BRAZIL IMPEACHMENT: A FARSA PMDB
Marina da Silva
Antes de entrar na “farsa
PMDB” é de bom tom, falarmos da farsa.
De origem latina farcire, é o nome que se dá, na literatura, teatro, a arte
que tem como objetivo, através da comédia de cunho social, desmascarar os
desregramentos, mentiras, falcatruas da realidade, hipertrofiando caracteres
humanos dentro da organização política, econômica, social, religiosa, cultural!
O objetivo das farsas é, através do
sarcasmo, ironia, paradoxo, hipérbole e comédia, mostrar os dramas político, sociais,
humanos, desvelando-lhes “a farsa e os farsantes”. Para o senso comum, farsa é
mentira, engodo, enganação. Na Língua Portuguesa, “A farsa de Inês Pereira”, de
Gil Vicente, é um bom exemplo. Mas vem do poeta lusitano Camões em “Os
Lusíadas”, poema épico que [cita os feitos heroicos dos portugueses - entre eles
a descoberta e posse do Brasil, é o berço e manancial da Língua Portuguesa]
narra a farsa de Inês de Castro: A rainha
coroada morta.
A farsa PMDB tem raízes históricas profundas, patrimonialistas,
monárquicas e hereditárias desde o Império [1822-1889] e República Velha
[1889-1930]; um passado republicano com fortes traços – no nascedouro - militarista,
ditatorial, autoritário, golpista! O Brasil República nasceu montado na farda e de armas em punho; um
Estado de Força Maior que derrubou o império anglo-lusitano para se dispor em
seguida, às ordens da potência capitalista nascente, os Estados Unidos, que no
pós Primeira Guerra Mundial assumiu o poder econômico, político, cultural e
principalmente, bélico do planeta. Assim como no Império, onde as forças
políticas conservadoras [total apoio ao imperador], liberais [total apoio ao
livre mercado e ao imperador] e restaurador [total apoio ao retorno imperial de
Portugal/Inglaterra] pululavam, conchavavam, mas apoiavam o governo
monárquico; o PMDB trás em si o mesmo DNA traçado no Império.
É o partido que aglutina
em uma sigla todos os conservadores [defendem as oligarquias republicanas
provincianas], liberais [total apoio às oligarquias provincianas e ao livre
mercado] e restauradores [apoio total às oligarquias provincianas e retorno ao
autoritarismo fardado, armado, golpista]. O poder do PMDB se encontra em
gravitar em todas as esferas da política, comprando e/ou cooptando todas as forças
oligárquicas “insurgentes” ou aquelas contrárias ao poder das oligarquias. E
ainda, manipular e amputar as forças políticas da população usando e abusando
das forças armadas e dos meios de comunicação, que no Brasil se concede a um
grupo de três a cinco famílias. Além de perpetuar a desigualdade social no
país, concentrando esforços para desviar e manter as riquezas atreladas a um
mesmo grupo. O PMDB não só apropria dos “anseios e demandas” da população e de
partidos contrários como se apresenta
como autor das ideologias, demandas sociais e se coloca como defensor único da
república, democracia, liberdade, soberania do Brasil. Claro que no mesmo status quo e partido único: oligarquias
republicanas federativas latifundiárias e escravocratas!
Um breve histórico do
Brasil República Federativa e do surgimento dos partidos políticos oligárquicos
escravagistas e lá encontraremos as raízes do atual PMDB e seu “modus
operandi”: mudar tudo para deixar tudo do
jeito que está, isto é: cada grupo oligárquico no seu quadrado, com seu
gado eleitoral e senzalas, apropriando e expropriando as riquezas, o sangue, o
suor e vidas do povo brasileiro! Cinco regiões, vinte e sete estados, o
Distrito Federal – Brasília. Cinco mil quinhentos e setenta municípios, boa
parte pertencente ao PMDB que comanda o show associando-se a qualquer legenda
partidária, atualmente 32, em prol do controle e defesa da República seja ela,
oligárquica totalitarista militar ou oligárquica democrática presidencialista,
mas sempre com as “forças ocultas” armadas e de plantão-golpe-de-estado!
Na República Velha
[1889-1930] todos os partidos eram republicanos e o país comandado pelas
oligarquias paulista e mineira [PRSP, PRMG]. Em 1930 alguns coronéis azedaram a
república do “café- com-leite de Minas/São Paulo, que se revezavam no poder e Getúlio
Vargas assume a presidência pelo PRR- partido republicano gaúcho [Riograndense].
