TEXTO INGRATO
Sérgio Antunes de Freitas
Cheguei em casa meio alto, devido a uma reunião com amigos, e escrevi um texto.
Pela data original do arquivo, ainda em meu poder, foi em 23 de setembro de 2003, uma terça-feira. Pode ter sido antes, pois tive um problema no computador, o que modificou as datas de alguns arquivos para uma data posterior.
Dias depois, enviei esse texto para meus destinatários, como de costume, sob o título “Crônica para os Amigos”. Eles também costumavam encaminhar para outros amigos.
Mais adiante, passei a receber o mesmo texto, porém modificado, emendado, mutilado, como se o autor fosse Oscar Wilde, Fernando Pessoa, Gabriel Garcia Marques e outros. Até o Abujamra declamou em vídeo do Youtube, também alterado, como se fosse de autor desconhecido. Foi o único que acertou! He! He! He!
Obviamente, “meus heterônimos” foram muitíssimo melhores do que eu. Só quem conhece seus trabalhos percebe a enorme diferença.
Restou, porém, uma curiosidade.
Se alguém, profundo conhecedor dos autores citados, identificar o aludido texto em seus livros, por favor, me envie o nome e a página.
Se alguém identificar texto semelhante e escrito antes da data do meu arquivo, me envie por correio eletrônico.
Assim, poderei saber se eu estava bêbado ou completamente bêbado!
Segue o texto que não reconheceu seu pai. Texto ingrato!
Pela data original do arquivo, ainda em meu poder, foi em 23 de setembro de 2003, uma terça-feira. Pode ter sido antes, pois tive um problema no computador, o que modificou as datas de alguns arquivos para uma data posterior.
Dias depois, enviei esse texto para meus destinatários, como de costume, sob o título “Crônica para os Amigos”. Eles também costumavam encaminhar para outros amigos.
Mais adiante, passei a receber o mesmo texto, porém modificado, emendado, mutilado, como se o autor fosse Oscar Wilde, Fernando Pessoa, Gabriel Garcia Marques e outros. Até o Abujamra declamou em vídeo do Youtube, também alterado, como se fosse de autor desconhecido. Foi o único que acertou! He! He! He!
Obviamente, “meus heterônimos” foram muitíssimo melhores do que eu. Só quem conhece seus trabalhos percebe a enorme diferença.
Restou, porém, uma curiosidade.
Se alguém, profundo conhecedor dos autores citados, identificar o aludido texto em seus livros, por favor, me envie o nome e a página.
Se alguém identificar texto semelhante e escrito antes da data do meu arquivo, me envie por correio eletrônico.
Assim, poderei saber se eu estava bêbado ou completamente bêbado!
Segue o texto que não reconheceu seu pai. Texto ingrato!
“Crônica para os Amigos”
Sérgio Antunes de Freitas
Meus amigos? Escolho pela pupila.
Meus amigos são todos assim: metade loucura, metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
Deles, não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas, angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Louco que se acocora e espera a chegada da lua cheia. Ou que espera o fim da madrugada, só para ver o nascer do Sol.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas próprias injustiças cometidas. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro, quero também a alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade graça, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Pena, não tenho nem de mim mesmo e risada só ofereço ao acaso. Portanto, quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia vença.
Não quero amigos adultos, chatos. Quero-os metade infância, metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto. Velhos, para que nunca tenham pressa.
Meus amigos são todos assim: metade loucura, metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter cor no presente e forma no futuro.
Deles, não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas, angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Louco que se acocora e espera a chegada da lua cheia. Ou que espera o fim da madrugada, só para ver o nascer do Sol.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas próprias injustiças cometidas. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro, quero também a alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade graça, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Pena, não tenho nem de mim mesmo e risada só ofereço ao acaso. Portanto, quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia vença.
Não quero amigos adultos, chatos. Quero-os metade infância, metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto. Velhos, para que nunca tenham pressa.
Meus amigos são todos assim: metade loucura, metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter cor no presente e forma no futuro.
Sérgio Antunes de Freitas: 23 de setembro de 2003, uma terça-feira.
https://youtu.be/Ts2wdVRmY9w Abujamra
Nenhum comentário:
Postar um comentário