Que Mundo Maravilhoso
Onde foi parar esse mundo maravilhoso? – perguntou um grande amigo, em uma postagem de rede social, com o vídeo da música cantada pelo Louis Armstrong para ilustração.
Será esse um libelo pela paz ou, como “Imagine”, de John Lennon, apenas uma sonoplastia da passagem do ano diante de mesas banqueteadas?
Mais uma vez, resolvi conferir sua letra, porém observando um paralelo com o Brasil atual. Poucas são as tangências!
“Eu vejo as árvores verdes, rosas vermelhas também;
Eu as vejo florescer para mim e para você;
E penso comigo, que mundo maravilhoso!”
Cada vez mais, se vê menos árvores, por conta do desmatamento insano. Também não se pode ver as orquídeas, as bromélias, as flores discretas da mata, pois foram-se junto com as árvores, algumas desconhecidas para sempre. Como se pode considerar esse inóspito mundo maravilhoso?
“Eu vejo os céus tão azuis e as nuvens tão brancas;
O brilho abençoado do dia, e a escuridão sagrada da noite;
E eu penso comigo, que mundo maravilhoso!”
Pouco se vê o céu! Muitos porque nem o olham ou por conta da fumaça das queimadas. Paradoxalmente, a pandemia veio trazer alguma limpidez à abóboda celeste em muitas grandes cidades. Mas, certamente, deverá retornar às trevas em breve.
“As cores do arco-íris, tão bonitas no céu;
Estão também nos rostos das pessoas que passam;
Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: Como vai você?
Eles realmente estão dizendo: Eu te amo!”
O arco-íris é o símbolo de um movimento que almeja a igualdade, mediante o respeito às diferenças, com tolerância e solidariedade, sem os indesejáveis preconceitos. Mas, para que ele surja em nossa visão virtual, é necessário a existência de águas reflexivas, límpidas.
Contudo, correm cada vez mais poluídas, também pelo desmatamento, pelo garimpo, pelo lixo, pela ambição. E os apertos de mão, assim como os abraços, andam raros. A justiça, a igualdade de oportunidades, a esperança e as muitas iniciativas de um mundo melhor são desconsideradas pelos que as ignoram ou não as querem de verdade, promovendo a egoística apartação social. Isso reduz sobremaneira o potencial da fraternidade humana. Reduz o amor!
“Eu ouço bebês chorando, eu os vejo crescer;
Eles vão aprender muito mais que eu jamais vou saber;
E eu penso comigo, que mundo maravilhoso;
Sim, eu penso comigo, que mundo maravilhoso!”
Como poderão nossos descendentes aprender, se os poderosos não valorizam a educação, senão para a disputa, a concorrência, a luta pela sobrevivência dos seus.
Ainda assim, comentei na postagem, respondendo ao meu amigo algo neste sentido.
Esse mundo maravilhoso continua no lugar onde sempre esteve. Na imaginação dos sonhadores e utopistas. Orgulho-me de sempre ter pregado a perseguição desse ideal. Como disse o pensador, a busca do horizonte serve para nos fazer caminhar em sua direção.
No dia em que todos acreditarem e lutarem por essa quimera coletiva, ela se tornará realidade.
Eu, sim, me sinto no direito de cantar e admirar essa música. Em todos os dias do ano!
Abraços.
Sérgio Antunes de Freitas
Agosto de 2020
Brigado, Marina da Silva. Abração
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