Os demais partidos republicanos alinharam-se entre si e o PCB - Partido Comunista
Brasileiro, fundado em 1922 por Luis Carlos Prestes, a ameaça comunista que
tentou tomar o poder na chamada Intentona Comunista em 1935, acelerou o golpe Vargas e a implantação da
ditadura conhecida como Estado Novo [1937-1945]
e que baniu os partidos políticos existentes! Destaque deste período é a
aproximação ideológica de Vargas e dos integralistas liderados por Plínio
Salgado às ideologias nazi-facistas, fato que trará preocupação geopolítica e
geoestratégica aos Estados Unidos, que não aceitam disputa de “espaço vital” no
seu quintal, afinal, era a doutrina Monroe [1823]: A América pertence aos
americanos.
De 1946-1964, data do
Golpe de estado e implantação da ditadura militar, tivemos os principais partidos:
*PSD- "Partido social-democrático,
conservadores da direita, ligados a Vargas, entre eles JK, Ulysses Guimarães,
Tancredo Neves, José Sarney;
*PTB- partido trabalhista brasileiro
criado pelo gaúcho Alberto Pasqualini ligado a Vargas, João Goulart, Jânio
Quadros, Leonel Brizola, Itamar Franco, Pedro Simon são nomes importantes na
sigla. O PTB é o partido que domina os
sindicatos trabalhistas e traz nuances de esquerda em Brizola e “Jango” que
após renúncia de Jânio Quadros, chega a presidente. João Goulart é acusado de ser
comunista, sofre perseguição e é destituído do poder pelo golpe de estado em 31
de março de 1964;
PSB- Partido Socialista Brasileiro.
Ideologia de esquerda. Principais representantes: João Mangabeira, Hermes Lima,
Domingo Velasco, Rubem Braga, José Lins do Rego, Antônio Cândido, Sérgio
Buarque de Holanda.
PRP- Partido da representação popular;
radicais de extrema direita, originário da AIB- Ação Integralista Brasileira de
Plínio Salgado, vira ARENA- Aliança Renovadora Nacional e ampara a ditadura
militar;
PTN- Partido Trabalhista Nacional,
formado por dissidentes do PTB, elegeu Jânio Quadros;
*UDN- é a união democrática nacional do super
partido conservador da direita latifundiária, escravagista, oligárquica.
Aureliano Chaves, Carlos Lacerda, Abreu Sodré, Antônio Carlos Magalhães (ACM),
Raul Pilla, Daniel Krieger, Adhemar de Barros, José Sarney e Eduardo Gomes são
principais líderes. A UDN apóia a destituição
de João Goulart e o golpe de 1964.” http://www.historialivre.com/brasil/partidos_politicos.pdf
DNA dos Partidos Políticos Brasileiros
www.google.com.br/images.
Com o fim dos partidos políticos no Golpe de 1964, restaram apenas duas legendas ARENA - Aliança Renovadora Nacional ou todos pela conservação das oligarquias latifundiárias escravagistas e o MDB- Movimento Democrático Brasileiro. A legenda MDB alinha os demais partidos e opositores da ARENA, mas pela democracia oligárquica presidencialista, “acolhendo” na sua rede os partidos com ideologias esquerdistas banidos pela ditadura.
1966 - nasce oficialmente o PMDB e vivendo descaradamente a farsa de democracia dentro do autoritarismo militar.
ARENA: “Principais lideranças arenistas: Daniel Krieger (ex-UDN), Adhemar de Barros (ex-PSP), Delfin Neto, Paulo Maluf, José Sarney (foi presidente do partido), Aureliano Chaves, Pedro Aleixo, Nelson Marchesan, Marco Maciel, Jarbas Passarinho, Antônio Carlos Magalhães (ACM), Fernando Collor de Mello, Jorge Bornhausen, Espiridião Amim, Jair Soares e Roberto Campos.”
