SUPREMACIA
Sérgio Antunes de Freitas
Muito já se disse sobre as palavras servirem como instrumentos de corte. Fazem o bem ou o mal!
Supremacia é uma palavra que se presta muito mais para o mal.
A pessoa nasce em uma família rica, se casa com uma pessoa rica ou ganha um bom prêmio na loteria e passa a defender a supremacia econômica, como se tivesse o mérito de sua fortuna.
A pessoa nasce em uma família miscigenada ao longo dos tempos, mas, por ter nascido com a pele clara, torna-se uma supremacista branca.
Ou, ainda, é de uma família formada, ao longo das gerações, por pessoas nascidas em diversas regiões de um país. Mas, por ter nascido em uma região com tradições específicas, passa a ser bairrista. E se torna preconceituosa com a gente de outras regiões.
No fundo, todos estão defendendo o seu patrimônio material, seus privilégios, seus orgulhos desimportantes. Por isso, geralmente, os tradicionalistas são conservadores.
Um dos sinônimos desse verbete é proeminência, porém, deveria ser prepotência.
Na política, a manifestação da superioridade é eficaz. O candidato usa como isca aquilo que parte do eleitorado quer ouvir. E eles passam a segui-lo, como os ratos seguiram o flautista de Hamelin no conto folclórico. E, assim como na ficção, são levados para armadilhas de falsidades, por exemplo, contra a corrupção e outras.
Desvalorizadores do espírito público são presas fáceis de demagogos.
A supremacia intelectual e a acadêmica são menos perversas, mas precisam ter os limites da modéstia, senão tornam-se vaidades estéreis. Se verdadeiras, trazem uma boa hegemonia, a da verdade.
E, quando a busca pela preponderância humana tem base religiosa, aí, já está mais para a ignorância em estado bruto.
A luta pela primazia social, em qualquer de suas formas, é maligna para a igualdade. É uma versão do egoísmo.
“O egoísmo, por natureza, não tem limites; o homem só tem um desejo absoluto, conservar a existência, eximir-se de qualquer dor, de qualquer privação; o que almeja é a maior soma possível de bem-estar... se dessem a cada um a escolha entre o aniquilamento do universo e a sua própria perda, é ocioso dizer qual a resposta.” (Arthur Schopenhauer)
Em uma sociedade evoluída, o predomínio maior deve ser o da justiça em todos os sentidos. Contudo, existem os estultos que desejam impor suas vontades com o poderio de uma arma na cintura. Na esfera internacional, isto é a supremacia bélica, a imposição de um imperialismo, a submissão de outros povos.
A civilização só chegará a um nível justo de felicidade, quando todos aceitarem apenas o supremo primado da vida.
Sérgio Antunes de Freitas
Julho de 2023
Your posting is highly appreciating one.
ResponderExcluirCarry it on, don’t give up,
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