europeu! "Defeito" colateral da crise financeira na Europa.
Tudo isso culminou em explosões sociais graves em 2010/2011 quando o aprofundamento da crise na Europa piorou o que estava ruim e levou a “falência” nações como Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda, Itália, só para citar os mais atingidos. As medidas de salvamento de capitalistas jogaram o ICP- índice de Confiança nos Políticos abaixo do zero e o inacreditável aconteceu: o FMI ditando regras, um pacotão de medidas drásticas e penalizantes para serem aplicadas tal qual receita de bolo em nações tão díspares e complexas!
www.google.com.br/images FMI quer: privatizações, cortes nos gastos sociais e desemprego!
Ingerência do FMI no “terceiro mundo” é rotina, mas na Europa? Impensável! Terrorismo na Noruega, Inglaterra, França, greves na Grécia, passeatas na Espanha, Occupy Wall Street nos EUA, partido Pirata no poder na Alemanha, futuro ausente para os jovens, classe média estrangulada, “Bem-estar” destruído e a desconfiança nos políticos levantam a bandeira Anonymos contra uma democracia representativa ilegítima e de interesses capitais espúrios! Qual a saída? Existe luz no fim do túnel? Quem poderá nos salvar, clamam os governos? E a resposta estava na “democracia” brasileira, o socialismo made in Brazil - leia-se promiscuidade político/partidária em nome de “governança”! Política conhecida como “É dando que se recebe” ou “toma lá dá cá” tendo como “pai-fundador descarado”, José Sarney, representante do que há de mais execrável na política Brazuca! Metamorfoseado em Capitalismo Co-responsável, o jeitinho brasileiro de governança à esquerda virou Socialismo Possível tipo exportação. “Socialismo possível” é a regulação social e dominação neoliberal via adesão ideológica voluntária ou voluntariamente imposta com a ajuda da mídia - império do discurso populista e falacioso encobrindo cada vez mais a concentração de rendas! A dominação/alienação ideológica transforma o estado de Bem-estar-social em utopia e impõe aos povos o life style 1.99, genérico (material e espiritual)!
www.google.com.br/images ““O Brasil Carinhoso faz parte do grande Programa Brasil sem Miséria, que estamos desenvolvendo com sucesso em todo o território nacional. Será a mais importante ação de combate à pobreza absoluta na primeira infância já lançada no nosso país”, disse Dilma Rousseff. O primeiro eixo do programa, que deve beneficiar cerca de 4 milhões de famílias, vai garantir uma renda mínima de R$ 70 a cada membro das famílias extremamente pobres que tenham pelo menos uma criança nessa faixa etária, sendo um reforço ao Bolsa Família. “
No socialismo Possível ou Capitalismo Co-responsável o desempoderamento do cidadão é a conditio sine qua non para salvar políticos/empresários/governos de todos os ramos e o próprio sistema capitalismo dando-lhe fôlego! É imprescindível transformar ou manter a população no status vira-lata, cidadão de quinta categoria em eterno estado de mendacidade o que é fácil de produzir através de duas estratégias políticas: o pessimismo esperançado* e/ou otimismo desesperançado*, o mesmo que terceirização da vida. As duas formas podem ser usadas simultaneamente e/ou alternadamente ao gosto dos donos do poder! Como o Brasil virou “a bola da vez” dando receitinha para combater crises financeiras? É preciso retornar ao século passado, anos 90 no auge da especulação, volatilidade financeira, quando o mercado virou sujeito e vários sujeitos como George Soros pintaram e bordaram com economias nacionais: crise nos EUA, Tigres asiáticos, Japão que até ontem não tinha se recuperado, crise da Argentina e Brasil vítimas da crise do México, uma ressaca Tequila! Um nome desponta no cenário brasileiro do Socialismo Possível ou como ele mesmo gosta de denominar, Capitalismo Co-responsável: Fernando Henrique Cardoso, presidente sociólogo de esquerda, mais conhecido como FHC!
www.google.com.br/images Esse sim, é o cara, ops, a cara do socialismo possível!
