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domingo, 12 de novembro de 2023

BRASIL. CRÔNICA VERDE

 


Horta Urbana

Sérgio Antunes de Freitas

Uma jovem senhora, que mora em um prédio próximo ao que moro, teve uma ideia: fazer uma horta comunitária no gramado público após o estacionamento.

As amigas foram à loucura:
- Que ideia inédita! Maravilhosa!
- Como os urbanistas não pensam nisso?
- Eu vou lavar minha ecobag. Já pensou fazer a feira sem sair de casa?
- U-huuuu- festejou uma outra com o tradicional gritinho da Globo.
No sábado, saíram juntas de manhã e compraram viseiras da Barbie, estojos de jardinagem do Harry Porter, regador do Menino Maluquinho e vinte e dois saquinhos de sementes variadas, de acordo com seus paladares.
Escolheram um lugar debaixo de umas árvores, pois, afinal, ninguém merece trabalhar debaixo desse sol, né?
Algumas sementes de hortaliças, heliófilas, fizeram carinha de muxoxo!
Por mais que tentassem, não conseguiram nem retirar a grama com uma enxada sem corte que haviam conseguido.
Então, contrataram o porteiro, que arrancou a grama e revirou um pouco a terra, com a enxada dele mesmo.
Satisfeitas, elas semearam em fileiras, por ordem alfabética: alface, brócolis, chuchu... E foram tomar uma cervejinha!
Enquanto isso, pensando viver em uma sociedade de trabalhos especializados, eu fui algumas vezes na Verduraria do Japonês, gastei uns “vinte real” e comprei alface, brócolis, chuchu...
Agora, é esperar que os jardineiros do Governo venham cortar aquela quiçaça e refazer o gramado.

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