PMDB: “Principais lideranças: Tancredo Neves, Ulysses Guimarães (ambos ex-PSD), Mário Covas (ex-PST), Franco Montouro (ex-PDC), Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon (ex-PTB), Itamar Franco e Márcio Moreira Alves (para muitos seu discurso quando candidato ao governo da Guanabara em 1968, foi responsável pelo lançamento do AI-5). Em 1980, com a abertura política, o partido foi rebatizado de PMDB, com o número 15. Em 1988, após a Constituição, o partido se dividiu em PMDB e PSDB (este com o número 45).” http://www.historialivre.com/brasil/partidos_politicos.pdf
Ao final da ditadura
militar e no período da “transição democrática”, dominada pelo PMDB/militares[1984-1989],
o Brasil, através da Constituição de 1988, adota como princípio o
pluripartidarismo. Surgem novas legendas com as mesmas ideologias no lado conservador,
liberal, restaurador, renovador do poder das oligarquias e partidos de
ideologia contrária às oligarquias ou coronelismo e alinhados à esquerda
socialista, social-democracia, comunista mundial, entre eles os mais
importantes: PT, PCB, PC do B, PDT. A realidade é que se muda de legenda entre
direitistas inconformados dentro e/ou fora da “farra do boi” Brasil, mas os
políticos são sempre os mesmos, negócio de pai para filhos, vide o clã Sarney!
www.google.com.br/images
A atual crise política
brasileira tem suas origens nos partidos dissidentes do PMDB: PSDB (Mensalão
Eduardo Azeredo), DEMO’s (até o Mensalão Arrudas, governador do DF- Brasília,
era PFL-) e PP- Paulo Maluf (ex- PDS, Arena, procurado pela Interpol). Com o
impeachment de Fernando Collor em 1992, ganham destaque Itamar Franco [PTB,
MDB, PMDB, PL, PRN, PMDB], vice que assume a presidência e FHC- Fernando
Henrique Cardoso, um dos fundadores do MDB, PMDB, dissidente, é a principal
cabeça na fundação do PSDB; foi senador por São Paulo, ministro da Fazenda,
“pai” do plano Real e duas vezes presidente da república. Com ambos os pés fincado
na Casa Grande e prostrado aos EUA, FHC fez corretamente o “dever de casa”
imposto ao Brasil pelo Consenso de Washington/FMI-
fundo monetário internacional, aprofundando as políticas neoliberais
iniciadas por Collor em 1990, concentrando riquezas, destruindo a legislação
trabalhista e a parca proteção social dos brasileiros [chamada de herança
maldita de Vargas] e ampliando o imenso fosso de pobreza e miséria [cerca de 40
milhões de brasileiros], erro geoeconômico e geopolítico interno que destruirá
o sonho de um “Tucanato” para mais de vinte anos.
www.google.com.br/images.
Nem PMDB nem PSDB, no
século XXI, a hora e a vez é do PT- partido dos trabalhadores. É Lula lá lá, um
feito prodigioso, um risco-Brasil, conseguido com...aliança PT/PMDB. Lula é
eleito duas vezes presidente. Apesar de seu primeiro governo se vê enlameado
pelo crime de corrupção Mensalão PT ou compra de votos, prática comum na
política brasileira, mas jamais esperada no partido paladino da ética, moral,
transparência e bons exemplos, PT Lula se reelegeu! Clima bélico desde a
ascensão PMDB/PT, o país vive uma “eterna crise” onde o jogo da governança e
divisão de riquezas e locupletação em
esquemas corruptos com empreiteiras, banqueiros, usineiros e congêneres não
consegue afagar os egos e revanchismo da agora chamada “Oposição” que necessita
de títulos, holofotes e tapete vermelho!
A inabalável força
carismática de Lula no comando das
massas, leva ao poder em 2010, Dilma
Rousseff, ex-ministra das Minas e Energia que assumiu Casa Civil, após denúncia
do Mensalão PT-2005, no lugar de José Dirceu, cacique petista, preso, julgado e
condenado. Lula resiste à cavalaria oposicionista amparado pelo carisma e pelo
“exército vermelho”, formado por petistas roxos, partidos de esquerda,
sindicatos dos trabalhadores, pela poderosa CUT - central única dos
trabalhadores, CGT, MST e outros movimentos sociais, simpatizantes e pelo
fortíssimo PMDB! Lula “elege” Dilma Rousseff que enfrentará, simultaneamente, a
cavalaria e infantaria da “oposição” e creia do partido aliado PMDB e do
próprio PT! Inacreditável, até a deflagração da operação Lava jato em março de
2014, Dilma disputa e ganha o segundo mandato num clima de guerra que contamina
toda a nação e divide o povo brasileiro entre torcedores dos pobres Lula/Dilma versus torcedores Aécio Neves dos ricos
e classe média!
www.google.com.br/images.
"PMDB x PT: Casamento de 13 anos termina em 03 minutos" diz http://agendacapital.com.br/
Como dita o manual político, se você não pode
governar com o inimigo, inviabilize o governo dele... Com um pedido de impeachment!
