CRÔNICAS DO CONFINAMENTO. FORREST GUMP
BY Luiz Philippe Torelly
Crônicas do Confinamento. Forrest Gump.
Hoje vou falar de um assunto totalmente diferente dos que tenho abordado nesses meses sombrios e tristes. Vou falar sobre autismo. Ontem faleceu aos 77 anos o autor do livro Forrest Gump, Winston Groom. O livro que virou filme tendo Tom Hanks como personagem principal, trata da trajetória de um autista, desde a infância à paternidade e a vida adulta. Naturalmente como produção hollywoodiana, é repleto de estereótipos e fantasias. Mas não deixa de reproduzir algumas características de uma parcela das pessoas que fazem parte do espectro autista, que envolve desde discretos sintomas, até pessoas com comprometimento grave dos sentidos e da cognição.
Sou pai e avô de autistas e estudo a síndrome há uns 30 anos, desde quando sequer os médicos sabiam direito do que se tratava. Demoravam anos para se obter um diagnóstico e iniciar um tratamento. A melhor definição que já vi sobre a síndrome, dado as múltiplas gradações, comportamentos e sintomas, é que são pessoas em "Outra Sintonia", título do livro de John Donvan e Caren Zucker.
Cada vez mais aumenta a proporção de autistas em relação a população total. A principal explicação é que o diagnóstico se aprimorou e portanto nada a ver com vacinas e outras teorias cinzentas.
Muitos deles exercem suas atividades com boa performance, vários são super-dotados e tem bom desempenho acadêmico, alguns tem comportamentos "diferentes", mas um número expressivo tem grave comprometimento e exige atenção e cuidados constantes. Tenho certeza que muitos de vocês conhecem pessoas que não se enquadram nos padrões comportamentais esperados. Antigamente se referiam a eles com a seguinte expressão: "fulano é aluado". Teve até um personagem de novela cujo nome era "Tonho da Lua", em alusão a seu comportamento surpreendente e fora dos padrões.
Talvez algumas pessoas que venham a ler essa pequena crônica, conheçam autistas ou os tenham na família. Fiz referência ao filme, porque tanto meu filho, como meu neto, tem atitudes as vezes parecidas com a do personagem e que despertam empatia ou deboche, a depender do interlocutor. Menos a sorte fabulosa que o herói do filme tem.
A ciência tem feito avanços. Do tempo do meu filho para o do meu neto, tivemos importantes progressos. Hoje temos mais terapias comportamentais e medicamentosas e sabemos que suas origens são genéticas. Há décadas atrás acreditava-se que a causa principal era a carência de amor materno. Essa concepção multiplicava culpas e o sofrimento.
O amor e a atenção são as principais terapias. Ao perceber uma pessoa com comportamentos estereotipados, dificuldades de interação social e emocional, procure entender e ajudar. Sua atitude contribuirá para que ela seja mais feliz e integrada.
* Este texto abaixo copiei do Facebook de Sérgio Antunes de Freitas. Agradeço aos dois autores. Abraço .
Nenhum comentário:
Postar um comentário