Juca Zokner
PEQUENAS CONSTATAÇÕES, NA FALTA DE
MAIORES.
Constatação I (De diálogos conjugais).
O
raposo
Perguntou,
Furioso,
Pra
dona raposa:
“Aonde
você andou?
E
de onde você sacou
Essa
flor-de-lis?
E
essa mancha no nariz?”
“Foi
uma mariposa.
Que
ali pousou.
Com
as patas com mel
Esse
teu ciúme
Me
deixa com azedume,
Pois
você sabe muito bem
Que
eu te sou fiel
E
que sou contra harém.
Quanto
à flor-de-lis,
Eu
vi uma num quiosque
E
como você nunca me presenteou
Mesmo
sabendo que eu sempre quis
Eu
colhi
Ali
Naquele
tão formoso
E
oloroso
Bosque”.
Constatação II
E
como ponderava o cara-de-pau: “Depois de muitos anos de casado a gente passa a
ter menos sexo, mas muito mais de quando era...”
Constatação III
Não
se pode confundir cantata* com cantada**, muito embora, assim como o cara
oferece flores, serenatas, como cantada para conquistar a mina, também,
dependendo da sua voz, ou impostação da mesma, pode utilizar uma cantata com os
iguais nobres objetivos. A recíproca, para esses maviosos casos é como é e tá
acabado. Tenho dito!
*Cantata
= Substantivo feminino
1.
Rubrica: música.
Gênero
de composição vocal-instrumental, predominantemente religiosa, em vários
movimentos.
2.
Rubrica: literatura.
Composição
poética lírico-dramática de origem italiana, com partes recitadas e partes
cantadas (árias)
3.
Uso: informal.
m.q.
cantada ('conversa')
4.
Regionalismo: Portugal. Uso: informal.
Capacidade
de enganar; astúcia, manha (Houaiss).
**Cantada
= substantivo feminino
Regionalismo:
Brasil.
1.
Ação de cantar; canto, cantoria.
2.
Derivação: sentido figurado. Uso: informal.
Conversa
sedutora visando a uma conquista (Houaiss).
Constatação IV
A
bruxa que só dizia
E
só fazia
Bruxaria,
Nunca
tinha laivos de civilidade.
Certo
dia achou que havia
Cometido
uma iniquidade.
Conheceu
um bruxo, ora vejam, bondoso,
Calmo,
tranquilo, charmoso,
Cujo
fascínio lhe deixou enfeitiçada,
Assaz
magnetizada.
Encantada.
Mas
logo concluiu que não lhe serviria:
“Que
barbaridade!
Ver
alguém sem um pingo de maldade,
Só
vai me trazer infelicidade”.
Constatação V (De uma dúvida crucial).
Se
quem está meio gripado se costuma dizer que se encontra em estado gripal, quem
está meio resfriado se encontra em estado resfriadal? Quem souber, por favor,
comentários no blog. Obrigado.
Constatação VI (De outra dúvida
crucial).
Será
que um banqueiro quando ele paga menos de 1% ao mês da caderneta de poupança e
empresta para um pobre de um tomador necessitado a cerca de 20% ao mês ele não
fica vermelho de vergonha? Quem souber a resposta, por favor, comentários etc.
Constatação VII (De mais uma perguntinha
inocente).
E
já que falamos no assunto, alguém tem acompanhado o lucro pornográfico dos
bancos e não tem ficado vermelho de raiva? Inclusive, com o fato dos bancos
estarem fazendo economia para lucrarem ainda mais quando eles não colocam
caixas em número suficiente, obrigando a gente ficar mais tempo na fila?
Constatação VIII (Sonho ou pesadelo?)
No
ano passado,
Um
dia sonhei
E
fiquei
Todo
contente
Que
o Paraná
Foi
o campeão
Do
Brasileirão.
Quando
acordei
Constatei
Que
havia somente
Um
padecimento:
O
meu time,
Tão
sublime,
Estava
lá,
Novamente,
Ameaçado
De
rebaixamento.
