RITOS DE PASSAGEM
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Sérgio
Antunes de Freitas
Ritos
de passagem são fatos existentes em todas as culturas, nos quais os indivíduos
mudam de status em seu grupo social ou na sua forma de pensar e agir,
considerados, nessa análise, os aspectos espirituais da existência humana.
Para
exemplificar esses casos, em nossa cultura ocidental, podemos citar o batizado,
a crisma, o casamento, para os católicos.
A
paternidade, a maternidade e a morte são ritos para todos os seres humanos nas
mais diversas culturas ou crenças.
Com
a morte, o indivíduo passa desta para a melhor. Será? Tomara, por ser nossa
única certeza!
O
status do indivíduo também muda de “contribuinte” para “de cujus”. Muda até o
da esposa, de casada para viúva, às vezes, alegre!
Para
tergiversar, nem sempre percebemos nossa mudança de graduação na escola da
vida. E vamos galgando os degraus da maturidade desde o primeiro beijo recebido
até o derradeiro.
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Dias
atrás, degustando um suculento bife, meu sensor automático não discerniu o tipo
de carne e mordi a minha língua com força incomum, como se estivesse rasgando a
carne de uma caça no tempo das cavernas.
“Ela
ficou igual à dos répteis, bifurcada, mas lateralmente” – pensei. Como são
potentes nossos caninos e pré-molares! Que desperdício! Poderíamos tirar
energia elétrica desses movimentos.
Naquele
momento de emoção intensa, só me vinha à cabeça uma esperança, declamada
mentalmente: - A língua é de rápida cicatrização, a língua é de rápida
cicatrização, a língua é de rápida cicatrização!
Essa
dor é muito indecente! A gente não consegue raciocinar. A única certeza é a de
que a sensação, definitivamente, não é mesma de se deliciar com uma feijoada
completa.
O
ocorrido foi praticamente um rito de passagem!
Passagem
para o inferno. E com sonoplastia: - Nossa, que cara feia! A comida está tão
ruim assim?
Por
isso, já um pouco mais indolor, almejei buscar conforto na bíblia, mas seria
perigoso, pois se fosse ler em voz alta, como fazem esses pastores não muito
oportunos, mas oportunistas, eu emitiria grunhidos de língua desfiada, com o risco
de prisão por atentado à moral e aos bons costumes. Ou de internação em hospício.
Lembrei-me,
inclusive, de uma cena que assisti no interior da Mata Amazônica. Um barulho me
chamou a atenção e olhei para uma árvore. Vi um macaco subindo pelo seu tronco
de modo aterrorizado. No chão, uma cobra de porte médio se contorcia. Achei que
o macaco havia conseguido mordê-la e escapar da morte, fato muito raro.
Hoje,
tenho certeza não poder existir outra versão. Ela mordeu a própria língueta,
deixando a presa escapar e, lá do último galho, observá-la dançando o “rap”.
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A
mordedura no músculo lingual não é esquecível como a dor do parto natural,
segundo dizem as ex-parturientes. Depois dessa paridela da língua, a gente fica
pensando em quais razões levam a tal desfecho, de modo à coisa não se repetir
jamais.
Será
que existem comidas mais tendentes ao erro da mordida? Purê de batata?
Azeitona? Tremoço? Cudiguim?
Ou
a razão está em algum plano metafísico? Sabe aquela estória de quando uma
pessoa diz algo desagradável e a outra a manda morder a língua? Ou apenas
pensa?
Não
dá para acreditar nessas coisas. Nem mesmo acreditar em um determinismo no
qual, dizem, estava escrito nas estrelas que, tal dia, fulano iria morder a
língua com força.
Não
obstante, me veio um arrependimento. Eu não devia ter chamado aquela macumbeira
de goooooooooorda!
Sérgio
Antunes de Freitas
10
de fevereiro de 2013
Sérgio,
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk! Você tem o poder de transformar uma mordida na língua em um monte de kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!
Morder a língua, dizem, acontece quando se está falando mal da vida alheia! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk