LUAR SEM PAIXÃO
Ah, quem me dera
Que eu morresse lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado
Numa grota pequenina
Onde à tarde a sururina
Chora a sua viuvez
Catulo da Paixão Cearense
Se Catulo fosse vivo,
cantaria diferente,
chamaria toda a gente
pra falar de sua vida
Sua terra em carne-viva,
Sua mata destruída.
Já está tudo tão triste,
E não só o canto do galo.
Esperança não existe
Até o canto da água,
Cansada, suja, sem trégua,
Desafina em leito ralo.
Ninguém chora viuvez,
Não há mais poesia ou Paixão,
Ceará, Piauí, Maranhão,
Sul e Norte infecundos,
Arrasados de uma vez,
Como o resto de outros mundos.
A viola tagarela
Perdeu a vivacidade.
Já não há mais quem discorde,
Não se sonha junto dela,
“No wonderfull world”,
No campo ou na cidade.
Não se tem mais sol de prata,
Folha seca não branqueja.
Na luz da poluição,
Tudo que vive se mata,
Talvez nosso neto nem veja
O luar do meu sertão!
Sérgio Antunes de Freitas
Brigado, Marina! Bjs
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