Coitado!
Constatação IX (De uma dúvida crucial).
Será
que em países onde a poligamia é permitida, existem proclamas de casamento? E o
problema de ter várias sogras como será que fica? Quem souber as respostas, por
favor, comentários no blog. Mais uma vez, obrigado.
Constatação X (De outra dúvida
crucial).
País
colonizador costuma ter limites de fronteira?
Constatação XI
E
como apregoava aquele dentista muito cônscio de faturar mais algum na sua
profissão: “Deus dá nozes pra quem não tem quebra-nozes. Quem não tem dentes
que venha ao meu consultório”.
Constatação XII (De uma nova versão da
velha narração da cigarra e a formiga).
Falou
a formiga,
À
sua melhor amiga,
Fazendo
uma intriga
“Que
a cigarra não se liga
E
sempre se empertiga
Com
a mesma cantiga.
E
que, agora, ela que siga
Para
dançar em Riga.
Essa
cantora de uma figa.
Essa
cara de lombriga,
De
quem tá com dor de barriga.
E
não me desdiga,
Se
não viro sua inimiga
E,
daí, há o risco, periga
Termos
uma boa briga”.
Constatação XIII
Quando
ela viu,
No
jornal
Local
E
nos jornais
Policiais,
O
retrato falado,
De
frente
E
também de perfil,
Do
seu amado,
Velho
namorado,
Aliás,
bem retratado,
Ela
intuiu,
Imediatamente,
Que
sempre preferiu,
Muito
mais,
Ele,
no original,
Completamente
Pelado,
Tão-somente.
Constatação XIV (Sem pedir permissão ao
meu grande Amigo Sérgio Antunes de Freitas, de Brasilia, para publicar o seu –
dele – maravilhoso texto).
(Haikai
de bebum)
Na sala de estar,
Alguns chamam de barzinho,
Eu chamo de altar.
Constatação XV [De uma pseudo-fábula*
confabulada (Indigna do guru Millôr), contada através de um pseudo-soneto].
*Rumorejando tem a satisfação de apresentar
aos seus milhares de leitores (por modéstia, não falsa, não quis escrever
milhões de leitores, espalhados por quatro Continentes, faltando atingir a
Oceania) a sua última criação, ou seja, a pseudo-fábula, via pseudo-soneto.
Rumorejando nesta primeira, digamos, audição a nível municipal, estadual,
federal, mundial e intergaláctico, espera que os puristas gramáticos não se
aborreçam com o fato, tampouco não fiquem com ciúmes por não terem chegado
antes a tal invenção. A inspiração chegou por análise, dedução e com a ajuda
imprescindível de algumas cuiadas de chimarrão. Aí vai, pois:
Esgotamento com glória.
De
imediato ela foi tirando a roupa,
Alegando
não ter muito tempo a perder.
“Venha
depressa, assim você me poupa,
Já
que não posso ficar até o anoitecer”.
Claro
que obedeci na hora àquele mulherão,
Que
nunca me havia dado a mínima pelota.
Afinal,
eu sempre me julguei um cara bom.
E
isso é a mais pura verdade. Não é lorota.
Ela
não parou de falar nem por um momento,
Se
queixando também da corrupção em nosso país.
O
que para mim não deixou de ser um tormento.
Depois
do enésimo orgasmo, ela resolveu ficar,
Usando
desculpas de novela, de famosa atriz.
E
eu que não mais me aguentava, achei que ia finar.
Moral: Dependendo do caso, sempre há
tempo para ficar e para morrer...
Constatação XVI
Deu
na mídia, mais precisamente no site do Estadão: “A presidente Dilma Rousseff
afirmou na manhã desta segunda-feira,14, que seus prováveis adversários nas
eleições de 2014 precisam "estudar muito" e "se prepararem".