O PMDB que atraiçoava veladamente, no segundo mandato Dilma Rousseff, assume a
traição, declarada na voz de Michel Temer, o vice-presidente aliado(?). A farsa
PMDB é desvelada, confrontada dentro do próprio partido e o episódio lastimável
e primário do “desligamento do PT” com dia marcado no calendário do TRE-
tribunal regional eleitoral tem o efeito de um tiro no pé: o povo vermelho,
ops, os petistas e simpatizantes da
República Democrática de Direito vão às ruas contra o golpe de estado! A farsa
PMDB é o falso desligamento do PT, atualmente no quarto mandato no governo do
país, para disputar as eleições de 2016! Em jogo: 5570 prefeitos e milhares de
vereadores. Esta é a tática política de descolar do PMDB a imagem de Dilma Rousseff, a dama-de-ferro
acusada de crimes “de responsabilidade fiscal”, no jargão futebolístico da
política/futebol brasileira: pedaladas!
Fora Dilma! Impeachment Já! Frases repetidas
diuturnamente, 24 horas por dia, todos os dias, a cada segundo pela rede Globo
e afiliadas - a Tv Bandeirantes/BandNews! Quem votará em um prefeito PMDB
atrelado a Dilma?
O impeachment Dilma é
outra grande farsa montada pelo PSDB e PMDB paulista! Impeachment por “irresponsabilidade
fiscal”, ops, pedaladas em 2015, mesmo antes da apuração das contas de 2015
pelo TCU- tribunal de Contas da União, que recebeu somente no dia 31 de março
de 2016 a prestação de contas 2015 de Dilma Rousseff! Assim como o pedido de impeachment,
o “rompimento/desligamento” da aliança PMDB/ PT não passa de um estratagema
político rasteiro em ano eleitoral.
www.google.com.br/images. Divisão dos municípios brasileiros por partidos políticos.
5570 prefeitos e uma
vereança respeitável é o que está em jogo na farsa PMDB! Já a farsa impeachment
comandada pelo elo fraco do PSDB mineiro, Aécio Neves, serve para velar o absurdo “A regra do jogo”, o despeito,
ressentimento, vingança, egos de políticos provincianos, oligárquicos,
autoritaristas! No maior crime de corrupção da História brasileira, o PeTrolão, nome dado pela “oposição” para achincalhar
o PT e derrubar Dilma Rousseff, na verdade é uma enorme Operação da PF- polícia
federal, a Lava jato, que está na sua 27ª fase e possui investigados,
sentenciados, e aguardando denúncia, políticos de 28 siglas, entre elas, as
farsantes PMDB, PSDB, PP! O poder PMDB no governo Dilma estava assim
posicionado até o “desligamento falseta”: em 7 ministérios e mais de 500 cargos
chaves no Alto clero. Abaixo lista do
poder PMDB e ministros no governo
Dilma:
*Michel Temer [PMDB],
vice-presidente com fortes desejos de presidência golpista;
* Eduardo Cunha [PMDB], presidente da câmara federal, engolfado
inteiro com esposa e filha, nos crimes de corrupção e enriquecimento ilícito na
operação Lava Jato (é este político execrável que “dirige” o impeachment contra
Dilma);
* Renan Calheiros [PMDB],
presidente do senado, também citado, investigado em vários crimes na Lava Jato;
Ministros PMDB no governo
Dilma Rousseff:
Kátia Abreu – Agricultura;
Marcelo Castro – Saúde;
Celso Pansera – Ciência e
Tecnologia; Eduardo Braga – Minas e energia;
Helder Barbalho –
Secretaria dos Portos;
Mauro Lopes - Aviação
Civil;
Henrique Alves – Turismo.
O “desligamento” falseta
acabou por abrir brecha para outros partidos, como PP, para negociações políticas,
conchavos, vendas, prostituição geral da administração do Brasil. Novamente o
PT tem em mãos a chance de remodelar-se e renovar a política brasileira contra
as oligarquias provincianas ou...não! As cartas estão lançadas! O lado
positivo, Poliana, para o clima de crise política no Brasil é indiscutivelmente
a volta da efervescência política, do exercício da democracia e cidadania, o
povo ocupando as ruas e praças, embora vestindo camisas, bandeiras e emblemas
de torcedor fanático, mas em liberdade na frágil democracia brasileira!
Nenhum comentário:
Postar um comentário