TAI-CHI-CHUEU
Sérgio Antunes de Freitas
Muita gente famosa cria método de ginástica, sem ter qualquer conhecimento sobre a técnica necessária para isso.
Então, eu também posso criar, oras! No caso, é um roteiro destinado à terceira idade. Se, por alguma razão, você não pode caminhar, andar de bicicleta, nadar, fazer hidroginástica, aqui vai uma opção.
Primeiramente, vamos à base histórica.
Na minha adolescência, eu fazia artes marciais em uma academia na área de um templo japonês da religião Tenrikio, em Bauru.
Eu e meus colegas vivíamos dando murros em madeira, quebrando telhas com golpe de mão, levando o corpo ao extremo esforço e voltando para a casa com contusões as mais diversas.
E ríamos de uns velhinhos que faziam o Tai-Chi-Chuan, com movimentos lentos e sem esforços. Dizíamos que eles deviam tomar barbitúricos.
Um dia, em uma confraternização para a qual fomos convidados, perguntamos a um deles, com ironia, se eles achavam ser aqueles exercícios saudáveis, eficientes.
A resposta foi calma, com dificuldades de expressão na língua portuguesa, mas demolidora: - “O importante é mexer com todos os músculos do corpo todos os dias.”
Esse conceito de sabedoria milenar está subjacente em nossa cultura ocidental. Quem nunca disse ou ouviu: preciso ligar o carro, pois ele está parado há dias na garagem, pode descarregar a bateria?
Se a pessoa compra um carro novo e o deixa parado, em alguns meses, vai ressecar as borrachas, evaporar os fluidos, criando depósitos de cristais e entupimentos. É capaz até de cair a porta!
A falta de ventilação e insolação também vão prejudicar o veículo, mas muito mais nós, humanos, pois esses fenômenos naturais são higiênicos e bactericidas.
A partir disso, estabeleci e aprimorei o princípio: “O importante é mexer com todos os músculos e todas as articulações do corpo todos os dias.”
Mas não é só isso! Esse nosso método revolucionário, criado especialmente para os seminovos, tem o que há de mais moderno no mercado! Usa a Internet e é do tipo “Faça você mesmo”, ou melhor, “Do it yourself”, para mostrar erudição.
Assim, se você não dispõe de conhecimentos de anatomia, procure na rede quais os músculos e articulações importantes a serem trabalhados e quais os seus movimentos.
Estabelecido o seu roteiro, vá para um canto tranquilo. Em vez de aqueles barulhos de bate-estaca das academias, coloque uma música suave, a fim de ajudar na harmonia do corpo e da mente.
E nada de velocidade, peso, impacto, ultrapassagem de limites, repetição excessiva, dores, suores. As ações devem ser normais e tranquilas.
Preferencialmente, os trabalhos precisam ser feitos em pé, para exercitar o equilíbrio, mas a primeira parte pode ser mais confortável ainda. Sente-se em um “puff” rígido, para ter liberdade de movimentos da cintura para cima.
Comece girando, levantando e abaixando o pescoço, também lateralmente. Mesma coisa com os ombros, cotovelos, pulsos e dedos das mãos, no que for possível. Alongue os braços, atrás da cabeça, por exemplo.
Estique os braços acima da cabeça, com as mãos espalmadas, como em oração, tracionando a coluna cervical.
Gire a cintura também para os dois lados.
Levante-se e sente-se no “puff” algumas vezes.
De pé, movimente os quadris, os joelhos e os tornozelos. Também alongue as pernas.
Equilibre-se em uma das pernas e, depois, na outra.
O agachamento, com as mãos levemente apoiadas em um parapeito, por exemplo, é fundamental para ativar o fluxo sanguíneo da maior artéria do corpo, a femoral, e a veia cava, que chega ao coração.
Para tudo, deve haver alguma repetição, mas sem incômodo. Com o tempo, será possível aumentá-la comedidamente.
Alerto ainda que este método funciona muito melhor se a pessoa tomar água antes, nos intervalos e ao final da sessão.
Vamos deixar bem claro! Essa proposta não tem nada de científico nem foi feita por profissional habilitado. É apenas um recado. Não fique parado! O sedentarismo é a pior das causas para a perda do condicionamento físico natural. Leva às doenças, sim.
Quanto ao método Tai-Chi-Chueu, sem direitos reservados, não aceito reclamações! Principalmente se for pelo “puff” que quebrou!
Sérgio Antunes de Freitas
Maio de 2021
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