Data vênia, como diriam nossos juristas, mas Rumorejando acha que
independente para que e quem for, todos deveriam ter a oportunidade de estudar
e também de ter um atendimento médico digno que ela e seu antecessor tiveram no
Hospital Sírio-Libanês, quando lá estiveram, por razões de enfermidade. Na
verdade, os políticos de modo geral e os brasileiros em particular são todos
falastrões, boquirrotos e... deixe pra lá... Vige!
RICOS E POBRES
Constatação I
Rico
tem dificuldades específicas; pobre, gerais.
Constatação II
Rico
sempre infere; pobre, nunca se dá conta.
Constatação III
Rico
se indigna; pobre, fica p. da vida.
Constatação IV
Rico
toma uísque escocês, envelhecido, pelo menos, 12 anos; pobre, cachaça recém
batizada.
Constatação V
Rico
pratica a desobediência civil; pobre é desordeiro.
Constatação VI
Rico
tem panturrilha; pobre, batata da perna.
Constatação VII
Rico
é categórico; pobre, não conhece o seu lugar.
Constatação VIII
Rico
vai a bancarrota; pobre, vive nela.
Constatação IX
Rico
enfrenta com seu BMW o aclive; pobre despenca da bicicleta na descida.
Constatação X
Rico
tem questão; pobre, incriminação.
FÁBULA CONFABULADA (Indigna do guru Millôr).
Numa
província chinesa, banhada pelo rio Amarelo, vivia um chinês, chamado Kah Puh
Reh, que, desde a mais tenra idade, mostrou sua vocação para a liderança. Com
cinco anos, já tinha junto a ele outras crianças para participarem de jogos que
ele sugeria ou que ele inventava; com treze anos, comparecia às reuniões
comunitárias, na companhia do seu pai, segredando no seu ouvido algumas
sugestões que ele, o pai, Shey Neh Rey Neh, apresentava às pessoas e que,
normalmente, eram aceitas praticamente por toda a assistência, dando ao pai
certa notoriedade perante os demais presentes. Era o que se poderia chamar de
como se costuma dizer no decadente Ocidente: “papagaio come milho, periquito
leva a fama”. Mas isso, já é outra história, o que, absolutamente, não vem, nesse
momento, para o caso; com vinte anos, quando foi servir o exército, seus
superiores o alçaram a tarefas de liderança e Kah Puh Reh se saiu tão bem que foi
promovido a anspeçada que é uma graduação de praça entre
marinheiro/soldado e cabo; posteriormente, nas reuniões comunitárias, lá estava
ele, interferindo com brilhantes sugestões, juntamente com seu pai, Shey Neh
Rey Neh, que também fazia suas intervenções, porém, jamais, que conflitassem
com as do filho. Um dia, depois de haver exercido vários cargos de mando,
vencendo eleições, onde concorriam outros candidatos, dentro da hierarquia
permitida pela cúpula, ele se candidatou a um cargo mais elevado dentre aqueles
que ele já havia concorrido. A cúpula que, evidentemente, passou a temê-lo,
ameaçou os seus prosélitos e simpatizantes a não comparecerem as eleições, sob
pena de represálias de toda espécie, inclusive determinando que nada fosse
comentado com Kah Puh Reh. Este, um bom tribuno, como todo líder, usou da
palavra, apresentando seu plano de metas, que não tinha nada a ver com um
determinado plano de um longínquo país, chamado Brasil, que caracterizou um
governo de um determinado presidente da república, eleito pseudo-democraticamente,
entre várias ditaduras e que, nesse instante, também não vem para o caso. Antes
de terminar, já no final apoteótico, ouviram-se pouquíssimas palmas no recinto,
muito poucas em relação ao número de assistentes presentes ao evento, ainda que
tivesse tido a promessa de incondicional apoio, principalmente dos seus amigos
e conhecidos. Kah Puh Reh, sentiu a barra e pensou lá com seus botões: “o mar
não está para peixe” e, imediata e estrategicamente, encerrou, retirando a sua
candidatura, alegando a necessidade de se formar uma chapa de consenso.
Moral: Para um bom entendedor meio
silêncio basta.
Site: www.rimasprimas.com.br