SEXO ARROZ, FEIJÃO E OVO FRITO
Uma gargalhada estrondosa, sincera, cristalina
inundou o consultório do ginecologista/mastologista como ele nunca ouvira nos
mais de dez anos em que atendia aquela cliente.
Ela se dizia uma mulher de transição ou pertencia ao
grupo de mulheres que nasceram e viveram boa parte da vida na ditadura
militar e que caíram de paraquedas no
século XXI, o século das Luzes, cores, liberdades e liberalidade Funk, Rap e
Hip-hop: Ai um tapinha não dói e sexo com ou sem amor é um "créu" em cinco
velocidades!
Ela chegou para a consulta aparentemente sem
queixas, apenas para controle e prevenção. O que chamou de fato a sua atenção
foi a ausência do companheiro. Ela estava sozinha e quando a secretária a
anunciou ele se preparou para cumprimentar o acompanhante. O casal era calmo e
sempre davam a impressão de estar tudo indo muito bem.
Como médico sempre interpelava-os juntos sobre as relações sexuais e
ainda confrontava o homem a sós para certificar-se de algum constrangimento ou
aconselhar alimentos, lubrificantes e paciência devido aos efeitos colaterais
da menopausa precoce dentre eles a perda da
libido e o ressecamento vaginal.
Foi pela gargalhada que ela dera enquanto se dirigia
ao banheiro para se trocar para o exame clínico reconheceu o “sintoma da
maçaneta”; aquele em que o paciente inibido pelo constrangimento em falar
abertamente com seu médico de problemas sexuais, deixa para o último segundo,
quando está de saída com a mão na maçaneta abrindo a porta, toma coragem e fala
da verdadeira motivação da consulta.
_ Como está o sexo com vocês? Levantaram-se e se
encaminharam para a sala de exames.
_ Assim-assim. Ela balançou as mãos de um lado a
outro.
_ Não está uma "Brastemp"? Insistiu.
_ Olha doutor, eu sou daquelas mulheres
antigas, não procuro sexo, espero o
homem me chamar. É mais um "arroz com feijão". Declarou colocando a mão na maçaneta
da porta do banheiro.
_ Mas nem um ovinho frito? A gargalhada inundou o consultório.
No ponto aguardando o ônibus, sob grandes óculos escuros, seus
olhos sorriam. O celular tocou e era ele querendo saber como fora a
consulta.
_ O médico prescreveu Arroz, feijão e ovo frito!
_ Hã?
_Sexo...sussurrou. Só a palavra colocou em alerta os sentidos.
_ O ovinho frito até que seria bom! Ele excitado e
indecente do outro lado da linha.
_ Bem duro né? Uma sonora gargalhada chamou a
atenção de alguns indivíduos que aguardavam condução.
_ Eu vou sair mais cedo...
_ Eu vou fazer o arroz bem soltinho, feijão preto e ovos fritos!
_ Deixa os ovos por minha conta!
Ela estava submersa na banheira, espumas até o
nariz, quando ele chegou.
_ Psssssiu! Ela se ergueu vestida de espumas. Vou
dar banho em você! Avisou suspendendo sua camiseta e sumindo com ela pela cabeça.
Seu membro ficou teso na hora e latejando. Levou as mãos para desabotoar o
jeans e fui surpreendido por um tapão. Seus olhos faiscaram.
_ Mãos ao alto!
Com as mãos em concha ela jogou água naquele
incêndio.
_ Eu faço isso para você disse descendo os dedos
molhados, rasgando do seu peito até o umbigo e abrindo o botão da calça e zíper
num só golpe. Ele tentou agarrá-la e sacá-la da banheira e levou mais tapas e
mais água que ensopou seu pênis. Jeans e cueca deslizaram por sua bunda e pernas torneadas. Enquanto ele se debatia apavorado para se livrar dos tênis, meias e
calça ela brincava com “os ovos”, pelos, seu mastro sem se importar com sua
pressa desajeitada.
Uma hora depois, cabelos secos, vestida e maquiada, ela surgiu do banheiro colocando os brincos, resgatando a bolsa e pulando em cima dele apressada:
_ Preciso sair vazada, ainda não fiz o jantar. Não tenho nada pronto.
_ Faça arroz e feijão para ele. Ela saiu da cama dando grandes gargalhadas.
_ E olha...jogou-lhe um beijo estalado- Frita uns dois ovos para o cara!
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