METAVERSO
Daqui a um século, as pessoas poderão saber o que Machado de Assis pensaria sobre algo que não existiu durante sua vida.
Estranho? Pelo que estamos vivendo de umas décadas para cá, não devemos duvidar da tecnologia.
Há quarenta anos, deixei minha família impressionada, quando liguei um microcomputador na televisão e mostrei uma planilha eletrônica e um joguinho do “come-come”, tudo em branco e preto e baixíssima resolução.
No mês passado, para eu conhecer, meu filho trouxe um óculos de realidade virtual, juntamente com uma luva eletrônica, com os quais pode-se jogar tênis contra o aparelho. Tudo virtual, claro!
Não consegui jogar, pois ainda não estou com o condicionamento necessário para o Australian Open, mas peguei a bolinha no chão e atirei para longe. Foi uma vitória!
Não é difícil deduzir que já se pode jogar tênis, estando em Birigui, contra um adversário que esteja em Osaka.
As empresas estão investindo muito nesse tal metaverso. Acho contraditório o nome “realidade virtual”!
Já existem pesquisas avançadas sobre uma roupa com sensores, com a qual pode-se sentir uma bolada na barriga.
Em breve, poderemos abraçar amigos à distância, sentindo a adorável pressão dos braços e o aconchego de todo o corpo.
Então, teremos a visão, a audição e o tato à distância.
Mas a visão que temos da pessoa já pode ser substituída pela de um avatar, que repete todos os gestos das pessoas, assim como as expressões faciais.
Ou seja, eu poderei dar um abraço na Audrey Hepburn. Oh, my love!
E levar um tapa real na orelha!
Quando desenvolverem o paladar e o olfato, poderemos ganhar beijos perfumados de gente longe. Tudo uma loucura!
As mudanças vão acontecendo e as pessoas vão se acostumando com elas, mas não deixam de ser humanas.
Em uma eventual pandemia ou mesmo sem ela, a mãe poderá acordar o filho, dizendo: - Levanta, toma seu café, escova os dentes e veste o uniforme, pois a aula já vai começar.
Ao ligar a roupa, a criança estará em uma sala de aula, apropriada para os ensinamentos do dia, com sua professora à frente e os coleguinhas em suas devidas carteiras.
Mas não vai ser tão diferente de nossas escolas atuais!
- Fessora, o Jaquim jogô minduim ni mim!
Os efeitos da roupa poderão dar a impressão da falta de gravidade ou de um voo. Com a acoplagem de tudo isso aos satélites, poder-se-á sobrevoar Paris em tempo real. Ou a lua!
E quando os filósofos e filólogos se aprofundarem nos conceitos dessa inteligência artificial, poderão vir muitas outras surpresas.
Hoje, de um pedacinho do osso de um mamute, pode-se extrair seu DNA. Estão tentando clonar um deles, usando a gestação de uma elefanta.
Futuramente, talvez, de alguns escritos de um autor, será possível extrair sua estrutura de pensamento e montar um robô virtual que “pense” da mesma forma.
Chegamos ao ponto no qual uma pessoa poderá passear ao lado do Machado de Assis, no Rio antigo, perguntando e ouvindo suas respostas sobre a ida do homem à lua.
Vai ser interessante mostrar um submarino nuclear para o Júlio Verne e ouvir: - Num falei?
Mas o mote para esse texto veio de um artigo que li, sobre vendas de propriedades virtuais, funcionando a pleno mercado. Já se pode comprar uma mansão em uma ilha particular nessa linguagem do metaverso. Só aceitam bitcoins!
Talvez, eu ainda viva algumas coisas interessantes dessas. Se não pirar antes!
Sérgio Antunes de Freitas
Janeiro de 2022
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