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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

BRAZIL: COMO DÓI...

DOR
Marina da Silva

Dor
Três letras e um sentimento incomensurável.
Dor dói infinitamente, intensamente, inclassificável,
Desclassificada, desgraçada.
Nada física, inexplicável, nem por isto dói menos.
Dor rima com amor
Se nos amamos, se alguém deixou de amar
Eu, você...Dor.
Verbo, deveria ser intransitivo
Mas pede complementos, transita no tempo e espaço
Nos corpos, meu corpo.
Dói tudo, dói só de pensar que não me ama...
Dói o beijo rotina, dói mais ainda abraços frios, toques que só tocam minha dor geometricamente minha.
Só minha, ininteligível, profunda, abissal.
Inteligente, minha dor reconhece desamor, amor de mentiras, amor fácil: eu te amo $1,99...
Migalhas, mentiras de amor, traições
Doer, sofrer, penar, pesar.
Não te amo, não te amo, não te amo mais...
Grito surdo ao mundo bebendo cerveja, cachaça 
Minha imensa, cruel dor
Encrustada na pele, pelos, boca, em todo o meu corpo.
Dói lhe amar sabendo que não me quer por perto.
Dói lhe ver e dói ainda mais não lhe ver.
Insuportável dor.
Minha dor necessita e pede mentiras e minto a mim mesmo:
Ainda me ama, você nunca vai amar outro alguém assim.
Nosso amor é eterno elo terno. Engano a dor com mentiras
Fujo e me escondo para não mais lhe ver, sentir seu poder sobre mim.
Mas lá está você no Facebook, no Instagram, Twitter, Whatsapp, Telegram.
Bloqueio, desbloqueio, olho mil vezes seu perfil, fotos, atualizações...
Navegação insana em milhões de terabytes, fibras óticas, dark espaço.
Cancelo  perfis na rede e volto em menos de vinte e quatro horas.
Angústia, insônia, mortificação, dor explícita, sombria.
Agora sou borboleta, metamorfose presa ao casulo da dor.
Fere-me mortalmente quem lhe curte quem você curtiu...Choro.
Um passo de cada vez, não olhar seu perfil centenas de vezes por dia.
Não sou Nietzsche, o filósofo pessimista, desgosto a dor, mas impossível não ter você no meu tablet, notebook,  e principalmente no celular...
E sigo mendigando seu amor de longe, tendo você comigo, nas minhas mãos
Para não me assustar e me obrigar a lidar, enfrentar a dor de frente
 E aceitar que você se foi, que o amor se foi.
Que só dor restou ao coração, cabeça, alma, no leito vazio
Onde me agarro ao travesseiro fingindo a gente deitados, conchinha.
O beijo na orelha, cabelos, pescoço...
E dói o desejo louco de ter você, ter seu cheiro, beijos, ser sua segunda pele...
Devia, mas não fujo da dor.
O que me restará sem você?
Você é minha dor, a dor é minha, meu você.
É triste assumir você mesmo que seja assim. Você...
A dor.


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