Para Emir Sader, “FHC teve a audácia de assumir o modelo neoliberal adotado por François Mitterrand, a partir do seu segundo ano de governo, e por Felipe Gonzalez, desde o começo. Acreditou no Consenso de Washington, de que qualquer governo “sério” teria que adotar as suas recomendações, não apenas cuidando dos desequilíbrios fiscais, mas centrando seu governo na estabilidade monetária. A passagem dos governos Thatcher e Reagan aos de Blair e Clinton dava a impressão a um observador superficial que, qualquer que fosse o governo, o ajuste fiscal seria o seu eixo. Que haveria que terminar com os direitos sociais sem contrapartidas – como tinha feito Clinton, ao dar por terminado o Estado de bem estar social, instalado por Roosevelt.”
A adoção da “governança ou jeitinho brasileiro", enfim, o socialismo possível será na Europa um brutal retrocesso das conquistas sociais e desenvolvimento humano. É a apologia do mundo C (chulo, do comunismo-capitalista chinês sustentado numa ditadura ideológica cruel e/ou voluntária ou no modelo democrático brasileiro)! Falar de Cuba é estultice!
ww.google.com.br/images Olha nós aí emprestando dinheiro para o FMI "impor" suas regras a União Europeia! Corte de gastos públicos (sociais), responsabilidade fiscal, choques de gestão, congelamento salarial, flexibilização do mundo do trabalho... eis o mérito da questão!
Potência, concentrando riquezas em grupos seletos, PIB de quase US$3 trilhões, o Brazil vive da falácia “País rico é pais sem miséria”... sem miséria na concentração das riquezas produzidas pelos brasileiros e muito econômico na distribuição de rendas via bolsas-esmola!
www.google.com.br/images CAPITALISMO CO-RESPONSÁVEL, Serial entrepreuner: usa o poder X (PPP), uma parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) que virou BNDEX até o X-man, EBX criar o RBX- Royal BancX!
“Socialismo possível” é o discurso político que sustenta o capitalismo CO-Responsável, onde um Mínimo de estado vem agradando gregos, troianos e principalmente aos Estados Unidos da América. Co-responsável desde os anos noventa com FHC, essa “forma” de governo tipo exportação possui dois pilares graníticos: PPP + P. Traduzindo: Parceria Público Privada (o governo entra com o dinheiro público, benesses fiscais, isenções de impostos,doações diversas, vistas grossas aos direitos trabalhistas e ao trabalho escravo, etc) e Philantropia - mil e um “jeitinhos brasileiros” de corrupção, desvio e roubo deslavado do dinheiro público- um paraíso especialmente para empreiteiros, banqueiros, montadoras de automóveis, empresários da agro-indústria (latifundiários), bicheiros, especuladores, etc e tal também com a louvável desculpa de RESPONSABILIDADE SOCIAL!
www.google.com.br/images Lula, Dilma e FHC ( o defensor do capitalismo Co-responsável, o socialismo possível ao século XXI). Se os políticos estão afinados entre si e separados e longes dos interesses da sociedade civil, se a representação do povo no poder é farsa e se não há divergência na política...como a governança brasileira (regime político) pode ser democrática?
Lamentável que o debate: que tipo de Estado teremos/queremos após a crise? Como sair da crise? comece inspirado no Brasil, um país de grande desigualdade social, uma potência econômica que cresce sem desenvolvimento humano e tal qual um iceberg, escondendo e concentrando as riquezas para os ricos e distribuindo aos pobres o mínimo de salário e bolsas-esmolas mesmo tendo no leme e controle o governo da “esquerda socialista/comunista/democrática” de FHC/Lula/Dilma (1994-2012)!
POBREZA NA ALEMANHA
http://www.dw.de/dw/article/0,,15620728,00.html "Na Alemanha 12 milhões sofrem ou estão ameaçados pela pobreza, registrou mais recenterelatório sobre o assunto no país. Região do Ruhr, antigo polo industrial no oeste alemão, é atualmente a área mais problemática."
POBREZA NO BRAZIL
Foto Marina da Silva. Vista parcial do conjunto de favelas Cachoeirinha. Avenida Antônio Carlos. Belo Horizonte. Brazil
Foto Marina da Silva. Trecho da favela que margeia a BR262 , anel rodoviário, próximo ao viaduto São Francisco. Belo Horizonte. Brazil
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